2024 MATEUS JOSÉ DUTRA INDUÇÃO DA MORTE CELULAR IMUNOGÊNICA EM LINHAGENS CELULARES DE LEUCOPLASIA E CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS ORAL SOB TRATAMENTO DE ARTEMISININA E CISPLATINA São José dos Campos 2024 MATEUS JOSÉ DUTRA INDUÇÃO DA MORTE CELULAR IMUNOGÊNICA EM LINHAGENS CELULARES DE LEUCOPLASIA E CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS ORAL SOB TRATAMENTO DE ARTEMISININA E CISPLATINA Dissertação apresentada ao Instituto de Ciência e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Campus de São José dos Campos, como parte dos requisitos para obtenção do título de MESTRE, pelo Programa de Pós-Graduação em CIÊNCIAS APLICADAS À SAÚDE BUCAL. Área: Patologia e Diagnóstico Bucal. Linha de pesquisa: Inflamação, reparação tecidual e patologia do sistema estomatognático. Orientadora: Profa. Assoc. Estela Kaminagakura Tango Instituto de Ciência e Tecnologia [internet]. Normalização de tese e dissertação [acesso em 2024]. Disponível em http://www.ict.unesp.br/biblioteca/normalizacao Apresentação gráfica e normalização de acordo com as normas estabelecidas pelo Serviço de Normalização de Documentos da Seção Técnica de Referência e Atendimento ao Usuário e Documentação (STRAUD). Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Prof. Achille Bassi e Seção Técnica de Informática, ICMC/USP com adaptações - STATI, STRAUD e DTI do ICT/UNESP. Renata Aparecida Couto Martins CRB-8/8376 Dutra, Mateus José Indução da morte celular imunogênica em linhagens celulares de leucoplasia e carcinoma de células escamosas oral sob tratamento de artemisinina e cisplatina / Mateus José Dutra. - São José dos Campos : [s.n.], 2024. 95 f. : il. Dissertação (Mestrado) - Pós-Graduação em Ciências Aplicadas à Saúde Bucal - Universidade Estadual Paulista (Unesp), Instituto de Ciência e Tecnologia, São José dos Campos, 2024. Orientadora: Estela Kaminagakura Tango. 1. Morte celular imunogênica. 2. Células apresentadoras de antígenos. 3. Leucoplasia oral. 4. Carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço. 5. Imunomodulação. I. Tango, Estela Kaminagakura, orient. II. Universidade Estadual Paulista (Unesp), Instituto de Ciência e Tecnologia, São José dos Campos. III. Universidade Estadual Paulista 'Júlio de Mesquita Filho' - Unesp. IV. Universidade Estadual Paulista (Unesp). V. Título. IMPACTO POTENCIAL DESTA PESQUISA O impacto desta pesquisa está relacionado a uma nova forma de tratamento da Leucoplasia Oral, que é uma lesão potencialmente maligna, que acomete a boca de indivíduos e pode se transformar em um Carcinoma de Células Escamosas Oral que possui um pior prognóstico. A Leucoplasia Oral não possui protocolos de tratamentos estabelecidos, assim, a presente pesquisa objetivou verificar se dois compostos seriam uteis ao tratamento da desta lesão e do Carcinoma de Células Escamosas Oral, que são duas doenças bucais de importância em saúde pública a nível mundial. POTENTIAL IMPACT OF THIS RESEARCH The impact of this research is related to a new form of treatment for Oral Leukoplakia, which is a potentially malignant lesion that affects the mouth of individuals and can transform into Oral Squamous Cell Carcinoma, which has a worse prognosis. Oral Leukoplakia does not have established treatment protocols, therefore, the present research aimed to verify whether two compounds would be useful in the treatment of this lesion and Oral Squamous Cell Carcinoma, which are two oral diseases of importance in public health worldwide. BANCA EXAMINADORA Prof. Assoc. Estela Kaminagakura Tango (Orientadora) Universidade Estadual Paulista (Unesp) Instituto de Ciência e Tecnologia Campus de São José dos Campos Prof. Dr. José Jara Sandoval Universidade de Chile Faculdade de Odontologia Santiago Prof. Assoc. Luana Marotta Reis de Vasconcellos Universidade Estadual Paulista (Unesp) Instituto de Ciência e Tecnologia Campus de São José dos Campos São José dos Campos, 02 de fevereiro de 2024. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a Deus, que nos dá oportunidades diárias de recomeçar, forças para seguir e perseverança para não desistir. Ao meu pai, Clóvis, e à minha mãe, Dulcimar, que me deram todo o suporte necessário nesta trajetória, sempre me estimularam e me encorajaram para que eu seguisse trilhando meu caminho e alcançando os meus sonhos, sem vocês isso não seria possível, amo vocês. À minha irmã, Aline, e meus dois sobrinhos, Lorenzo e Luiza, pelo apoio e compreensão de sempre, também dedico esta conquista a vocês. AGRADECIMENTOS O mestrado foi um grande desafio na minha formação profissional, e com o apoio e incentivo de inúmeras pessoas, essa trajetória fluiu mais tranquila. Assim, dedico algumas páginas do meu trabalho para agradecer a todos que contribuíram direta ou indiretamente na minha formação. Agradeço ao ICT Unesp e ao diretor Prof. Assoc. Cesar Rogério Pucci, também ao Programa de Pós-graduação em Ciências Aplicadas à Saúde Bucal (CASB) e ao coordenador Prof. Assoc. Alexandre Luiz Souto Borges. Agradeço a Deus pela vida, saúde e coragem que me concede diariamente. Embora desafios tenham surgido, Ele sempre mostrou o caminho a ser seguido. Também, agradeço a Ele pela família que me presenteou, que sempre esteve ao meu lado e me incentivando. Assim, agradeço ao meu pai, Clóvis, e à minha mãe, Dulcimar, que nunca mediram esforços para que eu alcançasse meus sonhos, tiveram paciência em me ouvir por ligações, entenderam minhas longas ausências e sempre me deram suporte e energia para seguir em frente. À minha irmã Aline, que sempre foi uma grande companheira, incentivadora e minha fiel amiga, que me escuta, me entende e compreende. Aos meus sobrinhos, Lorenzo e Luiza, que compreenderam a minha distância e ausência, o “ti” ama vocês. A todos da minha família, minha vó, tios e primos que sempre me desejaram sucesso e me enviaram boas energias. Também aos meus avós que já partiram mas que sempre me incentivaram quando criança. À minha orientadora e amiga, professora Estela, obrigado pelo apoio, ensinamentos e orientações ao longo deste tempo. Diariamente me mostra caminhos que me tornam melhor como profissional e como pessoa. É uma referência pra mim. Agradeço o acolhimento, companheirismo e amizade que cultivamos neste período e por todo o ensinamento que me proporcionou em Estomatologia e Patologia, especialidades que me sinto realizado em atuar como cirurgião dentista. Onde eu florescer lá você estará!! A todos os professores que contribuíram e contribuem com a minha formação, em especial as professoras da Estomatologia e Patologia Oral. Registro meu agradecimento em especial à professora Ana Lia, que me ensinou tanto de Patologia e à professora Janete com quem dividimos os desafios na clínica semanalmente. Também agradeço à professora Luana, que sempre me deu apoio e orientações para que esse trabalho fosse executado. Agradeço também à professora Daniela Adorno, da Universidade do Chile, que se disponibilizou em me receber para o intercâmbio, e me recebeu tão bem, tornou minha experiencia incrível e contribuiu muito na minha formação profissional e pessoal, além disso, se tornou uma grande amiga, à quem eu tenho muita admiração. Agradeço à Universidade do Chile, lugar que me acolheu por um período do meu mestrado, e a todos professores da UChile, que tornaram minha experiência a melhor possível. Agradeço aos professores Gina, Gabriel, Íris, Ana, Juan Pablo, José J., José S. e Vicente Torres, obrigado pelos ensinamentos e amizade, e aos amigos que fiz neste período, Maca, Camila, Consuelo, Javiera, Karla e Tânia, obrigado pela troca de experiências nas clínicas e laboratórios. Agradeço aos professores José Jara e Vicente Torres, que gentilmente cederam as células que foram essenciais para que esse estudo fosse executado. A todos os funcionários do ICT Unesp, especialmente à Michelle, pelos milhares cafezinhos, confraternizações e conversas diárias. Também ao Sérgio, que sempre esteve pronto para ajudar quando fosse preciso. Aos meus professores e a Universidade de Passo Fundo, que me formaram como cirurgião-dentista, especialmente à professora Gisele que me apresentou ao mundo da Patologia e Estomatologia, e que sempre me incentivou a trilhar esse caminho. Também a professora e amiga Daniela Corralo, com quem trabalhei muito e fiz minha primeira iniciação científica. Aos alunos do ICT Unesp que contribuí na formação neste período e a todos os pacientes que por mim passaram, na clínica e no laboratório de patologia, sem vocês nada faria sentido, muito obrigado. Aos meus colegas de pós graduação Maria Leticia, Charles, Kamilla, Luiza, Natalia, Bruna, Genesis, Gabi, Thais, Fernanda, Leticia, Lucas, Fábia e Jaque... são muitos nomes para recordar, mas obrigado pelos momentos de descontração e risadas diárias. A todos os alunos de IC da professora Estela, que sempre estiveram dispostos à ajudar, Brunna, Isa, Nathan, Gustavo, Daniela... A todos os colegas e alunos do LEIC, laboratório em que executei este estudo, obrigado pela ajuda, apoio e trocas neste período. Aos meus amigos que sempre compreenderam a minha distância e ausência, Karol, Lucas, Weigleson, Iara, Bia, Karen, Jayne, Daniela, Ana, Luís, Ale, Pati, Nati, Pati B., Laís, Lucas e Milena, dos quais muitos são colegas dentistas, amigos que fiz durante a minha formação e que sempre levarei comigo. À CAPES pela concessão da minha bolsa de mestrado. Ao Programa Escala da Associação de Universidades do Grupo Montevidéu pela concessão da minha bolsa de internacionalização. Ao Laboratório de Estudos Interdisciplinar em Células (LEIC) onde esta pesquisa foi desenvolvida. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo financiamento da pesquisa (processo 20/07375-3). “A sabedoria suprema é ter sonhos bastante grandes para não se perderem de vista enquanto os perseguimos.” William Faulkner RESUMO Dutra MJ. Indução da morte celular imunogênica em linhagens celulares de leucoplasia e carcinoma de células escamosas oral sob tratamento de artemisinina e cisplatina [dissertação]. São José dos Campos (SP): Universidade Estadual Paulista (Unesp), Instituto de Ciência e Tecnologia; 2024. Novos fármacos, como a artemisinina (ART), podem ser promissores no tratamento de lesões potencialmente malignas (LPM) e podem ser úteis quando usados em associação com outros quimioterápicos, especialmente na redução dos seus efeitos colaterais. A leucoplasia oral (LO) é a LPM mais comum da cavidade bucal e, pode evoluir para um carcinoma de células escamosas oral (CCEO). Não há terapia para evitar a sua transformação maligna, a quimioprevenção pode iniciar a morte celular imunogênica (MCI) que ativa o sistema imunológico para que reconheça e elimine as células malignas ou pré-malignas, sendo um potencial tratamento para as LPM. O presente estudo objetivou avaliar se a ART e a cisplatina (CSP) associadas ou não seriam capazes de induzir a MCI em linhagens celulares de LO (DOK) e CCEO (SCC- 180). Material e métodos: As linhagens celulares HaCat (controle), DOK e SCC-180 foram tratadas por ART e CSP de forma combinada ou isolada, a fim de analisar a citotoxicidade e a genotoxicidade destes fármacos, além da capacidade destes em reduzir a migração celular e, se os compostos seriam capazes de induzir a expressão da proteína box de alta mobilidade (HGMB-1), caspase 3, 8, 9, e Calreticulina (CALR). Resultados: Em todas as linhagens celulares a CSP e CSP+ART causaram uma resposta dose dependente, apresentando maior citotoxicidade com doses mais altas, o que não foi observado com a ART. A formação de micronúcleos não foi observada no teste de genotoxicidade. A taxa de migração foi reduzida com as concentrações de IC50 de CSP e ART+CSP para as células de CCEO. Não foram encontradas expressões significativas de proteínas relacionadas à MCI ou apoptose nas linhagens de LO e CCEO, tratadas com ART, CSP ou ART+CSP, indicando que outro tipo de morte celular possa ter ocorrido. Conclusão: A MCI e a apoptose não foram evidenciadas como forma de morte celular após as linhagens de LO e CCEO receberem tratamentos com ART, CSP e a associação de ambas. Efeitos genotóxicos não foram observados nas doses testadas. O tratamento de CSP e ART+CSP foi capaz de reduzir a migração de células de CCEO. Também concluímos que novos estudos são necessários para elucidar se a ART e CSP podem ocasionar a MCI ou apoptose em linhagens celulares de LO e CCEO. Palavras-chave: Morte celular imunogênica; Células apresentadoras de antígenos; Leucoplasia oral; Carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço; Imunomodulação. ABSTRACT Dutra MJ. Induction of immunogenic cell death in leukoplakia and oral squamous cell carcinoma cell lines under artemisinin and cisplatin treatment [dissertation]. São José dos Campos (SP): São Paulo State University (Unesp), Institute of Science and Technology; 2024. New drugs, such as artemisinin (ART), may be promising in the treatment of potentially malignant lesions (PML) and may be useful when used in combination with other chemotherapy drugs, especially in reducing their side effects. Oral leukoplakia (OL) is the most common LPM of the oral cavity and can progress to oral squamous cell carcinoma (OSCC). There is no therapy to prevent its malignant transformation, chemoprevention can initiate immunogenic cell death (ICM) that activates the immune system to recognize and eliminate malignant or pre-malignant cells, being a potential treatment for LPM. The present study aimed to evaluate whether or not ART and cisplatin (CSP) combined would be capable of inducing MCI in LO (DOK) and CCEO (SCC-180) cell lines. Material and methods: HaCat (control), DOK and SCC-180 cell lines were treated by ART and CSP in combination or alone, in order to analyze the cytotoxicity and genotoxicity of these drugs, in addition to their ability to reduce cell migration and, whether the compounds would be able to induce the expression of high mobility box protein (HGMB-1), caspase 3, 8, 9, and Calreticulin (CALR). Results: In all cell lines, CSP and CSP+ART caused a dose-dependent response, showing greater cytotoxicity at higher doses, which was not observed with ART. The formation of micronuclei was not observed in the genotoxicity test. The migration rate was reduced with the IC50 concentrations of CSP and ART+CSP for OSCC cells. No significant expressions of proteins related to MCI or apoptosis were found in the LO and CCEO lines, treated with ART, CSP or ART+CSP, indicating that another type of cell death may have occurred. Conclusion: MCI and apoptosis were not evidenced as a form of cell death after the LO and CCEO lines received treatments with ART, CSP and the combination of both. Genotoxic effects were not observed at the doses tested. CSP and ART+CSP treatment was able to reduce OSCC cell migration. We also conclude that new studies are necessary to elucidate whether ART and CSP can cause MCI or apoptosis in LO and CCEO cell lines. Keywords: Immunogenic cell death; Antigen presenting cells; Oral leukoplakia; Squamous cell carcinoma of the head and neck; Immunomodulation. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ART ATP CALR CCEO CSP DAMPs ELISA ERO HMGB1 IL-1β IL-18 LO LPM MCI NM RE Artemisinina Adenosina trifosfato Calreticulina Carcinoma de células escamosas oral Cisplatina Damage associated molecular patterns Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay Espécies reativas de oxigênio High mobility group box protein 1 Interleucina 1 beta Interleucina 18 Leucoplasia oral Lesões potencialmente malignas Morte celular imunogênica Neoplasia maligna Retículo endoplasmático SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 15 2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 19 2.1 Leucoplasia Oral ......................................................................................... 19 2.2 Carcinoma de Células Escamosas Oral ................................................... 21 2.3 Morte Celular Imunogênica ........................................................................ 23 2.4 Artemisinina ................................................................................................ 25 2.5 Cisplatina .................................................................................................... 26 2.6 Associação de Compostos ........................................................................ 28 3 PROPOSIÇÃO ................................................................................................ 30 3.1 Objetivo geral:............................................................................................. 30 3.2 Objetivos específicos: ................................................................................ 30 4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 32 4.1 Seleção das linhagens celulares e divisão dos grupos experimentais . 32 4.2 Cultura celular............................................................................................. 32 4.3 Diluição dos compostos ............................................................................ 33 4.4 Teste de viabilidade celular ....................................................................... 34 4.5 Teste de genotoxicidade ............................................................................ 35 4.6 Teste de migração celular .......................................................................... 35 4.7 Ensaio de ELISA ......................................................................................... 36 4.8 Forma de análise dos resultados .............................................................. 38 5 RESULTADO .................................................................................................. 39 5.1 Viabilidade celular ...................................................................................... 39 5.1.1 Linhagem HaCat ...................................................................................... 39 5.1.2 Linhagem DOK ......................................................................................... 42 5.1.3 Linhagem SCC-180 .................................................................................. 46 5.2 Teste de genotoxicidade ............................................................................ 48 5.3 Teste de migração celular .......................................................................... 50 5.3.1 Linhagem HaCat ...................................................................................... 50 5.3.2 Linhagem DOK ......................................................................................... 53 5.3.3 Linhagem SCC-180 .................................................................................. 56 5.4 Expressão de proteínas ............................................................................. 59 5.4.1 Linhagem HaCat ...................................................................................... 59 5.4.2 Linhagem DOK ......................................................................................... 65 5.4.3 Linhagem SCC-180 .................................................................................. 71 6 DISCUSSÃO ................................................................................................... 78 7 CONCLUSÃO ................................................................................................. 83 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 84 15 1 INTRODUÇÃO Novos meios e fármacos para o tratamento de NM ou das LPM devem ser estudados para a melhora no prognóstico e na qualidade de vida dos pacientes (Hsiao, Liu, 2010). Fármacos de origem natural apresentam vantagens no tratamento de NM, como a redução de efeitos colaterais no decorrer da terapia. A ART é extraída de uma planta medicinal que age contra diversas doenças, principalmente contra a malária e, também apresenta uma ação antineoplásica (Efferth et al., 2001; Efferth et al., 2003; Reungpatthanaphong, Mankhetkorn, 2002; Woerdenbag et al., 1993). Por possuir origem natural, a ART é um composto muito estudado para ser empregado no tratamento do câncer, pois possui grande importância na redução dos efeitos colaterais quando comparado aos quimioterápicos empregados atualmente (Santos et al., 2020). A ART foi relacionada com eventos importantes no tratamento de NM. Ela permeia a membrana celular e reage com o ferro das células produzindo ERO, que induz o estresse oxidativo celular e a apoptose, conferindo citotoxicidade e gerando um efeito citostático sobre células malignas, ocasionando uma desorganização do DNA, afetando o ciclo, a divisão e o crescimento das células, promovendo perda da integridade e a morte celular (Jia et al., 2016; Lang et al., 2019; Letis et al., 2017; Tin et al., 2012; Wong et al., 2017), sendo propriedades importantes para o tratamento de NM. Ainda, o estresse oxidativo pode ocasionar a MCI, que é um meio promissor no tratamento do câncer e das LPM (Efferth et al., 2011; Slezakova, Ruda-Kucerova, 2017). Estudos in vitro e in vivo mostraram que o composto teve ação antineoplásica contra vários tipos de câncer (Jia et al., 2016; Letis et al., 2017; Wong et al., 2017) e foi capaz de inibir a formação de metástases (Feng et al., 2016; Li et al., 2017) além de, ter ocasionado a morte de células de NM de boca em um estudo in vitro (Yamachika et al., 2004) demonstrando um potencial para ser empregado como quimioterápico juntamente com os disponíveis atualmente, à exemplo da CSP. A CSP é um quimioterápico à base de metais muito utilizada contra uma ampla gama de NM, como as de testículo, ovário, câncer de bexiga, pulmão, colo do útero, câncer gástrico e cabeça e pescoço (Ho et al., 2016; Shen et al., 2012). Atua no DNA 16 da célula, onde se liga ao DNA genômico ou mitocondrial, criando alterações que interrompem a replicação, ativando vias de transdução que levam à necrose ou apoptose da célula (Achkar et al., 2018). Porém, mudanças genéticas e epigenéticas podem acarretar a resistência da neoplasia ao fármaco, especialmente pelo aumento da capacidade de reparo a danos ao DNA, pela inibição da via de apoptose e pela própria inativação da CSP (Shen et al., 2012). Outra limitação importante do tratamento com CSP são os efeitos colaterais como nefrotoxicidade, ototoxicidade, hepatotoxicidade e neurotoxicidade (Oun et al., 2018). Especialmente para reduzir a resistência da CSP pelas NM e para diminuir os efeitos colaterais do tratamento, tem-se estudado a terapia combinada com outros fármacos que também apresentam propriedades antineoplásicas, principalmente em associação com compostos de origem natural. Essas estratégias terapêuticas têm sido investigadas para o tratamento de diversas NM (Santos et al., 2020). As terapias combinadas de fármacos podem reduzir as doses e a toxicidade, modificar a biodisponibilidade e alterar as propriedades físico-químicas, gerando efeitos sinérgicos e potencializando o tratamento (Eling et al., 2015). O artemeter, derivado da ART, quando combinado com paclitaxel, aumentou o valor terapêutico deste quimioterápico e diminuiu a sua toxicidade (Li et al., 2014), a ART e seus derivados podem ser úteis quando associados a quimioterápicos atualmente disponíveis (Li et al., 2021). A CSP associada com diidroartemisinina, um outro derivado da ART, aumentou significativamente a quantidade de células apoptóticas em linhagens celulares de hepatocarcinoma mesmo com a redução da dosagem dos quimioterápicos. A diidroartemisinina atuou como uma sensibilizadora antitumoral da CSP (Rao et al., 2022). Os tratamentos para as NM com os quimioterápicos empregados atualmente, como o caso da CSP, geram a morte celular por apoptose, que ocorre de forma silenciosa, vista como fisiológica para o sistema imune, onde as células sofrem alterações citoplasmáticas, nucleares e alterações na permeabilidade da membrana plasmática, e então formam-se corpos apoptóticos que são rapidamente eliminados por fagocitose, não provocando a geração da imunidade antitumoral que é formada pela MCI (Ahmed, Tait, 2020; Kroemer et al., 2022; Messmer et al., 2019). 17 Especificamente, a MCI é uma forma de morte celular e quando ocorre em células malignas liberam antígenos que ativam o sistema imunológico adaptativo (Kepp et al., 2014; Vanmeerbeeg et al., 2020), gerando resposta imune especifica ao tumor para que posteriormente as células de defesa possam atuar no reconhecimento e eliminação das células (Diederich, 2019; Galluzzi et al., 2016; Kroemer et al., 2013; Obeid et al., 2007; Troitskaya et al., 2022; Vanmeerbeeg et al., 2020). A MCI é reconhecida como imunogênica pelo sistema imune pois induz uma imunidade antitumoral além de melhorar a eficácia da terapia empregada no tratamento de NM. Esse método de morte celular ganhou um enfoque de estudos no ramo da imunoncologia devido às suas contribuições no tratamento do câncer (Garg et al., 2013; Kroemer et al., 2022). Assim, fármacos que induzam a MCI são promissores na terapia de NM e das LPM. As células moribundas, que entram neste tipo de morte celular, expõem superficialmente algumas moléculas como CALR, proteínas de choque térmico (HSP70 e HSP90), ATP e o HMGB1, sendo importantes para evidenciar se os fármacos empregados podem ocasionar a MCI (Ahmed, Tait, 2020; Kroemer et al., 2022). A ART já foi relacionada com eventos ligados à MCI (Slezakova, Ruda- Kucerova, 2017), bem como a CSP e seus derivados (Hato et al., 2014; Martins et al., 2011), sinalizando que podem ser fármacos alternativos no tratamento imunogênico contra LPM e o CCEO (Petroni et al., 2021). As LPM da boca, apresentam-se, na maioria das vezes, como placas brancas (leucoplasia) ou vermelhas (eritroplasia) (WHO, 2022). O termo LO é designado para uma mancha ou placa branca, não caracterizada clínica ou patologicamente como outra doença, não sendo um diagnóstico histopatológico (Shafer, Waldron, 1961). As LO são consideradas LPM, pois mesmo que as lesões sejam pequenas, estas já podem apresentar elevados graus de displasia epitelial ou até mesmo carcinomas, favorecendo a sua evolução maligna, culminando posteriormente em um CCEO (Warnakulasuriya, Ariyawardana, 2016; Woo et al., 2014). A porcentagem de LO que se transformam em malignas é muito ampla, variando de 1,1 até 40,8% (Aguirre-Urizar et al., 2021), podendo evoluir para um CCEO ou não, entretanto quanto maior for o grau de displasia epitelial, maiores são as chances de malignização (Chaturvedi et al., 2020). Alguns autores indicam que 18 lesões com displasia epitelial moderada ou severa devem ser totalmente removidas, sendo uma limitação para LO de grande extensão (Neville, Day, 2002). Portanto, não há um protocolo estabelecido de tratamentos eficazes para a LO, nem para a prevenção da sua transformação maligna, tendo o manejo e o acompanhamento clínico da LO variando de acordo com profissionais e pela própria literatura (Mehanna et al., 2009). O CCEO corresponde à cerca de 90% das NM de cabeça e pescoço (Kong, Hong, 2015), sendo a NM mais comum da boca (Ferlay et al., 2020). No ano de 2020, esperava-se que 377.713 novos casos tenham surgido em todo o planeta (Ferlay et al., 2020). Geralmente, apresenta-se como uma úlcera que não cicatriza, mas placas eritematosas também podem ser uma forma de apresentação do CCEO (Aguirre- Urizar et al., 2021; Chi et al., 2015; Neville, Day, 2002). O CCEO possui um curso clínico desafiador, implicando na piora da qualidade de vida e a redução de sobrevida de seus portadores, além disso, o tratamento é complexo, requerendo uma equipe multidisciplinar, e pode gerar sequelas mutilantes, afetando a função e a estética (Valdez, Brennan, 2018). O consumo de bebidas alcoólicas e tabaco estão fortemente relacionados aos casos de LO e CCEO, principalmente se estas dependências estiverem associadas (Warnakulasuriya et al., 2007). Evitar a exposição a esses produtos é a principal forma de prevenção do CCEO, também, a detecção precoce do CCEO e das LPM tem um papel fundamental em relação a um melhor prognóstico e previsibilidade de tratamento destes pacientes, especialmente devido a taxa de mortalidade gerada pelo CCEO, que atinge 45 a 55% dentro dos primeiros cinco anos (Ferlay et al., 2020), justamente por as lesões se apresentarem em estágios avançados pelo diagnóstico tardio, reduzindo as chances de sucesso do tratamento que é feito por meio de cirurgias, radioterapia, quimioterapia ou associação das técnicas (Chow et al., 2016). . 19 2 REVISÃO DE LITERATURA Produtos naturais e seus derivados têm sido estudados por muitos anos para serem empregados nos tratamentos de diversas doenças, especialmente por suas vantagens como baixa toxicidade, efeitos colaterais reduzidos e a ampla atividade biológica que possuem. Por 20 anos consecutivos, institutos norte-americanos contribuíram na análise de extratos de mais de 15.000 espécies de plantas, buscando identificar atividade antineoplásica em compostos naturais (Weaver, 2014). Em triagens como estas, extratos naturais foram identificados com propriedades antineoplásicas e estudados a fundo, alguns estão sendo empregados atualmente no tratamento de NM (Efferth et al., 2001; Efferth et al., 2003; Reungpatthanaphong, Mankhetkorn, 2002; Woerdenbag et al., 1993). Estas descobertas têm grande impacto no tratamento quimioterápico, pois estes compostos podem agir causando a MCI, ativando o sistema imunológico adaptativo, gerando resposta imune contra o tumor (Kepp et al., 2014; Vanmeerbeeg et al., 2020), diferentemente dos quimioterápicos atuais empregados. Outro grande impacto dos quimioterápicos de origem natural é que geram menos efeitos colaterais como a nefrotoxicidade, ototoxicidade, hepatotoxicidade e neurotoxicidade e, resistência ao fármaco, que é comum com CSP, um composto a base de metais (Ho et al., 2016; Oun et al., 2018; Shen et al., 2012). Embora o tratamento principal do CCEO seja por meio de cirurgia, quando a quimioterapia é empregada, a CSP é o fármaco de escolha (Kong, Hong, 2015; de Castro et al., 2018; Li et al., 2020). Sabendo das limitações deste quimioterápico, fármacos de origem natural podem ser úteis no tratamento do CCEO, sendo uma possível forma de tratamento inclusive das LPM, que apresenta um potencial de transformação maligna, e não possui tratamento estabelecido (Aguirre-Urizar et al., 2021). 2.1 Leucoplasia Oral 20 As LPM ou “distúrbios potencialmente malignos orais” quando ocorrem podem revelar histologicamente uma displasia epitelial ou um CCEO, por isso as LPM são denominadas qualquer anormalidade da mucosa oral associada a um risco aumentado de desenvolver câncer oral (Warnakulasuriya et al., 2020). As LPM são observadas em até 4,47% da população mundial, sendo a LO a mais comum, com prevalência de 4,11% (Carrard, Van der Waal, 2018; Mello et al., 2018). A presença da displasia epitelial nas LPM é utilizada como um fator indicativo que pode ocorrer a transformação maligna destas lesões (Warnakulasuriya et al., 2007). Como exemplo, se a displasia epitelial for observada na LO, a sua probabilidade de transformação maligna é de 15,3% (Stojanov, Bin 2022). A LO é definida como uma placa predominantemente branca de risco questionável que excluiu outras doenças ou distúrbios conhecidos que não apresentam risco aumentado de câncer (Warnakulasuriya et al., 2007). Clinicamente, a LO pode se apresentar como manchas ou placas brancas, de superfície lisa, plana, verrucosa ou fissurada (Carrard, Van der Waal, 2018). Quando houver a presença de áreas vermelhas é denominada eritroleucoplasia e apresentam um alto risco de transformação maligna (Carrard, Van der Waal, 2018). Fatores de risco para o surgimento de uma LO são as diversas formas de tabaco e o consumo crônico de álcool, porém pode ser observada em pacientes que não possuem essas dependências (Warnakulasuriya, Ariyawardana, 2016). Alterações cromossômicas, como deleções e mutações em genes supressores de tumor ou proto-oncogenes favorecem que a LO e outras LPM sofram transformação maligna (Banerjee et al., 2005). Embora a malignização possa ser reduzida com a excisão completa da LO, esse risco não é excluído totalmente, pois além de recidivas, outros sítios clinicamente saudáveis podem desenvolver um CCEO (Iocca et al., 2020; Warnakulasuriya, Ariyawardana, 2016). Atualmente, o tratamento padrão da LO é a excisão cirúrgica e acompanhamento clínico do paciente, mesmo que possa recorrer e sofrer transformação maligna (van der Waal, 2009). Outras formas de tratamento como criocirurgia, cirurgia à laser, retinoides tópicos ou sistêmicos foram testados, porém, não revelaram evidências concretas para evitar ou reduzir as chances de transformação maligna (Chiesa et al., 2005; Kvaal, Warloe, 2007; Lodi, Porter, 2008; Tradati et al., 1997; van der Waal, 2009). 21 A quimioprevenção também tem sido testada no tratamento da LO, podendo ser de origem natural ou sintética, podendo ser utilizado por via tópica ou sistêmica (Liao et al., 2023). Todavia, essa forma de tratamento possui sucesso limitado (Kuriakose, Sharan, 2006; Xie, Liu, 2017), não tendo uma estratégia farmacológica estabelecida (Monteiro de Oliveira Novaes, William, 2016). A quimioprevenção pode atuar em diferentes estágios da carcinogênese, como no bloqueio de danos ao DNA evitando a transformação maligna, ou suprimindo a proliferação de células pré-malignas que são observadas em LPM com displasia epitelial (Mohan Shankar et al., 2021). Agentes quimiopreventivos revelaram-se promissores no tratamento da LPM. A vitamina A foi capaz de causar regressão completa de 57,1% de LO, sem causar efeitos colaterais (Stich et al., 1988). Já o ZengShengPing, que é uma mistura das ervas Sophra tonkinensis, Polygonum bistorta, Prunella vulgaris, Sonchus brachyotus, Dictamnus dasycarpus e Dioscorea bulbifera, diminuiu em mais da metade o tamanho de LO, em 67,8% dos pacientes incluídos no estudo, após três meses de tratamento (Sun et al., 2010). 2.2 Carcinoma de Células Escamosas Oral O CCEO é a NM mais comum em boca, representando 90% de todos os tipos de câncer neste sítio (WHO, 2022), sendo um problema global de suma importância. Vários fatores estão associados ao desenvolvimento de um CCEO, como fatores genéticos e principalmente os habituais como o tabagismo e etilismo (Warnakulasuriya, Ariyawardana, 2016). Geralmente acomete pessoas acima dos 40 anos, do sexo masculino, embora tenha-se descrito recentemente um aumento de casos em pacientes abaixo desta faixa etária (Kaminagakura et al., 2022). Sugere-se que para que se estabeleça um CCEO invasivo ocorra uma série de eventos ambientais, histológicos e moleculares antes, onde, por exemplo o álcool, pode servir como solvente para carcinógenos presentes no tabaco e outras fontes, ou a presença de uma LPM que pode conter displasia epitelial possam progressivamente transformar-se em um CCEO (Johnson et al., 2020; Warnakulasuriya et al., 2020). 22 Desta forma, antes de um CCEO invasor, o epitélio pode apresentar hiperplasia, distintos graus de displasia ou um carcinoma in situ (Johnson et al., 2020). O estudo de biomarcadores moleculares é um campo muito pesquisado para o CCEO, visando fins prognósticos de um CCEO já estabelecido ou e prever a transformação maligna nos casos das LPM. Como exemplo, o CD44, um receptor de superfície da célula para ácido hialurônico e metaloproteinases de matriz, está relacionado com a migração celular, assim, sua expressão em CCEO indica piores prognósticos (Faber et al., 2011). Altos níveis de expressão das proteínas CD133 e ALDH1, assim como o CD34, também são indicadores de invasão e metástases das células cancerígenas, sendo marcadores com significado prognóstico nos casos de CCEO (Yu, Cirillo, 2020; Zhang et al., 2010). Embora haja um aumento de evidências e estudos envolvendo fatores prognósticos para os casos de CCEO, novos meios e modalidades de tratamento para essa NM permanecem sem grandes avanços, sendo a cirurgia a principal forma de tratamento para o CCEO, que ocasiona sequelas estéticas e funcionais, além de não eliminar a doença em estádios avançados, portanto, têm limitações importantes e muitas vezes, não contribuiu para a sobrevida do paciente (Chow et al., 2016; Valdez, Brennan, 2018). A cirurgia pode ser complementada com radioterapia e/ou quimioterapia, geralmente quando as margens cirúrgicas estão comprometidas, quando há invasão perineural, embolização vascular e/ou linfática (Ettinger et al., 2019). Os quimioterápicos empregados, de forma geral, atuam danificando o DNA ou formando ERO, causando uma série de eventos que geram a morte celular por apoptose (Schomberg, 2019). A CSP, carboplatina, bleomicina, docetaxel, hidroxiuréia, metotrexato, entre outros, são quimioterápicos usados para tratamento do CCEO quando essa modalidade é empregada (Schomberg, 2019). Porém, várias são as limitações e efeitos colaterais destes quimioterápicos, como ser tóxico ao sistema nervoso, rins, fígado e por causar morte não imunogênica e resistência da neoplasia a estes quimioterápicos. Desta forma, novos compostos que causem a morte da célula neoplásica ativando outras vias e que tenham menores efeitos colaterais e baixa resistência, devem ser investigados. 23 2.3 Morte Celular Imunogênica Os quimioterápicos atuais, na grande maioria, induzem a morte das células neoplásicas por meio da apoptose, que é um tipo de morte celular programada. As células que entram em apoptose passam por uma série de etapas como encolhimento do citoplasma, fragmentação do núcleo, condensação da cromatina e bolhas na membrana plasmática, gerando os corpos apoptóticos, ou pequenos fragmentos da célula apoptótica, que posteriormente são reconhecidos e eliminados por fagocitose (Arandjelovic, Ravichandran, 2015). A apoptose é iniciada por fatores extrínsecos e/ou intrínsecos, tais fatores ativam as caspases apoptóticas iniciadoras, como a caspase 2, 8, 9 e 10, que ativam as caspases efetoras, como a 3, 6 e 7, fragmentando a célula e gerando os corpos apoptóticos (Kesavardhana et al., 2020). Caspases ativadas inativam a liberação de DAMPs que são imprescindíveis para que ocorra a MCI (Giampazolias et al., 2017), quando a morte da célula não ocorre por ativação da cascata de caspases há geração de DAMPs e consequentemente uma MCI, portanto a ativação de caspases apoptóticas impede com que ocorra a MCI (Rongvaux et al., 2014). Já a morte celular com a ativação de caspases inflamatórias, como a caspase 1, 4, 5, 11 e 12, induz a morte celular inflamatória chamada de piropstose, onde ocorre liberação de DAMPs, porém esse tipo de morte não é observado com todos os quimioterápicos em uso atualmente (Kesavardhana et al., 2020). A MCI é uma forma de morte celular que é regulada e capaz de induzir a ativação do sistema imunológico adaptativo em ambiente imunocompetente (Galluzzi et al., 2018). Pode ser iniciada por algumas drogas quimioterápicas, vírus oncolíticos, terapia fotodinâmica, entre outros (Galluzzi et al., 2018). As células que passam por esse tipo de morte podem regular a atividade imune, já que são capazes de liberar ou expor moléculas em sua superfície, servindo como sinais de estímulo ao sistema imune (Ahmed, Tait, 2020), portanto a MCI é um tipo de morte celular importante para o tratamento de NM e na imunoterapia. 24 A imunoterapia no tratamento do câncer estimula o sistema imunológico a criar uma resposta antitumoral, que pode ser alcançada por meio da MCI, que é iniciada por DAMPs, não observada com os quimioterápicos atuais (Ahmed, Tait, 2020). A MCI inicia-se com algum tipo de estresse celular, como o estresse do retículo endoplasmático (RE), produção de espécies reativas a oxigênio (ERO), a autofagia ou a cadeia de apoptose, então a célula libera DAMPs, como a calreticulina (CALR), adenosina trifosfato (ATP) e o high mobility group box protein 1 (HMGB1) que são expostos na superfície da célula moribunda, ativando células dendríticas que englobam e apresentam os antígenos da célula morta para o sistema imunológico, especialmente para os linfócitos T (CD8+) (Garg et al., 2012; Kepp et al., 2014; Kroemer et al., 2022; Troitskaya et al., 2022; Vanmeerbeeg et al., 2020; Yamazaki et al., 2020). A MCI pode ser responsável por gerar a resposta imune específica ao tumor, para que posteriormente as células de defesa possam atuar no reconhecimento e eliminação das células malignas (Diederich, 2019; Galluzzi et al., 2016; Kroemer et al., 2013; Obeid et al., 2007; Troitskaya et al., 2022; Vanmeerbeeg et al., 2020), também, provocando a eficácia a longo prazo de medicamentos antineoplásicas, já que ocasionam a morte direta das células neoplásicas e conferem a imunidade antitumoral e memória imunológica (Galluzzi et al., 2018). A CALR, um dos DAMPs, quando exposta na superfície da membrana celular atua de uma forma sinalizadora ao interagir com receptores CD91 nos fagócitos para que se ativem e façam a fagocitose (Galluzzi et al., 2016; Li, 2018). Outro tipo de DAMP, o ATP, quando liberado para fora da célula, sinaliza para que células de defesa reconheçam as células moribundas, ainda, age na pró-inflamação, já que atua em receptores de células apresentadoras de antígenos fazendo sua quimioatração (Yatim et al., 2017). O ATP, quando se liga em receptores das células apresentadoras de antígenos pode liberar interleucinas que ativam células T, contribuindo na eliminação destas células moribundas, assim, todos esses fatores agem diretamente no sistema imunológico, promovendo a memória celular (Galluzzi et al., 2016; Kepp et al., 2014; Martins et al., 2014; Vanmeerbeeg et al., 2020). Já o HMGB1, uma proteína nuclear, quando liberado para o meio extracelular pode ligar-se a TLR4 de células dendríticas estimulando a apresentação de antígenos tumorais de células moribundas ao sistema imune (Apetoh et al., 2007; Ghiringhelli et 25 al., 2009). O HMGB1, é inativado indiretamente pela ativação de caspases (Kazama et al., 2008). Estudos in vivo em camundongos vacinados contra tumores mostraram em células neoplásicas, que a depleção ou neutralização de HMGB1 comprometeram a capacidade dos animais em resistir à tumorigênese, evidenciando a importância do HMGB1 na ativação do sistema imune para combater tumores (Apetoh et al., 2007). Embora muito dos quimioterápicos atuais não causem a MCI, tratamentos complementares que causem estresse nas células, poderiam restaurar a imunogenicidade de quimioterápicos como a CSP por exemplo (Martins et al., 2011). As terapias combinadas de fármacos podem ser extremamente benéficas, já que a ação sinérgica pode possibilitar a redução das doses e efeitos colaterais, melhorando o tratamento (Eling et al., 2015) como é o caso da ART e seus derivados, que podem ser úteis quando associados a quimioterápicos atualmente disponíveis (Li et al., 2021). A diidroartemisinina, um derivado da ART foi capaz de atuar como um sensibilizador antitumoral da CSP (Rao et al., 2022), evidenciando que novos compostos podem melhorar os tratamentos quimioterápicos atuais por meio da sensibilização imune e da MCI. 2.4 Artemisinina A ART, derivada da erva Artemisia annua, uma planta chinesa, é um composto de origem natural muito investigado devido as suas propriedades antineoplásicas (Konstat‐Korzenny, 2018). Diversos derivados sintéticos da ART foram desenvolvidos, como a diidroartemisinina, artesunato, arteméter e o arteter, e estudos mostraram que estes possuem ações imunoterapêuticas em linhagens de células malignas, inclusive as que são resistentes aos quimioterápicos atuais (Efferth 2017; Konstat‐Korzenny, 2018). A ART e seus derivados possuem pontes de endoperóxido que reagem com ferro dentro de eritrócitos gerando as espécies reativas de oxigênio (ERO), a formação de ERO contribui para a morte de parasitas, no caso da malária (Zhang et al., 1992). Além disso, as ERO podem dar início ao processo da MCI, sendo um composto 26 promissor para o tratamento imunogênico de NM, ou ainda, pode dar início a outros tipos de morte celular, incluindo apoptose e ferroptose (Li et al., 2008; Wang et al., 2012). Evidências in vitro e in vivo foram reportadas sobre o uso da ART e seus derivados em relação as suas propriedades antineoplásicas. Uma investigação em linhagens de CCEO mostrou que a ART foi citotóxica e ocasionou a morte destas células por apoptose, que é o tipo de morte celular que ocorre em quimioterápicos empregados atualmente, assim, o estudo sugeriu que a ART possui uma possível aplicação clínica para o tratamento quimioterápico do CCEO (Yamachika et al., 2004). Cao et al., (2019) avaliaram in vitro e in vivo os efeitos da ART no câncer de mama murino. Os resultados mostraram que a ART aumentou a apoptose das células malignas in vitro e impediu o crescimento de tumores in vivo aumentando a sobrevida dos camundongos, além de ter atuado promovendo a ativação de células T, indicando que pode ser útil tanto para a apoptose das células neoplásicas quanto para a MCI. Roh et al., (2017) investigaram os efeitos do artesunato em linhagens de células derivadas de câncer de cabeça e pescoço, incluindo linhagens resistentes à CSP. O artesunato matou as células neoplásicas seletivamente e foi capaz de induzir a ferroptose destas células. O artesunato, derivado semi-sintético da ART, reduziu em 30% o tamanho de um carcinoma de células escamosas em laringe de um paciente que recebeu tratamento de 60 mg via intramuscular, aplicado duas vezes na semana; sugerindo que o composto possui potencial para ser empregado no tratamento quimioterápico de NM em região de cabeça e pescoço (Singh, Verma, 2002). Embora existam evidências da utilidade e eficácia da ART e seus derivados no tratamento das mais diversas neoplasias, não há resultados na literatura evidenciando qual seria a sua ação em células displásicas. Sabe-se que a ART atuou de forma seletiva reduzindo as células malignas (Roh et al., 2017). 2.5 Cisplatina 27 NM de diversos sítios anatômicos, como colo de útero, ovário, testículo, bexiga, pulmão e em região de cabeça e pescoço, incluindo o CCEO, são tratados com a CSP (Ho et al., 2016; Shen et al., 2012). Embora a CSP seja muito empregada e tenha ação comprovada, mudanças genéticas e epigenéticas, aumento de reparo a danos do DNA, inibição da via de apoptose e a inativação do composto podem ocorrer, ocasionando ineficácia e resistência da neoplasia ao quimioterápico (Shen et al., 2012). Outra limitação do tratamento com CSP é a capacidade tóxica que possui, afetando diversos sistemas do corpo, como rins, fígado e sistema nervoso (Oun et al., 2018). Os compostos à base de platina, em conjunto com a água, sofrem hidratação e dissociação resultando em um hidrato de platina carregado positivamente, que é atraído pelo DNA com carga negativa no núcleo da célula, assim, o composto de platina-água sofre reação de troca de ligante com átomos de nitrogênio em moléculas de DNA, gerando adutos de DNA-platina. Tais adutos inibem a replicação celular e ativam vias que levam a morte da célula, por necrose ou apoptose (Achkar et al., 2018; Ober, Lippard, 2007). Embora seja descrito a forma como a CSP e seus derivados atuam causando a morte da célula, Hato et al., (2014) reportaram que esse quimioterápico estimula as células Ts, podendo induzir a MCI. A morte celular causada pela oxaliplatina, um derivado da CSP, seria por via de estresse ribossômico, e não por danos ao DNA, assim, alguns autores sugerem que a oxaliplatina pode causar a MCI, sendo um importante mecanismo antineoplásico (Bruno et al., 2017), desta forma, se a CSP, e/ou seus derivados, forem capazes de causar a morte celular e causar estresse ribossômico ou do RE estariam atuando de forma dupla, na morte direta da célula e restaurando a imunogenicidade de fármacos que possivelmente não causam a MCI, como a CSP (Martins et al., 2011). Compostos de platina indicaram capacidade de promover a MCI diretamente, como exposição de CALR na superfície celular, liberação de ATP e HMGB1, fatores diretamente relacionados com a MCI (Wong et al., 2015). Tham et al., (2020) evidenciaram a relação de compostos de platina com a MCI, pois células de câncer colorretal tratadas com compostos de platina foram capazes de liberar DAMPs imunogênicos e a gerar ERO (Tham et al., 2020). 28 Portanto, investigações adicionais do uso da CSP e sua relação com a MCI no CCEO e na LO possuem importância para o manejo destas lesões, sendo um campo de importantes estudos. 2.6 Associação de Compostos As práticas terapêuticas utilizando dois ou mais fármacos ou com múltiplas drogas são utilizadas há anos no tratamento de diversas doenças, em especial no tratamento do câncer. Pois, a combinação de compostos pode potencializar os efeitos na célula-alvo ou no mecanismo de ação, fazendo com que as concentrações terapêuticas possam ser diminuídas e, consequentemente reduzir os efeitos indesejáveis da quimioterapia (Baxevanis et al., 2009; Gao et al., 2020). Quando dois ou mais fármacos são empregados, os diferentes mecanismos de ação de cada um podem direcionar o efeito no mesmo alvo, tratando a doença de forma mais eficaz. Podem atuar de forma sinérgica, criando resultados favoráveis como o aumento da eficácia do efeito terapêutico, redução da dosagem mantendo ou aumentando a mesma eficácia, evitando a toxicidade e podendo retardar ou diminuir as chances de resistência ao composto, assim, diferentes combinações de fármacos têm sido utilizadas no tratamento de inúmeras doenças, especialmente contra as NM (Chou et al., 2006). Li et al., (2014), avaliaram, em linhagens de células malignas, se a ART em combinação com o resveratrol, que é um polifenol encontrado em sementes de uva, seria capaz de gerar um melhor efeito antitumoral se comparado ao uso isolado de cada um. Os resultados mostraram que os compostos tiveram uma ação sinérgica, reduzindo a IC50, que é a dose que resulta em redução de 50% da viabilidade celular, aumentando o número de células apoptóticas e diminuindo a migração das células malignas quando comparado ao uso isolado de cada composto, com isso os autores concluíram que a combinação é promissora para o tratamento de tumores sólidos. Porém, o mecanismo de como atuam em conjunto não foi estudado. Qin et al., (2017) ao analisarem a associação da diidroartemisinina, que é derivada da ART, com CSP e oxaliplatina em células neoplásicas hepáticas, 29 concluíram que a diidroartemisinina pode aumentar a quimiossensibilidade destas células neoplásicas à CSP e oxaplatina, ainda, esteve relacionada com a expressão de biomarcadores como o de transição epitélio-mesênquima, sendo uma importante observação para o tratamento quimioterápico de pacientes com câncer hepático. Zhang et al., (2018) também encontraram resultados semelhantes, onde a diidroartemisinina combinada com a carboplatina, derivada da CSP, apresentou um maior efeito inibitório em células neoplásicas malignas pulmonares. Rao et al., (2022) revelaram que a combinação de CSP e diidroartemisinina reduziu a proliferação e a migração celular e aumentou a apoptose de células de hepatoblastoma humano, sugerindo que a diidroartemisinina atua como um sensibilizante para a CSP. Li et al., (2021) revisaram a literatura pretendendo resumir como a diidroartemisinina poderia atuar sensibilizando as células malignas, além de elucidar os mecanismos moleculares e efeitos farmacológicos deste composto. Os autores revelaram que a diidroartemisinina reduziu a resistência da CSP em neoplasias com esta característica, aumentando a concentração nas células neoplásicas, contribuindo no aumento da quimiossensibilidade resultando, então, na parada do ciclo celular e na apoptose. Embora a resistência aos quimioterápicos possa ocorrer, a diidroartemisinina parece ser uma boa alternativa para reduzir esses efeitos, quando usada em associação com quimioterápicos que possuam essa característica. A associação da CSP com outros compostos de origem natural também parece ter um efeito benéfico. Um estudo de Liu et al., (2019) revelou que a berberina, extraída de uma erva medicinal, resultou em efeitos sinérgicos com a CSP na indução de necroptose e apoptose de células malignas de ovário, desta forma, a ideia de que compostos de origem natural atuem sensibilizando o tratamento com a CSP parece ser possível, mesmo que este mecanismo não esteja totalmente elucidado (Rao et al., 2022). 30 3 PROPOSIÇÃO Há uma divergência no tratamento da LO, onde alguns tratam de maneira agressiva e outros apenas no monitoramento do curso clínico da lesão, que pode evoluir para um CCEO, necessitando de tratamentos radicais. Não há nenhuma terapia ou fármaco que impossibilite a transformação maligna da LO. Assim, o presente estudo pretende obter resultados positivos, de acordo com a literatura consultada, de que a ART, CSP e a associação de ambas sejam uteis para um possível tratamento para a LO e para o CCEO, por meio da MCI ou apoptose. Desta forma, as seguintes hipóteses foram aventadas: H0- A ART, CSP e associação de ambas não são capazes de induzir a MCI e/ou apoptose em linhagens celulares testadas. H1- A ART é capaz de induzir a MCI e/ou apoptose nas linhagens celulares testadas. H2- A CSP é capaz de induzir a MCI e/ou apoptose nas linhagens celulares testadas. H3- A associação de ART e CSP é capaz de induzir a MCI e/ou apoptose nas linhagens celulares testadas. 3.1 Objetivo geral: Avaliar in vitro, se a ART e a CSP, associadas ou não, são capazes de induzir a MCI ou apoptose das linhagens de LO (DOK) e CCEO (SCC-180). 3.2 Objetivos específicos: 31 A) Verificar a citotoxicidade e o potencial genotóxico dos compostos isolados ou associados frente as linhagens celulares estudadas; B) Avaliar a expressão das proteínas caspases 3, 8, 9, relacionadas a apoptose, após tratamento das linhagens celulares testadas com os compostos isolados ou associados; C) Avaliar a expressão das proteínas CALR e HMGB-1, relacionadas a MCI, após tratamento das linhagens celulares testadas com os compostos isolados ou associados; D) Avaliar a taxa de migração das linhagens celulares após tratamento com os compostos isolados ou associados. 32 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Seleção das linhagens celulares e divisão dos grupos experimentais A linhagem celular de células displásicas DOK 94122104 (Sigma- Aldrich, St Louis, MO, USA) foi gentilmente cedida pelo professor Dr. Vicente Torres (Universidad de Chile), a linhagem de carcinoma de células escamosas oral SCC-180 (American Type Culture Collection, Manassa, VA, USA) foi gentilmente cedida pelo professor Dr. José Jara (Universidad de Chile), e a linhagem de queratinócitos HaCat (American Type Culture Collection, Manassa, VA, USA) foi gentilmente cedida pela professora Dra. Luciane Dias de Oliveira (Unesp). As linhagens foram testadas, in vitro, e tratadas com ART (Sigma-Aldrich, St Louis, MO, USA), CSP (Sigma-Aldrich, St Louis, MO, USA) e ART+CSP. Os grupos controles foram compostos pelas mesmas linhagens celulares, que, entretanto, não receberam tratamento (Figura 1). Figura 1 - Esquema de divisão e tratamento das linhagens celulares testadas Fonte: Elaborado pelo autor. 4.2 Cultura celular Todas as linhagens celulares foram cultivadas de acordo com as 33 recomendações dos fornecedores. As linhagens HaCat e SCC-180 foram cultivadas com meio de cultura DMEM com alta concentração de glicose (Nova biotecnologia, Cotia, SP, Brasil), suplementado com 10% de soro fetal bovino (Nova biotecnologia, Cotia, SP, Brasil) e 1% de antibiótico (Penicilina-Estreptomicina Anfotericina, Nova biotecnologia, Cotia, SP, Brasil). A linhagem DOK foi cultivada com meio de cultura DMEM com alta concentração de glicose (Nova biotecnologia, Cotia, SP, Brasil), suplementado com 20% de soro fetal bovino (Nova biotecnologia, Cotia, SP, Brasil) e 1% de antibiótico (Penicilina-Estreptomicina Anfotericina, Nova biotecnologia, Cotia, SP, Brasil). O meio de cultura foi trocado a cada 2 dias, e as células cultivadas à 37°C e 5% CO2 até atingirem a confluência de 90% (Figura 2). Figura 2 – Linhagens celulares testadas. Legendas: A. Queratinócitos normais, linhagem HaCat, aumento de 100x. B. Queratinócitos displásicos, linhagem DOK, aumento de 100x. C. Queratinócitos malignos, linhagem SCC-180, aumento de 100x Fonte: Elaborado pelo autor. 4.3 Diluição dos compostos ART e CSP foram diluídas em solução salina tamponada com fosfato (Nova biotecnologia, Cotia, SP, Brasil) como soluções de estoque. Posteriormente, a solução de estoque foi diluída em meio de cultura adequado para cada linhagem celular até as concentrações de 0.1, 1, 10, 100 e 200 μM. 34 4.4 Teste de viabilidade celular A viabilidade celular foi medida pelo ensaio de brometo de 3- (4,5-dimetiltiazol- 2-il) -2,5-difeniltetrazólio (MTT, Sigma- Aldrich, St Louis, MO, USA). Após atingirem confluência de 90%, foram semeadas 4x104 células em cada poço, de placas de 24 poços, que foram mantidas por 24 horas para sua aderência. Passadas as 24 horas, as linhagens celulares foram expostas a ART (Sigma-Aldrich, St Louis, MO, USA), CSP (Sigma-Aldrich, St Louis, MO, USA) e ART+CSP, nas concentrações de 0.1, 1, 10, 100 e 200 μM diluída em meio de cultura adequado para cada linhagem celular. Passadas 48 horas de exposição, os tratamentos foram retirados dos poços e adicionado o sal de MTT diluído em salina tamponada com fosfato, a uma concentração de 0,5mg por mL. Depois da incubação com o MTT, este foi removido dos poços e adicionado 1mL DMSO, onde após homogeneização, alíquotas de 100μL foram passadas para poços de uma placa de 96 poços. As absorbâncias foram mensuradas em espectrofotômetro (BioRad, Hercules, CA, E.U.A) ajustado para 570 nm. A viabilidade celular foi expressa em porcentagem em relação ao controle negativo. As análises dose-efeito foram realizadas a partir do cálculo da fração de efeito (Fe) de cada droga nas diferentes concentrações, por meio da equação: % Viabilidade celular = Absorbância das células tratadas – branco x 100 Absorbância das células não tratadas – branco x 100 A partir disso, a concentração inibitória de 50% (IC50) foram definidas como as concentrações de fármaco necessárias para reduzir a proliferação celular para 50%. As doses foram definidas para os experimentos de ELISA e migração. 35 4.5 Teste de genotoxicidade O teste de genotoxicidade foi feito por meio da análise de micronúcleos, onde as linhagens celulares foram semeadas num total de 4x104 células por cada poço de placas de 24 poços contendo o meio de cultura indicado pelo fornecedor para cada linhagem celular. Depois de semeadas, as linhagens celulares foram incubadas e aguardado 24 horas para a aderência celular, depois desse período, as células foram tratadas com ART (Sigma-Aldrich, St Louis, MO, USA), CSP (Sigma-Aldrich, St Louis, MO, USA) e ART+CSP nas concentrações de 0.1, 1, 10, 100 e 200 μM diluídas em meio de cultura adequado para cada linhagem celular. Após 48 horas do tratamento, este foi removido e adicionado citocalasina B (Sigma-Aldrich, St Louis, MO, USA) na concentração final de 6,0 µg/ml de meio de cultura. Após 28 horas da adição da citocalasina, esta foi removida e as amostras lavadas com solução salina tamponada com fosfato (Nova biotecnologia, Cotia, SP, Brasil) e fixadas com metanol durante 15 minutos. Posteriormente, as amostras foram lavadas novamente com solução salina tamponada com fosfato (Nova biotecnologia, Cotia, SP, Brasil) e o corante DAPI (Sigma-Aldrich, USA) foram adicionadas aos poços e incubadas por 5 minutos. O grupo controle positivo recebeu tratamento com EMS (Sigma-Aldrich, St Louis, MO, USA). Os poços foram examinados no microscópio de fluorescência (Microscópio Carl Zeiss Microlimaging GmbH – Axiovert 40C, Germany), sob epifluorescência. Foram obtidas 10 fotos por poço por meio do software Axio Vision 7.0. As imagens foram analisadas, a partir das quais um descritivo foi realizado para obter-se a quantidade de micronúcleos em 100 células binucleadas por tratamento. 4.6 Teste de migração celular As linhagens celulares testadas foram semeadas em poços de placas de 6 poços numa quantidade de 7x104 e mantidas à 37°C e 5% CO2 até atingirem a 36 confluência de 100%. Após atingirem 100% de confluência, feridas por arranhão foram geradas nos poços das placas contendo as células, usando uma ponta de pipeta estéril de 10 µl (Sigma-Aldrich, St Louis, MO, USA), e então foi feita a adição dos tratamentos nos poços. As linhagens celulares foram expostas a doses determinadas com base no ensaio de citotoxicidade, que causassem redução da viabilidade de 10 e 50%. Para isso, as células plaqueadas foram tratadas com as doses de IC10 de ART (Sigma-Aldrich, St Louis, MO, USA), IC10 e IC50 de CSP (Sigma-Aldrich, St Louis, MO, USA) e IC10 e IC50 de ART+CSP, o grupo controle negativo também foi incluído. Depois de criar as feridas e os poços receberem os tratamentos, os poços foram analisados em microscopia de luz convencional (Microscópio Carl Zeiss Microlimaging GmbH – Axiovert 40C, Germany), fotos foram feitas em 5 pontos distintos e aleatórios com software Axio Vision 7.0 no momento da criação da ferida, 24 e 48 horas depois do tratamento. As distâncias foram obtidas por meio da contagem do espaço com escala Barr, por meio do software Axio Vision 7.0 nos momentos 0, 24 e 48 horas. A taxa de migração foi contada de acordo com a seguinte fórmula: Distância da migração = distância inicial entre as bordas do arranhão livre de células – distância em 24 ou 48 h entre as bordas do arranhão livre de células. 4.7 Ensaio de ELISA O ensaio de ELISA foi feito com amostra de sobrenadante para a proteína HMGB-1, pois extracelular ativa a sinalização inflamatória em células e tecidos (Zhang et a., 2020) e com amostras de lisado celular para verificar níveis aumentados das proteínas CALR e caspases 3, 8 e 9, que são encontradas em sítios como o reticulo endoplasmático, membrana celular, citoplasma e núcleo (Zamanian et al., 2013; Boice, Bouchier-Hayes L, 2020). Para a coleta do sobrenadante, as linhagens celulares testadas foram semeadas em poços de placas de 6 poços numa quantidade de 8x105 e mantidas à 37°C e 5% CO2 até atingirem a confluência de aproximadamente 80%. Após, as células foram expostas a doses determinadas com 37 base no ensaio de citotoxicidade, que causassem redução da viabilidade de 10 e 50%. Para isso, as células plaqueadas foram tratadas com as doses de com a dose de IC10 de ART (Sigma-Aldrich, St Louis, MO, USA), IC10 e IC50 de CSP (Sigma-Aldrich, St Louis, MO, USA) e IC10 e IC50 de ART+CSP, o grupo controle negativo também foi incluído. 48 horas após o início do tratamento, o sobrenadante foi coletado, centrifugado por 20 minutos e armazenado em alíquotas em freezer -80°C para posteriormente ser submetido à reação de ELISA. Para o lisado celular, as linhagens celulares testadas foram semeadas em poços de placas de 6 poços numa quantidade de 8x105 e mantidas à 37°C e 5% CO2 até atingirem a confluência de aproximadamente 80%. Depois, as linhagens celulares foram expostas a doses determinadas com base no ensaio de citotoxicidade, que causassem redução da viabilidade de 10 e 50%. Para isso, as células plaqueadas foram tratadas com as doses de IC10 de ART (Sigma-Aldrich, St Louis, MO, USA), IC10 e IC50 de CSP (Sigma-Aldrich, St Louis, MO, USA) e IC10 e IC50 de ART+CSP, o grupo controle negativo também foi incluído. 48 horas após o início do tratamento, o sobrenadante foi desprezado e os poços lavados com solução salina tamponada com fosfato (Nova biotecnologia, Cotia, SP, Brasil), depois, foi adicionado tripsina (Nova biotecnologia, Cotia, SP, Brasil) em cada poço, então a tripsina foi inativada com a adição do dobro de meio de cultura e toda a suspensão foi centrifugada por 5 minutos. Posteriormente, o sobrenadante foi desprezado e o pellet foi dissolvido em tampão para lise celular (T-PER, Rockford, IL, USA) e novamente centrifugado por 20 minutos sob temperatura de 2°C, depois o sobrenadante foi aliquotado, identificado e armazenado em freezer -80°C para posteriormente ser submetidos à reação de ELISA. O ensaio de ELISA foi feito com kits comerciais para as proteínas CAS3 (Cloud- Clone Corp. TX, USA), CAS8 (Cloud-Clone Corp. TX, USA), CAS9 (Cloud-Clone Corp. TX, USA), CALR (Novus Biologicals, CO, USA) e HMGB-1 (Novus Biologicals, CO, USA). Todos os reagentes foram diluídos conforme as recomendações do fabricante de cada kit. Foram adicionados 100μL do padrão, das amostras de sobrenadante ou lisado celular e dos controles negativos, nos poços de uma placa de 96 poços disponível em cada kit ELISA, e então foi incubado por 1 hora a 37°C. Após isso, o conteúdo foi aspirado e então foi adicionado 100 μL do anticorpo de detecção A e novamente incubado por 1 hora a 37°C. Após o período, os poços foram aspirados e 38 lavados para então receber 100 μL do reagente de estreptavidina, que foi incubado por 30 minutos a 37°C. Passado o tempo, os poços foram lavados e aspirados cinco vezes, para então receber 90 μL da solução de cromógeno e incubado por 20 minutos a 37°C. Por fim, foi adicionado 50 μL a solução ácida em cada poço e feita a leitura em espectrofotômetro (BioRad, Hercules, CA, E.U.A) ajustado para 450 nm. 4.8 Forma de análise dos resultados Foi feita uma análise descritiva inicial dos dados contendo a avaliação de possíveis Outliers. Foi realizada análise exploratória de dados através do cálculo de medidas resumo (média, desvio padrão, mínimo, mediana e máximo). Para avaliar citotoxicidade foram usados modelos log-logísticos de dose-resposta. Para comparar os fármacos em relação à migração celular e expressão de proteína foram usados modelo de ANOVA seguidos do teste de comparação múltipla de Tukey. O nível e significância adotado foi de 5%. 39 5 RESULTADO 5.1 Viabilidade celular 5.1.1 Linhagem HaCat A Tabela 1 apresenta as medidas descritivas da citotoxicidade por fármaco e concentração para a linhagem HaCat. A partir dessa tabela e da Figura 3, nota-se que praticamente não houve morte celular quando a ART foi avaliada isolada, mesmo com o aumento da concentração, por isso esse medicamento não foi considerado no modelo ajustado e que está apresentado na Tabela 2. A IC10 da ART foi alcançada e calculada por porcentagem em relação ao grupo controle, portanto a IC10 de CSP e ART+CSP também foi determinada. Tabela 1 – Medidas descritivas viabilidade celular por fármaco e concentração (Linhagem HaCat). (continua) Fármaco Concentra ção Média de absorbância Desvio Padrão Míni mo Media na Máxi mo Controle negativo 0.150 0.0024 0.147 0.150 0.153 ART 0.1 0.144 0.0008 0.143 0.144 0.145 ART 1 0.141 0.0012 0.140 0.142 0.143 ART 10 0.135 0.0020 0.133 0.135 0.138 ART 100 0.138 0.0017 0.136 0.138 0.141 40 Tabela 1 – Medidas descritivas viabilidade celular por fármaco e concentração (Linhagem HaCat). (conclusão) Fármac o Concentraç ão Média de absorbância Desvio Padrão Mínim o Media na Máxim o ART 200 0.145 0.0019 0.142 0.145 0.147 CSP 0.1 0.147 0.0028 0.144 0.147 0.151 CSP 1 0.145 0.0019 0.144 0.144 0.149 CSP 10 0.124 0.0015 0.122 0.124 0.126 CSP 100 0.050 0.0022 0.046 0.050 0.052 CSP 200 0.005 0.0012 0.003 0.005 0.006 ART+C SP 0.1 0.145 0.0010 0.144 0.145 0.147 ART+C SP 1 0.141 0.0016 0.139 0.141 0.144 ART+C SP 10 0.128 0.0020 0.124 0.128 0.130 ART+C SP 100 0.040 0.0022 0.036 0.041 0.042 ART+C SP 200 0.004 0.0018 0.001 0.004 0.006 Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 3 – Distribuição da viabilidade celular por fármaco e concentração (Linhagem HaCat) 41 Fonte: Elaborado pelo autor. Observou-se comportamento bastante semelhante entre CSP e ART+CSP, por isso no modelo dose-resposta a inclinação e os limites inferior e superior estão fixos entre os fármacos. A partir da Tabela 2 nota-se a IC50 e IC10 da combinação ART+CSP e da CSP. A IC10 de ART calculada por porcentagem foi de 10 µM. Tabela 2 – Ajuste do modelo dose-resposta (Linhagem HaCat) (continua) Parâmetro Estimativa Erro Padrão p-valor Inclinação 1.01 0.04 <0.001 Limite Inferior -0.07 0.01 <0.001 Limite Superior 0.15 0.00 <0.001 42 Tabela 2 – Ajuste do modelo dose-resposta (Linhagem HaCat) (conclusão) Parâmetro Estimativa Erro Padrão p-valor IC50: ART+CSP 103.54 9.36 <0.001 IC50: CSP 113.17 9.89 <0.001 IC10: ART+CSP 11.82 0.79 <0.001 IC10: CSP 12.92 0.85 <0.001 Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 4 – Curva log-logística ajustada para CSP e ART+CSP (Linhagem HaCat) Fonte: Elaborado pelo autor. 5.1.2 Linhagem DOK 43 A Tabela 3 apresenta as medidas descritivas da citotoxicidade por fármaco e concentração, para a linhagem DOK. A partir dessa tabela e da Figura 5, nota-se que praticamente não houve morte celular quando a ART foi avaliada isolada, mesmo com o aumento da contração, por isso esse medicamento não foi considerado no modelo ajustado e que está apresentado na Tabela 4. A IC10 da ART foi alcançada e calculada por porcentagem em relação ao grupo controle, portanto a IC10 de CSP e ART+CSP também foi determinada. Tabela 3 – Medidas descritivas da viabilidade celular por fármaco e concentração (Linhagem DOK) (continua) Fármaco Concentra ção Média de absorbância Desvio Padrão Míni mo Media na Máxi mo Controle negativo 0.251 0.0025 0.249 0.250 0.256 ART 0.1 0.240 0.0014 0.237 0.240 0.241 ART 1 0.227 0.0022 0.224 0.227 0.230 ART 10 0.226 0.0027 0.222 0.225 0.230 ART 100 0.230 0.0036 0.224 0.231 0.234 ART 200 0.220 0.0021 0.218 0.220 0.223 CSP 0.1 0.245 0.0015 0.243 0.244 0.247 CSP 1 0.222 0.0018 0.219 0.222 0.224 CSP 10 0.155 0.0011 0.154 0.155 0.157 CSP 100 0.036 0.0017 0.034 0.036 0.039 44 Tabela 3 – Medidas descritivas da viabilidade celular por fármaco e concentração (Linhagem DOK) (conclusão) Fármac o Concentraç ão Média de absorbância Desvio Padrão Mínim o Media na Máxim o CSP 200 0.006 0.0024 0.002 0.006 0.009 ART+C SP 0.1 0.240 0.0034 0.237 0.238 0.246 ART+C SP 1 0.216 0.0025 0.213 0.215 0.219 ART+C SP 10 0.166 0.0021 0.164 0.165 0.170 ART+C SP 100 0.022 0.0023 0.019 0.023 0.025 ART+C SP 200 0.004 0.0027 0.000 0.005 0.007 Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 5 – Distribuição da viabilidade celular por fármaco e concentração (Linhagem DOK) 45 Fonte: Elaborado pelo autor. Tabela 4 – Ajuste do modelo dose-resposta (Linhagem DOK) Parâmetro Estimativa Erro Padrão p-valor Inclinação 0.79 0.05 <0.001 Limite Inferior -0.05 0.01 <0.001 Limite Superior 0.24 0.00 <0.001 IC50: ART+CSP 30.72 3.67 <0.001 IC50: CSP 32.34 4.09 <0.001 IC10: ART+CSP 1.93 0.19 <0.001 IC10: CSP 2.03 0.20 <0.001 Fonte: Elaborado pelo autor. 46 Observou-se comportamento bastante semelhante entre CSP e ART+CSP, por isso no modelo dose-resposta a inclinação e os limites inferior e superior estão fixos entre os fármacos. A partir da Tabela 4 nota-se a IC50 e IC10 da combinação ART+CSP e da CSP. A IC10 de ART calculada por porcentagem foi de 10 µM. Figura 6 – Curva log-logística ajustada para CSP e ART+CSP (Linhagem DOK) Fonte: Elaborado pelo autor. 5.1.3 Linhagem SCC-180 A Tabela 5 apresenta as medidas descritivas da viabilidade celular por fármaco e concentração, para a linhagem SCC-180. Nenhum modelo estudado apresentou bom ajuste para esse conjunto de dados, por isso a IC50 e IC10 não foi calculada pelo 47 programa, sendo feita a porcentagem em relação ao controle negativo. A dose de IC50 para CSP+ART foi de 122 µM e de 120 µM para CSP isolada. A dose de IC10 foi de 0.04 µM para ART, 0.08 µM para CSP e 24 µM para ART+CSP. Tabela 5 – Medidas descritivas da viabilidade celular por fármaco e concentração (Linhagem SCC-180) (continua) Fármaco Concentra ção Média de absorbância Desvio Padrão Míni mo Media na Máxi mo Controle negativo 0.268 0.0028 0.265 0.268 0.271 ART 0.1 0.207 0.0027 0.205 0.206 0.212 ART 1 0.215 0.0015 0.213 0.216 0.217 ART 10 0.283 0.0024 0.280 0.283 0.287 ART 100 0.268 0.0031 0.265 0.268 0.273 ART 200 0.250 0.0016 0.248 0.250 0.253 CSP 0.1 0.225 0.0013 0.223 0.225 0.227 CSP 1 0.213 0.0020 0.210 0.213 0.215 CSP 10 0.221 0.0041 0.215 0.222 0.226 CSP 100 0.155 0.0024 0.151 0.155 0.158 CSP 200 0.040 0.0035 0.037 0.039 0.046 ART+CSP 0.1 0.257 0.0021 0.255 0.256 0.260 ART+CSP 1 0.226 0.0030 0.220 0.226 0.229 ART+CSP 10 0.223 0.0019 0.220 0.224 0.225 ART+CSP 100 0.149 0.0018 0.146 0.149 0.151 48 Tabela 5 – Medidas descritivas da viabilidade celular por fármaco e concentração (Linhagem SCC-180) (conclusão) Fármac o Concentraç ão Média de absorbância Desvio Padrão Mínim o Media na Máxim o ART+C SP 200 0.052 0.0015 0.050 0.052 0.054 Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 7 – Distribuição da viabilidade celular por fármaco e concentração (Linhagem SCC-180) Fonte: Elaborado pelo autor. 5.2 Teste de genotoxicidade 49 Em todos os grupos os núcleos foram semelhantes ao normal (Figura 8), algumas células binucleadas foram observadas, mas sem a formação de micronúcleos. Doses mais altas com o tratamento de CSP e CSP+ART causaram alta redução no número das células, mas micronúcleos não foram observados. Figura 8 - Teste de genotoxicidade, linhagem DOK Legenda: A. Controle positivo com formação de micronúcleos. B. Após tratamento com ART na concentração de 10μM por 48 horas. C. Após tratamento com CSP na concentração de 10μM por 48 horas. D. Após tratamento com ART+CSP na concentração de 10μM por 48 horas Fonte: Elaborado pelo autor. 50 5.3 Teste de migração celular 5.3.1 Linhagem HaCat A Tabela 6 apresenta as medidas descritivas da distância entre as bordas da ferida por fármaco e tempo, além da comparação entre os tempos para cada fármaco, para a linhagem HaCat. Como mostra a Figura 9, o comportamento de cada fármaco/concentração é diferente, ao longo do tempo, dos demais, ou seja, há interação entre fármaco/concentração e tempo, por isso a comparação foi realizada entre os tempos para cada fármaco/concentração. Os fármacos ART IC10, ART+CSP IC10 e CSP IC10 apresentaram maior distância média no tempo 0h que nos tempos 24h e 48h, indicando que estes tratamentos não inibiram a migração destas células. Os fármacos ART+CSP IC50 e CSP IC50 apresentaram maior distância média no tempo 0h que nos tempos 24h e 48h, apresentando diferenças estatisticamente significativas (p=<0.001), ou seja, foram capazes de reduzir a migração celular. O controle negativo não apresentou variação no tempo 48h (distância igual a zero em todas as medições), por isso não foi realizada comparação estatística entre os tempos. Tabela 6 – Medidas descritivas da distância entre as bordas da ferida por fármaco e tempo (Linhagem HaCat) (continua) Fármac o Temp o Média da distância Desvio Padrão Mínim o Median a Máxim o p- valor ART IC10 0h 414 8 403 416 421 <0.00 1 51 Tabela 6 – Medidas descritivas da distância entre as bordas da ferida por fármaco e tempo (Linhagem HaCat) (continuação) Fármaco Tem po Média da distância Desvio Padrão Míni mo Media na Máxi mo p-valor ART IC10 24h 275 3 270 274 281 0h>24h> 48h ART IC10 48h 129 5 123 128 135 ART+CSP IC10 0h 395 3 392 395 400 <0.001 ART+CSP IC10 24h 180 2 177 180 182 0h>24h> 48h ART+CSP IC10 48h 83 3 79 84 88 ART+CSP IC50 0h 413 3 408 412 417 <0.001 ART+CSP IC50 24h 329 4 324 329 335 0h>24h,4 8h ART+CSP IC50 48h 325 3 321 325 327 CSP IC10 0h 422 6 413 421 430 <0.001 CSP IC10 24h 226 3 223 226 230 0h>24h> 48h CSP IC10 48h 137 6 131 135 147 CSP IC50 0h 394 2 391 394 396 <0.001 CSP IC50 24h 348 3 344 348 351 0h>24h,4 8h CSP IC50 48h 348 3 344 348 351 52 Tabela 6 – Medidas descritivas da distância entre as bordas da ferida por fármaco e tempo (Linhagem HaCat) (conclusão) Fármaco Temp o Média da distância Desvio Padrão Míni mo Media na Máxi mo p- val or Controle negativo 0h 368 19 338 373 384 NC Controle negativo 24h 88 6 82 89 96 Controle negativo 48h 0 0 0 0 0 Legendas: NC = não calculado. Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 9 – Média da distância entre as bordas da ferida por fármaco e tempo (Linhagem HaCat) 53 Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 10 - Migração celular da linhagem HaCat, tratada com ART+CISP IC10 Legenda: A. Hora 0. B. Após 24 horas. C. Após 48 horas. Aumento de 100x. Fonte: Elaborado pelo autor. 5.3.2 Linhagem DOK 54 A Tabela 7 apresenta as medidas descritivas da distância entre as bordas da ferida por fármaco e tempo, considerando linhagem DOK. Note que nos tempos 24h e 48h a distância entre as bordas foi 0 para praticamente todas as medidas, ou seja, nenhum tratamento inibiu a migração destas células. Por essa falta de variação, não foi possível realizar teste estatístico comparando os tempos em cada fármaco/concentração. Tabela 7 – Medidas descritivas da distância entre as bordas da ferida por fármaco e tempo (Linhagem DOK) (continua) Fármaco Temp o Média da distância Desvio Padrão Mínim o Median a Máxim o ART IC10 0h 271 4 265 270 276 ART IC10 24h 0 0 0 0 0 ART IC10 48h 0 0 0 0 0 ART+CSP IC10 0h 342 3 337 342 345 ART+CSP IC10 24h 0 0 0 0 0 ART+CSP IC10 48h 0 0 0 0 0 ART+CSP IC50 0h 318 2 315 318 320 ART+CSP IC50 24h 268 2 265 267 272 ART+CSP IC50 48h 0 0 0 0 0 CSP IC10 0h 292 6 287 291 302 55 Tabela 7 – Medidas descritivas da distância entre as bordas da ferida por fármaco e tempo (Linhagem DOK) (conclusão) Fármaco Temp o Média da distância Desvio Padrão Mínim o Median a Máxim o CSP IC10 24h 0 0 0 0 0 CSP IC10 48h 0 0 0 0 0 CSP IC50 0h 310 4 303 311 314 CSP IC50 24h 0 0 0 0 0 CSP IC50 48h 0 0 0 0 0 Controle negativo 0h 284 2 282 283 287 Controle negativo 24h 0 0 0 0 0 Controle negativo 48h 0 0 0 0 0 Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 11 - Migração celular da linhagem DOK, tratada com ART IC10 Legenda: A. Hora 0. B. Após 24 horas. C. Após 48 horas. Aumento de 100x 56 Fonte: Elaborado pelo autor. 5.3.3 Linhagem SCC-180 A Tabela 8 apresenta as medidas descritivas da distância entre as bordas da ferida por fármaco e tempo, além da comparação entre os tempos para cada fármaco, considerando a linhagem SCC-180. A ART IC10, ART+CSP IC10, CSP IC10 e o controle negativo não apresentaram variação entre as medições em pelo menos um dos tempos avaliados, por isso não foi possível realizar comparação estatística entre os tempos nesses casos. A ART+CSP IC50 apresentou maior distância média no tempo 0h que nos tempos 24h e 48h, e também apresentou maior distância média no tempo 24h que no tempo 48h, mostrando que esta associação pode retardar a migração de células malignas. Já a CSP IC50 apresentou maior distância média no tempo 0h que nos tempos 24h e 48h, e não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os tempos 24h e 48h (p=<0.001). Desta forma, a ART+CSP IC50 e CSP IC50 tiveram resultados significativos na redução da migração das células SCC-180. Tabela 8 – Medidas descritivas da distância entre as bordas da ferida por fármaco e tempo (Linhagem SCC-180) (continua) Fármac o Temp o Média da distância Desvio Padrão Mínim o Median a Máxim o p- valo r 57 Tabela 8 – Medidas descritivas da distância entre as bordas da ferida por fármaco e tempo (Linhagem SCC-180) (continuação) Fármac o Temp o Média da distância Desvio Padrão Mínim o Median a Máxim o p- valo r ART IC10 0h 267 4 260 269 271 NC ART IC10 24h 0 0 0 0 0 ART IC10 48h 0 0 0 0 0 ART+CSP IC10 0h 300 9 289 300 311 NC ART+CSP IC10 24h 148 10 134 148 161 ART+CSP IC10 48h 0 0 0 0 0 ART+CSP IC50 0h 284 14 264 285 300 <0.001 ART+CSP IC50 24h 260 8 248 260 270 0h>24h>48 h ART+CSP IC50 48h 241 14 217 243 255 CSP IC10 0h 271 4 266 271 278 NC CSP IC10 24h 150 5 144 152 154 CSP IC10 48h 0 0 0 0 0 CSP IC50 0h 291 14 270 293 307 <0.001 CSP IC50 24h 201 10 185 203 210 0h>24h,48h CSP IC50 48h 199 10 183 200 210 Controle negativo 0h 377 4 373 376 384 NC 58 Tabela 8 – Medidas descritivas da distância entre as bordas da ferida por fármaco e tempo (Linhagem SCC-180) (conclusão) Fármac o Temp o Média da distância Desvio Padrão Mínim o Median a Máxim o p- valo r Controle negativo 24h 0 0 0 0 0 Controle negativo 48h 0 0 0 0 0 Legendas: NC = não calculado. Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 12 – Média da distância entre as bordas da ferida por fármaco e tempo (Linhagem SCC-180) Fonte: Elaborado pelo autor. 59 Figura 13 - Migração celular da linhagem SCC-180, tratada com ART+CISP IC10 Legenda: A. Hora 0. B. Após 24 horas. C. Após 48 horas. Aumento de 100x Fonte: Elaborado pelo autor. 5.4 Expressão de proteínas 5.4.1 Linhagem HaCat Para a linhagem HaCat, na proteína CALR o controle negativo apresentou maior média de expressão apresentando diferença estatística quando comparado aos demais grupos (p=0.041). Para as proteínas CAS8 e 9, o controle negativo apresentou maior média de expressão do que os grupos experimentais, sem diferenças estatísticas, (p=0.133 e p=0.059, respectivamente). Na CAS3, todos os tratamentos apresentaram maior média quando comparados ao controle negativo, porém sem diferença estatística (p=0.259). A expressão de HMGB-1 foi nula em todas as amostras, por isso os valores na tabela 9 são iguais a zero. 60 Tabela 9 – Medidas descritivas da quantidade de nanogramas e picogramas das proteínas por ml, por fármaco e proteína (Linhagem HaCat) (continua) Proteín a Fármaco Médi a Desvio Padrão Mínim o Median a Máxim o p- valo r CALR (ng/mL) ART IC10 0.100 0.106 0.025 0.100 0.175 0.04 1 ART+CSP IC10 0.044 0.009 0.038 0.044 0.051 ART+CSP IC50 0.085 0.038 0.058 0.085 0.112 CSP IC10 0.078 0.057 0.038 0.078 0.119 CSP IC50 0.007 0.009 0.000 0.007 0.013 Controle negativo 0.624 0.343 0.381 0.624 0.867 CAS3 (ng/mL) ART IC10 0.383 0.247 0.208 0.383 0.558 0.25 9 ART+CSP IC10 0.298 0.127 0.208 0.298 0.387 ART+CSP IC50 0.578 0.148 0.473 0.578 0.683 CSP IC10 0.600 0.059 0.558 0.600 0.642 CSP IC50 0.194 0.274 0.000 0.194 0.387 Controle negativo 0.172 0.243 0.000 0.172 0.344 CAS8 (ng/mL) ART IC10 2.140 1.120 1.340 2.140 2.930 0.13 3 ART+CSP IC10 0.297 0.420 0.000 0.297 0.594 ART+CSP IC50 2.530 0.976 1.840 2.530 3.220 CSP IC10 2.600 0.000 2.600 2.600 2.600 CSP IC50 2.430 0.251 2.250 2.430 2.600 61 Tabela 9 – Medidas descritivas da quantidade de nanogramas e picogramas das proteínas por ml, por fármaco e proteína (Linhagem HaCat) (conclusão) Proteín a Fármaco Médi a Desvio Padrão Mínim o Median a Máxim o p- valo r CAS8 (ng/mL) Controle negativo 2.910 0.437 2.600 2.910 3.220 0.13 3 CAS9 (ng/mL) ART IC10 0.109 0.058 0.069 0.109 0.150 0.05 9 ART+CSP IC10 0.033 0.018 0.020 0.033 0.046 ART+CSP IC50 0.130 0.056 0.090 0.130 0.169 CSP IC10 0.131 0.000 0.131 0.131 0.131 CSP IC50 0.121 0.014 0.111 0.121 0.131 Controle negativo 0.150 0.027 0.131 0.150 0.169 HMGB- 1 (pg/mL) ART IC10 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 NC ART+CSP IC10 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 ART+CSP IC50 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 CSP IC10 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 CSP IC50 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 Controle negativo 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 Fonte: Elaborado pelo autor. 62 Figura 14 – Distribuição da quantidade de proteína CALR expressa após os tratamentos (Linhagem HaCat) Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 15 – Distribuição da quantidade de proteína CAS3 expressa após os tratamentos (Linhagem HaCat) 63 Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 16 – Distribuição da quantidade de proteína CAS8 expressa após os tratamentos (Linhagem HaCat) Fonte: Elaborado pelo autor. 64 Figura 17 – Distribuição da quantidade de proteína CAS9 expressa após os tratamentos (Linhagem HaCat) Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 18 – Distribuição da quantidade de proteína HMGB1 expressa após os tratamentos (Linhagem HaCat) 65 Fonte: Elaborado pelo autor. 5.4.2 Linhagem DOK Para a linhagem DOK, nas proteínas CAS8 e 9, a ART IC10 apresentou maior média de expressão e juntamente com o controle negativo diferiram estatisticamente dos demais tratamentos (p=0.003 e p=0.001, respectivamente). Na proteína CALR os tratamentos ART+CSP IC50, ART+CSP IC10 e ART IC10 apresentaram maior média quando comparado ao controle negativo, porém sem diferenças significantes (p=0.490). Para a CAS3 todos os tratamentos, com exceção da CSP IC10 apresentaram maior média de expressão do que o controle negativo, embora diferenças estatísticas não tenham sido encontradas (p=0.457), assim como para a proteína HMGB1, onde ART+CSP IC50 e CSP IC50 apresentaram maior média comparada ao controle negativo, porém sem diferenças estatísticas (p=0.462). 66 Tabela 10 – Medidas descritivas da quantidade de nanogramas e picogramas das proteínas por ml por fármaco e proteína (Linhagem DOK) (continua) Proteín a Fármaco Médi a Desvio Padrão Mínim o Median a Máxim o p- valo r CALR (ng/mL) ART IC10 0.277 0.083 0.218 0.277 0.336 0.49 0 ART+CSP IC10 0.290 0.183 0.161 0.290 0.419 ART+CSP IC50 0.321 0.042 0.291 0.321 0.351 CSP IC10 0.190 0.081 0.132 0.190 0.247 CSP IC50 0.115 0.034 0.091 0.115 0.139 Controle negativo 0.223 0.138 0.125 0.223 0.321 CAS3 (ng/mL) ART IC10 0.909 0.087 0.848 0.909 0.970 0.45 7 ART+CSP IC10 0.546 0.773 0.000 0.546 1.090 ART+CSP IC50 0.621 0.030 0.600 0.621 0.642 CSP IC10 0.137 0.035 0.112 0.137 0.161 CSP IC50 0.637 0.414 0.344 0.637 0.930 Controle negativo 0.266 0.293 0.060 0.266 0.473 CAS8 (ng/mL) ART IC10 2.910 0.437 2.600 2.910 3.220 0.00 3 ART+CSP IC10 2.250 0.000 2.250 2.250 2.250 ART+CSP IC50 2.050 0.288 1.840 2.050 2.250 CSP IC10 0.594 0.000 0.594 0.594 0.594 CSP IC50 1.590 0.352 1.340 1.590 1.840 67 Tabela 10 – Medidas descritivas da quantidade de nanogramas e picogramas das proteínas por ml por fármaco e proteína (Linhagem DOK) (conclusão) Proteín a Fármaco Médi a Desvio Padrão Mínim o Median a Máxim o p- valo r CAS8 (ng/mL) Controle negativo 2.770 0.227 2.600 2.770 2.930 0.00 3 CAS9 (ng/mL) ART IC10 0.150 0.027 0.131 0.150 0.169 0.00 1 ART+CSP IC10 0.111 0.000 0.111 0.111 0.111 ART+CSP IC50 0.101 0.015 0.090 0.101 0.111 CSP IC10 0.046 0.000 0.046 0.046 0.046 CSP IC50 0.080 0.015 0.069 0.080 0.090 Controle negativo 0.141 0.014 0.131 0.141 0.150 HMGB- 1 (pg/mL) ART IC10 1579 95.6 1511 1579 1647 0.46 2 ART+CSP IC10 1520 61.4 1477 1520 1563 ART+CSP IC50 1639 64.6 1594 1639 1685 CSP IC10 1587 4.54 1584 1587 1590 CSP IC50 1613 33.8 1589 1613 1636 Controle negativo 1601 5.76 1597 1601 1605 Fonte: Elaborado pelo autor. 68 Figura 19 – Distribuição da quantidade de proteína CALR expressa após os tratamentos (Linhagem DOK) Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 20 – Distribuição da quantidade de proteína CAS3 expressa após os tratamentos (Linhagem DOK) 69 Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 21 – Distribuição da quantidade de proteína CAS8 expressa após os tratamentos (Linhagem DOK) Fonte: Elaborado pelo autor. 70 Figura 22 – Distribuição da quantidade de proteína CAS9 expressa após os tratamentos (Linhagem DOK) Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 23 – Distribuição da quantidade de proteína HMGB1 expressa após os tratamentos (Linhagem DOK) 71 Fonte: Elaborado pelo autor. 5.4.3 Linhagem SCC-180 Para a linhagem SCC-180, na proteína CALR todas as concentrações de CSP IC50 foram iguais a zero e, por isso, esse tratamento não entrou na comparação. Na proteína CAS3 todas as concentrações de CSP IC10 e CSP IC50 são iguais a zero e, por isso, esses tratamentos também não entraram na comparação. Para a proteína HMGB-1 o controle negativo, a ART IC10, CSP IC10 e ART+CSP IC10 apresentaram maiores médias que os demais tratamentos, diferindo estatisticamente (p=<0.001). Nas proteína CALR os tratamentos com ART IC10, ART+CSP IC10 e CSP IC10 apresentaram maior média que o controle negativo, porém sem diferenças estatísticas (p=0.058). Na proteína CAS3 o controle negativo expressou maior concentração desta proteína, sem diferenças significantes (p=0.081). Para a CAS8 e CAS9 os tratamentos com ART+CSP IC50 e ART IC10 expressaram maiores médias que o controle negativo, porém sem diferenças significantes, (p=0.056 e p-0.118, respectivamente). 72 Tabela 11 – Medidas descritivas da quantidade de nanogramas e picogramas das proteína por ml por fármaco e proteína (Linhagem SCC-180) (continua) Proteín a Fármaco Média Desvio Padrão Mínim o Median a Máxim o p- valor CALR (ng/mL) ART IC10 0.464 0.265 0.277 0.464 0.651 0.058 ART+CSP IC10 0.446 0.005 0.442 0.446 0.449 ART+CSP IC50 0.051 0.028 0.032 0.051 0.071 CSP IC10 0.430 0.005 0.427 0.430 0.434 CSP IC50 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 Controle negativo 0.158 0.075 0.105 0.158 0.211 CAS3 (ng/mL) ART IC10 0.279 0.395 0.000 0.279 0.558 0.081 ART+CSP IC10 0.279 0.395 0.000 0.279 0.558 ART+CSP IC50 0.237 0.335 0.000 0.237 0.473 CSP IC10 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 CSP IC50 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 Controle negativo 1.280 0.029 1.260 1.280 1.300 CAS8 (ng/mL) ART IC10 2.250 0.000 2.250 2.250 2.250 0.056 ART+CSP IC10 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 73 Tabela 11 – Medidas descritivas da quantidade de nanogramas e picogramas das proteína por ml por fármaco e proteína (Linhagem SCC-180) (continuação) Proteín a Fármaco Média Desvio Padrão Mínim o Median a Máxim o p- valor CAS8 (ng/mL) ART+CSP IC50 2.930 1.540 1.840 2.930 4.010 0.056 CSP IC10 1.590 0.352 1.340 1.590 1.840 CSP IC50 1.590 0.352 1.340 1.590 1.840 Controle negativo 1.590 0.352 1.340 1.590 1.840 CAS9 (ng/mL) ART IC10 0.111 0.000 0.111 0.111 0.111 0.118 ART+CSP IC10 0.010 0.014 0.000 0.010 0.020 ART+CSP IC50 0.157 0.094 0.090 0.157 0.224 CSP IC10 0.080 0.015 0.069 0.080 0.090 CSP IC50 0.080 0.015 0.069 0.080 0.090 Controle negativo 0.080 0.015 0.069 0.080 0.090 HMGB- 1 (pg/mL) ART IC10 1456 18.8 1443 1456 1469 <0.00 1 ART+CSP IC10 1356 82.2 1298 1356 1414 ART+CSP IC50 264 46.6 231 264 297 CSP IC10 1401 17.7 1388 1401 1413 74 Tabela 11 – Medidas descritivas da quantidade de nanogramas e picogramas das proteína por ml por fármaco e proteína (Linhagem SCC-180) (conclusão) Proteín a Fármaco Média Desvio Padrão Mínim o Median a Máxim o p- valor HMGB- 1 (pg/mL) CSP IC10 1401 17.7 1388 1401 1413 <0.00 1 CSP IC50 848 38.8 821 848 876 Controle negativo 1522 84.8 1462 1522 1582 Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 24 – Distribuição da quantidade de proteína CALR expressa após os tratamentos (Linhagem SCC-180) Fonte: Elaborado pelo autor. 75 Figura 25 – Distribuição da quantidade de proteína CAS3 expressa após os tratamentos (Linhagem SCC-180) Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 26 – Distribuição da quantidade de proteína CAS8 expressa após os tratamentos (Linhagem SCC-180) 76 Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 27 – Distribuição da quantidade de proteína CAS9 expressa após os tratamentos (Linhagem SCC-180) Fonte: Elaborado pelo autor. 77 Figura 28 – Distribuição da quantidade de proteína HMGB1 expressa após os tratamentos (Linhagem SCC-180) Fonte: Elaborado pelo autor. 78 6 DISCUSSÃO A ART e seus derivados apresentam propriedades anticancerígenas contra diversas neoplasias in vitro e in vivo, como de mama (Cao et al., 2019; Wen et al., 2018), de cabeça e pescoço (Roh et al., 2017), laringe (Singh, Verma, 2002), ovário, fígado (Zhou et al., 2021) e de câncer de boca (Nam et al., 2007), além de atividade antimalárica (Dembitsky et al., 2021). O isolamento e identificação de novos compostos são importantes para que substituam os quimioterápicos que possuem diversos efeitos adversos como náuseas, vômitos, efeitos tóxicos em diferentes órgãos e resistência de alguns tumores, como é o caso da CSP (Lee et al., 2007; Oun et al., 2018; Shen et al., 2012). No presente estudo observamos que a ART não causou uma redução significativa da viabilidade celular das linhagens de LO e CCEO, embora a ART tenha sido descrita capaz de atuar seletivamente em células cancerígenas (Efferth, 2017). Em um estudo de Tin et al. (2012) a ART atuou de maneira distinta entre células tumorais e não tumorais de mama, indicando que propriedades intrínsecas de cada tipo celular podem causar diferentes respostas ao composto, assim, em células de LO e CCEO ocorrem mudanças a níveis moleculares que podem afetar a maneira de resposta ao composto. Ainda, Posadino et al. (2023) sugeriram que os efeitos da ART dependem da linhagem celular e do desenho experimental, como meio de diluição e doses testadas, o que pode explicar os nossos resultados encontrados com este composto. No presente estudo, a diluição da CSP e ART foi feita em PBS que é um meio aquoso, pois Massart et al., (1993) relataram que o DMSO (dimetilsulfóxido) reduziu a citotoxicidade da CSP, que pode mascarar os resultados. Bhakuni et al. (2001) relataram que a melhor biodisponibilidade da ART é em suas folhas secas, ainda, Titulaer et al. (1991) relataram que a inclusão da ART em óleo mostrou uma absorção mais rápida com concentrações de pico relativamente altas quando comparado com a suspensão aquosa, que revelou uma ação baixa. O DMSO é conhecido como um solvente universal e é muito empregado na solubilização de soluções de estoque de medicamentos de base orgânica (Pereira, Williams, 2007). Ainda, o DMSO pode interagir com compostos de platina, mudando 79 seus complexos, tornando-os instáveis neste meio de diluição (Hall et al., 2014; Kerrison, Sadler, 1985), comprometendo a citotoxicidade do fármaco, favorecendo a proliferação celular (Hall et al., 2014). Com isso, autores sugerem outros meios de diluição de drogas, como o soro fisiológico e o PBS, que foi diluente empregado por nós (Hall et al., 2014). A CSP possui atividade anticancerígena bem estabelecida apesar de seus efeitos adversos, o que foi possível observar em nossos resultados, onde a viabilidade de todas as linhagens celulares testadas diminuiu conforme a concentração aumentou, evidenciando que a CSP não atua seletivamente em células neoplásicas pois causou redução na viabilidade de queratinócitos normais, o que não foi observado com a ART, que apresentou baixa citotoxicidade em todas as linhagens testadas. A ART não demonstrou efeitos genotóxicos nas doses testadas, assim como a CSP em baixas concentrações, porém, a CSP causou uma redução no número de células nas maiores doses, não sendo observado a formação de micronúcleos, ape