1 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Campus de São Paulo Instituto de Artes Alexandre Gomes Vilas Boas ARTIVISMO: UMA REVOLUÇÃO HÍBRIDA EM AÇÃO SÃO PAULO 2023 2 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Campus de São Paulo Instituto de Artes Alexandre Gomes Vilas Boas Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Artes do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, como requisito para a obtenção do título de Doutor em Artes Visuais. Área de Concentração: Artes Visuais Linha de Pesquisa: Processos e Procedimentos Artísticos. Orientadores: Prof. Dr. Sérgio Mauro Romagnolo Prof. Dr. Agnus Valente (in memoriam) São Paulo 2023 3 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio, convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Ficha catalográfica desenvolvida pelo Serviço de Biblioteca e Documentação do Instituto de Artes da Unesp. Dados fornecidos pelo autor. V697a Vilas Boas, Alexandre Gomes, 1973- Artivismo : uma revolução híbrida em ação / Alexandre Gomes Vilas Boas. - São Paulo, 2023. 265 f. : il. color. Orientador: Prof. Dr. Sergio Mauro Romagnolo Tese (Doutorado em Artes) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Instituto de Artes 1. Arte - Aspectos políticos. 2. Linguística. 3. Arte - Filosofia. 4. Arte interativa. I. Romagnolo, Sergio Mauro. II. Universidade Estadual Paulista, Instituto de Artes. III. Título. CDD 701.18 Bibliotecária responsável: Laura M. de Andrade - CRB/8 8666 4 Alexandre Gomes Vilas Boas ARTIVISMO: UMA REVOLUÇÃO HÍBRIDA EM AÇÃO Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Artes do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista, como requisito para a obtenção do título de Doutor em Artes Visuais. Área de concentração: Artes Visuais. Linha de Pesquisa: Processos e Procedimentos Artísticos. Banca Examinadora Orientador: Prof. Dr. Sérgio Mauro Romagnolo _______________________________________________________________ Presidente: Prof. Dr. Sérgio Mauro Romagnolo Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Instituto de Artes – IA/UNESP – São Paulo/SP _______________________________________________________________ 1º Examinador: Prof. Dr. Sérgio Mauro Romagnolo Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Instituto de Artes – IA/UNESP – São Paulo/SP _______________________________________________________________ 2º Examinador: Prof. Dr. José Paiani Spaniol Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Instituto de Artes – IA/UNESP – São Paulo/SP _______________________________________________________________ 3º Examinador: Prof. Dr. Antônio Busnardo Filho Centro Universitário de Várzea Grande – UNIVAG/MT _______________________________________________________ 4º Examinador: Prof. Dr. Arnaldo Valente Germano da Silva Universidade de São Paulo – Escola de Comunicações e Artes ECA/USP – São Paulo/SP _______________________________________________________________ 5 º Examinador: Prof. Dr. Vinícius Pontes Spricigo Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP – Guarulhos/SP 5 _______________________________________________________________ 1º Suplente: Prof. Dr. Rogério Rauber Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Instituto de Artes – IA/UNESP – São Paulo/SP _______________________________________________________________ 2º Suplente: Prof. Dr. Sérgio Augusto de Oliveira Universidade Nove de Julho – Uninove – São Paulo/SP _______________________________________________________________ 3º Suplente: Prof. Dra. Constança Maria Lima de Almeida Lucas Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS/MS _______________________________________________________________ Aprovado em: 11/ 05 / 2023 Local de Defesa: Instituto de Artes - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – IA/UNESP – São Paulo/SP 6 Dedico esta tese à minha mãe, Maria Manuela Vilas Boas; mulher forte, imigrante, que saiu aos 15 anos de casa para atravessar o oceano e lançar-se para a grande aventura que é a vida; mãe dedicada, amiga e rigorosa. Muito de sua força é o motor de toda a nossa família. Dedico ao meu pai, Manuel dos Santos Vilas Boas (1934 – 2019), in memoriam. Imigrante igualmente. Aos 18 anos veio para o Brasil e conheceu mamãe. Amoroso, honrado e gentil, foi ele que me levou a ver e a pensar no outro, de forma mais sensível, muitas e muitas vezes, por meio do riso, de suas histórias, e do desenho. Dedico aos meus irmãos, Manuel e Carlos, por me ajudarem a usar ferramentas, andar de bicicleta e construir meus sonhos, por mais estranhos que pudessem parecer. Por fim, dedico a todas e todos estudantes de Arte, desejando que sejam provocados a seguir aprofundando as questões de como fazer com que a Arte contribua para a construção de uma sociedade mais justa. 7 Câmara de Ecos Cresci sob um teto sossegado, meu sonho era um pequenino sonho meu. Na ciência dos cuidados fui treinado. Agora, entre meu ser e o ser alheio, a linha de fronteira se rompeu. Waly Salomão (2007) 8 AGRADECIMENTOS Agradeço a todos que me acompanham neste grande mistério que é desvendar a vida. Ela vale cada segundo dispendido na tentativa de entendimento. Agradeço à minha família, aos meus sobrinhos, Thomáz, Sofia e Gabriel; e meus irmãos, Carlos e Manuel, com quem aprendi muito de minhas habilidades manuais. Agradeço aos meus companheiros e companheiras do Coletivo Ateliê 308, com quem tenho partilhado e aprendido tanto nestes anos todos de convívio e luta. Agradeço aos meus colegas professores com quem tive o privilégio de trabalhar durante estes trinta anos, em diversas instâncias, desde a educação de base até o ensino superior. Aos companheiros e companheiras de pesquisa, amigos de vida e trabalho, que apoiaram e apoiam nossos projetos e excentricidades. Ao meu atual orientador, o Professor Dr. Sérgio Mauro Romagnolo, que me acolheu em um momento de tristezas, dúvidas e de impasses sobre a pesquisa. Aos docentes e funcionários do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, IA/UNESP – SP, por seu conhecimento partilhado, disponibilidade e dedicação. A todos os examinadores e examinadoras que aceitaram compor a banca de avaliação, por seus valiosos conselhos e disponibilidade em partilhar suas experiências. Ao meu orientador do Mestrado e do início do Doutorado, que partilhou seus conhecimentos, sabedoria e generosidade, o saudoso Professor Dr. Agnaldo Valente Germano da Silva, o artista híbrido Agnus Valente, que me incentivou a iniciar esta pesquisa e esteve sempre presente, encorajando-me a acreditar e aconselhando-me a não prometer o que não possa cumprir. Ainda não aprendi, mas, continuarei tentando honrar seus ensinamentos. Agnus permanecerá comigo sempre, por toda a minha jornada, como exemplo de ética, respeito, generosidade e amizade que se pode ter, mesmo em uma sociedade, por vezes, tão áspera. 9 ARTIVISMO: UMA REVOLUÇÃO HÍBRIDA EM AÇÃO. RESUMO A presente Tese de Doutorado foi desenvolvida em duas vertentes: teórica, com estudos sobre Artivismo; e criativa, com a realização de uma prática artivista deste pesquisador, tanto individualmente quanto coletivamente junto ao grupo Coletivo Ateliê 308. A pesquisa teórica investigou o princípio híbrido do Artivismo, no contexto do “Hibridismo em Artes”, das “Hibridações de Meios, Sistemas e Poéticas” e “Heurística Híbrida” das pesquisas de Agnus Valente, aplicando esses conceitos para investigar a hibridação de Arte e Política, inerente ao Artivismo, bem como as hibridações desenvolvidas no processo de criação de artivistas e coletivos artivistas, pela multiplicidade de meios e linguagens articulada em suas ações, e pela tendência à criação coletiva, resultando na percepção de que uma das forças revolucionárias do Artivismo reside em seu caráter híbrido. O texto apresenta uma reflexão sobre o Artivismo dentro do panorama contemporâneo, tendo como ponto de partida a frase “A revolução não será televisionada” da canção de Scott Heron, cuja apropriação por vários grupos em diferentes momentos de embate sociopolítico revelam a necessidade recorrente da conjunção de Arte e Política. A pesquisa investiga a evolução dos espaços de trabalho, com um levantamento histórico das formas primitivas de ateliê até os dias atuais, apontando o caráter político da transferência do ateliê do espaço privado para o público. Os conceitos de “Campo Ampliado” de Rosalind Krauss e “Não-lugar” de Marc Augé embasam as reflexões sobre o lugar do ateliê e de outros espaços na produção atual, considerando o urbano e, sobretudo, o virtual como espaços de atuação por excelência do Artivismo Contemporâneo. Nessa perspectiva, apresenta estudos de caso de ações que estabelecem relações entre uma poética artivista e formas híbridas de produção, tendo como referência intervenções urbanas na Ocupação Prestes Maia, e o caráter contestatório da Arte Correio, com foco no contexto histórico-político de suas atividades. A pesquisa artística pautou-se por ações artivistas de intervenção urbana do Coletivo Ateliê 308 em Guarulhos. Tendo como referência a Teoria da Deriva de Guy Débord e os conceitos de “Campo Ampliado”, de “Não-Lugar’, já mencionados, e de “Estética Relacional” de Bourriaud, as ações evocam histórias narradas, invisibilidade, apagamento e memória, através de desenhos, pinturas e 10 gravuras produzidos durante as derivas, articulando o acesso híbrido das obras nas ruas da cidade com QR-Codes e vídeos hospedados na internet que podem ser acessados por todos e de qualquer lugar. Em suma, considerando sua importância na atualidade, parece-nos que o Artivismo vem se configurando como uma nova Área de Conhecimento, não pertencendo nem à área de Artes e nem de Política, ou Ciências Políticas, uma vez que pelo amálgama da hibridação de Arte e Ativismo, representado de forma inseparável no neologismo, o conceito não se enquadra adequadamente em nenhuma das áreas específicas. PALAVRAS-CHAVE: Artivismo / Arte Ativista; Arte e Política / Arte Engajada; Arte Híbrida / Hibridismo em Artes; Arte Colaborativa / Arte Participativa; Ativismo e Estética Relacional. 11 ARTIVISM: A HYBRID REVOLUTION IN ACTION. ABSTRACT The present Doctoral Thesis was developed in two aspects: theoretical, with studies on Artivism; and creative, with the realization of an artivist practice by this researcher, both individually and collectively with the group Coletivo Ateliê 308. The theoretical research investigated the hybrid principle of Artivism, in the context of “Hybridism in Arts”, of “Hybridations of Media, Systems and Poetics” and “Hybrid Heuristics” from the Agnus Valente’s research, applying these concepts to investigate the hybridation of Art and Politics, inherent to Artivism, as well as the hybridations developed in the creation process by artivists and artivist collectives, due to the multiplicity of media and languages articulated in their actions, and by the tendency towards collective creation, resulting in the perception that one of the revolutionary strengths of Artivism resides in its hybrid character. The text presents a reflection on Artivism within the contemporary panorama, taking as a starting point the phrase “The revolution will not be televised” from the song by Scott Heron, whose appropriation by many groups in different moments of socio-political struggle reveals the recurrent need of the conjunction of Art and Politics. The research investigates the evolution of workspaces, with a historical study on the primitive forms of atelier until the present day, pointing out the political character of the transfer of the atelier from the private space to the public one. Concepts of “Expanded Field” by Rosalind Krauss and “Non-place” by Marc Augé form the basis for reflections on the atelier and other spaces in current production, considering the urban and, above all, the virtual as spaces par excellence for the work of Contemporary Artivism. In this perspective, it presents case studies of actions that establish relationships between an artivist poetics and hybrid forms of production, having urban interventions in the Prestes Maia Occupation as a reference, and the contestatory character of Mail Art, focusing on the historical and political context of its activities. The artistic research was guided by artivist actions of urban intervention by Coletivo Ateliê 308 in Guarulhos. With reference to Guy Débord's “Theory of Drift” and the concepts of “Expanded Field”, “Non-Place', already mentioned, and Bourriaud's “Relational Aesthetics”, the actions evoke narrated stories, invisibility, erasure and memory, through drawings, paintings and engravings produced during the drifts, articulating the 12 hybrid access of the works on the streets of the city with QR-Codes and videos hosted on the internet that can be accessed by everyone and from anywhere. In short, considering its current importance, it seems to us that Artivism has been configuring itself as a new Area of Knowledge, belonging neither to the area of Arts nor Politics, or Political Sciences, since due the amalgam of the hybridation of Art and Activism, represented in an inseparable way in the neologism, the concept does not fit properly in any of the specific areas. KEYWORDS: Artvism/Activist Art; Art and Politics/Engaged Art; Hybrid Art/Hybridism in Arts; Collaborative and Participatory Art; Activism and Relational Aesthetics. 13 ARTIVISMO: UNA REVOLUCIÓN HÍBRIDA EN ACCIÓN. RESUMEN Esta Tesis Doctoral se desarrolló en dos áreas: teórica, con estudios sobre Artivismo; y creativa, con la realización de una práctica artivista por esta investigadora, tanto individual como colectivamente con el grupo Coletivo Ateliê 308. La investigación teórica investigó el principio híbrido del Artivismo, en el contexto del “Hibridismo en las Artes”, de las “Hibridaciones de los Medios , Sistemas y Poéticas” y “Heurísticas Híbridas” a partir de la investigación de Agnus Valente, aplicando estos conceptos para investigar la hibridación de Arte y Política, inherente al Artivismo, así como las hibridaciones desarrolladas en el proceso de creación de artivistas y colectivos artivistas, debido a la multiplicidad de medios y lenguajes articulados en sus acciones, y por la tendencia a la creación colectiva, resultando en la percepción de que una de las fuerzas revolucionarias del Artivismo reside en su carácter híbrido. El texto presenta una reflexión sobre el Artivismo dentro del panorama contemporáneo, tomando como punto de partida la frase “La revolución no será televisada” de la canción de Scott Heron, cuya apropiación por muchos grupos en distintos momentos de la lucha sociopolítica revela la necesidad recurrente de la conjunción de Arte y Política. La investigación indaga en la evolución de los espacios de trabajo, con un recorrido histórico de las formas primitivas de atelier hasta nuestros días, señalando el carácter político del traslado del atelier del espacio privado al público. Los conceptos de “Campo Expandido” de Rosalind Krauss y “No-Lugar” de Marc Augé forman la base de reflexiones sobre el lugar del atelier y otros espacios en la producción actual, considerando lo urbano y, sobre todo, lo virtual como espacios de actuación por excelencia para el Artivismo Contemporáneo. Desde esta perspectiva, presenta estudios de caso de acciones que establecen relaciones entre una poética artivista y formas híbridas de producción, teniendo como referencia las intervenciones urbanas en la Ocupación Prestes Maia, y el carácter contestatario del Arte Correo, centrándose en el contexto histórico-político de sus actividades. La investigación artística fue guiada por acciones artivistas de intervención urbana del Colectivo Ateliê 308 en Guarulhos. Tomando como referencia la Teoría de la Deriva de Guy Débord y los conceptos de “Campo Expandido”, “No-Lugar”, ya mencionados, y la “Estética Relacional” de Bourriaud, las acciones evocan 14 historias narradas, invisibilidad, borrado y memoria, a través de dibujos, pinturas y grabados producidos durante las derivas, articulando el acceso híbrido de las obras en las calles de la ciudad con QR-Codes y videos alojados en internet accesibles para todos y desde cualquier lugar. En definitiva, considerando su importancia actual, nos parece que el Artivismo se ha ido configurando como una nueva Área de Conocimiento, no perteneciente ni al área de las Artes ni a la Política, ni a las Ciencias Políticas, ya que, debido a la amalgama de la hibridación de Arte y Política, representada de manera inseparable en el neologismo, el concepto no encaja adecuadamente en ninguna de las áreas específicas. PALABRAS CLAVE: Artivismo/Arte Activista; Arte y Política/Arte Comprometido; Arte Híbrida/Hibridez en Artes; Arte Colaborativo y Participativo; Activismo y Estética Relacional. 15 LISTA DE IMAGENS Figura 1 Intervenção de Critical Art Ensemble (CAE). SCHWABSKY, Barry. Patriotism as paranoia: Steve Kurtz and the Critical Art Ensemble. In: Radical Philosophy 129, Jan/Fev 2005. Fonte: Radical Philosophy 129, 2005. On-line. Disponível em: . Acesso em: 01 ago. 2021. Figura 2 Seja marginal, seja herói. 1968. Bandeira-poema de Hélio Oiticica. Pintura sobre tecido, 85 x 114,5 x 3 cm, da Coleção Eugênio Pacelli. Foto: Jaime Acioli. Fonte: MAM Rio On-Line. Disponível em: . Acesso em: 01 ago. 2021. Figura 3 Metaesquema. 1958. Hélio Oiticica. Guache sobre cartão, 68 x 50 cm, Coleção Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, doação Fininvest. Foto: Vicente de Mello. Fonte: MAM Rio On-Line. Disponível em: . Acesso em: 02 ago. 2022. Figura 4 Penetrável Filtro. 1972. Hélio Oiticica. Fonte: Touch of Class On-Line. Disponível em: . Acesso em: 01 ago. 2022. Figura 5 Magic Square. 1977. Hélio Oiticica. Instituto Inhotim/MG. Fonte: André Dorigo On-line. Disponível em: . Acesso em: 09 jan. 2023. Figura 6 Tropicália, Penetráveis PN2: Pureza é um Mito e PN3: Imagético. 1966–67. Hélio Oiticica. Fonte: Tate Modern On-Line. Disponível em: . Acesso em: 03 jan. 2023. Figura 7 Capa de T.A.Z., de Hakim Bey, pseudônimo de Peter Lambom Wilson, considerado um clássico hoje para quem busca engajar seus trabalhos numa forma de ativismo. Fonte: Goodreads On-Line. Disponível em: . Acesso em: 02 ago. 2022. Figura 8 Tanques e tropas ocupam o gramado em frente ao Congresso Nacional após o Golpe de Estado, em 1964. Arquivo Público do Distrito Federal. Fonte: Senado On-Line. Disponível em: . Acesso em: 03 mar. 2022. Figura 9 Merzbau em Hannover. Kurt Schwitters . Foto: Wilhelm Redemann, 1933. Fonte: MoMA On-Line. Disponível em: . Acesso em: 11 out. 2022. Figura 10 Beuys plantando uma de suas árvores na Documenta 7, em 1982. Fonte: AWA Tree Consultants On-Line (2019). Disponível em: . Acesso em: 02 ago. 2023. Figura 11 Capa do disco The Revolution will not be televised, de Gil Scott Heron, lançado em 1971. Fonte: Phonica Records On-Line. Disponível em: . Acesso em: 02 abr. 2021. https://www.radicalphilosophy.com/commentary/patriotism-as-paranoia https://www.radicalphilosophy.com/commentary/patriotism-as-paranoia https://mam.rio/obras-de-arte/por-que-homenagear-bandidos/ https://mam.rio/obras-de-arte/por-que-homenagear-bandidos/ https://mam.rio/obras-de-arte/metaesquemas-1956-1958/ https://mam.rio/obras-de-arte/metaesquemas-1956-1958/ http://www.touchofclass.com.br/index.php/2019/06/27/video-helio-oiticica-penetravel-filtro-1972-art-basel-unlimited-2019/ http://www.touchofclass.com.br/index.php/2019/06/27/video-helio-oiticica-penetravel-filtro-1972-art-basel-unlimited-2019/ https://andredorigo.com.br/helio-oiticica/ https://www.tate.org.uk/art/artists/helio-oiticica-7730/story-helio-oiticica-and-tropicalia-movement https://www.tate.org.uk/art/artists/helio-oiticica-7730/story-helio-oiticica-and-tropicalia-movement https://www.goodreads.com/book/show/189938.TAZ https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/03/31/no-aniversario-do-golpe-de-1964-senadores-divergem-sobre-governo-militar https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/03/31/no-aniversario-do-golpe-de-1964-senadores-divergem-sobre-governo-militar https://www.moma.org/explore/inside_out/2012/07/09/in-search-of-lost-art-kurt-schwitterss-merzbau/ https://www.moma.org/explore/inside_out/2012/07/09/in-search-of-lost-art-kurt-schwitterss-merzbau/ https://www.awatrees.com/2019/12/06/joseph-beuys-the-art-of-arboriculture/ https://www.phonicarecords.com/product/gil-scott-heron-the-revolution-will-not-be-televised-lp-bgp-records/162694 https://www.phonicarecords.com/product/gil-scott-heron-the-revolution-will-not-be-televised-lp-bgp-records/162694 16 Figura 12 Cartaz do documentário The Revolution will not be televised, que trata da tentativa de derrubada de Hugo Chávez. Fonte: Wikimedia. On-Line. Disponível em: . Acesso em: 07 maio 2022. Figura 13 Confronto entre Black Blocks e Polícia Militar em São Paulo, 2016. Fonte: Agência Brasil. Hoje em Dia. On-Line. Disponível em: . Acesso em: 03 ago. 2022. Figura 14 Cartazes dos movimentos estudantis e de trabalhadores, em maio de 1968, impactaram a sociedade pelo poder de mobilização e comunicação imediata. Fonte: Open Culture. On-Line. Disponível em: . Acesso em: 03 ago. 2022. Figura 15 O que é arte? Para que serve? Performance, 1978. Paulo Bruscky. Fonte: Arte que Acontece. On-Line. Disponível em: . Acesso em: 05 nov. 2022. Figura 16 Ação realizada em 18 de abril, véspera do Dia do Índio, em São Paulo, 2018. Fonte: Revista Exame. On-Line (2018). Disponível em: . Acesso em: 04 dez. 2022. Figura 17 Manifestações da população Palestina na Faixa de Gaza. Fotografia de A’ed Abu Amro. Outubro 2018. Fonte: Resumo Fotográfico On-Line (2018). Disponível em: . Acesso em: 22 dez. 2022. Figura 18 Derrubada do monumento de Edward Colston, em 07 de junho de 2020, durante manifestação Black Lives Matter, em Bristol, Inglaterra .Foto: Ben Birchall/PA via AP. Fonte: Portal G1 (2020). Disponível em: . Acesso em: 22 dez. 2022. Figura 19 Manifestações da Praça de Santiago, capital do Chile, que reuniu em torno de um milhão de pessoas. Foto: Susana Hidalgo. Fonte: Portal G1 (2019). Disponível em: . Acesso em: 22 jan. 2023. Figura 20 Estátua de Borba Gato (1649/1718) em chamas. Julho de 2021. Foto: Gabriel Schlickmann. Fonte: Portal G1 (2022). Disponível em: . Acesso em: 22 dez. 2022. Figura 21 Modelo de uma oficina de carpintaria do antigo Egito. Fonte: Egypt Museum. On-Line. Disponível em: . Acesso em: 05 dez. 2022. Figura 22 Scriptorium, provavelmente espanhol. Madri, Biblioteca de San Lorenzo de El Escorial. Século XIV. Fonte: Medieval Books On-Line (2013). Disponível em: . Acesso em: 02 dez. 2022. https://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/7/7a/The_Revolution_will_not_be_Televised.gif https://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/7/7a/The_Revolution_will_not_be_Televised.gif https://www.hojeemdia.com.br/black-blocs-enfrentam-pm-e-depredam-centro-de-s-o-paulo-1.350972 https://www.hojeemdia.com.br/black-blocs-enfrentam-pm-e-depredam-centro-de-s-o-paulo-1.350972 https://www.openculture.com/2017/01/a-gallery-of-visually-arresting-posters-from-the-may-1968-paris-uprising.html https://www.openculture.com/2017/01/a-gallery-of-visually-arresting-posters-from-the-may-1968-paris-uprising.html https://www.artequeacontece.com.br/cinco-pontos-chave-para-entender-a-arte-de-paulo-bruscky/ https://www.artequeacontece.com.br/cinco-pontos-chave-para-entender-a-arte-de-paulo-bruscky/ https://exame.com/brasil/pichador-do-patio-do-colegio-tambem-atacou-monumento-as-bandeiras/ https://exame.com/brasil/pichador-do-patio-do-colegio-tambem-atacou-monumento-as-bandeiras/ https://www.resumofotografico.com/2018/10/fotografia-de-manifestante-palestino-e-comparada-com-obra-do-pintor-eugene-delacroix.html https://www.resumofotografico.com/2018/10/fotografia-de-manifestante-palestino-e-comparada-com-obra-do-pintor-eugene-delacroix.html https://www.resumofotografico.com/2018/10/fotografia-de-manifestante-palestino-e-comparada-com-obra-do-pintor-eugene-delacroix.html https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/06/11/estatua-de-escravocrata-britanico-derrubada-por-manifestantes-e-retirada-do-rio.ghtml https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/06/11/estatua-de-escravocrata-britanico-derrubada-por-manifestantes-e-retirada-do-rio.ghtml https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/10/29/o-chile-acordou-autora-da-foto-viral-que-marcou-protestos-conta-o-que-sentiu-ao-capturar-imagem.ghtml https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/10/29/o-chile-acordou-autora-da-foto-viral-que-marcou-protestos-conta-o-que-sentiu-ao-capturar-imagem.ghtml https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/10/29/o-chile-acordou-autora-da-foto-viral-que-marcou-protestos-conta-o-que-sentiu-ao-capturar-imagem.ghtml https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2022/09/08/apos-1-ano-tres-acusados-de-incendiar-estatua-do-bandeirante-borba-gato-sao-julgados-em-sp.ghtml https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2022/09/08/apos-1-ano-tres-acusados-de-incendiar-estatua-do-bandeirante-borba-gato-sao-julgados-em-sp.ghtml https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2022/09/08/apos-1-ano-tres-acusados-de-incendiar-estatua-do-bandeirante-borba-gato-sao-julgados-em-sp.ghtml https://egypt-museum.com/model-of-a-carpentry-workshop/ https://egypt-museum.com/model-of-a-carpentry-workshop/ https://medievalbooks.nl/tag/scriptorium/ 17 Figura 23 Contra relevo de canto, 1914. Vladimir Tatlin. Fonte: Wikimedia On-Line. Disponível em: . Acesso em: 02 ago. 2022. Figura 24 Merzbau. 1923. Kurt Schwitters. Fonte: Museu Victor Meirelles On-Line (2016). Disponível em: . Acesso em: 08 ago. 2022. Figura 25 O Grande Vidro. 1912-1923. Marcel Duchamp. Fonte: Galeria de Imagens da Secretaria da Educação do Paraná. On-Line. Disponível em: . Acesso em: 22 dez. 2022. Figura 26 Porta 11, Rua Larey. 1927. Marcel Duchamp. Fonte: Le Document On-Line (2020). Disponível em: . Acesso em: 03 ago. 2022. Figura 27 Exposição realizada no Pavilhão Maxwell Alexandre. Fonte: Revista Select On- Line (2023). Disponivel em: . Acesso em: 06 abr. 2023. Figura 28 A Fábrica, estúdio de Andy Warhol em Nova York. Fonte: Runway Magazines On-line (2017). Disponível em: . Acesso em: 03 ago. 2022. Figura 29 Local ocupado no início do ateliê do grupo Coletivo Ateliê 308, em 2009. Fonte: Arquivo pessoal. Figura 30 Início da reforma do ateliê do grupo Coletivo Ateliê 308, em 2009: Desmonte do telhado antigo; tratamento das tesouras infestadas de cupim e retirada do entulho encontrado no espaço. Fonte: Arquivo pessoal. Figura 31 Representação digital da reforma pretendida em 2009. Fonte: Arquivo pessoal Figura 32 Representação digital da reforma pretendida em 2009. Fonte: Arquivo pessoal. Figura 33 Fachada de autoria coletiva, realizada logo após a ocupação inicial, 2009. Fonte: Arquivo pessoal. Figura 34 Sem título, 1991 (Retrato de Ross em Los Angeles). Felix Gonzalez-Torres. Doces em embalagens de várias cores, suprimento infinito, dimensões variáveis de acordo com a instalação. Fonte: W Magazine. On-Line. (2016). Disponível em: . Acesso em: 20 dez. 2022. Figura 35 Vista panorâmica de cenário do Café Filosófico. Biblioteca Municipal Monteiro Lobato. Primeiro trabalho de intervenção do grupo Coletivo Ateliê 308 em um espaço público fora do ateliê. Fonte: Arquivo pessoal, 2007. Figura 36 Pintura e montagem do cenário do Café Filosófico, realizada por doze pessoas e instalada no auditório da Biblioteca Municipal Monteiro Lobato. Primeiro trabalho de intervenção do grupo Coletivo Ateliê 308 em um espaço público fora do ateliê. Fonte: Arquivo pessoal, 2007. Figura 37 Fachada do ateliê: César Riello preparando massa e Rodrigo Kenichi fazendo reparos no telhado. Coletivo Ateliê 308, 2009. Fonte: Arquivo pessoal. Figura 38 Reforma do madeiramento do telhado que foi refeito. Coletivo Ateliê 308, 2009. Fonte: Arquivo pessoal. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Counter-relief_by_V.Tatlin_%281914,_GRM%29_by_shakko_01.jpg https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Counter-relief_by_V.Tatlin_%281914,_GRM%29_by_shakko_01.jpg https://www.ledocument.com/issue-four/peter-suchin-picks-a-fight-with-marcel-duchamp https://www.ledocument.com/issue-four/peter-suchin-picks-a-fight-with-marcel-duchamp https://pt.runwaymagazines.com/f%C3%A1brica-andy-warhols-new-york-city-studio/ https://pt.runwaymagazines.com/f%C3%A1brica-andy-warhols-new-york-city-studio/ 18 Figura 39 Espaço reformado sendo preparado para receber exposição de Renato de Macedo, um artista local. Ateliê do grupo Coletivo Ateliê 308, 2015. Fonte: Arquivo pessoal. Figura 40 Projeto de expografia para exposição realizada em 2022. Fonte: Arquivo pessoal. Figura 41 Exposição de trabalhos de Renato de Macedo e Sarau de Poesia na noite de abertura do evento, 2015. Fonte: Arquivo Pessoal. Figura 42 Oficina de Encadernação Copta, sob orientação de Lúcia Hatsumi Sasaki, 2017. Fonte: Arquivo Pessoal. Figura 43 Oficina de Xilogravura para a Escola para Jovens e Adultos (EJA), realizada em outubro de 2022. Fonte: Arquivo Pessoal. Figura 44 Cartaz do Mutirão Gráfico de Impressão. Ação realizada em outubro de 2022, proposta pelo Atelier Piratininga/SP em parceria com outros coletivos de São Paulo. Fonte: Arquivo Pessoal. Figura 45 Carrinhos de mão do Projeto Labor: Objetos para Intervenção Urbana realizada em Guarulhos e São Paulo entre 2017 e 2019. Fonte: Arquivo Pessoal. Figura 46 Ação colaborativa entre Coletivo Ateliê 308, Gráfica Autônoma Analógica e Ateliê Piratininga: Impressão de imagens de lambe-lambe para a campanha eleitoral de 2022. Fonte: Acervo Pessoal. Figura 47 Ação colaborativa entre Coletivo Ateliê 308, Gráfica Autônoma Analógica e Ateliê Piratininga, realizada em outubro de 2022. Fonte: Acervo pessoal. Figura 48 Ação Okupe Ouvidor: Oficina de Xilogravura no Centro Cultural Ouvidor 63, em 2023. Fonte: Arquivo Pessoal. Figura 49 Cronograma (Fac-Simile): Ação Okupe Ouvidor, no Centro Cultural Ouvidor 63, em 2023. Fonte: Arquivo Pessoal. Figura 50 Cuidado com o fogo. Lambe-lambe. Dimensões variadas. Túlio Tavares. Fonte: Blog de Túlio Tavares no Word Press. On-line. Disponível em: . Acesso em: 08 dez. 2022. Figura 51 Marcas do Caminho. Mapa e canetas hidrográficas. Rodrigo Barbosa. Fonte: Blog de Túlio Tavares no Word Press. On-line. Disponível em: . Acesso em: 08 dez. 2022. Figura 52 Projeto Sonhos. Retratos impressos em PB. Mariana Cavalcante. Fonte: Blog Arte Contemporânea na Ocupação Prestes Maia, no Word Press. On-line. Disponível em: . Acesso em: 08 dez. 2022. Figura 53 Ofício de Walter Zanini solicitando o aceite do acervo da Bienal de São Paulo para o Escritório de Arte Postal criado por Gabriel Borba Filho. Fonte: Gabriel Borba. On-Line. Disponível em: . Acesso em: 09 dez. 2022. Figura 54 Folder de exposição em homenagem à exposição que celebrou os 30 anos do Escritório de Arte Postal do CCSP, criado por Gabriel Borba Filho e que abrigou o acervo de Arte Correio da Bienal de São Paulo de 1981. Fonte: Blog do Coletivo Ateliê 308, no Blogspot. On-Line. Disponível em: . Acesso em: 09 dez. 2022. https://tuliotavares.wordpress.com/prestes-maia-acoes-culturais/ https://tuliotavares.wordpress.com/prestes-maia-acoes-culturais/ https://artecontemporaneanaocupacaoprestesmaia.wordpress.com/imaens/ http://www.gabrielborba.gborba.nom.br/pt-br/exposicao/xvi-bienal-de-sao-paulo http://www.gabrielborba.gborba.nom.br/pt-br/exposicao/xvi-bienal-de-sao-paulo http://coletivo308.blogspot.com/2014/05/ 19 Figura 55 Mulher. Vendedora ambulante do Mercado Municipal da Penha. 2021. Bico de Pena s/ papel, Xerox e colagem com QR Code. Fonte: Acervo Pessoal. Figura 56 Limpador de Peixes. Feira da Ponte Grande, Guarulhos. 2021. Nanquim sobre papel, Xerox e colagem com QR Code. Fonte: Arquivo pessoal. Figura 57 Caffé (sic) Torrado, 1826. Jean-Baptiste Debret. Aquarela sobre papel, c.i.d. 15,40 cm x 19,60 cm. Museus Castro Maya - IPHAN/MinC (Rio de Janeiro). Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural On-Line. Disponível em: . Acesso em: 08 dez. 2022. Figura 58 A pesca, um dos temas recorrentes e que faziam alusão à infância do Sr. Manuel. 2015–2018. Manuel dos Santos Vilas Boas. Desenho em caneta sobre papel layout A4. Fonte: Arquivo Pessoal. Figura 59 Um homem barbado com chapéu e bengala, 2015-2018. Manuel dos Santos Vilas Boas. Caneta hidrocor em madeira de caixa de frutas. Fonte: Arquivo Pessoal. Figura 60 Retrato de um homem, provavelmente, um autorretrato, 2015–2018. Manuel dos Santos Vilas Boas. Argila em ponto de osso (quando está seca, porém sem ter sido queimada e transformada em cerâmica). Fonte: Arquivo Pessoal. Figura 61 Frentista, Guarulhos. 2022. Têmpera acrílica sobre papel – Xerox e colagem com QR Code. Fonte: Arquivo pessoal. Figura 62 O barraqueiro da rua da feira. Ponte Grande, Guarulhos. 2019. Têmpera acrílica sobre papel, Xerox e colagem com QR Code. Fonte: Acervo Pessoal. Figura 63 Leitura de poema, por Victória Kloster, a partir do registro do barraqueiro da rua da feira. Youtube, 2023. Fonte: Acervo pessoal. Figura 64 Hermínia. Guarulhos, 2021. Têmpera acrílica sobre papel, Xerox e colagem com QR Code. Fonte: Youtube. On-Line. Disponível em: . Figura 65 Leitura de poema, por Julianne, professora, a partir do registro de Hermínia, auxiliar de limpeza (falecida). Fonte: Youtube On-Line. Disponível em: . Figura 66 Professora aposentada, 2021. Nanquim sobre papel. Lambe-lambe. Imagem transformada em lambe-lambe, com vídeos poemas, depoimentos de moradores locais. As imagens são coladas em postes, com QR-CODES, poemas e links. Fonte: Youtube. OnLine. Disponível em: . Figura 67 Professora, 2021. Têmpera sobre papel, Xerox. Lambe-lambe. Imagem transformada em lambe-lambe, com vídeo depoimento de moradores locais. As imagens são coladas em postes, com QR-CODES, poemas e links. Fonte: Acervo pessoal. Figura 68 Trabalhadora do comércio – funcionária de pizzaria, 2021. Imagem transformada em lambe-lambe, com vídeo depoimento de moradores locais. As imagens são coladas em postes, com QR-CODES, poemas e links. Fonte: Youtube. On-Line. Disponível em: . Figura 69 Protesto feito em Brasília, por ocasião do desaparecimento de Bruno Pereira e Don Phillips. Junho de 2022. Fonte: Poder 360, On-Line (2022). Disponível em: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra1197/caffe-sic-torrado https://youtu.be/Q_Osb6ZZlXU https://www.youtube.com/channel/UCpSI2n8B7o96039yVE8VCyw https://www.youtube.com/channel/UCpSI2n8B7o96039yVE8VCyw https://www.youtube.com/channel/UCpSI2n8B7o96039yVE8VCyw 20 . Acesso em: 05 jan. 2023. Figura 70 Protesto em Nova York, por ocasião do desaparecimento de Bruno Pereira e Don Phillips. Junho de 2022. Fonte: Terra On-Line. Disponível em: . Acesso em: 05 jan. 2023. Figura. 71 Professora. Nanquim e crayon, 2021. Xerox e lambe-lambe – QR Code. Imagem transformada em lambe-lambe, com vídeo depoimento/poesia de morador local. Imagens coladas em postes, com QR Codes, poemas e links. Fonte: Acervo pessoal. Figura 72 Professora. Carvão e têmpera. 2021. Xerox e lambe-lambe, QR Code. Fonte: Acervo pessoal. Figura 73 Catalina. Têmpera Acrílica sobre papel. 2021. Xerox e lambe-lambe, QR Code. Fonte: Acervo pessoal. Figura 74 O cara do balcão. Têmpera Acrílica sobre papel. 2021. Xerox e lambe-lambe, QR Code. Fonte: Acervo pessoal. Figura 75 Sra. Flores. Bico de pena e lápis crayon sobre papel. 2021. Xerox e lambe- lambe, QR Code. Fonte: Acervo pessoal. Figura 76 Cabritinha no bairro dos Pimentas. Imagem transformada em lambe-lambe, com vídeo depoimento de moradores locais. As imagens são coladas em postes, com QR Codes, poemas e links. Fonte: Acervo pessoal. Figura 77 Necrópole da Vila Rio. 2022. Imagem transformada em lambe-lambe, com vídeo depoimento de moradores de outro lugar. As imagens são coladas em postes, com QR Codes, poemas e links. Fonte: Acervo pessoal. Figura 78 Casa de início do Século XX. Entrada do bairro da Ponte Grande. 2022. Imagem transformada em lambe-lambe, com vídeo depoimento de moradores de outro lugar. As imagens são coladas em postes, com QR Codes, poemas e links. Fonte: Acervo pessoal. Figura 79 Terminal Pimentas. 2022. Imagem transformada em lambe-lambe. As imagens são coladas em postes, com QR Codes, poemas e links. Fonte: Acervo pessoal. Figura 80 O menino e a Anhuma. Xilogravura e pintura digital transformada em lambe- lambe e outdoor pelo SESC-Araraquara. 2023. Trabalho colaborativo a partir da sobreposição de matrizes de Alexandre Vilas Boas e Sérgio Augusto de Oliveira, para o Coletivo Ateliê 308. Fonte: Acervo pessoal. Figura 81 O menino e a Anhuma. Xilogravura e pintura digital transformada em lambe- lambe e outdoor pelo SESC-Araraquara. 2023. Trabalho colaborativo a partir da sobreposição de matrizes de Alexandre Vilas Boas e Sérgio Augusto de Oliveira, para o Coletivo Ateliê 308. Fonte: Acervo pessoal. Figura 82 Colagem de lambe-lambe em Guarulhos. 2023. Fonte: Acervo pessoal. Figura 83 Colagem de lambe-lambe em Guarulhos. 2023. Fonte: Acervo pessoal. Figura 84 Colagem de lambe-lambe em Guarulhos. 2023. Fonte: Acervo pessoal. Figura 85 Oficina colaborativa na ocupação Centro Cultural Ouvidor 63. São Paulo. Março, 2023. Fonte: Arquivo Pessoal. https://www.poder360.com.br/midia/midia-internacional-noticia-morte-de-dom-e-bruno-na-amazonia/ https://www.poder360.com.br/midia/midia-internacional-noticia-morte-de-dom-e-bruno-na-amazonia/ https://www.terra.com.br/noticias/mundo/bolsonaro-viaja-aos-eua-em-meio-a-pressao-por-busca-de-jornalista-e-servidor-na-amazonia,b482a4c0cde88502f682bf98b6a877c2kkvr544y.html https://www.terra.com.br/noticias/mundo/bolsonaro-viaja-aos-eua-em-meio-a-pressao-por-busca-de-jornalista-e-servidor-na-amazonia,b482a4c0cde88502f682bf98b6a877c2kkvr544y.html https://www.terra.com.br/noticias/mundo/bolsonaro-viaja-aos-eua-em-meio-a-pressao-por-busca-de-jornalista-e-servidor-na-amazonia,b482a4c0cde88502f682bf98b6a877c2kkvr544y.html 21 Figura 86 Oficina colaborativa na ocupação Centro Cultural Ouvidor 63. São Paulo. Março, 2023. Fonte: Arquivo Pessoal. Figura 87 Oficina colaborativa na ocupação Centro Cultural Ouvidor 63. Confecção de matriz para cartaz em homenagem a Paulo Freire. São Paulo. Março, 2023. Fonte: Arquivo Pessoal. Figura 88 Oficina colaborativa na ocupação Centro Cultural Ouvidor 63. Confecção de matriz para cartaz em homenagem a Paulo Freire. São Paulo. Março, 2023. Fonte: Arquivo Pessoal. Figura 89 Impressões em xilogravura sobre suportes alternativos para lambe-lambe. 2023. Fonte: Arquivo Pessoal. Figura 90 Oficina colaborativa sobre o Patrimônio Histórico de Guarulhos. 2023. Fonte: Arquivo Pessoal. Figura 91 Sarau do Peixe Barrigudo. 2018. Fonte: Arquivo Pessoal. Figura 92 Impressões em xilogravura para lambe-lambe. 2023. Fonte: Arquivo Pessoal. Figura 93 Ateliê aberto de impressão-livre. SESC Guarulhos. 2022. Fonte: Arquivo Pessoal. Figura 94 Impressão para o projeto Labor – Contracondutas. Escola da Cidade e UNIFESP. 2017–2019. Fonte: Arquivo pessoal. 22 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 24 1.1 Apresentação do Tema ........................................................................................... 25 1.2 Problema .................................................................................................................... 26 1.3 Metodologia ............................................................................................................... 29 1.4 Justificativa ................................................................................................................ 30 1.5 Objetivos .................................................................................................................... 33 1.6 Estrutura da Tese ..................................................................................................... 34 2 A[R]TIVISMO: HEURÍSTICA HÍBRIDA E ARTE ENGAJADA ................................... 37 2.1 O Caráter Híbrido do Artivismo .............................................................................. 38 2.2 Arte Engajada ........................................................................................................... 42 2.3 O Artivista, com ou sem Formação ....................................................................... 52 3 ARTIVISMO – UMA REVOLUÇÃO HÍBRIDA E PERMANENTE.............................. 75 3.1 A Revolução Não Será Televisionada .................................................................. 75 3.2 A Guerra Híbrida ..................................................................................................... 103 3.3 E o Artivista? ........................................................................................................... 110 3.4 A Memória e a Edição............................................................................................ 116 4 ESPAÇOS DE TRABALHO – O ATELIÊ E A CIDADE COMO CAMPO AMPLIADO ........................................................................................................................................... 120 4.1 Os Espaços de Trabalho na História ................................................................... 120 4.2 Espaços Híbridos: Instrumentos Contemporâneos para a Ação .................... 134 4.3 Ateliê 308 – Um Espaço em Construção Permanente ..................................... 145 4.4 Pausa Forçada e Retomada ................................................................................. 154 4.5 O Espaço Virtual ..................................................................................................... 160 5 PRÁXIS ARTIVISTA FORA DOS CIRCUITOS: OCUPAÇÃO PRESTES MAIA E ARTE CORREIO ............................................................................................................ 173 5.1 Ocupação Prestes Maia ........................................................................................ 173 5.1.1 Cuidado com o Fogo – Precariedade Cotidiana ........................................ 179 5.1.2 Marcas do Caminho – Jornadas do Exílio .................................................. 180 5.1.3 Projeto Sonhos – Retratos de Pertencimento ............................................ 181 5.1.4 Fale e Ouça – Comunicação e Ruído ......................................................... 182 5.1.5 Hotel Prestes Maia – Hóspede do Precário ............................................... 182 5.1.6 Artivismo na Ocupação: Ativismo e Estética Relacional .......................... 182 5.2 Arte Correio: o Desafio do Registro e da Memória ........................................... 185 5.2.1 O Contexto da Arte Correio de Ray Johnson ............................................. 185 5.2.2 O Brasil e a Arte Correio ............................................................................... 189 23 5.2.3 Os Arquivos ..................................................................................................... 192 5.2.4 Da Marginalidade à Institucionalização....................................................... 193 6 UMA POÉTICA DA DERIVA NA CIDADE – DESENHO, PINTURA, GRAVURA E EXPERIMENTOS HÍBRIDOS ....................................................................................... 202 6.1 Itinerário: Deriva, Não-Lugares e Apagamento ................................................. 203 6.2 Paternal: Registro de Memória Imigrante ........................................................... 207 6.3 Labor: Acima de Tudo – Psicogeografia e Memória Coletiva ......................... 212 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 239 8 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 251 9 APÊNDICE ...................................................................................................................... 258 24 1 INTRODUÇÃO A presente Tese de Doutorado buscou investigar os processos de formação e construção que circundam a práxis artística num campo que se convencionou chamar de Arte de Poética Ativista, também conhecida como Arte Ativista ou Artivismo. Minha pesquisa sobre Artivismo desenvolveu-se anteriormente durante o Mestrado. Algumas questões permaneceram em aberto, sendo aprofundadas agora em nível de Doutorado por meio de pesquisa teórica, bem como criativa, em experimentações vivenciadas no Coletivo Ateliê 308 e nos espaços urbanos em que o grupo atua, no eixo entre as cidades de Guarulhos e São Paulo. Os processos foram registrados por meio de imagens, relatos e vídeos das ações, na tentativa de aprofundar o diálogo sobre o Artivismo, que parece ser uma nova área de conhecimento, embora não seja assim classificado. Entretanto, em nosso entender, desponta hoje como uma força importante demais para ser ignorada. Os trabalhos gerados revelam as contradições que podem surgir quando isolamos um objeto de estudo para observá-lo de perto, neste caso, um objeto em trânsito entre áreas de conhecimento. Foram investigados aspectos formais e também subjetivos dos processos e linguagens utilizados, assim como a configuração que serve como estrutura dessa poética. Observamos que o Artivismo não está restrito a uma área de conhecimento, tanto em sua formulação conceitual quanto em seus processos de criação. Concentramos a prática de criação artivista em quatro linguagens: Desenho; Gravura; Pintura e Arte Urbana, o que nos conduziu para um campo onde os limites da linguagem são muito tênues, possibilitando uma prática que não ficou restrita a uma tecnologia específica, revelando, por si, uma vocação do Artivismo para o hibridismo, com toda a complexidade gerada por essas intersecções, inclusive por um componente de imprevisibilidade em sua 25 natureza a partir do embate com o público. A presença da palavra e da Literatura, enquanto elementos gráficos, também está relacionada na pesquisa, na medida em que narrar histórias por meio de imagens e palavras, ou do cruzamento entre ambas, é uma forma de se fazer presente, de se fazer política, de tecer memórias, que são a essência da vida, uma forma de exercer a cidadania, de estar no mundo e, mais que isso, transformá-lo. Trata-se de um ato político de resistência ao tempo e ao poder violento dos acontecimentos. A pesquisa investigou a conexão entre o fazer tradicional e o fazer artivista, do qual tentamos demonstrar as aproximações de modo que se possa compreender em que lugar se situa esse tipo de trabalho no atual panorama brasileiro. Analisamos a questão da precariedade dos materiais, recorrentes dentro dessa linhagem de trabalhos, servindo como suporte para o registro da memória, dos contos, das histórias construídas ao longo do desenvolvimento do projeto e que serviram como matéria-prima enquanto elementos catalisadores da pesquisa. 1.1 Apresentação do Tema Durante a produção textual da dissertação do Mestrado realizado no Instituto de Artes da UNESP, entre 2012 e 2015, e no decorrer da pesquisa que antecedeu este projeto de Doutorado, procurou-se aprofundar o estudo de questões que estivessem diretamente relacionadas aos processos de criação coletivos, focados principalmente no campo das Artes Visuais e que tenham por premissa a construção colaborativa que evidencie aspectos pertinentes às questões materiais e processuais dos “objetos relacionais” (BORRIAUD, 2009), um dos eixos principais dos processos propositivos de criação e ação desta pesquisa. A partir das ações vivenciadas na construção do trabalho autoral, da rigorosa investigação bibliográfica e da extensa produção textual, detectou-se um número expressivo de artivistas que utilizam sistemas híbridos para a materialização de suas poéticas. Este campo de trabalho está relacionado ao que hoje é conhecido como Artivismo, ou Arte Ativista, e ampliou-se exponencialmente. Ao analisar a produção plástica compreendida entre as décadas de 60,70 e 80 do século XX, e entrevistar artistas como Artur Barrio, Almandrade e 26 Clemente Padin, entre outros, foi possível identificar uma resistência, ora sutil, ora mais contundente, aos meios tradicionais de produção do objeto artístico, que constituíram, ao longo dos anos, seus trabalhos e poéticas. A escolha por elementos orgânicos retirados dos dejetos, secreções e líquidos do corpo, como no caso de Barrio; o uso de equipamentos tecnológicos não pertencentes ao universo artístico, como as máquinas construídas por Paulo Bruscky1 adotadas até mesmo de forma irreverente para a fatura da obra, estabeleceram novas relações, dadas por este rompimento intencional das formas tradicionais de produção. A extensa quantidade e complexidade de manifestações artísticas, linguagens e materiais surgidos neste período e nas décadas seguintes, após o término do Regime Militar em 1985, trouxeram para o espaço das artes um crescente ativismo, que nomeamos durante o Mestrado como Artivismo, tendo como base e referência para tal o artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, de autoria de Juliana Monachesi2, jornalista e crítica de arte, em que apresenta o termo como uma espécie de novidade já conhecida, ao constatar a multiplicação de ações ocorridas naquele momento que faziam uso de estratégias situacionistas3, criando obras muito próximas desse momento histórico e estético. 1.2 Problema Os trabalhos artivistas, às vezes, abarcam métodos complexos, primeiro, porque envolvem uma diversidade de agentes em sua produção; depois, por terem origem relacionada a fatores não necessariamente pertencentes ao universo plástico. Em geral, configuram-se a partir de metodologias colaborativas envoltas em problemas relacionados à matéria- 1 Paulo Bruscky cria distorções da imagem a partir da regulagem da máquina de cópias, empregando lentes, espelhos e o próprio corpo, desenvolvendo no Brasil a arte-xerox. As questões do corpo, também um tema de relevância no período, são exploradas por ele, fazendo o uso de eletrocardiogramas, eletroencefalogramas e radiografias em máquinas adaptadas em instrumentos que cria para o registro do desenho, indo além de suas funções originais. 2 Em artigo publicado em 06 de abril de 2003, a jornalista estabelece uma reflexão sobre o ativismo, suas origens no passado próximo e questiona a atuação de alguns grupos e formatos do que é produzido naquele momento. Sua crítica é lúcida, mas parece ter gerado reações por parte de alguns grupos não citados e, ainda, por outros igualmente citados, mas que não concordaram em partes ou na integra com suas colocações. 3 Referência ao Movimento Internacional Situacionista, ativo no final da década de 1960 que pretendia grandes transformações sociais e políticas. 27 prima que é processada de forma autônoma e independente. O objeto de estudo se torna um desafio a ser entendido e assimilado por constituir-se em um objeto de configuração híbrido. A informação e a interação geradas pela obra não seguem necessariamente um processo linear. Em muitos dos casos estudados, verificaram-se soluções nem sempre usuais ao universo das artes, como estratégias para driblar a censura e a perseguição política. Este fator contribui para que tenhamos como perspectiva de pesquisa de Doutorado uma reflexão ampliada para além do contexto histórico do objeto artístico estudado, mas com um olhar voltado para a obra autoral deste artista pesquisador, também gerado por meio de processos semelhantes. Essas criações atendiam e atendem a uma agenda comum de propósitos que podem estar ligados aos mais variados temas. As questões, hoje, relacionadas com as minorias são, provavelmente, mais recorrentes. Questões de gênero, étnicas, ambientais, sobre a violência e a corrupção, propostas políticas, projetos para a cidade, entre outras, são abordadas por meio das estratégias próprias do Artivismo. Os grupos se fazem representar por meio dos trabalhos que podem ser considerados como atos políticos de resistência e recusa a participar e assimilar uma estética pronta, apenas por conveniência ou aceitação, que reverberaram nas gerações futuras, contribuindo para o surgimento de novos procedimentos e processos de fatura da obra de arte. Aqui, encontraremos afinidades na pesquisa plástica do artista pesquisador, em uma situação de proximidade entre os trabalhos, a começar pelo trânsito por meios alternativos, undergrounds, como são conhecidos os trabalhos de fora do circuito das artes ou do mercado. O Artivismo se manifesta em seu trabalho quando opta por produções coletivas, utilizando, também, ferramentas não convencionais ao mesmo tempo em que configura o trabalho com experimentações, provocações plásticas de teor político ativista. Este projeto busca problematizar e balizar esta produção plástica que caminha em direção ao que se convencionou chamar de Arte Artivista, Arte Engajada, ou Arte Política. Espera-se com isto identificar os fatores determinantes para a configuração poética de um artista ativista, evidenciando os aspectos relacionais às questões materiais e processuais. (BOURRIAUD, 2009). Para isto, consideramos a interação entre as obras de produção autoral 28 e as familiaridades encontradas com os autores comparados, na medida em que percebemos o desenvolvimento de uma auto-poiesis, um despertar, que evocam a complexidade de relações sistêmicas, que não se aprendem, essencialmente, em manuais, mas, vivenciam-se na vida cotidiana (MATURANA; VARELA, 1984). Foi por meio da obra autoral e da reflexão proporcionadas pelas ações empreendidas nesse fazer, que o trabalho se encaminhou para o que se considera arte ativista. Aqui se faz necessário entender que isso nos levou ainda ao terceiro ponto importante da pesquisa: o caráter híbrido da obra artivista. Atendo-se ainda ao contexto histórico, verificamos que a qualidade da obra, a vivência e sua fruição, passaram por um deslocamento diante da profusão de elementos que se apresentam daí para adiante: o surgimento de novas mídias e tecnologias; a relação da obra como experimento; o cruzamento dos sistemas e linguagens; o surgimento de novas áreas de conhecimento e atuação, como a Biotecnologia, Tecnologias de Interfaces, a Robótica e outros campos da Ciência, mudando por completo a forma de se perceber, fazer, sentir, experimentar e pensar a Arte. Há ainda o assalto brutal do mercado ao universo artístico, alterando, por vezes, a percepção de como a obra é entendida; as oscilações políticas mundiais, em especial, na América do Sul. Temos a compreensão de que as relações geradas a partir desses embates entre o objeto artístico e o fruidor, confundem-nos a todos (BOURRIAUD, 2009), estudiosos do assunto, grande público, deslocando-se para um campo em que o entretenimento e a cultura de massa se assemelham, tornados, aparentemente apenas, uma coisa só, ao incorporar o discurso artístico, subvertendo-o e colocando-o em uma nova ordem de valores. Na contramão disso, temos o ressurgimento de artistas e outros agentes propositores de ações, não necessariamente artistas, que extrapolam os limites do fazer, dos espaços e da compreensão e controle da crítica institucional. Neste cenário, os processos e procedimentos artísticos do trabalho artivista ganham novas perspectivas e grande relevância, isto é, quando não desprezado completamente como estratégia institucional para anulá-lo, diante da complexidade do assunto ou da agenda política que hoje, mais do que nunca, norteiam a pauta daqueles que abraçam e ajudam a levar adiante, em 29 sua poética, um discurso que se pretende transformador por meio da obra de arte. Partindo dessas reflexões, percebeu-se a necessidade de examinar mais detidamente aspectos fundamentais da formação e configuração da matéria artística (PAREYSON, 2001, p.25), na obra artivista, a fim de que possamos estabelecer fontes seguras de conhecimento para o fazer autoral, para o registro metodológico, processual e material que deverão apontar caminhos para novos pesquisadores. 1.3 Metodologia Pretende-se realizar projetos autorais de ação artivista que envolvam necessariamente a construção colaborativa entre agentes produtores de arte ampliando o leque de pesquisa para além do campo da Arte Correio ou Arte Postal, meios levantados durante a pesquisa de Mestrado, mas, indo ao encontro de outros meios, considerando para isto: trabalhos coletivos de ateliê; intervenções urbanas; site-specifics; arte eletrônica; biotecnologia e residências artísticas. A produção textual gerada na dissertação de Mestrado conta com uma extensa bibliografia estudada, porém, percebe-se que há ainda a ausência de bibliografias específicas sobre o Artivismo. Desta maneira, o desafio inicial será a coleta de dados e a leitura de bibliografias, artigos e trabalhos que cerquem o objeto de estudo. Além do levantamento bibliográfico e o estudo sistemático da documentação levantada objetivando classificar e categorizar os meios de produção artivista, pretende-se criar uma visão panorâmica dos meios surgidos na última década no Brasil, traçando um panorama contextualizado que contemple os agentes, artistas, produtores de modo geral, atuantes no que hoje se considera Arte Artivista. Promover ações simbólicas por meio de metodologias e processos baseadas em sistemas híbridos de produção colaborativa, tanto em sua estrutura formativa, como nas estratégias de difusão da obra. Estas estratégias buscam problematizar, mapear e entender a amplitude do raio de ação de novos grupos e meios; a relação com as novas mídias e a interação dada pelo rompimento das fronteiras, provocada pela inserção dos novos meios digitais. 30 Análises comparativas e trabalhos autorais que verifiquem a atomização, ou pulverização, destes limites estanques da linguagem. Construir novas relações por meio de proposições e projetos, como os iniciados no Mestrado4, entre os agentes artistas ainda ativos da década de 60 e os representantes de novas gerações a fim de estabelecer paralelos entre os objetos artísticos produzidos através de processos carregados por forte carga crítica e teor político. Esta análise buscará compreender o contexto em que estas obras apareceram, buscando estabelecer os pontos em comum existentes no âmbito político, sócio–culturais e econômicos que possivelmente possam ter sido determinantes para seu surgimento, ora como elemento de contestação política e do próprio mercado de arte, ora como experimentalismos e conceitualismos, quando não, as duas ou mais possibilidades reunidas em obras construídas de forma colaborativa e compartilhadas em uma rede de relações e interações (MESQUITA, 2011); as possíveis origens destes trabalhos; o seu cruzamento de caráter híbrido, fazendo uso de meios tecnológicos diversos. A começar por materiais mais simples, como o papel, utilizado na Arte Correio, a Xilogravura, o Xerox, o Livro de Artista como objeto e sua gradativa transformação sofridas pelo uso de novas tecnologias. A leitura de bibliografias será apoiada em uma pesquisa meticulosa da iconografia produzida no período estudado por meio de registro fotográfico de acervos, quando possível, e, eventualmente, entrevistas em vídeo de artistas, críticos, autores ainda em atividade, com a finalidade de formar um acervo documental contextualizado que promova o reconhecimento da importância do Artivismo e seus desdobramentos nas práticas contemporâneas das poéticas de resistência. 1.4 Justificativa A variada quantidade de proposições artivistas surgidas atualmente envolvendo linguagens, poéticas, meios, sistemas e processos, além da 4 Durante o período de pesquisa do Mestrado, este pesquisador e o grupo Coletivo Ateliê 308, do qual faz parte, propuseram duas edições da Bienal Internacional de Guarulhos do Pequeno Formato. Um evento que reuniu 2000 obras de cerca de 700 artistas e 29 países participantes. Dentre eles, alguns dos artistas citados neste projeto de Doutorado. Nomes como Almandrade, Clemente Padin, Constança Lucas, Francisco Maringelli, Sérgio Niculitcheff, Hugo Pontes, entre tantos outros de relevância para a produção nacional, internacional e artivista. 31 profusão crescente e dinâmica de trabalhos com configurações que diferem dos meios tradicionais de fatura e da forma como se apresentam os objetos de arte, nos apontam para a necessidade desta pesquisa de Doutorado. O caráter efêmero de algumas destas produções construídas, em muitos casos, com matérias-primas que desconsideram sua permanência futura, às vezes, em ações rápidas e passageiras, tornam necessário o olhar atento do pesquisador e métodos específicos de abordagem para que se possam gerar registros e subsídios para a memória, o estudo e a construção do trabalho autoral e a contribuição para futuras pesquisas. Encontramos lacunas entre as publicações específicas sobre o Artivismo no Brasil, talvez em razão da dinâmica veloz da produção atual. A informação contemporânea, por mais rápida que seja, parece não dar conta em estabelecer um registro seguro para quem deseja pesquisar mais a fundo. As plataformas digitais e as cidades tornaram-se laboratórios e territórios abertos para a criação coletiva e colaborativa (BRISSAC, 2005), de forma que é muito difícil para as instituições acompanhar, registrar e sistematizar todo esse conteúdo, dado o número imenso de agentes e produções diárias que vemos surgir a cada instante. A disputa por narrativas que constroem a verdade e as relações momentâneas, da qual nos alerta Bauman ao falar-nos dos tempos líquidos (BAUMAN, 2007), contrapõem-se, em certo sentido, com os que lutam por seu lugar, seu protagonismo na História, indo além do deleite e da apreciação estética. A forma como esse protagonismo acontece e como os limites são ultrapassados, no encontro entre Arte e Ativismo, incluem também, neste caso, o trabalho autoral deste artista pesquisador. Verificamos a necessidade do estudo sobre as questões pertinentes à confecção da obra, materiais e métodos sobre como funcionam as redes de compartilhamento e ação dentro da Arte Ativista, por entender a sua potência para a criação de novas obras, artistas e ações catalisadoras de narrativas utópicas e transformadoras da sociedade. A pesquisa deverá gerar uma parte documental sobre procedimentos, linguagens e sistemas que foram incorporados por artistas e grupos ativistas que adotaram a arte como instrumento para a veiculação de suas ideias. Para que se entenda o lugar do Artivismo na poética pessoal deste pesquisador, 32 torna-se necessário compreender a História recente do país e do mundo, levando em conta o papel importante das novas gerações de artistas que utilizam de novas tecnologias e estratégias, como o Ciberativismo e outras ainda menos conhecidas, mas não menos importantes, para se fazer ouvir. Os recentes problemas encontrados por artistas no mundo, em que questões políticas como a luta contra o Fascismo e ideias extremistas reacendem um clima de patrulhamento do pensamento, levando às vezes a atos de violência, sejam eles simbólicos ou reais, mas, em especial no Brasil5, em que movimentos ultraconservadores parecem reeditar um passado sombrio, como a ditadura instaurada em 1964, nos conduzindo para a necessidade de aprofundamento destas questões levantadas. Há que se criar e estudar os meios para que possamos ter um país sempre livre, onde o pensamento seja mediado pela dialética e não por censura e truculência. Por essas razões, espera-se que o trabalho de pesquisa e a obra autoral do artista estabeleçam bases seguras para análises futuras de novas gerações, bem como o registro histórico do que tem sido feito. A pesquisa de Mestrado possibilitou o rastreamento de acervos, formando um amplo panorama contextualizado que permitirá o aprimoramento e o desenvolvimento de um mapeamento mais eficaz ao se propor ações artivistas durante a pesquisa de Doutorado. A produção textual e o trabalho autoral deste projeto de Doutorado caminham em direção aos espaços pertencentes à memória, tanto pessoal, no que se refere ao trabalho autoral, quanto o social, se pensarmos nos autores estudados e no contexto a que estão relacionados os trabalhos autorais desenvolvidos durante o Mestrado. As ações práticas da pesquisa, bem como os projetos de residência artística em diferentes locais do Brasil e, possivelmente, da América do Sul, aproximarão, uma vez mais, o trabalho autoral dos procedimentos e 5 A exposição Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, por exemplo, foi fechada em setembro de 2017, pelo Santander Cultural, após críticas e reações extremas do público de Porto Alegre, que considerou os trabalhos expostos como sendo apologias à zoofilia, pedofilia e blasfêmias religiosas. Não bastasse isto, um clima de violência e ameaças foi difundido pelas redes sociais. Mais adiante, um mês depois, já no Rio de Janeiro, a exposição foi vetada e fechada pelo prefeito e religioso Marcelo Crivella, que alegou que a exposição de “pedofilia e zoofilia”, a ser realizada no Museu de Arte do Rio - Mar, só seria montada novamente com a seguinte fala: “Só se for no fundo do mar”. Por este breve relato, pode-se ter uma ideia do clima gerado no Brasil no contexto político pós-impeachment de Dilma Rousseff, em 31 de agosto de 2016. 33 metodologias capazes de gerar uma obra aberta, que estimule novas problematizações e reflexões de ordem teórica e prática desta modalidade de configuração de obras ou objetos artísticos, permitindo a sequência e a continuidade na investigação das correntes de pensamento e ação artivistas, estabelecendo pontos de confluência e de observação ativos para os objetos artísticos estudados. 1.5 Objetivos Pretende-se aprofundar o estudo sobre as produções coletivas e colaborativas recentes, considerando o uso e a abordagem de diversas linguagens e sistemas, sem perder de vista o foco nas Artes Visuais, em um arco que se desdobra por meio de procedimentos híbridos de produção. Gerar uma obra autoral que contemple a reflexão sobre os temas abordados e possibilite a percepção e compreensão do caráter híbrido do fazer artivista na obra de arte contemporânea. Reforçar o elo já existente entre diversos artistas da América Latina, pesquisados e contatados antes e durante o Mestrado, em especial a América do Sul, com vistas em possíveis residências artísticas em Argentina e Uruguai, além de outros locais do Brasil, a fim de entender os processos individuais e coletivos locais, estreitando as relações e considerando os meios e os propósitos para os quais as obras são criadas, bem como o caráter da cultura regional e todo o contexto social e histórico em que estão inseridas as produções contemporâneas. Produzir trabalho autoral que estabeleça o diálogo entre os artistas e o público dos locais pesquisados, promovendo ações práticas de experimentação e transformação em consonância com a práxis e a poiesis artivista. As residências artísticas permitirão o contato com diferentes realidades e a aplicação de proposições de trabalhos autorais e ações colaborativas eficazes, além de permitir a elaboração de um importante registro documental, fotográfico, audiovisual e plástico que possibilitem uma futura exposição e publicação, como forma de contribuição para a comunidade acadêmica e o grande público. 34 1.6 Estrutura da Tese A presente Tese de Doutorado foi estruturada em cinco Capítulos, que compreendem a seguinte divisão: O Capítulo A[R]TIVISMO: HEURÍSTICA HÍBRIDA E ARTE ENGAJADA apresenta um estudo do princípio híbrido do Artivismo, no contexto do Hibridismo em Artes e das formulações conceituais de Hibridações de Meios, Sistemas e Poéticas de Agnus Valente. O estudo aborda desde a hibridação de Arte e Política, inerente ao Artivismo, até as hibridações desencadeadas no processo de criação de artivistas e coletivos artivistas, pela multiplicidade de meios e linguagens utilizados em suas ações, bem como pela tendência à co- criação e criação coletiva nesses processos de produção. Em seguida, o texto segue refletindo sobre a Arte Engajada, apontando as proposições e problematizações dessa modalidade de arte, com desdobramentos na questão sobre os processos de formação do Artivista. O Capítulo ARTIVISMO – UMA REVOLUÇÃO HÍBRIDA E PERMANENTE apresenta uma reflexão sobre a definição de arte artivista dentro do panorama contemporâneo, tendo como ponto de partida um olhar sobre o Artivismo por um recorte na obra de Scott Heron (1949 – 2011), poeta e compositor estadunidense, que contribuiu com relevância significativa para o fortalecimento dos movimentos de emancipação dos direitos civis da população negra dos Estados Unidos da América, principalmente entre as décadas de 1960 e 1980. Escolhemos Scott Heron pelo fato de ser o autor da famosa frase: “a revolução não será televisionada”, insistentemente replicada no atual momento histórico pelo qual passamos, considerando, inclusive, a apropriação deste lema por diversos grupos; em publicações; discursos de partidos e até de líderes religiosos. Esta frase emergiu com força total a partir dos movimentos que culminaram no impeachment da Presidenta Dilma Rousseff (1947-), em 2016, e que nos oferece um indicativo, uma pequena amostragem, do que hoje entendemos e é designado pelo termo “Guerra Híbrida”. Uma expressão relativamente recente e que tenta dar conta da multiplicidade de situações em que foi formada e que envolvem a demanda rápida da informação e da cultura, 35 principalmente quando pensada sob a lógica das redes, mediada por algoritmos e a força das grandes corporações. No Capítulo ESPAÇOS DE TRABALHO – O ATELIÊ E A CIDADE COMO CAMPO AMPLIADO, voltamos nosso olhar para os espaços de trabalho, com um levantamento histórico das formas primitivas de ateliê até os dias atuais. Conceitos de “campo ampliado” de Rosalind Krauss e “Não-lugar” de Marc Augé embasam as reflexões sobre o lugar do ateliê e de outros espaços na produção contemporânea, considerando o urbano e, sobretudo, o virtual como espaços por excelência de atuação do Artivismo contemporâneo. O Capítulo PRÁXIS ARTIVISTA FORA DOS CIRCUITOS: OCUPAÇÃO PRESTES MAIA E ARTE CORREIO apresenta estudos de caso, tendo como referência projetos de intervenção urbana, como o realizado na Ocupação Prestes Maia, e vai adiante, a partir de registros e reflexões relacionadas à materialidade da obra artivista e dos procedimentos adotados durante a pesquisa. Apresentamos uma abordagem da Arte Correio, com foco no contexto histórico-político das atividades do pioneiro Ray Johnson, bem como da Arte Correio no Brasil, seu embate com ditadura e censura, a atuação de Paulo Bruscky, os Arquivos até a institucionalização em acervos. A reflexão sobre Arte Correio aponta procedimentos que estabelecem relações entre a poética artivista e formas híbridas de produção. No Capítulo UMA POÉTICA DA DERIVA NA CIDADE – DESENHO, PINTURA, GRAVURA E EXPERIMENTOS HÍBRIDOS, encontraremos os registros em imagens e comentários; projetos e produções recentes do autor desta pesquisa, tanto individual quanto coletiva junto ao grupo Coletivo Ateliê 308. Inspirando-se artisticamente na Teoria da Deriva de Guy Débord, o Coletivo realizou caminhadas e intervenções na cidade em que atua, Guarulhos, inclusive, durante o período da pandemia de COVID 19, junto aos trabalhadores que tiveram que sair para trabalhar apesar das restrições adotadas pela OMS. Esse capítulo, em especial, era pensado para conter parte de visitas a serem realizadas a outros grupos coletivos da América Latina, mas, 36 as visitas ficaram comprometidas em função das restrições impostas pela OMS, o que nos fez mudar a estratégia, acionando a rede de Arte Postal, para romper com a barreira do impedimento físico. Sob o conceito de Não-Lugar de Augé, Campo Expandido de Rosalind Krauss e Estética Relacional de Bourriaud, os trabalhos apresentados evocam a psicogeografia, as relações existentes entre as pessoas, os lugares registrados, as histórias narradas, a invisibilidade e o apagamento, articulando o acesso desse trabalho nas ruas por meio de lambe-lambes com QR-Codes que remetem a vídeos hospedados na internet e que podem ser acessados por todos e de qualquer lugar. 37 2 A[R]TIVISMO: HEURÍSTICA HÍBRIDA E ARTE ENGAJADA Entendemos que um trabalho de arte, uma produção, independente de qual for a linguagem escolhida por seus autores, e seja ela realizada de forma individual ou coletiva, é sempre uma tentativa de estabelecer diálogo com o outro, num exercício de encontro com o outro, diálogo esse que se realiza primeiramente consigo mesmo, como nos aponta Cecília Salles: A obra é permanentemente julgada pelo criador, como já mencionamos. Estamos, assim, diante de outra instância comunicativa do processo de construção. É o diálogo do artista com ele mesmo, agindo nesse instante, como o primeiro receptor da obra (SALLES, 2011, p.50). Em função disso, acreditamos que seja possível afirmar que o ato de criação, mesmo quando solitário, é, por si, um exercício de caráter político. Falaremos mais adiante sobre esse tema, mas, de imediato, sinalizamos que a produção de uma obra de arte evoca amplas possibilidades de leitura e parte do que se pode perceber é revelado já durante o processo de sua construção, ou mesmo depois de realizada, quando completamos a sua leitura. A capacidade que temos de romper com os limites preestabelecidos no universo da criação pode ser determinante para estabelecermos essa leitura de uma obra mais, ou menos, política. Isso porque entendemos que os limites são, em geral, impeditivos que estão condicionados a determinados padrões, a estruturas de poder de várias ordens, de aspectos diversos, a começar pelas questões sociais, de classe, culturais, de concepções de vida, regionais, territoriais, e tantas outras formas distintas de impedimento, alguns, inclusive, impostos pelo sistema convencional da Arte. Em teoria, esse pensamento corresponde ao que se pensa no senso comum, como sendo algo libertário pelo simples fato de ser Arte. 38 No entanto, o que pode ser percebido algumas vezes, é que, a Arte assume, também, discursos conservadores, reacionários, presos às amarras institucionais, inclusive, reforçando parte das estruturas de poder, envolvida em regras de valoração criadas pelo próprio Sistema. Os limites seriam, portanto, um paradoxo. Na mesma medida em que impedem artistas de avançar em suas obras, por outro lado, tensionam, provocam e estimulam o seu progresso: Limites internos e externos à obra oferecem resistência à liberdade do artista. No entanto, essas limitações revelam-se, muitas vezes, como propulsoras da criação. O artista é incitado a vencer os limites estabelecidos por ele mesmo ou por fatores externos, como a data de entrega, orçamento ou delimitação do espaço. (SALLES, 2011. p.69). O que nos parece ser um dos pontos centrais do problema quando tratamos do termo “artivismo”, em que pese a definição dada pelo neologismo da palavra, é que, em certo sentido, resiste, e reside, exatamente, no rompimento dos limites entre áreas de conhecimento relacionadas, como quando definimos esse termo a partir de um trabalho que foi gerado. Em que lugar estaria situado, ou a que área do conhecimento pertenceria o trabalho artivista? Arte, Política, ou ambos? Pensamos que o Artivismo possa indicar caminhos para uma nova área de conhecimento. Uma área específica, híbrida, que entrecruza meios, processos, performatividades, mas, mais do que isso, uma área que surge como uma possibilidade que transita entre outras áreas sem se deixar estar em nenhuma exclusivamente: Conforme o caráter da criação híbrida, o artista híbrido pode experimentar uma sensação de não pertencimento a nenhum sistema ou categoria de arte, na medida em que se encontra em uma região fronteiriça, num espaço “entre” que torna sua produção desterritorializada, num sentido de liberdade que, contraditoriamente, somente um desterrado poderia usufruir. (VALENTE, 2015, p.15-16). 2.1 O Caráter Híbrido do Artivismo Para seguirmos nossa reflexão, cumpre esclarecer nossa perspectiva sobre o caráter híbrido do Artivismo, que compreendemos no contexto do Hibridismo em Artes, enquanto procedimento de misturas efetuadas no processo de criação, segundo a pesquisa de Agnus Valente que formula os conceitos de Hibridações de Meios, Sistemas e Poéticas, ressaltando que “o 39 termo hibridações é aqui compreendido como procedimentos poéticos” (VALENTE, 2008, p.26) empregados na produção da obra de arte, observando- se a associação de hibridismo com a biologia genética: Para investirmos numa reflexão sobre os processos de criação no contexto do hibridismo em artes, é fundamental atentarmos para, ou considerarmos o fato de que o próprio termo “hibridismo” já revela uma relação híbrida da arte com outras áreas do conhecimento das quais transfere o conceito e suas variantes – notadamente da genética e da física. Vale frisar que comumente associamos terminologias da biologia genética para darmos conta de processos criativos com base antes na experiência e na vivência do que no conhecimento dos conceitos científicos: termos como “germinação”, “gestação”, e “parto”, bem como a expressão “dar à luz”, providos de universalidade e potência poética, transformaram-se em metáforas da criação, dotadas de significativa carga simbólica. (VALENTE, 2015, p.14) Além da própria relação com a criação, o hibridismo traz em sua etimologia alguns paradoxos importantes que dimensionam sua aplicação, sugerindo modos e conotações diferentes para os processos de misturas realizados: Com relação à etimologia, a discussão sobre a dicotomia entre “hybris” e “hibrida”, definições respectivamente encontradas nas etimologias grega e romana, é esclarecedora a respeito desses processos criativos, sobretudo com relação à tomada de posição do artista diante das suas próprias práticas híbridas. O conceito de “hybris” é carregado de sentidos relacionados ao modo agressivo como os gregos, quando vitoriosos em suas batalhas ou guerras, tomavam e destruíam os bens dos vencidos, numa pilhagem extensiva às mulheres e filhas, a quem violentavam e, depois, abandonavam à própria sorte, gestando um ser híbrido já de antemão renegado pela família, um ser sem pátria e sem “pertencimento” a nenhuma das sociedades. [...] Já o termo “hibrida”, de origem latina, remete a uma situação diferenciada, na medida em que contém um pensamento expansionista do Império Romano no sentido de se constituir uma grande unidade imperialista. (VALENTE, 2015, p.14- 15, grifos nossos.) Essa mesma dicotomia surge na relação hibridação/hibridização, que aponta para diferentes modos e resultados do processo de mistura: No que diz respeito à hibridação e hibridização, o que distingue esses termos é sua origem respectivamente na genética e na física/química. O sentido atribuído a cada um desses termos advém de fato de como cada um desses processos se realiza. De um lado, na “hibridação”, temos uma analogia ao processo biológico de acasalamento, de cruzamento entre espécies no sentido de uma fertilização que pode ser casual ou intencional, natural ou induzida, interna às espécies ou não, e que, uma vez efetivada, desenvolve um processo de gestação que resulta da fusão entre as partes envolvidas. De outro lado, na hibridização, remetendo aos experimentos nucleares de bombardeamento de elétrons, encontramos um processo metaforicamente explosivo, de antagonismos e conflitos entre as 40 partes misturadas, causando um efeito, com certeza, mas que se aproxima mais da ideia de um rompimento, de uma fissão – na hibridização, encontramos, sobretudo, a ideia do híbrido como um ser fragmentado ou fragmentário. (VALENTE, 2015, p.15, grifos nossos.) Entre as hibridações de meios, sistemas e poéticas, resumidamente podemos dizer que a hibridação de meios promove misturas entre os meios artesanal, industrial e digital, bem como materiais de produção. A hibridação de sistemas mistura os sistemas e linguagens, artísticas ou não. E a hibridação de poéticas mistura o modo de ser e de fazer dos artistas nos casos de influências artísticas, co-criações ou criações coletivas (VALENTE, 2008). A hibridação primeira no Artivismo, já indicada no próprio neologismo que aglutina Arte e Ativismo, seria a de hibridação de sistemas, “de cunho intertextual e intersemiótico” que “viabiliza as relações intersígnicas entre sistemas ou aquelas decorrentes das passagens de um meio ou sistema a outro” (VALENTE, 2008, p.230), envolvendo, como já dissemos, as duas áreas, Arte e Política: A hibridação de sistemas mobiliza diferentes sistemas além da Arte, revelando uma reflexão interdisciplinar que absorve outras áreas do conhecimento como Filosofia, Ciência, Astronomia, Arquitetura, Design etc. investindo em aproximações e licenças poéticas numa espécie de encantamento pelas sugestivas e potentes imagens de suas formulações. (VALENTE, 2015, p.22). Além dessa hibridação própria do Artivismo, podem ocorrer hibridações promovidas pelo artivista durante o processo de criação, envolvendo diferentes áreas e linguagens artísticas. Como veremos mais adiante, a hibridação de sistemas no processo de criação da obra artivista também hibrida linguagens artísticas, numa “hibridação de cunho intersemiótico, como criação entre sistemas sígnicos – conceitos extensíveis a todas as criações que mesclam diferentes sistemas artísticos, como por exemplo Animação, Vídeo, Cinema, Teatro, Ópera etc.” (VALENTE, 2008, p. 31), como também pode promover misturas entre, por exemplo, Desenho e Pintura amalgamados numa mesma obra. Por sua vez, a hibridação de poéticas (VALENTE, 2008, p.35-39) é um procedimento que hibrida as formatividades dos integrantes dos grupos geralmente envolvidos na criação coletiva no Artivismo, sendo o conceito de Formatividade, de Pareyson (1993), compreendido “enquanto estilo do artista 41 no modo único e irrepetível de seu fazer que se integra à obra enquanto forma” (VALENTE, p.36, grifo do autor) e caracteriza a modalidade pessoal dessa hibridação. Essa modalidade de hibridação interformativa é observável também em co-autorias e criações a quatro mãos, criações em grupo ou coletivas, nas quais as formatividades dos autores hibridam-se internamente à criação artística, em diálogos e embates, consensuais ou não, na busca do completamento da obra numa ação compartilhada. (VALENTE, 2010, p.8). Ainda na modalidade pessoal da hibridação de poéticas, Valente contempla também o papel do espectador, atribuindo essa modalidade de hibridação interformativa, “no eixo da recepção, [...] também ao processo de interação do público com a obra”, na medida em que a obra absorve a formatividade “reconhecível na pessoa do espectador”, que considera também “extensivo à sua condição de interator nas mídias digitais” (VALENTE, 2010, p.8). Nessas várias perspectivas, define-se o caráter híbrido do Artivismo em sua ação revolucionária. Essa definição ultrapassa uma questão meramente classificatória, um rótulo, utilizado apenas com a finalidade de estudo. Talvez nos indique que estamos diante de novos caminhos e possibilidades, surgida nas últimas décadas e, ao que tudo indica, de maneira irreversível. Algo que nos pede atenção e exige uma capacidade de interação e reflexão, enquanto criadores, sem perder de vista o público, para quem, afinal, realizamos a obra. O público é um elemento importante a ser considerado, não só por conta da maneira como faz a fruição em sua recepção, mas porque participa como co-criador, a partir do momento em que é convidado a interagir, ou sair, ao menos, do lugar apenas contemplativo. Tendo esse olhar sobre o ato criativo em perspectiva, percebemos que o caminho do Artivismo tem relação com o que se aproxima da vida cotidiana, do que se entende por relação entre múltiplos fatores que envolvem a obra (e por extensão o público), como nos sinaliza Cecília Salles, ao comentar sobre os caminhos de construção de uma obra intersemiótica, o que nos parece ser o caso de uma obra artivista: O ato criador tende para a construção de um objeto em uma determinada linguagem, mas, seu percurso é, organicamente, 42 intersemiótico. O foco da atenção, nesse instante da discussão, é essa natureza híbrida do percurso; no entanto, no contexto da arte contemporânea, onde há o rompimento de fronteiras, não se pode generalizar a informação inicial. Estamos assistindo a uma ampliação dos “espetáculos” artísticos que não limitam a sua materialização a uma determinada linguagem. Nesses casos, não só o processo, como a própria obra, abarca diferentes linguagens. (SALLES, 2011, p. 118). Nesse sentido, o público receptor se depara com essas diferentes linguagens, noutro nível de complexidade, não mais como um agente passivo, mas como elemento capaz de determinar algumas ações que serão tomadas na constituição do trabalho. 2.2 Arte Engajada Nessa perspectiva, entendemos que o fazer e o fruir ganham uma nova razão de ser, influenciando os elementos geradores de uma prática artística. Um fazer ancorado numa espécie de exercício da cidadania. A arte, seja qual for o entendimento que tenhamos sobre ela, está inserida no cotidiano das pessoas. Considerar esse fato é parte fundamental, elemento determinante no ato gerador, que assimila a realidade como um dado, tornando a obra ainda maior, diante do contexto em que está inserida e, em nosso caso, do atual cenário da sociedade brasileira. Sabemos não ser possível definir uma concepção, única, universal, de Arte, e essa não é a nossa intenção. Buscamos compreender, no entanto, em que medida, o que fazemos e entendemos por Arte é, de fato, um instrumento que atua no sentido de transformar a realidade. Compreender esse raio de ação e o seu alcance é importante para decifrar os mecanismos que estão por trás de uma ação artivista. Esse ato de intervir diretamente na realidade, também classificado como Arte Engajada, tem sido observado pelos estudiosos contemporâneos, que se debruçam sobre o assunto, no intuito de encontrar um consenso sobre o tema. No entanto, essa não parece ser uma tarefa fácil; ao contrário, talvez a sua estrutura, forma e conteúdo estejam distantes de serem definidos por uma única palavra. Miguel Chaia nos apresenta uma definição que nos parece satisfatória, ou um ponto de partida, no mínimo, interessante: 43 De forma geral, essa sinalização de entrelaçamento da arte com política realiza a tarefa da crítica social aliada à pesquisa e ao avanço da linguagem e encontra os seus fundamentos nas diferentes contribuições de alguns pensadores: a tese de Karl Marx de que o capitalismo é hostil à arte, ao reduzir implacavelmente a produção artística às leis da produção econômica; a crítica de Nietzsche à cultura e à civilização cristã; a constatação alcançada por Artaud de que o artista (Van Gogh) é suicidado pela sociedade; a crítica da sociedade burguesa industrial e mercantilista feita por Adorno e Debord; e a percepção de que se vive num tempo de assassinos, impossibilitando a arte e a poesia, segundo Rimbaud, Henry Miller e Octavio Paz. Diante dessas condições da sociedade, a arte dialeticamente torna-se portadora de qualidades propícias ao enfrentamento resistente, como se fosse uma garantia da humanidade (CHAIA, 2007, p. 30). Podemos considerar que o local do Artivismo, ou Arte Engajada, é qualquer lugar; em tudo, pode estar presente. As definições, no entanto, são mais complexas do que aparentam ser numa primeira análise. Precisaríamos tentar definir melhor o conceito Artivismo, para seguirmos adiante e compreender que nem todas as pessoas acessam isso, o que chamamos de Arte Engajada. Outro ponto incômodo que surge ao pensarmos sobre a Arte Engajada, ou Arte Ativista, é que, talvez, não exista um limite tão demarcado, uma definição que consiga contemplar o que o termo pode significar. A Arte Engajada pode pertencer a uma área de conhecimento diferente das demais manifestações artísticas. Algumas linguagens, mais tradicionais, talvez não possuam maiores pretensões, ou apresentem outras possibilidades, sem que haja, necessariamente, uma preocupação com questões relacionadas à política, o que nos sugere existir uma diferenciação entre Artivismo e outras manifestações de arte. No entanto, se considerarmos a concepção de arte dentro desses parâmetros, em que é relacionada com a vida cotidiana, com a política, lembraremos que essa é uma ideia que não é novidade, mas que pode ser um ponto de partida mais seguro, para que possamos compreender essa suposta nova área. Pode ser que a ideia de arte relacionada às questões políticas e à vida cotidiana tenha sido entendida como algo comum, presente ao longo de toda a história da humanidade. Não podemos ignorar que a arte é modificada pelas 44 ações humanas, assim como a história. Os eventos que ocorrem, nem sempre estão sob controle, e refletem na história, na forma como é registrada e, a partir disto, na maneira de se fazer arte. A História é escrita, em linhas gerais, por aqueles que são considerados como os “vencedores”. São os mesmos que monopolizam os meios para contá- la e controlá-la, e que, com muita frequência, forjam-na conforme seus interesses próprios, restando como testemunho histórico apenas o que desejam que fique registrado oficialmente. É sobre essa dinâmica que paira a perspectiva de “escovar a história a contrapelo” (BENJAMIN, 1996)6 e onde reside parte do nosso material de estudo. Seguiremos nessa direção, buscando compreender a História sob o olhar dos desprivilegiados, analisando o que fizeram no passado e como este fazer se efetiva hoje. Entendemos que o Artivismo se relaciona, quando não, proporciona a mediação, aproximando-nos do ponto de vista dos anônimos, dos vencidos, dos despossuídos; daqueles que não estão dentro dos sistemas oficiais e institucionais de arte, com “A” maiúsculo; os excluídos dos sistemas de educação formal; do mercado; da veiculação e escoamento de uma produção enquanto objeto que se pode comercializar e tomar-se uma forma de subsistência, um meio de vida e sustento para quem o faz. Nosso interesse é sobre essa arte que se auto proclama como periférica, seja porque se reconhece como tal, ou porque é assim rotulada. O que nos importa é não perder de vista a sua gênese, como é feita, suas razões, e compreender as reais necessidades de quem a faz; compreender as comunidades e ruas em que nasce; os ateliês improvisados e com poucos recursos; daquilo que surge no lugar onde qualquer manifestação, política ou artística, é vista com surpresa porque é entendida como algo pouco provável. 6 Walter Benjamin nos alerta sobre a forma com que lemos a História que nos é contada. Recomenda que façamos uma leitura dialógica, evitando o olhar historicista, e compreendendo as razões pelas quais multidões de despossuídos têm as suas histórias apagadas, ignoradas e desrespeitadas. Neste sentido, entendemos que quem produz arte ativista, assim como um historiador, tem a necessidade de se colocar como um agente que poderá suscitar o questionamento e oferecer as contra-narrativas necessárias para que se possa, por meio de seus trabalhos, fazer ouvir os que não são ouvidos. 45 Figura 1 – Intervenção de Critical Art Ensemble (CAE). Fonte: Radical Philosophy 129 (2005). Podemos lembrar então que, em diversos momentos da História, a maneira de se pensar e se fazer arte teve uma guinada, tomando outras direções e caminhando no sentido de práticas anti-sistêmicas, abalando o equilíbrio já consolidado ao longo do tempo. E não foram poucos os movimentos e artistas que, envolvidos e comprometidos em fazer a roda da História girar, propuseram mudanças, criaram procedimentos, modelos de intervenção pública (Figura 1) e alteraram o curso dessa ordem estabelecida pelos sistemas institucionalizados. Não há como deixar de relacionar, de imediato, por exemplo, as questões levantadas por artistas como Hélio Oiticica (1937-1980) e Lygia Clark (1920-1988), assim como tantos outros artistas conceituais da segunda metade do Século XX, que tiveram seus olhares e trabalhos voltados para esse fazer ao qual estamos nos referindo, como se pode constatar em diversas obras de Oiticica (Figuras 2-6). Hélio Oiticica, com sua obra e seu texto basilar, Esquema Geral da Nova Objetividade, referência até hoje, e Lygia Clark, com suas experimentações sensoriais, sinestésicas, entre tantos outros, fizeram com que a Arte Brasileira desse um salto rumo ao que hoje entendemos por contemporâneo. 46 Figura 2 – Seja marginal seja herói. 1968. Bandeira-poema de Hélio Oiticica. Pintura sobre tecido, 85 x 114,5 x 3 cm, da Coleção Eugênio Pacelli. Foto: Jaime Acioli. Fonte: MAM Rio On-line. Figura 3 – Metaesquema. Hélio Oiticica. Guache sobre cartão, 68x50cm. 1958. Coleção Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, doação Fininvest. Foto: Vicente de Mello. Fonte: MAM Rio On-Line. 47 Figura 4 – Penetrável Filtro, 1972. Hélio Oiticica. Fonte: Touch of Class On-Line. Figura 5 – Magic Square, 1977. Hélio Oiticica.