UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA INSTITUTO DE QUÍMICA Ariane Isis Barros “Desenvolvimento de métodos para a determinação de Pb, Cd, Cr, Ni e Sb em cosméticos faciais por espectrometria de absorção atômica em forno de grafite de alta resolução com fonte contínua empregando amostragem direta de sólidos” Araraquara 2016 Ariane Isis Barros “Desenvolvimento de métodos para a determinação de Pb, Cd, Cr, Ni e Sb em cosméticos faciais por espectrometria de absorção atômica em forno de grafite de alta resolução com fonte contínua empregando amostragem direta de sólidos” Tese apresentada ao Instituto de Química, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de doutora em Química Orientador: Prof. Dr. José Anchieta Gomes Neto Co-orientadora: Profa. Dra. Edilene Cristina Ferreira Araraquara 2016 DADOS CURRICULARES 1 IDENTIFICAÇÃO 1.1 Nascimento: 14 de Setembro de 1988 1.2 Nacionalidade: Brasileira 1.3 Naturalidade: Nova Xavantina - MT 1.4 Filiação: Cleide Gomes Barros Antônio José Barros da Silva Nome em Citações Bibliográficas: Barros, A. I. 2 FORMAÇÃO ACADÊMICA 2.1 Graduação em Química Universidade Federal de Mato Grosso, UFMT, Brasil. Título do Trabalho de Conclusão de Curso: Utilização de álcool etílico no preparo de amostras para determinação de sódio e potássio em biodiesel por espectrometria de emissão atômica em chama. Período: 02/2006- 02/2010 Orientador: Ricardo Dalla Villa. 2.2 Mestrado em Química Universidade Federal de Mato Grosso, UFMT, Brasil. Título: Métodos alternativos para a determinação de sódio, potássio, cálcio e magnésio em biodiesel. Período: 07/2010- 07/2012 Orientador: Ricardo Dalla Villa. Bolsista da: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES, Brasil. 3 PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 Artigos publicados 1. De Babos, D. V.; Bechlin, M. A.; Barros, A. I.; Ferreira, E. C.; Gomes Neto, J. A.; de Oliveira, S. R. Cobalt internal standard for Ni to assist the simultaneous determination of Mo and Ni in plant materials by high-resolution continuum source graphite furnace atomic absorption spectrometry employing direct solid sample analysis. Talanta, v. 152, p 457-462, 2016. 2. Barros, A. I.; Miranda, K. ; Ferreira, E. C. ; Gomes Neto, J. A. Analytical procedures for cadmium determination in facial make-up samples by graphite furnace AAS. Atomic Spectroscopy, v. 36, p. 102-107, 2015. 3. Virgilio, A.; Rêgo, J. F.; Barros, A. I.; Gomes Neto, J. A. Determination of Cd, Ni and V in spices by solid sampling high-resolution continuum source graphite furnace atomic absorption spectrometry. Journal of the Brazilian Chemical Society, v. 26, n.10, p. 1988-1993, 2015. 4. Barros, A. I.; Silva, Tiago V.; Ferreira, E. C.; Gomes Neto, J. A. Determination of lead in eye shadow and blush by high-resolution continuum source graphite furnace atomic absorption spectrometry employing direct solid sampling. Journal of the Brazilian Chemical Society, v. 26, p. 140-146, 2014. 5. de Magalhães, Márcia R.L.; Barros, A. I.; OLIVEIRA, A. P.; Villa, R. D. Dissolution in ethanol as a sample preparation procedure for determination of metals in biodiesel by FAAS. Current Analytical Chemistry, v. 10, p. 166-171, 2013. 6. Barros, A. I.; de Oliveira, Adriana P.; de Magalhães, Marcia R.L.; Villa, Ricardo D. Determination of sodium and potassium in biodiesel by flame atomic emission spectrometry, with dissolution in ethanol as a single sample preparation step. Fuel, v. 93, p. 381-384, 2012. 3.2 Trabalhos Publicados em anais de eventos científicos 1. Silva, Tiago V.; Ramos, B. C. A.; Barros, A. I. ; Carvalho, G. G. A.; Junior Santos, D.; Neto, Gomes neto, J.A. ; Ferreira, E. C. Avaliação da distribuição de Ni em amostras de bijuterias empregando espectrometria de emissão otica com plasma induzido por laser. In: 4° Congresso Analitica Latin America, 2015, São Paulo. 4° Congresso Analitica Latin America, 2015. 2. Babos, D.V.; Barros, A. I. ; Ferreira, E. C.; Gomes Neto, J.A. Determinação de Co em biomassa por espectrometria de absorção atômica em forno de grafite de alta resolução com fonte contínua empregando amostragem direta de sólidos. In: 4° Congresso Analitica Latin America, 2015, São Paulo. 4° Congresso Analitica Latin America, 2015. 3. Barros, A. I.; Pinto, L. C.; Ferreira, E. C.; Gomes Neto, J. A. Determinação de Cr em sombra de olho e blush por espectrometria de absorção atômica em forno de grafite de alta resolução com fonte contínua empregando amostragem direta de sólidos. In: 4° Congresso Analitica Latin America, 2015, São Paulo. 4° Congresso Analitica Latin America, 2015. 4. Barros, A. I.; Oliveira, A. P. ; Silva, A. S. ; Villa, R. D. Uso da monoetanolamina no preparo de amostras para a determinação de metais em biodiesel. in: 34º Reunião Anual Da Sociedade Brasileira De Química, 2011, Florianópolis-SC. 34º Reunião Anual Da Sociedade Brasileira De Química. Florianópolis-SC, 2011. 5. Barros, A. I.; Magalhaes, M. R. L.; oliveira, A. P.; Villa, R. D. Um método simples e rápido para determinação de na e k em biodiesel por fotometria de chama. In: 33° Reunião Anual - Sociedade Brasileira de Química, 2010, Águas De Lindóia - SP. A Química Construindo Um Futuro Melhor, 2010. 6. Oliveira, A. P.; Villa, R. D.; Magalhaes, M. R. L.; Silva, A. S.; Barros, A. I. Determinação de NA, K, CA e MG em biodiesel por FAAS utilizando etanol no preparo das amostras. in: 50º Congresso Brasileiro de Química, 2010, Cuiabá. 50º Congresso Brasileiro de Química, 2010. 3.3 Apresentação de trabalho 1. Babos, D.V.; Barros, A. I.; Ferreira, E. C.; Gomes Neto, J. A. Determinação de CO em biomassa por espectrometria de absorção atômica em forno de grafite de alta resolução com fonte continua empregando amostragem direta de sólidos. 2015. (apresentação de trabalho/congresso). http://lattes.cnpq.br/2588854413383307 2. Silva, T. V.; Ramos, B. C. A.; Carvalho, G. G. A.; Junior Santos, D.; Barros, A. I. ; Ferreira, E. C.; Gomes Neto, J.A. Avaliação da distribuição de NI em amostras de bijuteria empregando espectrometria de emissão ótica com plasma induzido por laser. 2015. (apresentação de trabalho/congresso). 3. Barros, A. I.; Pinto, L. C.; Ferreira, E. C.; Gomes Neto, J. A. Determinação de Cr em sombra de olho e blush por espectrometria de absorção atômica em forno de grafite de alta resolução com fonte continua empregando amostragem direta de sólidos. 2015. (apresentação de trabalho/congresso). 4. Barros, A. I.; Ferreira, E. C.; Gomes Neto, J. A. Evaluation of wet decomposition and direct solid sampling for cadmium determination in complex samples by electrothermal atomic absorption spectrometry. 2014. (apresentação de trabalho/simpósio). 5. Barros, A. I.; Silva, Tiago V.; Ferreira, E. C.; Gomes Neto, J. A. Determinação de chumbo em cosméticos faciais por SS HR-CS GF AAS. 2013. (apresentação de trabalho/congresso). 6. Barros, A. I.; Oliveira, A. P ; Silva, A. S.; Villa, R. D. . Uso da monoetanolamina no preparo de amostras para determinação de metais em biodiesel. 2011. (apresentação de trabalho/congresso). 7. Barros, A. I.; Silva, A. S. ; Oliveira, A. P. ; Villa, R. D. . Métodos alternativos para a determinação de metais em biodiesel. 2011. (apresentação de trabalho/outra). 8. Barros, A. I.; Magalhaes, M. R. L. ; Oliveira, A. P. ; Villa, R. D. Um método simples e rápido para a determinação de NA e K em biodiesel por fotometria de chama. 2010. (apresentação de trabalho/congresso). 9. Oliveira, A. P.; Villa, R. D.; Magalhaes, M. R. L. ; Silva, A. S.; Barros, A. I. Determinação de NA, K, Ca e Mg em biodiesel por FAAS utilizando etanol no preparo de amostras. 2010. (apresentação de trabalho/congresso). 4 Participação em Eventos 1. 4° Congresso Latin America. Determinação de Cr em sombra de olho e blush por espectrometria de absorção atômica em forno de grafite de alta resolução e fonte continua empregando amostragem direta de sólidos. 2015. (congresso). 2. II Workshop Sobre Laser Em Química Analítica. 2015. (outra). 3. 13th Rio Symposium On Atomic Spectrometry. Evaluation of wet decomposition and direct solid sampling for cadmium determination in complex samples by electrothermal atomic absorption spectrometry. 2014. (simpósio). 4. 1° Escola de Inverno de Quimiometria. 2013. (outra). 5. 17° Encontro Nacional de Química Analítica. Determinação de chumbo em cosméticos faciais por SS HR-CS GF AAS. 2013. (congresso). 6. IX Workshop de preparo de amostra. 2012. (congresso). 7. 34º Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química. Uso da Monoetanolamina no preparo de amostras para a determinação de metais em biodiesel. 2011. (congresso). 8. II Semana Acadêmica da UFMT. Métodos alternativos para a determinação de sódio e potássio em biodiesel. 2011. (encontro). 5. Supervisões científicas realizadas 5.1 Iniciação Científica: Ligia Clarindo Pinto. Determinação de crômio e níquel em cosméticos faciais por espectrometria de absorção atômica empregando amostragem direta de sólidos. 2014. Iniciação Científica. (Graduando em Química) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Dedico este trabalho... ...Aos meus pais Antônio J. Barros da Silva e Cleide G. Barros Pelo exemplo de vida e caráter, por tudo que fizeram por mim ao longo da vida, com muito amor e carinho e pelo apoio a todo e qualquer objetivo que busco. ...Ao meu marido Mário R. S. Soares Por estar presente em todos os momentos, me apoiando, aconselhando e ajudando, sem você esta caminhada seria muito mais difícil. ...Aos meus irmãos Luciana Barros Righetto, Gabriel Barros, Lucas Barros e Isis Barros Que apesar da distância não deixaram nunca de me dar constante apoio Acácia Barros (In memorian), Que de onde estiver acredito que esteja torcendo por mim, como sempre fez, enquanto presente neste plano físico. Aos meus sobrinhos João Gabriel Barros, Miguel Righetto e Vítor Righetto Por trazer luz e alegria a minha vida ...Aos meus sogros Ruth Soares e Wilson Soares Pelo apoio e torcida constante por mim A toda a minha família, que sempre acreditaram, apoiaram e confiaram em mim. AGRADECIMENTOS Á Deus pela vida, por todas as dádivas alcançadas, por sempre me conduzir para o melhor caminho, mesmo que eu teime em ir para o outro lado, e por colocar sempre pessoas boas na minha vida, pois: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria...” Coríntios 13:1-13. Ao Prof. Dr. José Anchieta Gomes Neto, por ter me recebido, pela orientação prestada, por ter confiado no meu trabalho, pela paciência, por sempre me mostrar o caminho correto a seguir, por ter disponibilizado toda a estrutura para a realização deste trabalho e por todo ensinamento passado nestes quatro anos, como orientador e como professor por meio das disciplinas ministradas. Por sempre “apertar o parafuso”, possibilitando desta forma que o meu crescimento científico fosse constante nestes quatro anos. Muito obrigada. A Profa Dra Edilene Cristina Ferreira, pela co-orientação prestada, por sua disponibilidade, estando sempre presente nas discussões, pela confiança, paciência, conselhos, por sempre pensar no melhor para seus alunos, por todo conhecimento passado e por sua grande contribuição neste trabalho. Ao meu marido, por todo amor, companheirismo, compreensão e colaboração. Por sempre estar tentando me ajudar e por sempre apoiar minhas escolhas, mesmo que não concorde com elas. Obrigada por estar comigo desde o início desta caminhada (Início da graduação), o que conquistei até aqui tem grande contribuição sua, tenho muita sorte de ter você na minha vida. Aos meus pais, irmãos, sobrinhos, cunhados: Henrique Righetto e Rúbia Barros e a minha tia Neusa Gomes Barros. Obrigada a todos que apesar de sofrerem com a distância nunca deixaram de me apoiar e me compreender. Tenho muita sorte de ter nascido nesta família maravilhosa, obrigada por tudo que fizeram e fazem por mim, por todo amor, carinho e dedicação. A minha nova família, que apesar de não ter nascido nela, tive a sorte de ter me inserido nela, pois sempre estão me apoiando e torcendo por mim. Meus sogros e cunhados Rogério Soares e Mônica Soares, muito obrigada. Ao Grupo de Espectroanalitica e Automação (GEA) que não são apenas colegas de trabalho, são grandes amigos que levarei por toda a vida. Obrigada pelas discussões, ajuda na parte experimental, conselhos, por nossas conversas em momentos de descontração, por estarem presentes não somente em todas as fases deste trabalho, mas em todos os momentos importantes da minha vida, nestes quatro anos, por todo apoio, torcida e amizade. Aos amigos Tiago Varão, Marcos Bechlin, Felipe Manfroi, Diego Babos, Alan Lima, Carla de Morais e Kelber Miranda, muito obrigada. Esta tese tem a contribuição de cada um de vocês. Obrigada as meninas quase GEAs, Luciana Alves, Juliana Paiva e Carol Breda pela amizade conquistada ao longo dos anos, e ao pequeno Joaquim, o mascotinho do GEA, que veio alegrar nossas vidas. As novas integrantes do GEA, Tháila Cruz e Maisa Lázaro, obrigada pela amizade e torcida. Aos amigos de Cuiabá, que estão aqui na luta junto comigo, Lorena Goulart, Carlos Fernandes, Gregory Grawe, Tássia de Oliveira, Rapher Santos, Everton Oliveira, Patrícia Oliveira, Augusto Hupes da Silva, Rodrigo Pereira, Tatiane Verhalen, Lorena Martelli e Cipriano Gozzo, obrigada por todo apoio e amizade. Em especial a Lorena Goulart que nos dois primeiros anos me ajudou bastante a superar a falta da família, obrigada por toda paciência e amizade. Aos amigos do busão, que estiverem comigo todos os dias indo e vindo de São Carlos/Araraquara, Lucinéia Vizzoto, Silvia Felisberto, João Pedro da Silva e Gabriel Pereira, obrigada por nossas conversas e por sempre estarem dispostos a ajudar no que fosse necessário. Aos funcionários do Instituto de Química, em especial a todos da seção de pós-graduação e da biblioteca pela atenção dada em todos os momentos e principalmente pelo suporte acadêmico. Ao Instituto de Química por todo o suporte dado. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq – pela bolsa concedida. “O país que não dominar a Ciência e a Tecnologia será recolonizado” Darcy Ribeiro RESUMO Este trabalho relata o desenvolvimento de métodos para a determinação de Pb, Cd, Cr, Ni e Sb em cosméticos faciais por espectrometria de absorção atômica em forno de grafite de alta resolução com fonte contínua (HR-CS GF AAS) empregando análise direta de amostras sólidas. Essa técnica foi utilizada devido a sua alta capacidade para a correção de fundo baseada em algoritmos dos mínimos quadrados. Para a determinação de Pb e Sb, interferências causadas por moléculas de SiO(g) nas linhas 283,306 nm (Pb), 217,582 nm (Sb) e 231,147 nm (Sb) foram eliminadas pela aplicação do método de correção de fundo pelos mínimos quadrados (LSBC). Para a correção de fundo na determinação de Pb, o espectro de referência foi gerado a partir de SiO2. Diferentes precursores foram avaliados para geração do espectro de referência para a correção de fundo na determinação de Sb, sendo a zeólita e a mica os precursores mais eficazes. Efeitos de matriz foram avaliados pela comparação das massas características e inclinações das curvas obtidas em padrões aquosos e amostras (ou material de referência certificado). Calibrações com padrões aquosos foram possíveis e curvas com bom coeficiente de correlação (r>0,99) foram obtidas para todos os analitos. Os limites de detecção foram de 0,06 mg kg-1 Pb, 3,67 µg kg-1 Cd, 0,5 mg kg-1 Cr, 0,292 mg kg-1 Ni e 0,32 mg kg-1 Sb. As concentrações dos analitos encontradas em amostras comerciais de blush, sombra de olho e pó compacto variaram de 1,0 – 27,08 mg kg-1 Pb, 5,06 – 198,20 µg kg-1 Cd, 2,87 – 23,65 mg kg-1 Cr, 1,36 – 12,09 mg kg-1 Ni e 9,14 – 14,52 mg kg-1 Sb. A exatidão foi checada pela análise de material de referência certificado (CRM) de solo, testes de adição e recuperação e/ou método comparativo. As concentrações encontradas no CRM foram concordantes com os valores certificados ao nível de 95% de confiança (teste t). Recuperações variaram de 99 – 108 % (Pb), 86 – 115 % (Cd), 105 – 115 % (Cr), 83 – 106 % (Ni) e 82 – 108 % (Sb). Os resultados para Cd e Pb determinados com os métodos propostos foram concordantes com os obtidos com os métodos comparativos, ao nível de 95% de confiança (teste t-pareado). Palavras-chave: Cosméticos Faciais. HR-CS GF AAS. Análise direta de sólidos. LSBC. ABSTRACT This work reports on the development of methods for determination of Pb, Cd, Cr, Ni and Sb in facial cosmetics by high-resolution continuum source graphite furnace atomic absorption spectrometry (HR-CS GF AAS) employing direct solid sample analysis. This technique was used due to the high capability for background correction based on least-squares algorithm. For Pb and Sb determinations, interferences caused by SiO(g) molecule at the lines 283.306 nm (Pb), 217.582 nm (Sb) and 231.147 nm (Sb) were eliminated by applying the least-squares background correction (LSBC). For background correction in the determination of Pb, a reference spectrum was generated from SiO2. Different precursors were evaluated to generate reference spectra for correction of the background in the determination of Sb, been zeolite and mica the most effective precursors. Matrix effects were evaluated by comparing the characteristics masses and slopes of curves in aqueous standards and sample (or certified reference material). Calibration with aqueous standards were possible, and curves with good correlation coefficients (r>0.99) were attained for all analytes. The limits of detection were 0.06 mg kg-1 Pb, 3.67 µg kg-1 Cd, 0.5 mg kg-1 Cr, 0.292 mg kg-1 Ni and 0.32 mg kg-1 Sb. The found concentrations of analytes in commercial blush, eye shadow and compact powder samples were within 1.0 – 27.08 mg kg-1 Pb, 5.06 – 198.20 µg kg-1 Cd, 2.87 – 23.65 mg kg-1 Cr, 1.36 – 12.09 mg kg-1 Ni, and 9.14 – 14.52 mg kg-1 Sb. Accuracy was checked by analyzing soil certified reference materials (CRM), addition and recovery tests and/or comparative method. The concentrations found in CRM were in agreement with certified values at a 95% confidence level (t-test). Recoveries were in the 99 – 108 % (Pb), 86 – 115 % (Cd), 105 – 115 % (Cr), 83 – 106 % (Ni) and 82 – 108 % (Sb) intervals. Results for Cd and Pb determined with the proposed method were in agreement with those obtained by the comparative method at a 95% confidence level (paired t-test). Keywords: Facial Cosmetics. HR-CS GF AAS. Direct solid sampling. LSBC. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Movimentação do mercado de cosméticos no Brasil de 1996 a 2014 ................. 30 Figura 2 - Número de publicações ao longo dos últimos 23 anos, associado às palavras- chave “direct solid sampling” e “sample direct analysis” ....................................................... 41 Figura 3 - Número de publicações ao longo dos últimos 20 anos, associado as palavras chaves “HR-CS GF AAS”, “solid sampling grafite furnace” e “direct solid sampling” ............ 41 Figura 4 - Arranjo instrumental da HR-CS AAS com espectrômetro DEMON, (1 - Lâmpada de arco curto de xenônio, 2- lâmpada de cátodo oco (opcional), 3 - espelhos elipsoidais, 4 –atomizador (chama ou forno de grafite), 5 – fenda de entrada, 6 – espelhos parabólicos, 7 – prisma Littrow, 8 – espelhos de deflexão e fenda intermediária variável, 9 – rede Echelle, 10 - detector CCD ................................................................................................................ 46 Figura 5 - Espectro de bandas de SiO para transição eletrônica X1∑+ A1∏ na faixa de 210 a 260 nm .............................................................................................................................. 51 Figura 6 - Mistura resultante após a neutralização do digerido com H3BO3 ......................... 71 Figura 7 - Resultado da decomposição por via úmida de algumas amostras de cosméticos faciais .................................................................................................................................. 72 Figura 8 - Curvas de temperaturas de pirólise (■,■) e de atomização (●,●) obtidas para 1,5 ng Pb em solução aquosa (a, b) e 5,18 mg kg-1 Pb em amostra de sombra de olho (c, d) sem (a,c) e com (b,d) Pd(NO3)2/Mg(NO3)2. Massas de sombras de sombras de olho (0,2 - 0,4 mg) ............................................................................................................................................ 73 Figura 9 - Correção de fundo pelo método dos mínimos quadrados para o Pb em 283,30 nm. (a) espectro de referência de SiO, (b) espectro da amostra de sombra de olho (1,0 mg kg-1 Pb) – interferência de bandas de SiO de absorção molecular e (c) espectro de absorção para o Pb após a correção por LSBC. A linha pontilhada representa a posição da linha do Pb ........................................................................................................................... 75 Figura 10 - Espectro de absorção resolvido no tempo e no comprimento de onda para o Pb na vizinhança da linha secundária 283,306 nm em amostra de sombra de olho contendo 1,0 mg kg-1 Pb sem correção (a) e após correção por LSBC (b) .......................................... 76 Figura 11 - Influência da massa da amostra sobre a precisão e exatidão da determinação de Pb em amostra de sombra de olho adulto 2 – rosa contendo 4,98 ± 0,72 mg kg-1 Pb. A linha continua e as tracejadas correspondem à média e o desvio padrão (1), respectivamente (n=5). ................................................................................................................................... 77 Figura 12 - Estimativa do fator de homogeneidade (He) para Pb em amostra de sombra de ollho adulto 2 - rosa contendo 4,98 ± 0,72 mg kg-1 Pb ......................................................... 78 Figura 13 - Curvas analíticas para Pb construídas utilizando (■) diferentes quantidades de solução padrão contendo 250 µg L-1 Pb e (●) diferentes massas de amostra de sombra de olho (0,09 – 0,50 mg) contendo 5,18 ± 0,23 mg kg-1 Pb. Programa de Aquecimento indicado na Tabela 10. ....................................................................................................................... 80 Figura 14 - Avaliação do comportamento térmico do Cd por meio de curvas de temperatura de pirólise (■,●) e atomização (■,●) para Cd por LS GF AAS (a) e tempo de pirólise (b). Os dados referem-se a (■■■) meio aquoso e (●●●) meio de digerido de sombra de olho contendo 1,0 mg L-1 Cd e 0,9 mg L-1 Cd, respectivamente ................................................... 87 Figura 15 - Curvas de temperatura de pirólise (símbolo vazio) e atomização (símbolo preenchido) construídas para determinação de Cd por HR-CS GF AAS empregando: solução padrão (a) e amostra (b). Os dados se referem a 50 pg Cd (□■) (a), 30 pg Cd em sombra de olho 10 - rosa (b, □■), 15,53 pg Cd em blush 11 – alaranjado (b, □■), e 9,15 pg Cd em pó compacto 1- marrom claro (□■). Massa das amostras: ~0,3 mg .......................... 90 Figura 16 - Espectro de absorção atômica resolvido no tempo e no comprimento de onda para o Cd na vizinhança da linha 228,802 nm, em amostra de sombra de olho 10 - rosa contendo 30 pg Cd, com tempo de integração de 5 (a) e 2,5 s (b). Massa de amostra: ~0,3 mg ....................................................................................................................................... 91 Figura 17 - Espectro de absorção atômica resolvido no tempo e no comprimento de onda para o Cd na vizinhança da linha 228,802 nm em solução padrão contendo 25 pg Cd (a), blush 11 - alaranjado contendo 15,53 pg Cd (b), sombra de olho 10 - rosa contendo 30 pg Cd (c), pó compacto 1 – marrom claro contendo 9,15 pg Cd (d) e CRM San Joaquim contendo 37,10 pg Cd (e). Massa das amostras e CRM foram de ~0,3 mg e ~0,1 mg, respectivamente .................................................................................................................. 93 Figura 18 - Influência da massa da amostra sobre a precisão e exatidão das determinações de Cd em amostras de sombra de olho 10 – rosa contendo 100,02  2,06 µg kg-1 Cd (a) blush contendo 11 - alaranjado 51,03  1,04 µg kg-1 Cd (b) e pó compacto 1 – marrom claro contendo 30,51  3,04 µg kg-1 Cd (c). A linha contínua e as tracejadas correspondem à média e desvio padrão (1), respectivamente ..................................................................... 94 Figura 19 - Estimativa do fator de homogeneidade (He) para Cd em amostra de sombra de olho 10 – rosa contendo 100,02  2,06 µg kg-1 Cd (a) blush 11 – alaranjado contendo 51,03  1,04 µg kg-1 Cd (b) e pó compacto 1 - marrom claro contendo 30,51 3,04 µg kg-1 Cd (c) ............................................................................................................................................ 95 Figura 20 - Curvas analíticas para Cd construídas a partir de diferentes quantidades de solução padrão contendo 5,0 µg L-1 Cd (■), diferentes massas de amostra de sombra de olho 10 – rosa contendo 100,02  2,06 µg kg-1 Cd (●), diferentes massas de blush 11 – alaranjado contendo 51,03  1,04 µg kg-1 Cd (▲) e diferentes massas de pó compacto 1- marrom claro contendo 30,51  3,04 µg kg-1 Cd (▼). Programa de aquecimento indicado na Tabela 18 ............................................................................................................................. 96 Figura 21 - Sinal transiente de absorção atômica para o Cr em amostra de sombra de olho 1 - preta contendo 5,41 ± 0,48 mg kg-1 Cr. Massa de amostra: 0,2 - 0,3 mg. Pirólise a 1600 °C e atomização a 2700 °C ..................................................................................................... 102 Figura 22 - Sinal transiente de absorção atômica para o Cr em amostra de sombra de olho 1 - preta contendo 5,41 ± 0,48 mg kg-1 Cr na ausência (-) e presença de 1 mg SnCl2 (-). Massa de amostra 0,2 - 0,3 mg. Pirólise a 1600 °C e atomização a 2700 °C ................................ 104 Figura 23 - Sinal transiente de absorção atômica para 1,5 ng Cr em solução padrão (-) sem e (-) com a presença de 1 mg SnCl2. Pirólise a 1600 °C e atomização a 2700 °C ......... 105 Figura 24 - Sinal transiente de absorção atômica para o Cr em CRM San Joaquim soil contendo 130 ± 9 mg kg-1 Cr, sem (-) e com a presença de 1 mg SnCl2 (-). Massa de CRM 0,2 - 0,3 mg. Pirólise a 1600 °C e atomização a 2700 °C ................................................... 106 Figura 25 - Curva de temperatura de pirólise (●,■) e de atomização (○,□) para o Cr em amostra de sombra de olho 1 - preta contendo de 1,94 a 2,91 ng Cr (a) CRM 2709a San Joaquin soil contendo de 26 a 39 ng Cr (b) e solução padrão contendo 1,4 ng Cr (c). (●○) com 1 mg de SnCl2 e (■□) sem SnCl2. Massas de sombra de olho e de CRM: 0,2 - 0,3 mg .......................................................................................................................................... 107 Figura 26 - Espectro de absorção atômica resolvido no tempo e no comprimento de onda para o Cr na vizinhança da linha 428,976 nm em amostra de sombra de olho 1 – preta contendo 5,41 ± 0,48 mg kg-1 Cr. Massa da amostra: ~0,25 mg ........................................ 109 Figura 27 - Influência da massa da amostra sobre a precisão e exatidão da determinação de Cr em CRM de solo contendo 130 ± 9 mg kg-1 Cr. A linha contínua e as tracejadas correspondem respectivamente à media e o desvio padrão (1) ....................................... 110 Figura 28 - Gráfico de significância dos efeitos gerado a partir das condições experimentais e respostas do planejamento fatorial 23 para a otimização do método para Ni .................. 115 Figura 29 - Espectro de absorbância resolvido no tempo e no comprimento de onda em amostra de sombra de olho 4 - rosa contendo 1,4 ng Ni (a), solução padrão contendo 0,75 ng Ni (b) e CRM Montana soil II contendo 4,34 ng Ni (c). Massa de amostra e CRM: ~ 0,20 mg ..................................................................................................................................... 117 Figura 30 - Espectro de absorbância resolvido no tempo e no comprimento de onda na vizinhança da linha do Sb 217,581 nm em: amostra de sombra de olho 2 - lilás contendo 9,14 ± 0,91 mg kg-1 Sb sem correção (a), SiO gerado a partir de SiO2 (b), PO gerado a partir de NH4H2PO4 (c), amostra de sombra de olho 2 lilás após correção por LSBC com espectro de referência gerado a partir de SiO2 (d) e amostra de sombra de olho 2 lilás após correção por LSBC com espectro de referência gerado a partir de SiO+PO (e). Massa da amostra: 0,2 – 0,3 mg............................................................................................................................. 122 Figura 31 - Espectros de referência (absorbância versus tempo) da molécula diatômica SiO, gerados usando diferentes precursores: (-) amostra de sombra de olho (Sb < LD), (-) SiO2 e diferentes proporções da mistura SiO2:TiO2 (m/m): (-) 1:1, (-) 1:2, (-) 1:3, (-) 1:4 e (-) 1:5. Linha do Sb 217, 581 nm (a) e linha ao lado da linha do Sb (217, 564 nm) (b) .................. 123 Figura 32 - Espectros de referência (absorbância versus tempo) da molécula diatômica SiO, gerados com diferentes precursores: (-) amostra de sombra de olho (Sb < LD), (-) SiO2, (-) SiO2:TiO2 1:3, (-) mica e (-) zeólita. Linha do Sb 217, 581 nm (a) e Linha ao lado da linha do Sb (217, 564 nm) (b).......................................................................................................... 124 Figura 33 - Espectro de SiO gerado a partir de amostra de sombra de olho 2 - lilás contendo 9,14 ± 0,91 mg kg-1 Sb (-) e espectro de SiO gerado a partir de diferentes precursores (-): SiO2 (a), SiO2:TiO21:3 (m/m) (b), mica (c) e zeólita (d) ............................. 125 Figura 34 - Espectro de absorção atômica da amostra de sombra de olho 2 – lilás contendo 9,14 ± 0,91 mg kg-1 Sb, após correção por LSBC, com o espectro de referência de SiO gerado a partir de SiO2 (a), SiO2+H2NH4PO4 (b) SiO2:TiO2 (1:3 m/m) (c), mica (d), zeólita (e) e amostra de sombra de olho (Sb < LD) (f) ........................................................................ 126 Figura 35 - Gráfico de significância dos efeitos gerado a partir das condições experimentais e respostas do planejamento fatorial 23 para a otimização do método para Sb. tA: t - Student para a temperatura de pirólise, tB: t - Student para a temperatura de atomização, tC: t- Student para a massa da amostra e tAB, tBC, tAC e tABC: t - Student dos efeitos combinados ....................................................................................................................... 128 Figura 36 - Gráfico de contorno sobreposto obtido por meio do planejamento composto central para otimização das condições experimentais para a determinação de Sb em cosméticos faciais, empregando DSS HR-CS GF AAS ...................................................... 129 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Pigmentos utilizados para adicionar cor à maquiagem ....................................... 32 Tabela 2 - Fórmula da sombra de olho nude com glitter (37,38) .......................................... 32 Tabela 3 - Orientações sobre impurezas de elementos potencialmente tóxicos em cosméticos faciais, estabelecidas pelas legislações vigentes da Alemanha, Canadá, EUA e Brasil ................................................................................................................................... 35 Tabela 4 - Programa de aquecimento para a determinação de Pb, Cd, Cr, Ni e Sb em amostras de cosméticos faciais por HR-CS GF AAS. .......................................................... 55 Tabela 5 - Programa de aquecimento para a determinação de Cd e Pb em amostras de cosméticos faciais por LS GF AAS ...................................................................................... 56 Tabela 6 - Programa de aquecimento para o recobrimento térmico da plataforma de grafite com Rh como modificador permanente................................................................................ 64 Tabela 7 - Planejamento fatorial 23 utilizado para otimização das condições experimentais para a determinação de Ni em cosméticos faciais por HR CS GF AAS ............................... 65 Tabela 8 - Planejamento fatorial 23 utilizado para a otimização das condições experimentais para a determinação de Sb em cosméticos faciais por HR-CS GF AAS .............................. 68 Tabela 9 - Planejamento composto central utilizado para a otimização das temperaturas de pirólise e de atomização para a determinação de Sb em cosméticos faciais por HR-CS GF AAS ................................................................................................................... 68 Tabela 10 - Programa de aquecimento otimizado para a determinação de Pb em amostras de cosméticos faciais ........................................................................................................... 76 Tabela 11 - Parâmetros de desempenho analítico para a determinação de Pb em cosméticos faciais empregando HR-CS GF AAS ................................................................. 81 Tabela 12 – Recuperações (em %) de Pb em diferentes amostras fortificadas. Números entre parênteses representam o RSD médio ....................................................................... 82 Tabela 13 - Resultados (mg kg-1) expressos como média ± SD da determinação (n=3) de Pb em amostras de sombra de olho e blushes empregando DSS HR-CS GF AAS e LS GF AAS ............................................................................................................................................ 83 Tabela 14 - Resultados (mg kg-1) expressos como média ± SD da determinação (n=3) de Pb em amostras de sombra de olho infantil empregando DSS HR-CS GF AAS ....................... 83 Tabela 15 - Resultados (mg kg-1) expressos como média ± SD da determinação (n=3) de Pb em amostras de sombra de olho adulto empregando DSS HR-CS GF AAS ........................ 85 Tabela 16 - Resultados (mg kg-1) expressos como média ± SD (n=3) da determinação de Pb em amostras de blush adulto e infantil empregando DSS HR-CS GF AAS .......................... 86 Tabela 17 - Programa de aquecimento otimizado para a determinação de Cd em amostras de cosméticos faciais empregando LS GF AAS ................................................................... 88 Tabela 18 - Parâmetros de desempenho analítico para a determinação de Cd em cosméticos faciais empregando LS GF AAS ........................................................................ 89 Tabela 19 - Programa de aquecimento otimizado para a determinação de Cd em amostras de cosméticos faciais empregando DSS HR-CS GF AAS .................................................... 91 Tabela 20 - Massas características e coeficientes angulares das curvas analíticas construídas em solução aquosa, sombra de olho, blush e pó compacto para o Cd ............. 96 Tabela 21 - Resultados (µg kg-1) expresso como média ± SD da determinação (n=3) de Cd em CRM San Joaquim e em amostras de cosméticos faciais empregando LS GF AAS e DSS HR-CS GF AAS ........................................................................................................... 97 Tabela 22 - Recuperações (em %) de Cd em diferentes amostras fortificadas. Números entre parênteses representam o RSD médio. ...................................................................... 98 Tabela 23 - Concentrações de Cd (μg kg-1) expressa como média ± SD da determinação (n=3) de Cd em amostras de blush e pó compacto empregando DSS HR-CS GF AAS ....... 99 Tabela 24 - Concentrações de Cd (μg kg-1) expressa como média ± SD da determinação (n=3) de Cd em amostras de sombra de olho adulto e infantil empregando DSS HR-CS GF AAS ......................................................................................................... 100 Tabela 25 - Programa de aquecimento otimizado para a determinação de Cr em cosméticos facias por DSS HR-CS GF AAS co-injetado com SnCl2 ..................................................... 108 Tabela 26 - Parâmetros de desempenho analítico para a determinação de Cr em cosméticos faciais empregando DSS HR-CS GF AAS ......................................................................... 111 Tabela 27 - Recuperações (em %) de Cr em diferentes amostras fortificadas. Números entre parênteses representam o RSD médio .............................................................................. 111 Tabela 28 - Resultados (mg kg-1) expressos como média ± SD da determinação (n=3) de Cr em amostras de sombra de olho, blush e pó compacto, empregando DSS HR-CS GF AAS .......................................................................................................................................... 112 Tabela 29 - Respostas do planejamento fatorial 23 para otimização do método para a determinação de Ni em cosméticos faciais, empregando DSS HR-CS GF AAS ................ 115 Tabela 30 - Programa de aquecimento otimizado para a determinação de Ni em cosméticos faciais empregando DSS HR-CS GF AAS ......................................................................... 116 Tabela 31 - Parâmetros de desempenho analítico para determinação de Ni em cosméticos faciais empregando DSS HR-CS GF AAS ......................................................................... 118 Tabela 32 - Recuperações (em %) de Ni em diferentes amostras fortificadas. Números entre parênteses representam o RSD médio .............................................................................. 118 Tabela 33 - Resultados (mg kg-1) expressos como média ± SD da determinação (n=3) de Ni em amostras de sombra de olho, blush e pó compacto empregando DSS HR-CS GF AAS .......................................................................................................................................... 119 Tabela 34 - Programa de aquecimento otimizado para a determinação de Sb em amostras de cosméticos faciais empregando DSS HR-CS GF AAS .................................................. 130 Tabela 35 - Recuperação (%) ± SD de Sb em amostra de sombra de olho fortificada (6,0 mg kg-1 Sb) e CRMs San Joaquim e Montana soil II, sem e com correção de fundo por LSBC com diferentes precursores................................................................................................ 131 Tabela 36 - Recuperações (em %) de Sb em diferentes amostras fortificadas. Números entre parênteses representam o RSD médio. .................................................................... 132 Tabela 37 - Resultados (mg kg-1) expressos como média ± SD da determinação (n=3) de Sb em amostras de sombra de olho, blush e pó compacto, empregando DSS HR-CS GF AAS .......................................................................................................................................... 133 LISTA DE ABREVIATURAS AAS Do inglês atomic absorption spectrometry, espectrometria de absorção atômica. AS OES Do inglês arc source optical emission spectrometry, espectrometria de emissão ótica com fonte de arco. BOC Do inglês background offset correction, correção de fundo offset. CCD Do inglês charge-coupled device, dispositivo de carga acoplada. CP Do inglês central pixel, pixel central. CS Do Inglês Continum source, fonte contínua. CV AAS Do inglês Cold Vapor Atomic Absorption Spectrometry, espectrometria de absorção atômica com geração de vapor frio. DEMON Do inglês Double-Echelle Monochromator, monocromador Echelle duplo. F AAS Do inglês flame atomic absorption spectrometry, espectrometria de absorção atômica em chama. GF AAS Do inglês graphite furnace atomic absorption spectrometry, espectrometria de absorção atômica em forno de grafite. HR-CS F AAS Do inglês high-resolution continuum source flame atomic absorption spectrometry, espectrometria de absorção atômica em chama de alta resolução com fonte contínua. ICP-MS Do inglês inductively coupled plasma - mass spectrometry, espectrometria de massas com plasma indutivamente acoplado. ICP OES Do inglês inductively coupled plasma optical emisson spectrometry, espectrometria de emissão óptica com plasma indutivamente acoplado. LD Limite de detecção. LQ Limite de quantificação. LIBS Do inglês Laser Induced Breakdown Spectrometry, espectrometria de emissão ótica com plasma induzido por laser . LS Do inglês line source, fonte de linha. LS AAS Do inglês line source atomic absorption spectrometry, espectrometria de absorção atômica com fonte de linha. LSBC Do inglês least square background correction, correção de fundo por mínimos quadrados. LS ET AAS Do inglês line source electrothermal atomic absorption spectrometry, espectrometria de absorção atômica com atomização eletrotérmica com fonte de linhas. m0 massa característica. NAA Do inglês neutron activation analysis, análise por ativação neutrônica. r Coeficiente de correlação linear. RSD Do inglês relative standard deviation, desvio padrão relativo. SD Do inglês standard deviation, desvio padrão. SS OES Do inglês spark source optical emission spectrometry, espectrometria de emissão ótica com fonte de centelha. STPF Do inglês Stabilized Temperature Platform Furnace, forno-plataforma com temperatura estabilizada. XRF Do inglês X–Ray fluorescence, fluorescência de raios-X. LISTA DE SÍMBOLOS 𝒏𝑩𝑶𝒄 Número de espectros de referência sem a absorção do analito. 𝑰𝑩𝑶𝑪 𝒑𝒊𝒙𝒆𝒍 Intensidade do espectro no pixel de referência, antes do programa de aquecimento. Ī𝒑𝒊𝒙𝒆𝒍 Intensidade de referência média em cada pixel. 𝜶𝒔𝒄𝒂𝒏 Fator de correção para a varredura individual. Ī𝑩𝑪𝑷 Média da intensidade nos pixel de referência, antes do programa de aquecimento. 𝑰𝑩𝑪𝑷,𝒔𝒄𝒂𝒏 Intensidade no pixel de referência durante a leitura (etapa de atomização). 𝑰𝒔𝒄𝒂𝒏 𝒑𝒊𝒙𝒆𝒍 Espectro individual em cada pixel do analito. 𝑰𝒏𝒐𝒓𝒎,𝒔𝒄𝒂𝒏 𝒑𝒊𝒙𝒆𝒍 Espectro da intensidade do analito, normalizado. 𝑨𝒔𝒄𝒂𝒏 𝒑𝒊𝒙𝒆𝒍 Espectro de absorbância individual em cada pixel. 𝒂𝒔𝒄𝒂𝒏,𝒊 Fator de correção da molécula. 𝑨𝒓𝒆𝒇,𝒊 𝒑𝒊𝒙𝒆𝒍 Espectro de Absorbância de referência do número i de moléculas causadoras do fundo estruturado fino no comprimento de onda do analito. 𝑨𝒄𝒐𝒓𝒓,𝒔𝒄𝒂𝒏 𝒑𝒊𝒙𝒆𝒍 Espectro de Absorbância corrigido. Etotal Energia total. Eeletrônica Energia eletrônica. Evibracional Energia vibracional. Erotacional Energia rotacional. 𝒉 Constante de Planck. 𝒗 Frequência da radiação. V Número quântico vibracional. ∆v Transição vibracional. B Constante rotacional. J Número quântico rotacional X Estado eletrônico fundamental. A Estado eletrônico excitado Ʃ, Π Momento angular He Fator de homogeneidade. M Massa da amostra. SH Erro de amostragem. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 27 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 28 2.1 Cosméticos: Visão geral ........................................................................................ 28 2.1.1 MÉTODOS ANALÍTICOS APLICADOS À DETERMINAÇÃO ELEMENTAR EM COSMÉTICOS FACIAIS ...................................................................................................... 36 2.2 Análise direta de sólidos por GF AAS – Breve histórico ..................................... 42 2.3 HR-CS GF AAS ........................................................................................................ 44 2.3.1 INTERFERÊNCIA MOLECULAR .............................................................................. 49 3 OBJETIVOS ............................................................................................................. 53 3.1 Objetivos específicos ............................................................................................. 53 4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ........................................................................ 54 4.1 Amostras ................................................................................................................. 54 4.2 Instrumentação ....................................................................................................... 54 4.2.1 DSS HR-CS GF AAS ................................................................................................ 54 4.2.2. INSTRUMENTAÇÃO AUXILIAR ............................................................................... 55 4.3 Reagentes, soluções, amostras e materiais de referência certificados .............. 56 4.4 Avaliação da homogeneidade e da massa mínima da amostra ........................... 58 4.5 Parâmetros de desempenho analítico ................................................................... 59 4.6 Desenvolvimento de método para a determinação de Pb .................................... 60 4.6.1 DECOMPOSIÇÃO POR VIA ÚMIDA - MÉTODO COMPARATIVO ........................... 60 4.6.2 MÉTODO PROPOSTO ............................................................................................. 61 4.7 Desenvolvimento de método para a determinação de Cd ................................... 62 4.7.1 MÉTODO COMPARATIVO ....................................................................................... 62 4.7.2 MÉTODO PROPOSTO ............................................................................................. 62 4.8 Desenvolvimento de método para a determinação de Cr .................................... 63 4.9 Desenvolvimento de método para a determinação de Ni ..................................... 65 4.10 Desenvolvimento de método para a determinação de Sb .................................... 66 4.10.1 AVALIAÇÃO DA CORREÇÃO DE FUNDO ............................................................... 66 4.10.2 OTIMIZAÇÃO DA MASSA DA AMOSTRA, TEMPERATURA DE PIRÓLISE E ATOMIZAÇÃO ..................................................................................................................... 67 4.10.3 MÉTODO ANALÍTICO: CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES................................. 69 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................................. 70 5.1 Desenvolvimento de método para a determinação de Pb .................................... 70 5.1.1 MÉTODO COMPARATIVO ....................................................................................... 70 5.1.2 MÉTODO PROPOSTO ............................................................................................. 72 5.2 Desenvolvimento de método para a determinação de Cd ................................... 87 5.2.1 MÉTODO COMPARATIVO ....................................................................................... 87 5.2.2 MÉTODO PROPOSTO ............................................................................................. 89 5.3 Desenvolvimento de método para a determinação de Cr .................................. 101 5.4 Desenvolvimento de método para a determinação de Ni ................................... 113 5.5 Desenvolvimento de método para a determinação de Sb .................................. 120 5.5.1 AVALIAÇÃO DA CORREÇÃO DE FUNDO ............................................................. 120 5.5.2 OTIMIZAÇÃO DA MASSA DA AMOSTRA, TEMPERATURAS DE PIRÓLISE E DE ATOMIZAÇÃO ................................................................................................................... 127 5.5.3 MÉTODO ANALÍTICO: CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES............................... 130 6 CONCLUSÕES ....................................................................................................... 133 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 135 27 1 INTRODUÇÃO Cosméticos são utilizados diariamente por milhões de pessoas. No Brasil, em 1996 essa indústria movimentou cerca de R$ 4,9 bilhões e em 2014 chegou a R$ 43,2 bilhões, ou seja, um aumento de quase 10 vezes (1). O consumo diário e crescente desses produtos gera uma preocupação quanto a sua composição, uma vez que são aplicados diretamente sobre a pele expondo o utilizador a todos os constituintes químicos e biológicos. Cosméticos faciais como sombra de olho, blush e pó compacto podem conter em sua composição metais potencialmente tóxicos como Pb, Cd, Cr, Ni e Sb, retidos como impurezas nos pigmentos utilizados para adicionar cor ao produto, ou seus próprios óxidos podem ser utilizados como, por exemplo, o Cr2O3 utilizado para obter um produto com coloração verde (2–6). Enquanto Cr e Ni são sensibilizadores da pele, podendo ocasionar dermatite de contato, Pb, Cd e Sb são extremamente tóxicos e bioacumulativos. Devido essa problemática, legislações vigentes da Alemanha, Canadá, Estado Unidos e Brasil estabeleceram limites máximos permitidos para Pb, Cd e Sb em pigmentos (7–10). Mesmo com essas limitações, dificilmente esses produtos chegam ao mercado após ter passado por um controle de qualidade (2). Além disso, o consumo de produtos pirateados agrava ainda mais o risco a contaminação. (11) Com isso em vista, é crescente a necessidade do desenvolvimento de métodos analíticos capazes de uma correta avaliação dos teores destes metais em cosméticos faciais, visando um controle de qualidade mais rápido, simples e eficaz destes produtos. O desenvolvimento de métodos analíticos que seguem os princípios da Química Analítica verde é atraente, devido à nova tendência da química analítica moderna: que é a redução de custos, tempo, e geração de resíduos.(12–14) Neste sentido a espectrometria de absorção atômica em forno de grafite de alta resolução com fonte contínua (HR-CS GF AAS) hifenizada com a amostragem direta de sólidos (DSS) apresenta certos aspectos positivos, tais como: amostras sólidas podem ser analisadas diretamente após a pesagem sem qualquer tratamento prévio, minimizando a geração de resíduos e os custos; e o fundo estruturado, causado por moléculas diatômicas, é facilmente corrigido usando o 28 método de correção de fundo por mínimos quadrados (LSBC) (15–22). O uso da HR-CS GF AAS foi pouco explorado para a análise de cosméticos faciais: apenas dois artigos foram encontrados sobre a determinação de Pb em amostras de batom (23,24). Avaliar a potencialidade dessa técnica na análise direta desse tipo de amostra é um desafio analítico devido à complexidade da amostra, contendo óxidos insolúveis e refratários na sua composição. Aluminosilicatos estão presentes em elevada proporção em cosméticos faciais. Com isso interferências de estruturas rotacionais finas de moléculas diatômicas de SiO podem ocorrer, uma vez que as transições rotacionais ocorrem em um grande intervalo de comprimentos de onda (210 – 283 nm). A eficácia do LSBC na correção dessas interferências depende da escolha correta dos precursores para gerar um espectro de referência do fundo molecular que represente o fundo estruturado da matriz da amostra (25). O espectro de referência molecular comumente gerado a partir de substâncias puras pode não ser semelhante ao espectro molecular obtido em amostras reais, uma vez que concomitantes da matriz da amostra podem afetar a cinética de formação das moléculas diatômicas e, consequentemente, mudar o perfil de absorção de fundo (26,27). Portanto, é necessário um estudo para a identificação e utilização de precursores adequados que possibilite a correção por LSBC e permita o desenvolvimento de métodos com exatidão por DSS HR-CS GF AAS. Frente ao exposto, este estudo relata o desenvolvimento de métodos simples, rápidos e confiáveis para a determinação de Pb, Cd, Cr, Ni e Sb em amostras de sombra de olho, blush e pó compacto por HR-CS GF AAS utilizando amostragem direta de sólidos. Para a viabilidade do desenvolvimento dos métodos, diferentes precursores serão avaliados para a geração do espectro de referência e correção do fundo estruturado de SiO(g) por LSBC, quando o uso de SiO2 não for adequado. 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Cosméticos: Visão geral Cosméticos têm sido utilizados desde o Egito antigo, não somente para a beleza, mas também para fins religiosos e medicinais. Para fins religiosos, homens e 29 mulheres se pintavam acreditando no poder de proteção dos deuses. Dados históricos comprovam que as pessoas se pintavam no período da cheia do rio Nilo para agradecer aos deuses acreditando ser algo divino e no período de seca para se proteger da areia trazida pelo vento, isso entre 1550 a 1295 a.C. No Egito antigo além do uso na religião, a cultura de pintar os olhos era para se proteger de doenças como conjuntivite e blefarite. (6) A pintura com o propósito de se embelezar era mais utilizada por mulheres, pois ficavam mais atraentes através da pintura, enquanto os homens demonstravam sua masculinidade através da força. No antigo império (2650 - 2150 a.C.) a pedra malaquita esmagada (Cu2CO3(OH)) era utilizada para obter a coloração verde, mesdemet para uma coloração preta, a cerussita (PbCO3) proporcionava a coloração branca e o lápis-lazúli ((Na,Ca)8(AlSiO4)6(S,SO4,Cl)) fornecia a coloração azul (6). O mesdemet, conhecido hoje em dia como Kohl, era obtido da estibina (Sb2S3) ou galena (PbS) e utilizado não somente para tornar os olhos mais visíveis mas também para protegê-los. Por mais absurdo que a utilização de PbS e Sb2S3 nos olhos possa parecer, mesmo nos dias de hoje, apesar de todo desenvolvimento científico e tecnológico, o Kohl ainda é utilizado. Com o passar do tempo a sua composição foi mudando, mas a presença de PbS ainda é encontrada. Hardy e colaboradores (28) em 2006 estudaram 27 amostras de Kohl mais atuais e 6 dos tempos do Egito antigo (2040 - 1070 a.C.). Os autores relataram que em 6 amostras mais atuais analisadas, a principal composição era o PbS e para as demais foi encontrada também, carbono amorfo, CaCO3, Si, talco (Mg3Si4O10(OH)2, CuO) geotita (FeO(OH)), barita (BaSO4) e halita (NaCl). Para as amostras do Egito antigo, duas de coloração preta apresentaram PbS, proveniente de galena e três amostras brancas provavelmente eram feitas de PbCO3. Ainda que só 22% das amostras de Kohl dos tempos modernos apresentaram composição majoritária de PbS, esses resultados geram grande preocupação quanto aos riscos a saúde humana. Segundo Murube (6) ainda existe a produção de Kohl com elevadas quantidades de PbS no Paquistão, Índia e Indonésia, esses produtos não regulamentados são vendidos livremente em pequenos frascos e então introduzidos em outros países por turistas ou imigrantes. Zakari e colaboradores (29) reportaram que a concentração média de Pb em Kohl do mercado local da Nigéria era de 277,3 mg kg-1, além disso foi encontrado a presença de 2,256 mg kg-1 de Ni e 810 30 mg kg-1 de As. O uso de Kohl como aditivo em cosméticos é estritamente proibido nos EUA pela FDA (30) e na Europa pela diretiva 76/768/EEC. (31) Conhecer a composição dos cosméticos bem como fiscalizar a qualidade desses produtos é de grande importância, face a utilização diária por milhões de pessoas (32). Mesmo com a crise econômica de 2009 a indústria de cosméticos mundial cresceu cerca de 10% e o setor de maquiagem movimentou U$ 45,83 bilhões no mundo e U$3,26 bilhões no Brasil (32). Em 2014, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) (1), o brasileiro destinou 2% do seu orçamento à compra de produtos de higiene e beleza, movimentando R$ 43,2 bilhões. Na Figura 1 é possível observar o crescimento do mercado de cosméticos no Brasil entre 1996 e 2014. Figura 1 - Movimentação do mercado de cosméticos no Brasil de 1996 a 2014 Fonte: ABIHPEC (1) O Brasil até 2015 era o terceiro mercado global em consumo de cosméticos, atrás somente da China e dos Estados Unidos, mas devido à nova crise econômica, que levou ao aumento de taxas e tributos, esse setor teve uma queda de 8%, sendo o primeiro indicativo negativo em 18 anos e levando o Brasil a ser ultrapassado pelo Japão neste ranking (33). Essa crise econômica acarretou no aumento dos custos dos produtos e, portanto, levou a população a buscar produtos de baixa qualidade, geralmente contrabandeados (“piratas”). A AHBIPEC emitiu uma alerta nacional em 31 janeiro de 2016 para o combate à pirataria principalmente de perfumes e maquiagens. Foi apontado nesse alerta que enquanto um estojo de maquiagem de uma marca estabelecida custava R$ 300,00, no mercado “pirata” podia ser encontrado por R$ 30,00. De acordo com números da Receita Federal do Brasil de 2015, R$ 28 milhões de produtos “piratas” foram apreendidos, o que corresponde a um aumento de 11% em relação a 2014. (11) Cosméticos faciais como sombra de olho, blush e pó compacto são aplicados diretamente na pele propiciando a exposição local a toda composição química e biológica do produto (34). A penetração ou o uso de substâncias na cavidade oral, face, lábios, olhos e mucosa pode também produzir exposição humana sistêmica. De forma geral, a pele na região das mucosas é mais fina permitindo uma permeação mais rápida, portanto potencializando o risco à saúde. Os principais ingredientes atualmente utilizados em maquiagem são silicato de magnésio hidratado, utilizado como base; Caolim (Al2O3SiO2, TiO2 e CaCO3), utilizado para garantir ao produto maciez e adesão a pele; estereato de zinco ou magnésio, utilizados como ligantes; TiO2, para garantir uma textura opaca; BiOCl e mica (KAl2Si3AlO10(OH,F)2), para criar um brilho perolado; a mistura de mica com pigmentos inorgânicos, para adicionar cor aos produtos; Cu, Al, latão, pó de ouro ou de prata, para um acabamento metálico brilhante (35) e sorbato de potássio utilizado como conservante (36). A proporção e a adição de cada item variam de acordo com o objetivo, mas todos esses compostos são permitidos pelos órgãos governamentais dos Estados Unidos, Canadá, Alemanha e Brasil (7–10). Para obter sombras de olho com diferentes colorações, alguns óxidos metálicos são misturados à mica e grandes variedades de cores podem ser obtidas com misturas dos pigmentos citados na Tabela 1 (37,38). Na Tabela 2 podemos visualizar um exemplo dos ingredientes utilizados para produzir sombra de olho em pó da cor nude com glitter. (37,38) 32 Tabela 1 - Pigmentos utilizados para adicionar cor à maquiagem Cor Composição dos pigmentos Vermelha Mica + Fe2O3 Amarela Mica + FeO.nH20 Preta Mica + Fe2O3 + FeO.nH20 Branca Mica + TiO2, proporção mica: TiO2 8:2 m/m Violeta Mica + MnNH4P2O7 Verde Mica + Cr2O3 ou Cr2O3.2H2O +TiO2 Azul Mica + Lápis-lazúli Bege Mica + TiO2+ Fe2O3 Fonte: Autor Tabela 2 - Fórmula da sombra de olho nude com glitter (37,38) Excipiente Quantidade Função Triglicerídeo 4% Emoliente Ciclo dimeticona 3% Emoliente Poliglicerol - Oleato 0,75% Emulsificante Vitamina E - Acetato 1% Anti-oxidante Mica Branca - pérola 31% Colorante Esferas de Mica 20% Base Talco em pó 20% Base Mica Bege 5% Colorante Estereato de Magnésio 5% Aglutinante Oxicloreto de Bismuto 5% Base Dióxido de Titânio 5% Branqueador/Protetor solar Fonte: Adaptado de Making cosmetics e Lopes e colaboradores (37,38) Metais potencialmente tóxicos como Pb, Cd, Ni e Sb podem ser encontrados como impurezas nos produtos pigmentados de maquiagem (5). Em produtos “piratas” as impurezas podem ainda serem maiores devido à baixa qualidade dos constituintes. Pigmentos à base de metais potencialmente tóxicos também podem ser utilizados, aumentando ainda mais o risco à saúde humana (2). Diversos trabalhos disponíveis na literatura relataram a presença de Pb, Cd, Ni, As, Sb e Cr em amostras de cosméticos faciais como sombra de olho e batom, principalmente em produtos de baixo custo. (39–48) 33 O Pb é perigoso para adultos e crianças pois prejudica o sistema renal, nervoso e sanguíneo (49), quando presente em compostos orgânicos e alguns compostos inorgânicos pode penetrar e passar através da pele para a corrente sanguínea (50). Pesquisas sugerem que o Pb está relacionado à deficiência no funcionamento cognitivo (39). Uma pesquisa feita na Arábia Saudita relacionou a presença de Pb (≥ 10 µg dL-1) no sangue de crianças de baixa renda, que frequentavam a escola na área periférica, à poluição local e à aplicação de cosméticos tradicionais para área dos olhos. (51) Implicações para a saúde relacionadas com a exposição ao Cd são agravadas pela relativa incapacidade de seres humanos em excretar esse metal. Mesmo a baixos níveis de exposição, Cd pode danificar uma unidade funcional do rim manifestando-se primeiramente pela excreção de íons essenciais, tais como Ca2+, pela urina, levando ao enfraquecimento dos ossos (52). Embora a concentração de Cd em maquiagens possa ser em quantidades vestigiais (53), a absorção de 0,3 - 0,8% desse metal através da pele (54) pode causar efeitos prejudiciais para o corpo humano e a longo prazo causar câncer. (55) Estudos demonstram que o Sb pode se acumular em órgãos e tecidos vasculares principalmente no fígado e no rim, além de apresentar elevada afinidade com o baço e o sangue (56). As principais vias de contato com o Sb são através da exposição ocupacional, inalação e contato com a pele na forma de Sb2O3 que é a forma mais disponível comercialmente. Alguns pigmentos consistem de compostos à base de Sb, que dão cores vermelha, amarela ou azul para os cosméticos. O contato com a pele, inalação ou ingestão de compostos de Sb pode causar complicações para a saúde humana, tais como doenças respiratórias, gastrointestinais e dermatite de contato (2,57). Não há relatos relacionados à morte de humanos devido à exposição ao Sb2O3 em contato com a pele, mas estudos feitos com coelhos mostraram que pequenas quantidades de Sb resultaram em irritação e altas concentrações provocaram a morte. (58) Metais potencialmente tóxicos tais como Ni e Cr podem atuar no desenvolvimento de alergia de contato (59–63). Na maioria dos casos, dermatite de contato é causada pela utilização de produtos de cuidados com a pele, cabelo, seguido de maquiagem e produtos para as unhas (64–66). A região facial é o local mais comum para dermatite de contato, produtos usados em torno dos olhos podem entrar em contato com a conjuntiva, resultando em reações devido ao revestimento 34 epitelial fino dessa área (66). As reações cutâneas começam com sintomas como vermelhidão, coceira, inchaço e podem vir a evoluir para bolhas de água que se rompem, resultando em feridas. (67,68) O hidróxido e óxido de Cr (III) são utilizados como pigmentos para adicionar cor verde aos produtos. Seu uso é permitido por órgãos governamentais através das legislações vigentes (7–10). No entanto, esses pigmentos podem conter Cr(VI) que é estritamente proibido em cosméticos (2,44). O Cr(VI) é altamente tóxico, causa dermatite de contato e é facilmente solúvel em água e suor, podendo penetrar através da pele humana (61,69) e produzir exposição sistémica (70). Além disso, têm sido demonstrado que a presença de Cr(III) além de causar dermatites de contato (71), tende a formar complexos estáveis na epiderme (2,61,70). Para minimizar o risco da dermatite de contato alguns estudos sugerem, como boas práticas de fabricação, que o Cr não exceda 5 mg kg-1 e para indivíduos particularmente mais sensíveis que a concentração seja de no máximo 1 mg kg-1 em produtos de consumo. (39,72,73) Considerando o potencial tóxico de alguns compostos, órgãos governamentais da Alemanha e do Canadá através de suas legislações vigentes estabeleceram quantidades máximas de As, Sb, Cd, Pb e Hg que podem estar presentes em maquiagem (7,8). Já os Estados Unidos, estabelecem limites somente para As, Pb e Hg em aditivos utilizados na maquiagem (9) e o Brasil, com base na legislação dos EUA, estabelecem limites para As e Pb e estabeleceu que o somatório das concentrações de outros metais não pode ultrapassar 100 mg kg-1 em pigmentos utilizados em maquiagens (10). Embora Cr e Ni sejam potentes sensibilizadores da pele, não há limites para esses em nenhuma dessas legislações (7–9). Na Tabela 3 é possível visualizar o limite estabelecido pelas legislações vigentes, para cada metal. 35 Tabela 3 - Orientações sobre impurezas de elementos potencialmente tóxicos em cosméticos faciais, estabelecidas pelas legislações vigentes da Alemanha, Canadá, EUA e Brasil Elementos Países Alemanha Canadá EUA Brasil mg kg-1 As 5 3 3 3 Sb 10 5 - - Pb 20 10 20 20 Cd 5 3 - - Hg 1 3 1 - Fonte: Autor Embora existam legislações que estabeleçam a concentração máxima permitida de alguns elementos tóxicos, a inexistência de um controle rígido para certificação de segurança para produtos importados e/ou ilegais predispõe os usuários ao uso de produtos contendo altos níveis de contaminantes inorgânicos. Considerando o exposto, entende-se que estratégias preventivas, no sentido de remoção desses produtos do mercado, poderiam contribuir com o quadro social. Adicionalmente, um rígido controle de qualidade também contribuiria com quadro econômico do país, uma vez que segundo os dados do Ministério da Saúde de 2007, os custos do Sistema Único de Saúde com o tratamento do câncer aumentaram mais de 400%, passando de R$ 18 milhões para R$ 82 milhões. (74) Por essa razão tem havido um crescente interesse pelo desenvolvimento de métodos analíticos capazes de uma correta avaliação dos teores de contaminantes em cosméticos. As técnicas comumente empregadas para determinação de contaminantes inorgânicos em cosméticos faciais são a espectrometria de absorção atômica em chama (F AAS), a espectrometria de absorção atômica em forno de grafite (GF AAS), a espectrometria de emissão ótica com plasma indutivamente acoplado (ICP OES) e a espectrometria de massas com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS), entretanto todas essas técnicas, na maioria das vezes, 36 necessitam que a amostra seja decomposta por via úmida para torna-la compatível com o sistema de introdução de amostras. (23,43,44,46,48,71) 2.1.1 MÉTODOS ANALÍTICOS APLICADOS À DETERMINAÇÃO ELEMENTAR EM COSMÉTICOS FACIAIS Para a determinação elementar em cosméticos faciais na maioria dos casos é necessário um tratamento prévio da amostra devido ao seu estado físico, sólido ou semissólido, assim tornando-a compatível ao sistema de introdução de amostras dos equipamentos. Essa conversão é usualmente feita por meio de procedimentos clássicos de preparo de amostras que podem ser por via seca (cinzas para materiais orgânicos, fusão para materiais inorgânicos refratários) ou por via úmida (digestão ou dissolução ácida em altas temperaturas para amostras orgânicas e inorgânicas). (75) A decomposição por via úmida foi utilizada por Sainio e colaboradores (45) para determinação de Pb, Co, Ni, Cr e As em amostras de sombra de olho por GF AAS. A decomposição foi feita utilizando 150 mg de amostra, 5 mL de HNO3 e 5 mL de HCl com aquecimento em banho de areia. As concentrações encontradas de Co, Ni, As e Pb foram de até 41, 49, 2,3 e 20 mg kg-1, respectivamente. Omolaoye e colaboradores (76) também utilizaram a decomposição da amostra por via úmida com 8 mL de HNO3 e 2 mL de HCl, seguida da filtração para remover partículas insolúveis, para a determinação de Pb, Cd, Ni, Cu, Zn, Cr, Co e Mn em amostra de sombra de olho importadas da China e comercializadas na Nigéria. Os autores relataram que apenas duas marcas (3 cores) apresentaram teores de Pb superiores a 20 mg kg-1. Além disso, 35% das marcas de sombras de olho continha Cd em baixas concentrações (< 8,89 mg kg-1). Al-Saleh e colaboradores (41) utilizaram a decomposição por via úmida como procedimento de preparo de amostra para determinação de Pb em amostras de batom e sombra de olho disponíveis no mercado da Arábia Saudita. A determinação foi feita por GF AAS. O preparo da amostra foi feito utilizando 200 mg de amostra, 4 mL de HNO3 e aquecimento em bloco aberto por 4 h, passado esse período as amostras foram deixadas em overnight. Em seguida, foi adicionado 1 mL de H2O2 e aquecimento a 85 °C por 1 h. Os teores de Pb detectados em todas as 37 amostras avaliadas se encontrava abaixo do limite estabelecido pelo FDA como impurezas. Batista e colaboradores (77) utilizaram a mineralização de 100 mg de amostras de sombra de olho, com 5 mL de HNO3 + 2 mL de H2O2 + 1 mL de Triton X-100 e aquecimento em bloco digestor a 100 °C por 3 h. Segundo os autores, Triton X-100 foi utilizado para auxiliar a homogeneização da amostra. A determinação de Cd, Co, Cr, Cu, Ni foi feita por ICP OES e Pb por GF AAS. Segundo os autores, entre as 14 amostras de sombra de olho destinadas ao uso infantil, 5 apresentaram concentrações de Cd e Pb acima do permitido pela FDA. Dentre as 21 amostras de sombra de olho destinadas ao uso adulto, 9 apresentaram concentrações de Cr e Ni acima do valor tolerável ( 5,0 mg kg-1). Besecker e colaboradores (46) desenvolveram um método para determinação de 42 elementos por ICP OES em amostras de pó compacto, batom e base. O procedimento de preparo de amostra utilizado foi à decomposição por via úmida de 150 mg de amostra com 3 mL de HNO3 e aquecimento em forno de micro-ondas de alta pressão (75 bar). A decomposição das amostras foi incompleta, visto que no fim do procedimento havia um resíduo sólido. Esses resíduos analisados por espectrometria de fluorescência de raios-X (XRF), apresentaram Si, Ti, Fe e K (batom), Si, Ti, Mg e Zn (pó compacto) e Si, Ti, Fe e Mg (base). A utilização de HF é uma alternativa para decomposição completa de amostras que contêm óxidos metálicos insolúveis. O HF aumenta a solubilidade e a estabilidade de alguns elementos como Ti e Si que estão comumente presentes em amostras de cosméticos faciais (75). Hepp e colaboradores (43) compararam entre a decomposição de 300 mg de batom por via úmida assistida por micro-ondas, utilizando 7 mL de HNO3 ou 7 mL de HNO3 + 2 mL de HF. Os autores concluíram que a utilização somente de HNO3 produziu um resíduo sólido no fim da decomposição, o que não foi observado na decomposição com HNO3+HF. Os autores ainda observaram que parte do analito ficava retida no precipitado, uma vez que uma maior concentração de Pb foi encontrada quando empregou-se a decomposição com HNO3+HF. Em 2013, Piccinini e colaboradores (40) utilizaram o método proposto por Hepp e colaboradores (43) para decomposição de amostras de batom e gloss labial visando determinar Pb por ICP-MS. Os autores observaram que os batons de custo relativamente elevado apresentaram uma quantidade significativamente menor de 38 Pb em comparação com os produtos mais baratos. No entanto a concentração de Pb para todas as amostras tanto de alto como de baixo custo se encontraram abaixo dos limites recomendados pela Alemanha (20 mg kg-1) ou Canadá (10 mg kg-1). Para a determinação de Pb, Cd e Cr em amostras de batom de diferentes preços do mercado local da Malásia, Zakaria e Yu Bin Ho em 2015 (48) também utilizaram o método de decomposição proposto por Hepp e colaboradores (43). As concentrações de Pb, Cd e Cr variaram de 0,77 a 15,44 mg kg-1, 0,06 a 0,33 mg kg-1 e 0,48 a 2,50 mg kg-1, respectivamente. Os autores relataram diferenças significativas na quantidade de Pb em batons de diferentes preços. Atz e colaboradores (47) utilizaram a decomposição por via úmida assistida por micro-ondas utilizando 5 mL de HNO3 + 2 mL de HF para decomposição de 200 mg de amostras de sombra de olho e 5 mL de HNO3 + 2 mL de HF + 2 mL de H2O2 para decomposição de 200 mg de amostras de batom, para determinação de As, Cd, Co, Cr, Cu, Ni, Pb por GF AAS e Hg por espectrometria de absorção atômica com geração de vapor atômico a frio (CVAAS). As concentrações de Co, Cr e Ni em amostras de sombra de olho foram de 1,43; 3,29; 7,21 mg kg-1, respectivamente. A concentração de Hg foi inferior a 0,29 µg g-1. As concentrações de As e Pb estavam abaixo do limite de detecção (LD) dos elementos. Para amostras de batom as concentrações de As, Cu, Co, Cd e Hg se encontravam abaixo do LD e as concentrações de Cr, Ni e Pb foram de 0,35; 0,54 e 0,035 mg kg-1. Volpe e colaboradores (39) determinaram Pb por FAAS e Cd, Co, Cr e Ni por ICP-MS em amostras de sombra de olho comercializadas na China, Itália e EUA. O preparo de amostra foi feito na presença de 1000 mg de amostra, 5 mL de HNO3 + 2 mL HF e aquecimento em forno de micro-ondas. A concentração de Cr, Cd e Co em amostras procedentes da Itália e dos EUA estavam dentro do limite aceitável de acordo com a norma vigente. Os resultados mostraram que em algumas amostras provenientes da China os níveis de concentração dos metais excediam as concentrações consideradas seguras e aceitáveis pela regulamentação local. Dessa forma, os autores recomendaram que um maior controle de qualidade deva ser designado a produtos importados de países com regulamentações diferentes. Corrazza e colaboradores (73) em 2009 utilizaram a mistura de 5 mL de HNO3 + 2 mL de HF + 2 mL de H2O2 para a decomposição de 200 a 400 mg de amostra de maquiagem de brinquedo e determinação de Ni, Cr e Co por GF AAS. Das 52 amostras analisadas 26,9 %, 53,8 % e 9,6 % continham concentração de Ni, Cr e Co 39 acima de 5 mg kg-1, respectivamente. Três amostras de sombras de olho apresentaram concentração de Cr acima de 1000 mg kg-1, estando acima do máximo estabelecido como boa pratica de fabricação. A decomposição por via úmida é um dos mais antigos e utilizados procedimentos de preparo de amostras para determinação de metais em diversas matrizes. A decomposição por micro-ondas, comparada aos métodos convencionais empregando chama ou placa de aquecimento possui algumas vantagens, tais como: o tempo de preparo de amostra, que pode ser realizado de 30 a 60 min e a utilização de frascos fechados, evitando as perdas por volatilização. No entanto, o uso do forno de micro-ondas encarece de forma significativa o método. A decomposição de amostras de difícil solubilização por via úmida tanto com aquecimento empregando bloco digestor quanto forno de micro-ondas, proposto pelo método oficial EPA 3052 (78) apresentam como inconveniente a utilização de uma grande quantidade de ácidos, que pode colocar em risco a segurança do operador e gerar uma grande quantidade de resíduos, não atendendo com isso os princípios da química verde. Soares e colaboradores (42) desenvolveram um método alternativo a decomposição por via úmida para determinação de Pb por GF AAS. Esse método consistiu na solubilização da amostra de batom com hidróxido de tetrametilamônio (TMAH) 25 % (m/m) e aquecimento em banho de água a 60 °C por 60 min. Esse procedimento quando comparado à decomposição por via úmida assistida por micro- ondas apresenta a vantagem de ser um método rápido, utilizar pequenas quantidades de reagente e ter um custo relativamente baixo. A tendência da Química Analítica moderna é o desenvolvimento de métodos mais limpos (12). Nesse contexto, métodos analíticos baseados em técnicas de análise direta de amostras sólidas podem contribuir significativamente com o controle de qualidade dos cosméticos faciais, podendo proporcionar uma série de vantagens, tais como a redução do tempo de análise, devido à simplificação da etapa de pré-tratamento das amostras, minimização dos riscos de contaminação das amostras, devido ao uso de quantidades reduzidas de reagentes, pouca manipulação e baixa exposição da amostra ao ambiente, minimização das perdas do analito, menor periculosidade devido a não utilização de reagentes tóxicos ou corrosivos, minimização da geração de resíduos, maior sensibilidade, uma vez que as amostras não são diluídas. (79,80) 40 Atualmente, a análise direta de sólidos tem sido efetuada com diferentes técnicas analíticas, tais como: espectrometria de emissão óptica com fonte de arco (AS OES) ou centelha (SS OES), XRF e análise por ativação neutrônica (NAA). Outras possibilidades para análise direta de sólidos são decorrentes da adaptação de técnicas espectroanalíticas como ICP OES, ICP-MS, F AAS, e GF AAS (81) e mais recentemente o uso da espectroscopia de emissão óptica com plasma induzido por laser (LIBS). Análise direta é a maneira mais limpa de fazer uma determinação elementar (12). Uma busca na base de dados ISI Web of Science com as palavras chaves “direct solid sampling” e “sample direct analysis” revelaram 4762 trabalhos indexados nos últimos 23 anos. Na Figura 2 é possível visualizar um crescimento exponencial do número de trabalhos que fazem uso da anáanáliselise direta e em 2016 até 31 de maio já existiam 291 trabalhos publicados. No âmbito dessa atrativa propriedade analítica de análise direta de amostra sólida, destaca-se a HR-CS GF AAS. A técnica DSS HR-CS GF AAS possui potencial para análise direta de materiais refratários de difícil solubilização, de materiais de alta pureza e de elementos em baixíssimas concentrações. De acordo com Araujo e colaboradores (82,83), DSS HR-CS GF AAS é uma ferramenta valiosa devido às suas características especiais, que incluem alta sensibilidade, visibilidade do ambiente espectral em alta resolução, correção automática e simultânea para o fundo contínuo e a possibilidade de corrigir um fundo estruturado pela subtração de um espectro de referência. Fazendo uma busca na base de dados ISI Web of Science com as palavras chaves “HR-CS GF AAS”, “solid sampling grafite furnace” e “direct solid sampling” foram encontrados 828 trabalhos indexados a partir de 1996, ano que foi construído o primeiro espectrômetro de alta resolução comercial. Na Figura 3 é possível visualizar a evolução das aplicações de DSS HR-CS GF AAS. 41 Figura 2 - Número de publicações ao longo dos últimos 23 anos, associado às palavras- chave “direct solid sampling” e “sample direct analysis” 1995 2000 2005 2010 2015 0 200 400 600 800 P u b li c a ç õ e s ( IS I W e b o f S c ie n c e ) Ano Fonte: Autor Figura 3 - Número de publicações ao longo dos últimos 20 anos, associado as palavras chaves “HR-CS GF AAS”, “solid sampling grafite furnace” e “direct solid sampling” 2000 2005 2010 2015 0 10 20 30 40 50 60 70 80 P u b li c a ç õ e s ( IS I W e b o f S c ie n c e ) Ano Fonte: Autor Lemaire e colaboradores (23) e Gunduz e colaboradores (24) utilizaram a análise direta para determinação de Pb em amostras de batom por HR-CS GF AAS. Segundo os autores a amostragem sólida constitui uma boa alternativa para a determinação rápida e precisa do teor de Pb em batom, com LD adequado e um risco reduzido de contaminação ou de perda do analito. Devido à possibilidade da 42 técnica da determinação de moléculas diatômicas, Borges e colaboradores determinaram flúor diretamente em amostra de sombra de olho após a etapa de moagem utilizando almofariz e pistilo. O flúor foi determinado através da molécula de CaF, utilizando calibração com padrões aquosos. A concentração de F nas amostras variou entre 0,8 e 2,7 mg kg-1, no entanto, não existe legislação para monitorar os níveis máximos de F em cosméticos faciais. 2.2 Análise direta de sólidos por GF AAS – Breve histórico A espectrometria de absorção atômica possui grande potencial para análise direta de amostras sólidas como mencionado por L’vov desde a proposição da espectrometria de absorção atômica com atomização eletrotérmica e fonte de linhas (LS ET AAS) (84,85). Na década seguinte vários experimentos feitos por L’vov e colaboradores provaram essa potencialidade. Entre 1975 e 1979 a análise direta por GF AAS foi estudada com sucesso por diversos grupos de pesquisa para determinação elementar em diferentes matrizes. (84) A possibilidade da análise direta de amostras sólidas por GF AAS está diretamente relacionada com corretores de fundo eficientes (18,19,79,84). Interferentes espectrais podem ser classificados de acordo com a característica de absorção, de linha ou contínua, enquanto átomos interferentes absorvem em linhas estreitas, o espalhamento da radiação devido a partículas de concomitantes da matriz ou a fotodissociação de moléculas gasosas mostram um espectro de absorção contínuo (18). Espectros de absorção de moléculas pequenas podem mostrar um contínuo ou uma linha estruturada, dependendo das propriedades espectroscópicas, como transição eletrônica e estados quânticos de vibração e rotação. (18) Interferências espectrais resultaram no desenvolvimento de sistemas de correção de fundo como o método Smith–Hieftje e lâmpada de deutério (84). O princípio do método Smith-Hieftje baseia-se na aplicação de corrente alternada na lâmpada de catodo oco. Quando altas correntes são aplicadas à lâmpada de catodo oco, causa a absorção da linha de ressonância proveniente da lâmpada de cátodo oco, dessa forma é medida somente a absorção do fundo e após a subtração da 43 absorção total, medida com aplicação de baixa corrente, tem-se o sinal analítico corrigido (85). Na correção utilizando a lâmpada de deutério, as lâmpadas (deutério e cátodo oco) são pulsadas fora de fase uma com a outra, de forma que quando é pulsada a lâmpada de catodo oco é medida a absorção do analito e do fundo e quando é pulsada a lâmpada de deutério é medido só o fundo e através da subtração dos sinais tem-se o sinal de absorbância corrigido (85). A correção de fundo por essas técnicas limitou a análise direta de amostras sólidas para matrizes que produziam fundos estruturados, amostras que geram fundos largos, como amostras biológicas, foram impossibilitadas de analisar (84). Esses inconvenientes foram contornados com corretores por efeito Zeeman direto, pelo qual um intenso campo magnético é aplicado sobre a fonte de radiação para o desdobramento dos níveis eletrônicos (84). No efeito Zeeman direto, um campo magnético é aplicado para separar as linhas espectrais normalmente degeneradas em componentes  e . As absorções do analito e do fundo podem ser então diferenciadas devido seus diferentes comportamentos magnéticos e de polarização. (84) Em 1971, Hadeishi, Mc Laughlin e colaboradores comprovaram a capacidade da correção com base no efeito Zeeman, com a análise direta de amostras biológicas (84). Apesar dessa inovação, sua aplicação foi limitada, uma vez que o primeiro espectrômetro de absorção atômica em forno de grafite com efeito Zeeman comercial foi introduzido somente em 1979. A partir dessa data aliado ao desenvolvimento do efeito Zeeman inverso, onde o campo magnetico é aplicado sobre o atomizador, surgiram diversos estudos da aplicação da técnica. No Zeeman inverso, um polarizador fixo bloqueia a componente  que é referente ao analito. A absorbância total é medida quando o magneto estiver desligado. Com o magneto ligado apenas o fundo é medido, uma vez que qualquer radiação que possa ser absorvida pela componente  é bloqueada (84). As vantagens associadas ao corretor Zeeman é o uso de uma única fonte de radiação para criar linhas do analito e de referência, além disso, as linhas características da medida de fundo com Zeeman permitem medir e corrigir absorbância contínua e estruturada não específica (Zeeman inverso). Mas como desvantagem, uma fonte de radiação especial é necessária para suportar o forte 44 campo magnético gerado e o ímã pesado restringe a forma espacial do volume de absorção, sendo esse último prejudicial para análise direta de sólidos que requer grande volume de observação para facilitar o manuseio da amostra. Outro inconveniente é que no caso do Zeeman direto pode ocorrer à sobreposição do analito por átomos ou moléculas pequenas na faixa do Zeeman (~10-3 nm) e no Zeeman inverso a correção do fundo estruturado é limitada. Uma vez que moléculas interferentes sofrem influência do campo magnético (desdobramento de linhas ou bandas) essa pode somar-se ao sinal do analito quando o campo magnético estiver ligado. (18,84,85) O avanço do desenvolvimento instrumental para análise de soluções, que resultou na redução do tamanho dos tubos de grafite visando o aumento da sensibilidade, também gerou obstaculos á introdução direta da amostra. Nessa situação a introdução de suspensões foi preferida uma vez que permitia utilizar o mesmo desenho do espectrômetro e do forno que o de soluções, além disso, uma sonda ultrassônica acoplada ao sistema de introdução de amostra possibilitou a redução da segregação de partículas e viabilizou a aplicação na determinação de metais em amostras de lodo, solo e alimentícias. (84) Com o avanço da tecnologia, a análise direta por GF AAS voltou ao destaque com o desenvolvimento do primeiro espectrômetro de absorção atômica de alta resolução com fonte contínua em 1996 (18). Devido a alta resolução do espectrômetro e ao dispositivo de carga acoplada (CCD), como detector, a distribuição espectral e a natureza do fundo tornou-se visível, o que facilitou tomar medidas apropriadas para a sua correção e, assim, a correção de fundo tornou-se superior à aplicada em LS GF AAS. (18,19,22,79,86) 2.3 HR-CS GF AAS Apesar do uso da LS ter impulsionado o desenvolvimento da espectrometria de absorção atômica (AAS), a busca pela possibilidade do emprego de uma fonte contínua (CS), impossibilitada devido à baixa resolução do espectrômetro, não foi totalmente descartada. Em 1979 através do uso de um policromador Echelle, o uso de uma fonte contínua de arco de xenônio foi possibilitado. Harnly e colaboradores propuseram o primeiro instrumento multielementar denominado SIMAAC. Esse 45 instrumento permitia a análise de até 16 elementos simultaneamente e era possível operar no modo chama ou forno de grafite (18,22,87). No entanto, monocromadores de alta resolução reduzem a intensidade da radiação transmitida, assim para a obtenção de limites de detecção comparáveis aos obtidos em espectrometria de absorção atômica com fonte de linhas (LS AAS), foi necessário uma CS com intensidade maior que a fornecida por LS. A lâmpada de arco curto de xenônio de alta pressão operando no modo “hot-spot” possui intensidade de uma a três vezes maior que as emitidas por LS. O uso desta lâmpada aliado ao monocromador de alta resolução Litrow com rede Echelle possibilitou o desenvolvimento de um novo conceito instrumental, a HR-CS AAS. A lâmpada de arco curto de xenônio é constituída de dois eletrodos de tungstênio distanciados em 1 mm, dentro de um invólucro em atmosfera de Xe de ~17 bar, quando fria. Durante seu funcionamento a pressão interna é aumentada de três a quatro vezes, gerando um microplasma pontual entre os eletrodos chegando à temperatura de 10.000 K e emitindo radiação na faixa de 190 a 900 nm. O posicionamento do feixe de radiação no centro do atomizador e na fenda de entrada do monocromador é ativamente controlado por um conjunto de espelhos, controlados pelo computador, de forma que a instabilidade dos arcos não prejudiquem as medidas (18,22,87). Na Figura 4 é possível visualizar o arranjo instrumental da HR-CS AAS. Após a sua passagem pelo atomizador, a radiação atinge o monocromador duplo de alta resolução (DEMON). A radiação incide num prisma, que funciona como pré-dispersor, onde o comprimento de onda de interesse é selecionado; em seguida passa por uma rede de difração Echelle, que fornece a alta resolução de 2 pm por pixel em 200 nm, ambos estão dispostos em um arranjo Littrow. O prisma e a rede Echelle estão fixados em motores de passos que têm a função de ajustar suas posições para selecionar o comprimento de onda de interesse. Uma lâmpada de Ne posicionada em frente à fenda intermediária tem a função de estabilizar os comprimentos de onda de forma que a precisão seja afetada apenas pelo motor de passos. Várias linhas emitidas pela lâmpada de Ne são separadas pela rede Echelle em várias ordens sobrepostas e para cada posição da rede há uma linha de Ne, ou mais, que irá atingir o detector, sendo atribuídas a um pixel correspondente. (18,22,87) 46 Figura 4 - Arranjo instrumental da HR-CS AAS com espectrômetro DEMON, (1 - Lâmpada de arco curto de xenônio, 2- lâmpada de cátodo oco (opcional), 3 - espelhos elipsoidais, 4 –atomizador (chama ou forno de grafite), 5 – fenda de entrada, 6 – espelhos parabólicos, 7 – prisma Littrow, 8 – espelhos de deflexão e fenda intermediária variável, 9 – rede Echelle, 10 - detector CCD Fonte: Bernhard Welz, Helmut Becker-Ross, Stefan Florek, Uwe Heitmann. High-resolution continuum source AAS. 2nd ed. Weinheim: Wiley-VCH, p. 38. 2004. Copyright Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA. Reproduzido com permissão. Após a passagem pelo monocromador DEMON a radiação atinge o detector CCD. O dispositivo opera com 512 detectores completamente independentes, sendo 200 utilizados para fins analíticos. Esse sistema permite obter informações indisponíveis em instrumentos convencionais, através da visualização da região espectral em cerca de 0,2 nm ao redor da linha analítica, na região ultra-violeta, e até 0,5 nm na região do visível. Dessa maneira é possível obter uma terceira dimensão do fenômeno que ocorre no atomizador, sendo possível avaliar os dados de três formas: absorbância versus o tempo; absorbância integrada versus comprimento de onda, e absorbância em função do tempo e do comprimento de onda, que mostra o potencial da técnica na visualização do ambiente espectral. (18,22,87) Através da associação da fonte contínua, monocromadores de alta resolução e detector CCD, a correção de fundo tornou-se diferente da anteriormente realizada em LS AAS. Dos 200 pixels utilizados para fins analíticos apenas de 3 - 5 pixels são utilizados para medir a absorção atômica, os outros são utilizados para fins de 47 correção, assim eventos contínuos, ou seja, quando ocorre a modificação idêntica da intensidade medida em todos os pixels, são corrigidos. Enquanto em LS AAS os eventos contínuos são corrigidos utilizando um espectrômetro de duplo feixe, onde para obter o sinal do fundo o feixe de radiação é conduzido em torno do atomizador e para obter o sinal analítico o feixe passa através do atomizador, em HR-CS AAS o sinal de fundo não é obtido em torno e sim através do atomizador, possibilitando a correção não somente das flutuações na intensidade da fonte de radiação, mas também da absorção e emissão contínua (emissão do corpo negro a partir do tubo de grafite) do atomizador, assim como de qualquer outro tipo de absorção contínua de fundo (18,22,87). Para isso, a correção desses eventos é feita pelos pixels que são iluminados e medidos ao mesmo tempo, possibilitando a medição e correção simultânea. Para a correção, inicialmente é gravado um espectro escuro, obtido através do obturador mecânico que bloqueia a radiação da lâmpada. Em seguida são gerados e gravados um número de espectros de referência (nBOC), antes de iniciar o programa de aquecimento, o chamado de correção de fundo offset (BOC) e a intensidade média (Īpixel) em cada pixel é obtida através da soma das intensidades de referência (𝐼𝐵𝑂𝐶 𝑝𝑖𝑥𝑒𝑙 ), Equação 1 (18): Ī𝑝𝑖𝑥𝑒𝑙 = 1 𝑛𝐵𝑂𝐶 ∑ 𝐼𝐵𝑂𝐶 𝑝𝑖𝑥𝑒𝑙 𝐵𝑂𝐶 Equação 1 Após essa etapa é feita a leitura e é possível observar três tipos de sinais: absorção atômica ou molecular de concomitantes, absorção do analito e absorção contínua de fundo. Para a eliminação da absorção de fundo contínua, primeiramente são selecionados os pixel de correção de fundo (BCP) e então é calculado o fator de correção, αscan, a partir da razão entre a soma das intensidades dos BCPs no espectro de referência médio Īpixel (obtido antes do programa de aquecimento) e a soma das intensidades obtidas após o programa de aquecimento, 𝐼𝑠𝑐𝑎𝑛 𝑝𝑖𝑥𝑒𝑙 , (Equação 2) (18): 𝛼𝑆𝑐𝑎𝑛 = Ī𝐵𝐶𝑃 𝐼𝐵𝐶𝑃,𝑠𝑐𝑎𝑛 = ∑ Ī𝑝𝑖𝑥𝑒𝑙𝐵𝐶𝑃 ∑ 𝐼𝑠𝑐𝑎𝑛 𝑝𝑖𝑥𝑒𝑙 𝐵𝐶𝑃 Equação 2 48 Cada espectro de intensidade do analito, 𝐼𝑠𝑐𝑎𝑛 𝑝𝑖𝑥𝑒𝑙 , pode então ser corrigido multiplicando pelo fator αscan (Equação 3), obtendo 𝐼𝑛𝑜𝑟𝑚,𝑠𝑐𝑎𝑛 𝑝𝑖𝑥𝑒𝑙 . Finalmente, o cálculo do logaritmo das razões das intensidades, leva à absorbância individual dos espectros, 𝐴𝑠𝑐𝑎𝑛 𝑝𝑖𝑥𝑒𝑙 , (Equação 4). Dessa forma, além da absorção contínua de fundo, os erros de pixel e as flutuações de intensidade da fonte contínua, também são eliminadas (18). 𝐼𝑛𝑜𝑟𝑚,𝑠𝑐𝑎𝑛 𝑝𝑖𝑥𝑒𝑙 = 𝛼𝑠𝑐𝑎𝑛𝐼𝑠𝑐𝑎𝑛 𝑝𝑖𝑥𝑒𝑙 Equação 3 𝐴𝑠𝑐𝑎𝑛 𝑝𝑖𝑥𝑒𝑙 = 𝑙𝑜𝑔 Ī𝑝𝑖𝑥𝑒𝑙 𝐼𝑛𝑜𝑟𝑚,𝑠𝑐𝑎𝑛 𝑝𝑖𝑥𝑒𝑙 Equação 4 Assim como os sistemas de correção utilizados em LS AAS, esse sistema não corrige eventos descontínuos (absorção de outros átomos ou moléculas que possuam estruturas rotacionais finas). Mas, a alta resolução do monocromador aliado ao detector CCD, permite identificar o aparecimento desses eventos e eliminá-los com um procedimento adequado. Existem dois procedimentos para correção desses eventos descontínuos, uma vez que o sinal de fundo aparece em tempos diferentes do sinal do analito, esse pode ser separado, por meio do ajuste do intervalo de integração do sinal; separando espectralmente o sinal atômico do sinal de fundo após a aquisição dos dados. Se houver sobreposição espectral e temporal dos sinais (fundo e analito) o espectro de referência do fundo, gerado artificialmente, pode ser subtraído do sinal do analito pelo software, utilizando LSBC, após a aquisição dos dados. (18,22,87) Para a correção por LSBC, os espectros de absorbância individuais da amostra (A scan pixel ) são subtraídos do somatório dos espectros de referência (Aref,i pixel ) do fundo estruturado i, multiplicado por um fator de correção ɑscan,i, gerando o espectro da amostra orrigido (𝐴𝑐𝑜𝑟𝑟,𝑠𝑐𝑎𝑛 𝑝𝑖𝑥𝑒𝑙 ) em cada pixel (18): 𝐴𝑐𝑜𝑟𝑟,𝑠𝑐𝑎𝑛 𝑝𝑖𝑥𝑒𝑙 = 𝐴𝑠𝑐𝑎𝑛 𝑝𝑖𝑥𝑒𝑙 − ∑ 𝑎𝑠𝑐𝑎𝑛,𝑖𝐴𝑟𝑒𝑓,𝑖 𝑝𝑖𝑥𝑒𝑙 𝑖 Equação 5 Segundo Welz e colaboradores (18), o fator de correção é uma medida da intensidade dos diferentes espectros de absorbância da molécula de referência, este 49 obtido por omissão do pixel na posição do comprimento de onda do analito e da vizinhança. Devido este fator de correção, a quantidade do precursor utilizado para gerar o espectro de referência não é relevante. Apenas algumas moléculas diatômicas com energias de dissociação elevadas, como CS, NO, PO, SiO e SO podem existir nas temperaturas de atomização comumente utilizadas (22). Para gerar o espectro de referência, substâncias puras são usualmente utilizadas (18). Primeiramente deve-se identificar a interferência e gerar espectros de referência adequados para a correção, caso o espectro de referência errado seja escolhido o software vai simplesmente ignorá-lo, assim diferentes espectros de referência podem ser testados até encontrar o adequado para a correção. (22) 2.3.1 INTERFERÊNCIA MOLECULAR Assim como átomos gasosos, moléculas também podem absorver a radiação eletromagnética. Enquanto átomos absorvem num curto intervalo espectral, moléculas absorvem em um intervalo mais largo, uma vez que transições eletrônicas são sempre acompanhadas de transições vibracionais e rotacionais, resultando em um espectro de bandas com estruturas finas. (22) A energia total da molécula, Etotal, é dada pela soma das energias eletrônicas, vibracional e rotacional (Equação 6). Energias rotacionais (Erotacional) são geralmente de duas a três ordens de magnitude mais baixas do que as energias vibracionais, Evibracional, que são de uma a duas ordens de grandeza menores que a energia eletrônica, Eeletrônica (18). 𝐸𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝐸𝑒𝑙𝑒𝑡𝑟ô𝑛𝑖𝑐𝑎 + 𝐸𝑣𝑖𝑏𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 + 𝐸𝑟𝑜𝑡𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 Equação 6 Para moléculas diatômicas a única vibração possível é o estiramento do eixo intranuclear e o movimento de rotação é limitado a um eixo perpendicular ao eixo longitudinal da molécula. Evibracional e Erotacional são dadas por (18): 𝐸𝑣𝑖𝑏𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 = ℎ𝑣 (v+ 1 2 ) com v= 0, 1, 2,… Equação 7 50 𝐸𝑟𝑜𝑡𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 = 𝐵𝐽 (𝐽 + 1) 𝑐𝑜𝑚 𝐽 = 0, 1, 2, … Equação 8 O número v é o número quântico vibracional, que indica a quantidade de energia de excitação vibracional no respectivo estado molecular e as energias vibracionais permitidas são igualmente espaçadas e separadas por ℎ𝑣. Erotacional é quantizada pelo número quântico rotacional J. Os valores de energia rotacional de uma molécula diatômica são, por conseguinte, restritos a múltiplos da constante de rotação B (18). P