Bauru 2024 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Faculdade de Ciências - Bauru NICOLI FERNANDA CANDIDO PEREIRA ENSINO E APRENDIZAGEM DO FUTEBOL NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: PERSPECTIVA DOS PROFESSORES NICOLI FERNANDA CANDIDO PEREIRA ENSINO E APRENDIZAGEM DO FUTEBOL NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: PERSPECTIVA DOS PROFESSORES Orientador: Prof. Dr. Julio Wilson dos Santos Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Câmpus de Bauru, para obtenção do grau de Licenciado em Educação Física. Bauru 2024 Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp. Dados fornecidos pelo autor(a). P436 e Pereira, Nicoli Fernanda Candido Ensino e aprendizagem do futebol nas aulas de educação física : perspectiva dos professores / Nicoli Fernanda Candido Pereira. -- Bauru, 2024 56 p. Trabalho de conclusão de curso (Licenciatura - Educação Física) - Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências, Bauru Orientador: Julio Wilson dos Santos 1. avaliação. 2. ensino. 3. formação. 4. futebol. 5. metodologia. I. Título. Dedico este trabalho a minha amada mãe. AGRADECIMENTOS Gostaria de expressar minha gratidão, em primeiro lugar, a Deus, por me proporcionar a oportunidade de vivenciar este momento tão especial. À minha mãe, Luzia, meu maior exemplo de força e resiliência, agradeço de coração por todo o apoio dedicado. Valeu a pena, mãe! Este momento é também fruto do seu amor e dedicação. Agradeço ao meu orientador, professor Júlio Wilson dos Santos, pelo empenho, pela paciência e por estar presente em todos os momentos, sempre me orientando com sabedoria. Minha gratidão estende-se também a todos os professores da UNESP que contribuíram para minha formação, compartilhando seus conhecimentos e me inspirando ao longo dessa jornada. Um agradecimento especial à minha namorada, Jéssica, pelo apoio constante, pelo carinho e por estar ao meu lado nos momentos mais desafiadores. Por fim, gostaria de agradecer à minha querida e já falecida amiga Kathleen, pelo apoio dado no início dessa jornada. Obrigada, minha amiga. Deu tudo certo! Este momento também é por você. “Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes” (MARTIN LUTHER KING) 7 RESUMO Este estudo analisou o ensino e a aprendizagem do futebol nas aulas de Educação Física Escolar a partir da perspectiva de professores de escolas públicas das regiões de Bauru e Paulínia, Estado de São Paulo. O objetivo foi investigar como o conteúdo do futebol é desenvolvido nas aulas, considerando métodos pedagógicos aplicados, planejamento, didática, avaliação e a adesão do Currículo Paulista. A pesquisa adotou uma abordagem exploratória, por meio de questionário estruturado enviado a 24 professores com mais de cinco anos de experiência. Todos os professores são licenciados em Educação Física. A maior parte das escolas têm quadras para ministrar o conteúdo de futebol, embora alguns professores precisem ministrar aulas em pátios, terrenos de terra batida e gramados sem demarcações. A maioria dos professores possui mais de 10 anos de formação em licenciatura, e 70,8% (17) deles concordam que a disciplina de futebol foi suficiente para que eles atuassem com o futebol na EF-Escolar. Todos os entrevistados procuraram atualização profissional após a formação (congressos, cursos e até pós-graduação stricto sensu). Muitos professores 91,7% (22) exploram o conteúdo de futebol em sala de aula, abordando a história do esporte, regras e questões socioculturais. Os métodos de ensino do futebol nas aulas de EF-Escolar foram distintos: os Métodos de Jogo e Global foram os mais relatados, enquanto os Métodos Situacional e Parcial foram mencionados em menor escala. O Teaching Games for Understanding (TGfU) e a Praxiologia Motriz foram métodos específicos relatados por dois professores. Em relação à avaliação dos alunos, apenas 4,2% (1) não faz avaliação. Dentre os conteúdos avaliados, foram identificados o comportamento e a participação dos alunos 83,3% (20), o entendimento das regras 62,5% (15) e as habilidades previstas no Currículo Paulista 58,3% (14). Outros itens mencionados incluem o conhecimento técnico e tático 37,5% (9) e as habilidades motoras e aptidão física 33,3% (8). A pesquisa também identificou que muitos professores não utilizam o Currículo Paulista no planejamento pedagógico; apenas 54,2% (13) dos professores concordaram que o currículo é um norteador, e nenhum concordou plenamente com sua aplicabilidade. Apesar de apenas um professor ter mencionado que não trabalha o futebol nas aulas, é possível concluir que o futebol vem sendo trabalhado de forma integral, tanto na prática, no desenvolvimento de habilidades específicas do jogo, quanto em aspectos teóricos, com os objetivos de desenvolvimento social, emocional e de lazer. Estudos futuros devem verificar por que os professores não utilizam as diretrizes e orientações para o ensino do futebol previstas no Currículo Paulista. Palavras-chave: Avaliação, Ensino, Formação, Futebol, Metodologia 8 ABSTRACT This study analyzed the teaching and learning of soccer in Physical Education classes from the perspective of public school teachers in the regions of Bauru and Paulínia, São Paulo State. The objective was to investigate how soccer content is developed in classes, considering applied pedagogical methods, planning, didactics, assessment, and adherence to the Currículo Paulista. The research adopted an exploratory approach through a structured questionnaire sent to 24 teachers with more than five years of experience. All participants are licensed in Physical Education. Most schools have courts for soccer instruction, although some teachers conduct classes in patios, dirt fields, or unmarked grassy areas. The majority of teachers have over 10 years of training, and 70.8% (17) agreed that their soccer training was sufficient to teach the sport in Physical Education classes. All respondents sought professional development after graduation (conferences, courses, and even postgraduate studies). Many teachers, 91.7% (22), incorporate soccer content into their lessons, addressing the sport's history, tactics, rules, and sociocultural issues. The teaching methods used in soccer classes varied: the Game and Global Methods were the most reported, while the Situational and Partial Methods were less mentioned. Specific methods such as Teaching Games for Understanding (TGfU) and Motor Praxeology were cited by two teachers. Regarding student assessment, only 4.2% (1) do not evaluate their students. Among the evaluated aspects, behavior and participation 83.3% (20), understanding of rules 62.5% (15), and skills outlined in the Currículo Paulista 58.3% (14) were the most common. Other criteria included technical and tactical knowledge 37.5% (9) and motor skills and physical fitness 33.3% (8). The study also found that many teachers do not use the Currículo Paulista in their pedagogical planning; only 54.2% (13) agreed that it serves as a guideline, and none fully agreed with its applicability. Although only one teacher mentioned not working with soccer in classes, it is possible to conclude that soccer is being taught integrally, both in practice, through the development of specific game skills, and in theory, aiming for social, emotional, and leisure development. Future studies should investigate why teachers do not use the legislation and guidelines for teaching soccer as outlined in the Currículo Paulista. Keywords: Teaching, Methodology, Assessment, Soccer, Training. 8 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 9 2. PROBLEMÁTICA ....................................................................................................... 11 3. OBJETIVOS ................................................................................................................. 13 3.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................. 13 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................... 13 4. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................... 14 4.1. EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR .......................................................................... 14 4.2. OS ESPORTES NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ......................................... 16 4.3. FUTEBOL NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ................................................ 18 5. MÉTODOS .................................................................................................................... 22 5.1 PARTICIPANTES .................................................................................................. 22 5.2 COLETA DE DADOS ............................................................................................ 22 5.3 ANÁLISE DE DADOS ............................................................................................ 23 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 25 6.1 FORMAÇÃO E ATUAÇÃO PROFISSIONAL ...................................................... 25 6.2 ESTRUTURA PARA A AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ................ 28 6.3 FUTEBOL COMO CONTEÚDO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ............. 29 6.4 PLANEJAMENTO, DIDÁTICA E AVALIAÇÃO ................................................. 32 7. CONCLUSÕES ............................................................................................................. 37 REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 39 APÊNDICES ..................................................................................................................... 44 APÊNDICE I - TCLE ..................................................................................................... 44 APÊNDICE II – Questionário ........................................................................................ 45 APÊNDICE III – Resultados gerais ............................................................................... 50 9 1. INTRODUÇÃO Ao longo dos anos, a Educação Física no Brasil passou por diferentes concepções e objetivos. Na primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei n. 4.024/1961), a prática da Educação Física Escolar foi tornada obrigatória para os alunos dos cursos primários e médio com até 18 anos (Impolcetto; Darido, 2019). Com a reforma educacional promovida pela Lei n. 5.692, de 11 de agosto de 1971, a obrigatoriedade foi estendida a todos os níveis de ensino. Entretanto, a prática tornou-se facultativa para alunos que trabalhassem mais de seis horas diárias, estudassem à noite, tivessem mais de 30 anos, prestassem serviço militar ou fossem considerados fisicamente incapazes. Atualmente, a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece a LDB vigente, define a Educação Física como componente curricular obrigatório da Educação Básica, nos termos do artigo 26, §3º. Contudo, a obrigatoriedade não se aplica aos cursos noturnos e à educação de jovens e adultos (EJA), em que os estudantes, por sua natureza, possuem condições diferenciadas de participação. Segundo Bracht (2010), a Educação Física, como disciplina escolar, passou por uma significativa transformação ao longo das décadas, evoluindo de uma visão tradicional centrada no fortalecimento físico e no desenvolvimento de habilidades esportivas para uma abordagem mais ampla e abrangente. Esta mudança de paradigma reflete não apenas a evolução das práticas sociais relacionadas ao movimento, mas também a crescente complexidade do mundo contemporâneo, onde questões de saúde, lazer, cultura e cidadania se entrelaçam de maneira intrínseca. Partindo das concepções iniciais da Educação Física escolar até os atuais debates sobre sua função e conteúdo, a análise acima buscou compreender como o componente curricular se tornou um instrumento essencial para a introdução dos alunos no universo da cultura corporal de movimento. Como ressaltado por Bracht (2011), essa mudança de foco da Educação Física não se restringe apenas ao campo do exercício físico e das atividades esportivas, mas engloba uma compreensão mais ampla das práticas corporais e seu papel na formação integral dos indivíduos. Ao explorar as contribuições de obras referenciais, como o livro "Metodologia do Ensino da Educação Física" do Coletivo de Autores (2009), busca-se expor as transformações ocorridas no campo, mas também refletir sobre os desafios e as possibilidades de uma prática pedagógica que reconhece a cultura corporal de movimento como parte integrante do processo educacional. No contexto brasileiro, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BNCC, 2018), 10 conforme destacam Bizzocchi e Oliveira (2021), têm desempenhado um papel importante na definição e implementação de uma Educação Física mais alinhada com as demandas da sociedade atual. De acordo com a BNCC (Brasil, 2018), o futebol é abordado no contexto dos esportes de invasão, com ênfase no desenvolvimento das competências motoras, cognitivas e sociais dos alunos. Esse enfoque permite que o futebol se torne um instrumento educativo que fomenta uma abordagem mais ampla e inclusiva no ambiente escolar. Segundo Daolio (2002), o esporte é um elemento da cultura corporal que ultrapassa a dimensão técnica instrumental, ele pode ser visto como um fenômeno histórico-cultural, por isso que ele deve ser estudado antropologicamente e não apenas biomecanicamente. No caso específico do futebol, ele é a modalidade esportiva mais popular do Brasil, assim como o futsal, uma vertente do futebol, sendo a modalidade esportiva mais praticada no Brasil (Balzano; Silva, 2018). Em nosso contexto, consideraremos o futsal como uma adaptação do futebol para a quadra, e tanto o futebol de campo, que é muito pouco praticado na escola, e o futsal, serão tratados como futebol. Além do futebol, as demais modalidades esportivas fazem parte do conteúdo da Educação Física Escolar, e um conhecimento denominado de cultura corporal (Silva, 2015). Considerando a proposta da EF-Escolar e a análise da vivência nas aulas de EF- Escolar, especificamente no ensino futebol, surgiu o questionamento sobre como são as aulas, como é o conteúdo e quais são os métodos utilizados no ensino do futebol. Espera-se contribuir para a valorização e aprimoramento da Educação Física Escolar, analisando o futebol como uma expressão da cultura corporal e seu papel no desenvolvimento integral dos alunos, além de abordar o esporte como uma prática social, onde os direitos individuais e coletivos são valorizados, promovendo métodos de ensino que vão além da simples reprodução e/ou limitem saberes. Ao explorar as perspectivas dos professores sobre o ensino do futebol, este estudo visa destacar como o esporte é incorporado nas aulas de Educação Física, abordando o conteúdo, as metodologias de ensino, as questões de inclusão e os desafios enfrentados na implementação desse conhecimento. 11 2. PROBLEMÁTICA O futebol faz parte da vida das pessoas de várias maneiras, desde as emoções e sentimentos que surgem ao assistir a uma partida até aspectos ligados ao lazer, mídia, consumo e mercado. Portanto, surge a necessidade de discutir como o futebol vai além dos jogos em campo e se relaciona com o poder econômico (como o mercado de trabalho), com a política, lazer, a violência e as dinâmicas entre classes sociais, raças e gêneros, além de influenciar os meios de comunicação e outros aspectos. Figueiredo (2017, p.11) evidencia que “a mediação entre questão social e futebol apresenta-se como chave interpretativa para compreender o Brasil e leva a reflexões sobre as contradições da tensão capital-trabalho, expressas enquanto direito e mercadoria”. O futebol destaca-se como um importante recurso pedagógico de inclusão social e escolar, especialmente em contextos onde diferenças sociais e culturais podem gerar barreiras de aceitação e convivência. Balzano et al. (2019) mostram que, ao participar de um Projeto de esporte com cunho social, alunos negros e oriundos de classes populares desenvolveram maior confiança, maturidade e habilidades de interação social por meio da prática esportiva. O desenvolvimento destas habilidades facilitaram a integração desses jovens em escolas privadas, promovendo seu reconhecimento pela comunidade escolar e contribuindo para a redução de preconceitos. Além de reforçar o pertencimento, o futebol demonstrou seu potencial de transformação, oferecendo oportunidades não apenas de ascensão esportiva, mas também de inclusão social e desenvolvimento cidadão (Balzano et al., 2019). É importante proporcionar aos estudantes um conhecimento amplo sobre o futebol, incentivando-os a refletir sobre os diversos aspectos que envolvem a modalidade. “[...] pode-se entender que o ensino do futebol na escola é mais do que ‘jogar futebol’, muito embora o ‘jogar futebol’ seja elemento integrante das aulas de Educação Física” (COLETIVO DE AUTORES, 2009, p. 72). O futebol, como elemento cultural e social, permeia diversas dimensões da vida cotidiana, indo além da prática esportiva para adentrar questões de política, lazer, desigualdades sociais e construções identitárias. Essa amplitude demanda uma abordagem pedagógica que considere o contexto em que o esporte está inserido. Nesse sentido, Balzano et al. (2020) propõem uma perspectiva decolonial e intercultural para o ensino do futebol na Educação Física, sugerindo que o esporte deve ser compreendido não apenas como prática motora, mas como um fenômeno cultural, político e social. Os autores ressaltam que o modelo tecnicista tradicional reduz o futebol a execuções mecânicas e descontextualizadas, ignorando as 12 experiências socioculturais dos estudantes. Essa abordagem crítica busca ampliar os horizontes do ensino ao fomentar reflexões sobre o futebol enquanto prática cultural e meio para transformar as dinâmicas hegemônicas na escola e na universidade, promovendo assim uma formação integral que reconheça e valorize a diversidade cultural e a autonomia dos sujeitos (Balzano et al., 2020). As experiências das meninas no futsal escolar evidenciam como o esporte pode ser uma ferramenta de resistência e transformação em meio a estruturas culturais marcadas por desigualdades de gênero. Oliveira, Ricci e Marques (2022) mostram que as estudantes encontram na prática do futsal não apenas um espaço de movimento, mas também de socialização e empoderamento, que desafia normas estabelecidas pela hegemonia masculina no esporte. A escola, ao oferecer modalidades tradicionalmente vistas como reservadas ao público masculino, pode contribuir para romper com preconceitos históricos e criar um ambiente propício à participação feminina em pé de igualdade. Esse processo favorece a naturalização da presença de mulheres em espaços esportivos e fortalece discussões sobre cidadania e equidade no ambiente escolar (Oliveira; Ricci; Marques, 2022). Durante muito tempo, a prática da Educação Física foi associada ao esporte, uma percepção que ainda persiste em muitos contextos. Segundo Darido (2003), o esporte era sinônimo da EF-Escolar, com objetivos voltados para a aptidão física e a identificação de talentos esportivos. Embora o esporte tenha sido crucial para a legitimação da Educação Física, a sua prática, especificamente o futebol, ainda traz questões relevantes. Por exemplo, como o futebol é ensinado pelos professores de educação física no ambiente escolar? Os professores seguem as diretrizes do Currículo Paulista, desenvolvido pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, no que diz respeito ao conteúdo de futebol? Os professores possuem material e estrutura necessária para as aulas? Para responder a essas perguntas, é fundamental examinar a evolução desse fenômeno desde sua origem até os dias atuais. 13 3. OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Avaliar o processo de ensino e aprendizagem do futebol nas aulas de educação física nas escolas públicas, considerando a perspectiva dos professores. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Avaliar em que medida os professores de Educação Física seguem as diretrizes e os conteúdos propostos no Currículo Paulista da educação pública do Estado de São Paulo ao incorporar o futebol em suas aulas. Investigar como os professores de Educação Física abordam o ensino e aprendizagem do futebol em suas aulas, considerando métodos e estratégias de ensino, e o alinhamento com o currículo. 14 4. REVISÃO DE LITERATURA A seção do referencial teórico deste trabalho visa proporcionar a fundamentação necessária para respaldar a pesquisa sobre a prática do futebol nas aulas de Educação Física escolar, especialmente nas escolas públicas. Foi discutido o papel dos esportes na Educação Física escolar, com ênfase no futebol. Em seguida, foi feita uma revisão dos estudos acadêmicos sobre o futebol nas escolas, explorando os benefícios percebidos e os desafios encontrados na sua implementação nas aulas de Educação Física. Foram abordadas diversas abordagens metodológicas e estratégias de ensino utilizadas pelos professores para integrar o futebol ao ambiente educacional das escolas públicas, considerando as especificidades dos alunos e as diretrizes curriculares vigentes. Esta estrutura do referencial teórico visa oferecer uma compreensão ampla sobre o impacto e a ação da prática do futebol no contexto da Educação Física escolar, proporcionando uma base para a análise dos dados coletados na pesquisa e suas conclusões. 4.1. EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR A Lei 9394/96, conhecida como Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 20 de dezembro de 1996 (BRASIL, 1996), estabeleceu a obrigatoriedade do componente curricular Educação Física em todas as etapas da educação básica. Anteriormente, essa obrigatoriedade se adotava apenas ao Ensino Fundamental II e Ensino Médio. A partir de 1997, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) foram incluidos com o objetivo de nortear a educação no Brasil. Esse documento define a função da disciplina como: “Democratizar, humanizar e diversificar a prática pedagógica da área, buscando ampliar, de uma visão apenas biológica, para um trabalho que incorpore as dimensões afetivas, cognitivas e socioculturais dos alunos” (BRASIL, 1997, p. 15). O documento destaca que o papel do professor de Educação Física é usufruir da cultura corporal do movimento para formar cidadãos críticos e autônomos, capazes de cuidar de seu próprio corpo e reconhecer as diversidades presentes na sociedade em que vivem. Nesse sentido, o objetivo não se limita ao desenvolvimento de habilidades motoras, mas inclui a apropriação de conhecimentos, atitudes e valores que permitam uma vivência consciente e crítica das manifestações culturais relacionadas ao movimento humano. A Educação Física escolar, portanto, desempenha um papel fundamental na formação de cidadãos capazes de usufruir dessas práticas de maneira autônoma, conectando o aprendizado prático com reflexões 15 teóricas que abrangem aspectos históricos, sociais e biológicos (Betti; Zuliani, 2002). Até os dias de hoje, a identidade própria e autêntica que o professor e a disciplina de Educação Física precisam desenvolver ainda não alcançou o reconhecimento social desejado, a Educação Física com uma identidade própria ainda precisa ser inventada e construída, pois a imagem atual é frequentemente vista como ultrapassada e medieval (Junior, 2006). Paes (2001) acredita que a sociedade vê a disciplina de Educação Física principalmente como responsável pela prática de treinamento esportivo e recreativo para crianças, sem considerar a essência que a EF-Escolar pode oferecer. No entanto, os PCN’s afirmam que as aulas de EF-Escolar podem contribuir para a formação autônoma dos alunos, ajudando-os a monitorar suas próprias atividades, estabelecer metas, reconhecer suas potencialidades e limitações, e identificar situações de trabalho corporal que possam ser prejudiciais à saúde. A Educação Física deve integrar o Projeto Político-Pedagógico (PPP) e os planejamentos das secretarias de educação. Esse entendimento é respaldado pela legislação nacional de educação, que, no artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), assegura a inclusão da Educação Física como disciplina no currículo comum nacional da educação básica. De acordo com a redação atualizada pela Lei nº 10.793, de 1º de dezembro de 2003: "A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: (Redação dada pela Lei nº 10.793, de 2003) I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas; II – maior de trinta anos de idade; III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado à prática da Educação Física; IV – amparado pelo Decreto-Lei nº 1.044, de 21 de outubro de 1969; [...] VI – que tenha prole". (BRASIL, 1996). De acordo com Betti e Zuliani (2002), a Educação Física, no contexto histórico, diferente do período da ditadura militar, tem a responsabilidade de formar cidadãos capazes de adotar uma postura crítica em relação às novas formas de cultura corporal de movimento, como o esporte espetáculo, as atividades realizadas em academias e práticas alternativas, entre outras. Eles também destacam que estruturalmente nossas escolas não são comparáveis a clubes e academias, onde as atividades têm propósitos distintos da função social da escola. Enquanto fora do ambiente escolar, o domínio dos fundamentos do esporte, da ginástica e das danças serve como meio e fim para a prática corporal, na escola, as experiências com o movimento têm a finalidade de incluir e integrar o aluno na cultura corporal de movimento, permitindo-lhe usufruir dela da melhor maneira possível para alcançar uma boa qualidade de vida. A Educação Física Escolar também desempenha um papel importante na interação entre 16 os alunos, ajudando a desenvolver autoconfiança, elevar a autoestima e oferecer uma visão mais realista do mundo ao redor. Ela auxilia os estudantes a compreenderem as mudanças e limitações de seu próprio corpo, reduz a ansiedade, depressão e estresse, entre outros benefícios. Além dos benefícios físicos, a Educação Física Escolar deve abordar questões sociais e políticas relacionadas à cultura corporal de movimento e à prática de atividades físicas. Dessa forma, ela gera uma reflexão sobre temas, como o uso dos espaços públicos para exercícios físicos e as diferentes funções do esporte na sociedade (Ferreira, 2001). A Educação Física apresenta uma importância relevante no processo de aprendizagem do aluno, sendo que, desde os primeiros passos as crianças conseguem desenvolver suas habilidades, sejam elas: motoras, afetivas ou cognitivas, através do movimento e ações físicas do corpo. Desta forma, a educação física consegue agregar a seus praticantes valores e conhecimentos que, uma vez implantados com disciplina e organização, permitem que o aluno consiga aprender com facilidade. (CAVALARO; MULER, 2009, p. 24). Dessa forma, a Educação Física Escolar se destaca como uma aliada e ferramenta educacional para transmitir conhecimentos de maneira diversificada em relação a outros conteúdos. Ela também tem o papel de formar cidadãos críticos, capazes de aproveitar as práticas corporais disponíveis na cultura corporal de movimento. Além disso, deve permitir que os alunos identifiquem as práticas corporais apresentadas a eles, compreendam os benefícios dos exercícios físicos e reconheçam sua importância para a vida (Darido, 2004). 4.2. OS ESPORTES NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR No Brasil, a educação física começa a se desenvolver no início do século XIX, mas a introdução dos esportes ocorreu posteriormente. Inicialmente, o esporte era mais praticado em clubes e organizações esportivas, embora os métodos empregados fossem frequentemente criticados por sua pouca abordagem educativa (Kunz et al., 1998). De acordo com Betti (1992, p. 131), entre 1946 (pós-guerra) e 1968, o Método Desportivo Generalizado passou a ser aplicado nas aulas de Educação Física. Esse período foi marcado por um crescimento no sistema educacional, em que o governo tinha como objetivo utilizar as escolas públicas e privadas como parte do programa do regime militar (Darido; Rangel, 2005). Além disso, houve um aumento significativo de investimentos no setor esportivo, e as aulas de Educação Física nas escolas começaram a servir como base para o esporte de alto rendimento no período subsequente (Darido; Rangel, 2005). De acordo com Souza (2008), o incentivo militar ao desenvolvimento de uma nação esportiva levou à criação de programas esportivos voltados para a disseminação do esporte entre 17 a população brasileira. O mais notório desses programas foi o Esporte para Todos, que, junto com outros projetos implementados na época, influenciou diretamente as práticas e concepções adotadas nas aulas de Educação Física, refletindo as diretrizes do regime militar. As aulas de Educação Física nas escolas passaram a ser fortemente associadas ao esporte, com o objetivo claro de melhorar a aptidão física e identificar talentos esportivos. Ocorreu a mudança do Método Desportivo Generalizado para o Método Esportivo, que se tornou a estratégia adotada para alcançar os objetivos da concepção esportiva durante a ditadura militar. Assim, o esporte nas aulas de Educação Física foi formalizado e institucionalizado, com regras fixas, sem espaço para adaptações ou modificações (Barroso; Darido, 2006). O conteúdo da Educação Física passou a enaltecer mais o esporte, mas o foco central da disciplina permaneceu o mesmo, sendo a otimização do corpo e seu melhor funcionamento, com uma ênfase voltada para a saúde e as ciências biológicas. Dessa forma, a Educação Física continuou priorizando a reprodução do movimento (Barroso; Darido, 2006). Com o desenvolvimento posterior, após o período da ditadura militar, nas décadas de 70 e 80, observou-se uma estrutura comum nas aulas de Educação Física que ainda hoje influencia a prática docente. De acordo com Souza (2008), essa estrutura era composta por três etapas: aquecimento, aula e jogos. O autor também destaca que uma parte significativa do tempo das aulas era consumida pelo aquecimento e pelos exercícios. Isso fazia com que o jogo propriamente dito fosse um prêmio às turmas bem comportadas nas aulas, não só as de Educação Física, mas também das outras disciplinas, pois quando uma turma bagunçava em sala, o castigo era estendido à quadra (SOUZA, 2008, p.16). No entanto, de acordo com os objetivos estabelecidos para a Educação Física atual, o esporte escolar deve ser abordado de diferente do esporte de alto rendimento, favorecendo características educacionais (Lettnin, 2005; Torri; Albino; Vaz, 2007). Surge, então, um dilema de que o esporte que mais se popularizou e provoca o interesse dos alunos é o esporte de alto rendimento. Entretanto, a proposta para o esporte na escola valoriza outros princípios, como a formação integral do aluno, envolvendo o desenvolvimento social, a convivência, o aprendizado e as melhorias cognitivas (Betti, 1992). Desde então, o esporte vem ganhando cada vez mais destaque no ambiente escolar. Em uma grande escola pública de Florianópolis, existe uma separação entre o departamento de Educação Física e o de Esporte Escolar, voltado para o treinamento dos alunos em diversas modalidades esportivas, como futsal, handebol e vôlei, visando competições municipais e estaduais. O objetivo desse programa de esporte escolar é ensinar o esporte de forma formal e transmitir valores como disciplina, respeito, resiliência diante de derrotas e fracassos, além de 18 promover condutas e comportamentos que são valorizados na sociedade. No entanto, os alunos que participam desse programa esportivo ficam dispensados das aulas de Educação Física curriculares, o que é motivo de preocupação. Isso acaba tornando as aulas de Educação Física escolar opcionais e desvalorizando tanto o conteúdo da cultura corporal de movimento quanto o papel do esporte como ferramenta de ensino em uma disciplina escolar obrigatória (Torri; Albino; Vaz, 2007). Outro ponto de preocupação, de acordo com Betti e Zuliani (2002), é que uma grande parte da população está vulnerável ao sedentarismo, ao estresse e à obesidade. Esses problemas são consequência do estilo de vida atual, moldado por "novas condições socioeconômicas, como urbanização descontrolada, consumismo, desemprego crescente, informatização e automatização do trabalho, deterioração dos espaços públicos de lazer, violência e poluição" (BETTI; ZULIANI, 2002, p. 74). Essa preocupação também está refletida na proposta curricular do estado de São Paulo para a disciplina de Educação Física (SÃO PAULO, 2008). Ela destaca que apenas uma pequena parte da população pratica exercícios físicos e esportes de forma regular, o que torna essencial a atuação da Educação Física no período escolar para apresentar essas práticas às crianças e adolescentes, incentivando o interesse e o gosto pelo esporte. Para responder a essas demandas, a concepção sobre a Educação Física e a maneira como seus objetivos são alcançados nas escolas passaram por mudanças e foram repensadas, essas alterações pedagógicas visam atender à crescente valorização social das práticas esportivas (Betti; Zuliani, 2002). Especialmente no ensino médio, observa-se uma desmotivação dos alunos em relação às aulas de Educação Física, devido a novas percepções críticas sobre a disciplina. Identificam- se perfis de alunos que veem a Educação Física como uma prática esportiva formal, metódica e intensa, e aqueles que a encaram como uma atividade voltada para o lazer e o bem-estar (Betti; Zuliani, 2002). Reconhece-se que a Educação Física deve cumprir todos os princípios metodológicos gerais aplicáveis a qualquer conteúdo, incluindo práticas de inclusão, diversidade de conteúdos, complexidade do tema e adaptação às necessidades dos alunos (Betti; Zuliani, 2002). Nesse contexto, considerando o futebol, o esporte mais popular do Brasil, surge a questão sobre como o futebol, enquanto conteúdo da EF-Escolar, é desenvolvido nas aulas considerando a perspectiva dos professores. 4.3. FUTEBOL NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 19 O futebol integra o componente Esporte dentro da cultura corporal de movimento, e deve ser abordados nas aulas de Educação Física. Além disso, sua relevância no contexto sociocultural do país reforça a necessidade de sua inclusão no ambiente escolar. O esporte praticado no ambiente escolar precisa ir além do simples foco no desempenho esportivo, na execução de movimentos técnicos e táticos, e na competição. Como parte da cultura corporal, o ensino esporte deve estimular uma reflexão sobre as regras e o contexto no qual está inserido, oferecendo aos alunos novas perspectivas e conhecimentos. Segundo o Coletivo de Autores (2009), é importante "desmistificar" o ensino do esporte, proporcionando aos estudantes a capacidade de analisá-lo criticamente dentro de um determinado contexto socioeconômico e político-cultural. O esporte, como prática social que institucionaliza temas lúdicos da cultura corporal, se projeta numa dimensão complexa de fenômeno que envolve códigos, sentidos e significados da sociedade que o cria e o pratica. Por isso, deve ser analisado nos seus variados aspectos, para determinar a forma em que deve ser abordado pedagogicamente no sentido de esporte “da” escola e não como o esporte “na” escola. (COLETIVO DE AUTORES, 2009, p. 69-70). No contexto escolar, o futebol é frequentemente abordado de forma superficial, focando apenas nos aspectos procedimentais, o que resulta em uma abordagem rasa do tema. Isso ocorre porque muitos professores de Educação Física costumam seguir com suposições da concepção esportivista (Souza Júnior; Darido, 2010). Kunz (2012a) argumenta que o jogo praticado na escola é meramente uma reprodução do esporte de rendimento, sem promover reflexão aos alunos. Basei e Vieira (2007) reforçam essa ideia, destacando que isso fica evidente ao observarmos como o jogo é organizado: com separação dos times por gênero, a limitação de tempo para cada equipe, as expressões utilizadas pelos alunos durante a partida e até mesmo a forma como comemoram um gol, cenário que acaba atribuindo um caráter competitivo onde se reforça a ideia de sucesso para poucos e fracasso para a maioria. Darido e Souza Júnior (2007) destacam que, para melhorar a qualidade do ensino, é essencial diversificar as aulas e abordar as três dimensões de conteúdo. Para ilustrar como essas dimensões podem ser trabalhadas, Souza Júnior e Darido (2010) explicam que, ao ensinar um conteúdo, é necessário desenvolver as técnicas e fundamentos (Dimensão Procedimental), discutir os conceitos relacionados a esses procedimentos (Dimensão Conceitual) e incorporar os valores subjacentes (Dimensão Atitudinal). Ferreira e Moreira (2019), apresenta em uma pesquisa com estudantes do ensino médio, apontaram a importância de considerar o futebol em um contexto sócio-histórico nas aulas de Educação Física, e não apenas como uma prática 20 esportiva focada em aspectos técnicos e táticos. Os autores destacam que o futebol, enquanto conteúdo das aulas de Educação Física, deve ser abordado de forma abrangente, incluindo sua história, evolução, e contextualização social, política e econômica, além de seus fundamentos, técnicas e regras. Em resumo, é essencial investigar e compreender as raízes da prática, considerando que, embora seja um esporte reconhecido globalmente, ele reflete concepções de mundo, ser humano, sociedade, educação e cultura específicas de cada lugar. Ao abordar o futebol na escola, é importante considerar tópicos como sua presença cultural, as dificuldades enfrentadas pela expansão do futebol de mulheres, suas transformações históricas, mitos, ícones históricos e a violência das torcidas, entre outros. É essencial ir além do enfoque tradicional, que se limita a aspectos técnicos e táticos. De acordo com Kunz (2012b), para que esse processo seja efetivo, é essencial identificar os elementos mais relevantes da modalidade a ser abordada e, a partir disso, proporcionar vivencias por meio de situações diversificadas de ensino que incluam esses elementos. Freire (2003) complementa essas ideias ao afirmar que a tarefa educacional é instruir o aluno para algo além das atividades intrínsecas da escola. Assim, o conhecimento adquirido através do ensino do futebol deve preparar os alunos para aplicar o que aprenderam em outras modalidades, além de ajudar a desenvolver habilidades para conviver em grupo e criar regras que possam ser discutidas e modificadas, contribuindo para a formação do aluno como cidadão. Outro ponto importante são as experiências adquiridas durante a formação inicial dos educadores, que devem fundamentar uma prática pedagógica capaz de contribuir para o aprendizado dos estudantes. Um exemplo disso é uma experiência pedagógica vivenciada durante o estágio supervisionado, descrita por Vieira, Araújo e Santos (2016), que teve como referência a pedagogia crítico-superadora. Os autores propuseram diversas abordagens para o ensino do futebol, buscando o caminho para uma futura sistematização do tema. As discussões incluíram a origem e história do futebol, sua caracterização, as diferentes formas de praticá-lo, as semelhanças e diferenças entre os estilos de futebol, e as habilidades motoras básicas relacionadas aos fundamentos do esporte. Como resultado, relataram que a experiência pedagógica possibilitou, através de registros de comportamento e respostas dos estudantes, concluir que a aplicação de uma proposta pedagógica bem planejada e estruturada contribui para uma aprendizagem mais significativa do futebol. Assim como qualquer outro conteúdo da EF-Escolar, o futebol deve ser abordado de forma renovadora, indo além dos aspectos técnicos voltados para o rendimento. No entanto, as aulas que se concentram apenas na dimensão procedimental tendem a restringir-se às 21 perspectivas tecnicista e esportivista, não atingindo os verdadeiros objetivos do ensino de futebol no ambiente escolar. Em relação a essa dificuldade, Daolio e Busso (2011) destacam que através do jogo de futebol, o fim escolar se torna controverso, uma vez que: Se esta negociação pode não garantir que a cidadania e as aulas atinjam a todos no aprender, pelo menos ela reflete uma condição de interlocução no acesso às diferenças socioculturais (objetivos distintos, modos de saber agir com regras e meninas e meninos) que poderiam ser consideradas, justificadas e legitimadas de outras formas em relação à exclusão, não-interação, desigualdade, discriminação e violência em jogos escolares... e extraescolares (DAOLIO; BUSSO, 2011, p.84). Apesar do futebol ser reconhecido como o esporte mais popularidade no Brasil, tendo a capacidade de reunir um grande número de pessoas em torno de uma causa comum, é essencial contextualizá-lo como conteúdo nas aulas de Educação Física. Isso deve ser feito respeitando suas especificidades, bem como as dos estudantes, praticantes, jogadores, torcedores e espectadores, para que possa ser ressignificado dentro do ambiente sociocultural que o molda (Ferreira; Moreira, 2019). Segundo o Coletivo de Autores (2009), o ensino do esporte nas aulas de Educação Física escolar só é significativo quando os estudantes compreendem os valores coletivos, além de sua dimensão histórica, filosófica, técnica, étnica e política. Dessa forma, a prática esportiva é entendida com o objetivo de transformá-la, pois o movimento humano, enquanto expressão cultural, contém elementos que não devem apenas ser praticados, mas apropriados criticamente. Assim, entende-se que, para promover a formação da cidadania através do futebol escolar, é necessário estabelecer uma negociação entre família, comunidade e escola. Isso porque o futebol no Brasil vai além do ambiente escolar, e essa comunicação se torna fundamental. 22 5. MÉTODOS Este estudo tem uma abordagem metodológica exploratória que usará a técnica de Survey em um levantamento transversal. Esse tipo de pesquisa permite descobrir a distribuição de certas opiniões, atributos e características de uma população (Paranhos et al., 2013). Para tanto, foi elaborado um questionário com três categorias de perguntas variando o número de alternativas de resposta, e uma quarta categoria com uma escala Likert, para investigar sobre o ensino e aprendizagem do futebol nas aulas de Educação Física Escolar, bem como na avaliação da aderência dos professores sobre o conteúdo de futebol ao Currículo Paulista. 5.1 PARTICIPANTES Os participantes deste estudo foram 24 professores de Educação Física (EF) que lecionam em escolas públicas estaduais e municipais do ensino fundamental e médio nas regiões de Bauru e Paulínia, no estado de São Paulo. No caso das escolas estaduais, a Educação Física é orientada pelo Currículo Paulista, que serve como documento norteador para a organização dos conteúdos e práticas pedagógicas. Já nas redes municipais, é importante destacar que algumas cidades possuem currículos próprios, que podem adotar adaptações ou diretrizes complementares ao Currículo Paulista, refletindo particularidades locais. Essa diversidade curricular pode influenciar a forma como os professores planejam e conduzem suas aulas, considerando o contexto de cada rede de ensino. O estudo foi submetido ao Comitê de Ética da Universidade, e os participantes concordaram em participar do estudo voluntariamente tomando ciência dos objetivos e procedimentos do estudo através de um termo de consentimento livre e esclarecidos (APÊNDICE I - TCLE), seguindo os princípios éticos estabelecidos para a pesquisa envolvendo seres humanos, garantindo o consentimento informado dos participantes, a confidencialidade dos dados e o respeito à dignidade e privacidade dos envolvidos. Todas as informações pessoais dos participantes foram mantidas em sigilo e os resultados foram apresentados em valores médios e proporções de forma agregada, sem identificar individualmente os professores participantes. 5.2 COLETA DE DADOS A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário estruturado (APÊNDICE II), composto por questões que exploram a formação acadêmica dos professores, a abordagem 23 do futebol nas aulas de Educação Física, os métodos de ensino, os objetivos pedagógicos, os desafios encontrados no ensino do futebol e também investiga a aplicação do futebol como conteúdo, conforme o Currículo Paulista. Conforme Marconi e Lakatos (2003), o questionário é uma ferramenta de coleta de dados que permite obter informações diretamente dos participantes através de um conjunto estruturado de perguntas. Diferente da entrevista, que pode ser realizada de forma síncrona e interativa, o questionário geralmente ocorre de forma assíncrona, onde o participante responde às perguntas de maneira independente, podendo ser realizado tanto de forma presencial quanto remotamente. Antes do envio da versão final do questionário para os participantes responderem, o questionário foi enviado a três professores de EF-Escolar com experiência de mais de 5 anos para ser validado verificando a sua coerência e objetividade (Sousa; Santos, 2020). Houve várias sugestões sobre o enunciado das perguntas e também para o acréscimo e retida de outras. Após isso, o questionário ficou composto por três categorias de perguntas de múltipla escolha variando o número de alternativas de resposta, e uma categoria com afirmações para responder, avaliada com uma escala Likert, totalizando 30 perguntas. O questionário foi enviado aos participantes através de um formulário eletrônico, via GoogleForms. As questões foram distribuídas em quatro categorias: 1) Estrutura para a aula de Educação Física Escolar; 2) Formação e atuação profissional; 3) Futebol como conteúdo da Educação Física Escolar; 4) Planejamento, didática e avaliação. A primeira categoria serve para caracterizar o local onde são desenvolvidas as aulas de EF-Escolar e, consequentemente, refletir as condições para o ensino do futebol; a segunda categoria é para caracterizar os participantes; A terceira categoria investiga o futebol como conteúdo da Educação Física Escolar, considerando os objetivos educacionais e os métodos de ensino; a quarta parte do questionário é composta por afirmações sobre o planejamento, didática e avaliação. Para cada questão a escala Likert foi composta de 5 níveis, organizados em forma de afirmações e as respostas em 5 níveis: “Concordo totalmente”; “Concordo”; “Nem concordo e nem discordo”; “Discordo” e “Discordo totalmente”. Assim criou-se 2 níveis positivos, 2 níveis negativos e 1 nível neutro (Pasquali, 2010). 5.3 ANÁLISE DE DADOS Os dados foram organizados em uma planilha de Excel de acordo com as categorias das questões. Uma estatística descritiva foi feita considerando as proporções das respostas de cada 24 questão. A análise e discussão dos resultados foram feitos considerando o conhecimento acumulado na literatura em relação aos objetivos da pesquisa, proporcionando entendimentos sobre o ensino e aprendizagem nas aulas de Educação Física escolar. 25 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO A coleta de dados obteve respostas de 24 professores de Educação Física de escolas municipais e estaduais das regiões de Bauru e Paulínia, no estado de São Paulo. Dos 24 professores que responderam ao questionário poucos atuam apenas em uma etapa da educação básica. A maioria deles ministra aulas em mais de uma etapa da educação básica, sendo 4 professores (16,7% dos 24 professores) que dão aulas na Educação Infantil, 17 deles (70,8%) no Ensino Fundamental I, 14 (58,3%) no Ensino Fundamental II e 11 (45,8%) no Ensino Médio. A análise dos dados revela um cenário diversificado em relação à estrutura física, formação profissional, metodologias de ensino e formas de avaliação nas aulas de Educação Física pelos professores investigados. Esses dados foram divididos em categorias, permitindo uma visão ampla da realidade enfrentada pelos docentes e dos métodos empregados para a aula do futebol no contexto escolar. As respostas estão agrupadas em quatro categorias sendo elas, estrutura para a aula de Educação Física Escolar ; formação e atuação profissional; futebol como conteúdo da Educação Física Escolar planejamento; didática e avaliação; contendo perguntas de múltipla escolha e uma categoria com afirmações para responder, avaliada com uma escala Likert, totalizando 30 perguntas e os resultados estão apresentados e discutidos conjuntamente. Os resultados gerais do questionário encontram-se no APÊNDICE III. 6.1 FORMAÇÃO E ATUAÇÃO PROFISSIONAL A maioria 70,8% (17) dos professores entrevistados possuem mais de 10 anos de atuação na área, demonstrando experiência profissional (Figura 1). Assim, a amostra é representada por um grupo de professores com grande experiência no ensino de EF-Escolar. Conforme destaca Perini e Barretto (2024), os saberes da experiência dos professores contribuem para o desenvolvimento da prática pedagógica e para a construção de novos saberes no trabalho docente. Além disso, a formação contínua e a reflexão sobre a prática são importantes para o desenvolvimento profissional dos professores. 26 Figura 1 - Tempo de atuação como professor de Educação Física. Fonte: Autoral. Em termos de formação acadêmica, todos os entrevistados possuem licenciatura em Educação Física, entre eles, 54,2% (13) obtiveram Licenciatura Plena antes da implementação da Resolução CNE/CES 7/2004, a qual instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física. Além disso, 37,5% (9) possuem tanto licenciatura quanto bacharelado, ampliando suas possibilidades de atuação (Figura 2). Figura 2 - Formação acadêmica em Educação Física. Ambos refere-se a formação em Licenciatura e Bacharelado. Fonte: Autoral. Quanto à questão que aborda se o conteúdo da disciplina de futebol na graduação colaborou para a atuação nas aulas de Educação Física Escolar, 50% (12) concordaram ou 20,8% (5) concordaram plenamente com essa afirmativa (Figura 3). Esses dados demonstram uma percepção positiva em relação à contribuição do conteúdo ministrado durante a formação para a prática docente, embora ainda haja uma parcela 20,8% (5) que expressa discordância ou 8,3% (2) total discordância. 27 Figura 3 - Conteúdo da disciplina de futebol na graduação colaborou para atuação com o futebol nas aulas de Educação Física Escolar. Fonte: Autoral. Ilha e Krug (2009) apontam que os cursos de licenciatura, em muitos casos, oferecem uma abordagem superficial sobre modalidades esportivas específicas, como o futebol, o que prejudica a aplicação prática em contextos escolares. Além disso, a falta de integração entre teoria e prática nos cursos de formação é frequentemente mencionada como um desafio para os docentes, que muitas vezes precisam buscar recursos externos para complementar suas habilidades profissionais. Normalmente, os cursos de Educação Física oferecem apenas uma disciplina de futebol, e poucos incluem disciplinas voltadas para metodologias de ensino de esportes ou pedagogia esportiva, que considerem o contexto escolar. As disciplinas relacionadas ao futebol frequentemente priorizam conteúdos técnicos, como fundamentos, táticas e regras, mas abordam pouco sobre o ensino do esporte no ambiente escolar. Assim, cabe a outras disciplinas, como didática e metodologia de ensino, ou aos estágios supervisionados, complementar a formação com conteúdos e informações que tornem a prática pedagógica mais adequada à realidade dos futuros professores (Rufino; Darido, 2011; Costa et al., 2019). Após a graduação, um dado positivo identificado foi a adesão à formação continuada pelos professores. A pesquisa revelou que 100% (24) dos participantes relataram buscar atividades de aprimoramento profissional (Figura 4). Entre as opções escolhidas, destacaram- se a troca de experiências entre pares 66,7% (16), os cursos de aperfeiçoamento 62,5% (15), e a participação em congressos, simpósios e similares 50% (12) (Figura 5). 28 Figura 4 - Busca de conhecimentos após a graduação. Fonte: Autoral. Figura 5 - Busca de conhecimentos após a graduação. Fonte: Autoral. Essas ações refletem a importância da educação continuada, como destacado por Ferreira, Santos e Costa (2015), para que os docentes acompanhem as inovações pedagógicas e se mantenham alinhados às mudanças curriculares, garantindo a aplicação de metodologias inovadoras nas aulas de Educação Física. 6.2 ESTRUTURA PARA A AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR No que diz respeito ao local disponível para a realização da prática do futebol nas aulas, as respostas dos professores refletem uma realidade diversa. Em algumas escolas, as aulas ocorrem em espaços improvisados, como gramados — “Gramado entre algumas árvores” (Professor 1) — ou até mesmo em pátios e terrenos de terra batida — “Terrão e pátio” (Professor 2). Dos professores pesquisados, 83,3 % (20) indicaram que possuem quadra para as aulas, 4,2% (1) mencionou ter campo, 12,5% (3) utilizam o pátio e 4,2% (1) selecionou a opção outro. Ressalta-se que, nesta questão, os professores podiam selecionar mais de uma alternativa, 29 refletindo a multiplicidade de espaços utilizados (Figura 6). Figura 6 - Local que há disponível na escola para a prática do futebol. Fonte: Autoral. Um dos professores relatou utilizar a quadra de um clube nas proximidades da escola, evidenciando a necessidade de recorrer a espaços externos devido à ausência de infraestrutura adequada na própria escola — “Eu levo meus alunos na quadra do clube que fica a duas quadras da escola” (Professor 3). Essa falta de infraestrutura reflete a precarização das condições escolares em algumas instituições, o que compromete diretamente as aulas. Estudos como os de Darido e Souza (2007) apontam que a qualidade dos espaços físicos disponíveis influência tanto a motivação dos alunos quanto a variedade de atividades realizadas pelos professores, impactando negativamente na aprendizagem. A infraestrutura escolar exerce um papel determinante no ensino do futebol nas aulas de Educação Física. Conforme Macagnan e Betti (2007), a falta de espaços adequados, como quadras poliesportivas ou equipamentos específicos, compromete a efetividade do ensino do futebol, limitando as abordagens pedagógicas e restringindo a experiência de aprendizado dos alunos. Em contrapartida, escolas com uma infraestrutura apropriada promovem uma maior diversidade de atividades e possibilidades pedagógicas, além de proporcionar um ambiente mais motivador e seguro para a prática do futebol nas aulas de EF-Escolar. 6.3 FUTEBOL COMO CONTEÚDO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR A análise das etapas da Educação Básica nas quais os professores de Educação Física atuam revela um cenário predominante de atuação no Ensino Fundamental, especialmente no Fundamental I e II (Figura 7). 30 Figura 7 - Atuação em quais etapas da Educação Básica. Fonte: Autoral. Segundo Rocha, Almeida e Moreno (2022), o papel da Educação Física na Educação Infantil tem sido cada vez mais reconhecido, mas sua implementação nas redes públicas ainda depende de fatores como a infraestrutura da rede de ensino, as políticas locais e a disponibilidade de profissionais especializados. Embora a disciplina seja obrigatória no currículo da Educação Básica, a presença de um professor de Educação Física especializado na Educação Infantil pode variar conforme as especificidades regionais e as escolhas pedagógicas adotadas pelas escolas. Em relação a ministrar aulas com o conteúdo de futebol, 95,8% (23) dos professores responderam positivamente (Figura 8), e os principais objetivos com o conteúdo do futebol apontados, foram: o desenvolvimento social e emocional 91,7% (22), promoção de saúde 70,8% (17), e a prática do lazer 87,5% (21), sendo possível selecionar mais de uma alternativa na questão (Figura 9). Figura 8 - Ministra o conteúdo de futebol nas suas aulas de Educação Física Escolar. Fonte: Autoral. 31 Figura 9 - Principal objetivo com o ensino do futebol nas aulas de Educação Física Escolar. Fonte: Autoral. Souza e Darido (2010) afirma que o futebol, como conteúdo da Educação Física Escolar, tem um papel na formação da identidade dos alunos e na promoção de habilidades sociais, como trabalho em equipe, respeito e resolução de conflitos. A prática do futebol, nesse contexto, vai além do desempenho técnico e tático e se torna uma ferramenta para a educação dos estudantes. Esses resultados indicam uma abordagem do futebol como uma ferramenta para o aprimoramento de competências socioemocionais e para a construção de uma cidadania crítica e participativa, conforme os objetivos educacionais que priorizam a formação de sujeitos autônomos e responsáveis em diferentes contextos (DARIDO, 2005). É interessante notar que o ensino do futebol não se limita à prática em quadra ou em outros espaços, sendo ministrado também em sala de aula por 91,7% (22) dos professores (Figura 10). Figura 10 - Conteúdo sobre o futebol ministrado em sala de aula. Fonte: Autoral. Os conteúdos relatados pelos professores incluem aspectos teóricos, como a história do futebol, gênero, regras, táticas e questões socioculturais. O relato do Professor 4 ilustra essa abordagem: “Apresentação de alguns elementos sobre a lógica interna do jogo. Apresentação 32 de elementos para problematização sobre marcadores sociais, com slides, vídeos, leitura e realização de atividades sobre o tema, como HQs dos estudantes e outras formas de registro”. Esse relato evidencia uma preocupação em tratar o esporte como um fenômeno social e cultural. 6.4 PLANEJAMENTO, DIDÁTICA E AVALIAÇÃO Em relação ao Currículo Paulista do Estado de São Paulo como norteador para o ensino do futebol, 54,2% (13) dos professores concordam que o currículo é um norteador (Figura 11). No entanto, nenhum professor(a) concordou plenamente. Além disso, uma parcela significativa 37,5% (9) discorda ou não tem certeza sobre sua aplicabilidade. Figura 11 - O currículo paulista é o norteador para o ensino do futebol durante as aulas de Educação Física Escolar. Fonte: Autoral. O Currículo Paulista enfatiza a importância da Educação Física no desenvolvimento dos alunos, com uma abordagem voltada para a Cultura Corporal de Movimento. No que diz respeito ao ensino do futebol, a disciplina é apresentada como um dos componentes da cultura corporal, sendo abordada nas aulas com foco não só nas habilidades motoras, mas também nas dimensões sociais e culturais dos alunos. A proposta do currículo, além de priorizar a prática do esporte, como o futebol, busca promover um ensino que seja significativo, alinhado com as realidades locais e regionais, e que integre conhecimentos sobre o movimento humano e suas manifestações no contexto escolar (SÃO PAULO, 2020). Esse dado sugere uma possível desconexão entre as diretrizes curriculares e a prática pedagógica nas escolas, o que pode refletir desafios mais amplos na implementação das orientações curriculares na Educação Física. Ferreira, Santos e Costa (2015) destacam que a efetividade do currículo nas práticas pedagógicas depende de diversos fatores, incluindo a formação dos professores, a infraestrutura das escolas e o tempo disponível para a realização 33 de atividades que atendam às propostas curriculares. A falta de alinhamento entre o currículo e as práticas educacionais pode ser atribuída à ausência de um acompanhamento contínuo da aplicação das diretrizes curriculares, bem como à falta de capacitação adequada para os professores, o que impede a implementação do currículo no cotidiano escolar. Esse cenário não é exclusivo a prática do futebol, mas reflete uma tendência observada em outras áreas da Educação Física, onde a adaptação e a flexibilidade do currículo nem sempre correspondem às necessidades reais da prática escolar. Além disso, o desafio de conciliar as diretrizes teóricas com a realidade da sala de aula é um tema recorrente na literatura, como aborda Silva (2015), que ressalta as dificuldades dos professores em aplicar teorias educacionais de maneira prática, dado o contexto, muitas vezes limitante, das escolas. Dados obtidos na pesquisa mostram que apenas 45,8% (11) dos professores concordaram que possuem materiais pedagógicos suficientes para suas aulas de futebol, e apenas 8,3% (2) concordaram plenamente com essa afirmação (Figura 12). Por outro lado, 62,5% (15) dos entrevistados indicaram que conseguem desenvolver plenamente seus planejamentos, mesmo diante dessas limitações (Figura 13). Figura 12 - Materiais pedagógicos suficientes para utilizar nas aulas de futebol. Fonte: Autoral. 34 Figura 13 - Estrutura para desenvolver plenamente o planejamento sobre futebol nas aulas de educação física. Fonte: Autoral. A falta de condições adequadas nos espaços de ensino impacta na implementação das práticas pedagógicas, prejudicando a qualidade do processo educativo. Em muitos casos, os professores se veem obrigados a realizar adaptações nas aulas, enfrentando dificuldades para aplicar metodologias que exigem equipamentos e locais apropriados para o desenvolvimento de atividades físicas e esportivas. Tais dificuldades são frequentemente associadas a uma infraestrutura insuficiente, o que limita o alcance dos objetivos educacionais e compromete a aprendizagem dos alunos (Darido;Rangel 2005). Os dados da pesquisa mostraram que os professores utilizam diferentes métodos de ensino em suas aulas de futebol (Figura 14). De acordo com os resultados, 62,5% (15) dos docentes adotam os Métodos de Jogo, focados na prática e resolução de problemas no contexto do jogo, 58,3% (14) utilizam o Método Global, que promove uma abordagem integrada de habilidades e táticas, 29,2% (7) aplicam o Método Situacional, que recria contextos reais de jogo, e 16,7% (4) empregam o Método Parcial (Analítico), voltado para a prática segmentada de fundamentos técnicos (Silva, 2018). Além disso, 16,7% (4) indicaram não seguir nenhum dos métodos listados, apontando alternativas como Pedagogia Histórico-Crítica, TGfU (Teaching Games for Understanding) e Praxiologia Motriz. Os professores podiam selecionar mais de uma alternativa para relatar os métodos de ensino. 35 Figura 14 - Método de ensino aplicado nas aulas de futebol. Fonte: Autoral. Nas respostas abertas, um professor destacou: "Abordagem tática, TGfU e Praxiologia Motriz. A ideia é utilizar métodos que tenham a compreensão da lógica interna, valorizando a dinâmica e o funcionamento do jogo e não o olhar restrito para a técnica ou fundamento." Esse relato evidencia a combinação de estratégias, como citado o modelo Teaching Games for Understanding (TGfU) que foca em ensinar a lógica interna do jogo, ajudando os alunos a compreenderem as dinâmicas e estratégias enquanto jogam, ao invés de se concentrar apenas na técnica, enquanto a Praxiologia Motriz contribui para a análise das ações motoras e decisões dentro de um contexto esportivo (Fagundes; Ribas, 2020). Fagundes e Ribas (2020) destacam a importância dessa integração ao afirmarem que essas abordagens não apenas desenvolvem habilidades específicas, mas também incentivam uma aprendizagem mais profunda e contextualizada, tornando as aulas mais dinâmicas para os alunos. A avaliação é realizada pelos professores de Educação Física, conforme os dados da pesquisa, que indicaram que 95,8% (23) dos professores avaliam os alunos durante as aulas, com apenas 4,2% (1) não realiza a avaliação (Figura 15). Entre as alternativas mais selecionadas pelos docentes, sendo possível marcar mais de uma, destacam-se o comportamento e a participação dos alunos 83,3% (20), seguidos pelo entendimento das regras 62,5% (15) e pelas habilidades previstas no Currículo Paulista 58,3% (14). Itens como o conhecimento técnico e tático 37,5% (9) e as habilidades motoras e aptidão física 33,3% (8) também foram avaliados, embora em menor escala (Figura 16). 36 Figura 15 – Avaliação aos alunos. Fonte: Autoral. Figura 16 - Tópicos avaliados com relação ao futebol. Fonte: Autoral. A questão aberta da pesquisa sobre os tópicos avaliados, indicou que um professou utiliza a autoavaliação como uma estratégia. Conforme aponta Lima (2021), a autoavaliação contribui para o desenvolvimento da autonomia dos alunos, tornando- os mais conscientes e responsáveis pelo próprio aprendizado, quando bem implementada, a autoavaliação pode ser um método para o desenvolvimento de uma educação física mais dialógica e emancipatória, permitindo que o aluno não apenas se perceba como parte ativa no processo de aprendizagem, mas também como sujeito de sua própria formação. 37 7. CONCLUSÕES Este estudo analisou o ensino e aprendizagem do futebol nas aulas de Educação Física Escolar sob a perspectiva de professores de Educação Física de escolas municipais e estaduais das regiões de Bauru e Paulínia, no Estado de São Paulo, apresentando um panorama diversificado em relação à estrutura física, formação profissional, metodologias de ensino e formas de avaliação. A maior parte das escolas oferece quadras para ministrar o conteúdo de futebol, embora, alguns precisem adaptar espaços improvisados, como pátios, terrenos de terra batida e gramados sem demarcações. No entanto, 41,7% (10) dos professores relataram que os materiais pedagógicos são insuficientes para o ensino do futebol. Em relação a formação dos professores, os resultados demonstram que a maioria possui mais de 10 anos de formação em licenciatura e 70,8% (17) deles concordam que a disciplina de futebol foi suficiente para que eles atuassem com o futebol na EF-Escolar. Todos os entrevistados procuraram de alguma forma se atualizarem, participando de congressos, cursos e outras formas de aprimoramento e atualização, incluindo pós-graduação stricto sensu. Interessante notar que, além das aulas práticas, muitos professores também exploram o tema futebol em sala de aula, abordando a história do esporte, táticas, regras e questões socioculturais. Embora apenas um professor mencionou que não trabalha o futebol nas aulas, é possível concluir que o futebol vem sendo ministrado de forma integral, tanto na prática quanto em aspectos teóricos, com os objetivos de desenvolvimento social, emocional, e de lazer, e que os professores têm buscado aperfeiçoamento através de cursos e participação em congresso. Os métodos de ensino para trabalhar o futebol nas aulas de Educação Física escolar são distintos. Entre os mais utlizados para o ensino estão os Métodos de Jogo e Global, que têm como característica a integração entre habilidades técnicas e táticas diretamente no contexto do jogo. O Método Situacional e o Método Parcial, foram mencionados em menor escala. Além disso, alguns professores relataram a aplicação de abordagens específicas, como o Teaching Games for Understanding (TGfU) e a Praxiologia Motriz. Em relação a avaliação dos alunos nas aulas de Educação Física, apenas 4,2% (1) afirmou que não faz avaliação, Dentre os professores que fazem a avaliação, os tópicos mais avaliados são o comportamento e a participação dos alunos 83,3% (20), o entendimento das regras 62,5% (15) e as habilidades previstas no Currículo Paulista 58,3% (14). Outros itens mencionados incluem o conhecimento técnico e tático 37,5% (9) e as habilidades motoras e aptidão física 33,3% (8). A pesquisa também identificou que muitos professores não utilizam o Currículo Paulista no planejamento pedagógico, apenas 54,2% (13) dos professores concordaram que o currículo 38 é um norteador e nenhum concordou plenamente com sua aplicabilidade. Os resultados evidenciam que o futebol, enquanto conteúdo da Educação Física Escolar, ministrado pelos professores entrevistados, tem sido um conteúdo com um papel não apenas no desenvolvimento de habilidades específicas do jogo, mas também nas dimensões social e emocional dos alunos. Por fim, estudos futuros devem verificar porque os professores não utilizam a legislação e orientações para o ensino do futebol previstas no Currículo Paulista. 39 REFERÊNCIAS BALZANO, O. N.; SILVA, G. F. DA; MUNSBERG, J. A. S.; MORAIS, P. H. N. Uma proposta "outra” para o ensino do futebol na Educação Física. RBFF - Revista Brasileira de Futsal e Futebol, v. 12, n. 50, p. 614-623, 9 maio 2021. BALZANO, O. N.; DA SILVA, G. F. Futebol a maior expressão popular do Brasil: movimentos decoloniais. RBFF - Revista Brasileira de Futsal e Futebol, v. 10, n. 38, p. 314-328, 14 out. 2018. BALZANO, O. N.; RODRIGUES, A. L. de P.; DA SILVA, G. F.; MUNSBERG, J. A. S. 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A sua participação é inteiramente voluntária, e você poderá desistir a qualquer momento, sem necessidade de justificativa e sem qualquer prejuízo. Todos os dados coletados serão tratados com total confidencialidade, sendo utilizados exclusivamente para fins acadêmicos. Seu nome ou qualquer outro dado que permita sua identificação serão mantidos em sigilo, garantindo a privacidade das informações. Não haverá nenhum tipo de remuneração pela sua participação nesta pesquisa, tampouco haverá custos. Além disso, caso tenha qualquer dúvida sobre o estudo ou deseje mais informações, você poderá entrar em contato com a pesquisadora responsável, Nicoli Fernanda Candido Pereira, pelo e- mail nicoli.fernanda@unesp.br ou pelo telefone (14) 99825-8539. Ao optar por participar deste estudo, você estará confirmando que compreende os objetivos, procedimentos e garantias de confidencialidade descritos, bem como que concorda em participar de forma voluntária. Caso não se sinta confortável em continuar, você pode fechar esta página a qualquer momento. Clique no botão abaixo para confirmar sua participação e ser redirecionado(a) ao questionário. Se preferir não participar, basta encerrar esta página. 45 APÊNDICE II – Questionário Leve em consideração que quando nos referimos ao "futebol", estamos incluindo tanto o futebol de campo quanto o futsal. Nas escolas, é comum que o futebol seja praticado em quadras, o que se alinha mais ao futsal. Portanto, ao responder às perguntas, considere essa abrangência, reconhecendo que os aspectos discutidos se aplicam a ambos os formatos de jogo. Estrutura para a aula de Educação Física Escolar 1. Qual o local que há disponível na escola para a prática do futebol? (assinale mais de uma se for necessário) ( ) Quadra ( ) Campo de futebol ( ) Pátio ( ) Outro. 2. Se houver outro local, especifique:____________________________________________ Formação e atuação profissional 3. Qual a sua formação acadêmica em Educação Física? ( ) Licenciatura ( ) Bacharelado ( ) Ambos ( ) Licenciatura Plena 4. Há quanto tempo você atua como professor de Educação Física? ( ) Menos de 5 anos ( ) Entre 5 e 10 anos ( ) Mais de 10 anos 5. Você atua em quais etapas da Educação Básica? (assinale mais de uma se for necessário) ( ) Educação Infantil ( ) Ensino Fundamental I ( ) Ensino Fundamental II ( ) Ensino Médio 6. Sua graduação foi feita em uma faculdade/universidade pública ou particular? ( ) Pública ( ) Particular 7. Você possui outra graduação de ensino superior? ( ) Não ( ) Sim, qual? _______________________________________________________________________ 8. O conteúdo da disciplina de futebol na graduação colaborou para a sua atuação com o futebol nas aulas de educação física escolar. ( ) Discordo totalmente 46 ( ) Discordo ( ) Não sei ( ) Concordo ( ) Concordo plenamente 9. Em relação ao conteúdo da disciplina de futebol na graduação para a sua atuação com o futebol na EF-Escolar. Como ele foi? (Assinale duas (2) alternativas). ( ) Suficiente ( ) Insuficiente ( ) Específicos ( ) Inespecíficos 10. Durante a graduação, você procurou melhorar a sua formação através de atividades extracurriculares sobre assuntos relacionados a licenciatura? ( ) Sim ( ) Não Se sim, quais? (assinale quantas achar necessário) ( ) Cursos de curta duração ( ) Cursos de aperfeiçoamento ( ) Estágios ( ) Intercâmbios ( ) Workshops, clínicas e similares ( ) Congressos, simpósios e similares ( ) Troca de experiências entre pares 11. Após a graduação, você tem buscado conhecimentos? Por exemplo: cursos de curta duração, aperfeiçoamento, pós-graduação, congressos, vídeos, textos, troca com outros profissionais. ( ) Sim ( ) Não Se sim, quais? (assinale quantas achar necessário) ( ) Cursos de curta duração ( ) Cursos de aperfeiçoamento ( ) Estágios ( ) Intercâmbios ( ) Workshops, clínicas e similares ( ) Congressos, simpósios e similares ( ) Troca de experiências entre pares 12. Possui curso de pós-graduação? ( ) Sim ( ) Não Se sim, assinale a maior titulação. ( ) Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado Futebol como conteúdo da Educação Física Escolar 13. Na escola em que você leciona, quantas aulas de Educação Física por semana compõe o 47 currículo de cada etapa escolar? Caso ministre aulas em mais de uma escola, informe o número de escolas e as respectivos aulas de EF-Escolar, sem identificá-las. (Ex: Escola 1: Ensino Fundamental I, 1 aula semanal; Ensino Fundamental II, 2 aulas semanais. Escola 2: Ensino Médio, 2 aulas semanais). Use algarismos numéricos e informe todas as escolas em que você ministra aulas de Educação Física e quantas aulas em cada nível de cada escola. ( ) Educação Infantil ( ) Ensino Fundamental I ( ) Ensino Fundamental II ( ) Ensino Médio 14. Você ministra o conteúdo de futebol nas suas aulas de Educação Física? ( ) Sim ( ) Não 15. Caso ministre o futebol nas aulas, qual o local que você ministra o conteúdo de futebol em suas aulas (assinale mais de uma se for necessário). ( ) Quadra ( ) Campo de futebol ( ) Pátio ( ) Sala de aula ( ) Outro Se houver outro local, especifique:____________________________________________ 16. Se você ministra o conteúdo de futebol nas suas aulas de Educação Física, assinale TODAS as etapas da Educação Básica em que você ministra o futebol. ( ) Educação Infantil ( ) Ensino Fundamental I ( ) Ensino Fundamental II ( ) Ensino Médio 17. Qual é o seu principal objetivo com o ensino do futebol nas suas aulas de educação física escolar? (assinale quantas achar necessário) ( ) Formação de atletas para os jogos escolares ( ) Desenvolvimento social e emocional ( ) Promoção de saúde ( ) Prática do lazer 18. Qual o método de ensino que você aplica nas aulas de futebol? (assinale mais de uma se for necessário). ( ) Método Parcial (analítico) ( ) Método Global ( ) Métodos de Jogo ( ) Método Situacional ( ) Nenhum destes Caso aplique outro(s) método(s) de ensino diferente dos indicados na questão anterior, indique-o(s). ________________________________________________________________ 19. Você avalia seus alunos? ( ) Sim 48 ( ) Não 20. Se sua resposta anterior foi afirmativa, a pesquisa gostaria de saber quais dos tópicos abaixo são avaliados com relação ao futebol. (assinale quantas achar necessária). ( ) Avaliação sobre o conhecimento técnico e tático ( ) Avaliação sobre o entendimento das regras ( ) Avaliação de habilidades motoras e aptidão física ( ) Avaliação relacionado ao comportamento e participação ( ) Avaliação relacionada às habilidades previstas no Currículo Paulista Caso avalie outro(s) tópico(s) diferente dos indicados na questão anterior, indique-o(s). ________________________________________________________________ 21. Algum conteúdo sobre o futebol é ministrado em sala de aula? ( ) Sim ( ) Não Caso afirmativo, qual o conteúdo ministrado em sala de aula? _________________________ Planejamento, didática e avaliação Analise as afirmações abaixo e responda de acordo com seu grau de concordância. 22. A formação como licenciado em educação física é importante para a organização dos planejamentos de ensino para as aulas de futebol. ( ) Discordo totalmente ( ) Discordo ( ) Não sei ( ) Concordo ( ) Concordo plenamente 23. Para aplicar o conteúdo de futebol nas aulas de educação física, minha principal orientação diretriz é o currículo paulista. ( ) Discordo totalmente ( ) Discordo ( ) Não sei ( ) Concordo ( ) Concordo plenamente 24. Tenho disponível materiais pedagógicos suficientes para utilizar nas aulas de futebol. ( ) Discordo totalmente ( ) Discordo ( ) Não sei ( ) Concordo ( ) Concordo plenamente 25. Tenho estrutura para desenvolver plenamente o meu planejamento sobre futebol nas aulas de educação física. ( ) Discordo totalmente ( ) Discordo ( ) Não sei 49 ( ) Concordo ( ) Concordo plenamente 26. A avaliação é parte importante do planejamento relacionado ao futebol ministrado durante as aulas de educação física. ( ) Discordo totalmente ( ) Discordo ( ) Não sei ( ) Concordo ( ) Concordo plenamente 27. É importante que aluno aprenda a jogar futebol durante a aula de educação física. ( ) Discordo totalmente ( ) Discordo ( ) Não sei ( ) Concordo ( ) Concordo plenamente 28. É importante que aluno aprenda o conteúdo relacionado ao futebol, como previsto no currículo paulista, durante a aula de educação física. ( ) Discordo totalmente ( ) Discordo ( ) Não sei ( ) Concordo ( ) Concordo plenamente 29. O futebol profissional é uma referência para o ensino do futebol durantes nas aulas de educação física escolar. ( ) Discordo totalmente ( ) Discordo ( ) Não sei ( ) Concordo ( ) Concordo plenamente 30. O currículo paulista é o norteador para o ensino do futebol durante as aulas de educação física escolar. ( ) Discordo totalmente ( ) Discordo ( ) Não sei ( ) Concordo ( ) Concordo plenamente 50 APÊNDICE III – Resultados gerais Resultados categoria 1- Estrutura para a aula de Educação Física Escolar Tabela 1- Estrutura para a aula de Educação Física Escolar. Q1. Qual o local que há disponível na escola para a prática do futebol? (assinale mais de uma se for necessário) Quadra 20 (83,3%) Campo 1 (4,2%) Pátio 3 (12,5%) Outro 1 (4,2%) Fonte: Autoral. A questão dois tratou-se de uma pergunta aberta não obrigatória que complementava a Q1 apresentada na tabela 1, na qual apenas parte dos participantes respondeu e está descrita na integra a seguir: Q2. Se houver outro local, especifique. Professor 1: Na minha escola tem quadra e campo, o campo as vezes é marcado, outras vezes é só o gramado mesmo, sem marcações de linhas. Professor 2: Terrão e patio Professor 3: Campo Professor 4: Eu levo meus na quadra do clube que fica a duas quadras da escola. Professor 5: Gramado entre algumas árvores Resultados categoria 2- Formação e atuação profissional Tabela 2- Formação e atuação profissional. Q3. Qual a sua formação acadêmica em Educação Física? Licenciatura Plena 13 (54,2%) Licenciatura 2 (8,3%) Bacharelado 0% Ambos 9 (37,5%) Q4. Há quanto tempo você atua como professor de Educação Física? Menos de 5 anos 1 (4,2%) Entre 5 e 10 anos 6 (25%) Mais de 10 anos 17 (70,8%) Q5. Você atua em quais etapas da Educação Básica? (assinale mais de uma se for necessário) Educação Infantil Ensino Fundamental I 4 (16,7%) 17 (70,8 %) Ensino Fundamental II 14 (58,3%) Ensino Médio 11 (45,8%) Q6. Sua graduação foi feita em uma faculdade/universidade pública ou particular? Pública 11 (45,8%) Particular 13 (54,2%) Q7. Você possui outra graduação de ensino superior? Não 11 (45,8%) Sim Se sim, qual: 13 (54,2 %) 51 Pedagogia Nutrição Pedagogia e história 9 (69,2%) 1 (7,7%) 1 (7,7%) Q8. O conteúdo da disciplina de futebol na graduação colaborou para a sua atuação com o futebol nas aulas de educação física escolar. Discordo totalmente 2 (8,3%) Discordo 5 (20,8%) Não sei 0 (0%) Concordo 12 (50%) Concordo plenamente 5 (20,8 %) Q9. Em relação ao conteúdo da disciplina de futebol na graduação para a sua atuação com o futebol na EF-Escolar. Como ele foi? (Assinale duas (2) alternativas). Suficiente 17 (70,8 %) Insuficiente 6 (25%) Específicos 12 (50%) Inespecíficos 4 (16,7%) Q10. Durante a graduação, você procurou melhorar a sua formação através de atividades extracurriculares sobre assuntos relacionados à licenciatura? Sim 20 (83,3%) Não 4 (16,7%) Se sim, quais? (assinale quantas achar necessário) Cursos de curta duração 9 (45%) Cursos de aperfeiçoamento 12 (60%) Estágios 12 (60%) Intercâmbios 0 (0%) Workshops, clínicas e similares 7 (35%) Congressos, simpósios e similares 12 (60%) Troca de experiências entre pares 14 (70%) Q11. Após a graduação, você tem buscado conhecimentos? Por exemplo: cursos de curta duração, aperfeiçoamento, pós-graduação, congressos, vídeos, textos, troca com outros profissionais. Sim 24 (100%) Não 0 (0%) Se sim, quais? (assinale quantas achar necessário) Cursos de curta duração 14 (58,3%) Cursos de aperfeiçoamento 15 (62,5%) Estágios 1 (4,2%) Intercâmbios 0 (0%) Workshops, clínicas e similares 8 (33,3%) Congressos, simpósios e similares 12 (50%) Troca de experiências entre pares 16 (66,7%) Q12. Possui curso de pós-graduação? Sim 19 (79,2%) Não 5 (20,8%) Se sim, assinale a maior titulação: Especialização 14 (70%) Mestrado 3 (15%) Doutorado 3 (15%) Fonte: Autoral. 52 Resultados categoria 3- Futebol como conteúdo da Educação Física Escolar A questão abaixo foi uma pergunta aberta, na qual todos os participantes responderam de acordo com sua realidade individual nas escolas em que leciona e está descrita na integra a seguir: Q13. Na escola em que você leciona, quantas aulas de Educação Física por semana compõe o currículo de cada etapa escolar? Caso ministre aulas em mais de uma escola, informe o número de escolas e as respectivos aulas de EF-Escolar, sem identificá-las. (Ex: Escola 1: Ensino Fundamental I, 1 aula semanal; Ensino Fundamental II, 2 aulas semanais. Escola 2: Ensino Médio, 2 aulas semanais). Use algarismos numéricos e informe todas as escolas em que você ministra aulas de Educação Física e quantas aulas em cada nível de cada escola. Professor 1: 2 Professor 2: Ensino Fundamental: Duas aulas semanais por turma Professor 3: Ensino Médio, 2 aulas de Educação Física por semana em apenas 2 anos dos 3 que compõe o ensino médio. Professor 4: 2 aulas semanais tanto no fundamental I quanto no fundamental II Professor 5: 2 aulas semanais Professor 6: Escola 1: fundamental I - 2 aulas; Escola 2: fundamental I - 2 aulas; Escola 3: fundamental I - 2 aulas; Escola 4: fundamental II - 2 aulas Professor 7: Ensino Fundamental I- 2 aulas por semana Professor 8: Duas. Professor 9: Escola 1 - uma aula escola 2 - dias aulas Professor 10: 4 Sesi EF Anos Iniciais; 2 Rede Estadual SP, EF e EM. Professor 11: Ensino fundamental I, 2 aulas sejais. Ensino fundamental II, 2 aulas semanais. Ensino médio, 1 aula semanal. Professor 12: 20 aulas Professor 13: 2 aulas Professor 14: 02 aulas semanal. Professor 15: 2 aulas semanais- Ensino Fundamental 1 e Médio 1 Ano. Professor 16: Fundamental I- 1 aula para (3°\4° e 5°anos) e 2 aulas (1° e 2° anos) Fundamental II - 2 aulas Professor 17: Duas aulas por semana Professor 18: Ensino médio, 5 aulas semanais. Ensino fundamental, 4 aulas semanais. Professor 19: 2 aulas Fundamental II e Medio Professor 20: 2 escolas de ensino infantil - 24 aulas no total Professor 21: Duas Professor 22: Ensino Médio: 2 semanais para o 1o e 1 semanal para o 2o Professor 23: Infantil: 1 semanal para cada turma Tabela 3- Futebol como conteúdo da Educação Física Escolar. Q14. Você ministra o conteúdo de futebol nas suas aulas de Educação Física? Sim 23 (95,8%) Não 1 (4,2%) Q15. Caso ministre o futebol nas aulas, qual o local que você ministra o conteúdo de futebol em suas aulas (assinale mais de uma se for necessário). Quadra 22 (91,7%) Campo de futebol 2 (8,3%) Pátio 6 (25%) 53 Sala de aula 8 (33,3%) Outro 2 (8,3%) Q16. Se você ministra o conteúdo de futebol nas suas aulas de Educação Física, assinale TODAS as etapas da Educação Básica em que você ministra o futebol. Educação Infantil 2 (8,3%) Ensino Fundamental I 16 (66,7%) Ensino F