8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Promovendo saúde: ações entre a Unesp, o poder público e a comunidade do Jardim Alvorada de Araçatuba-SP, Leonardo Sacchi Bordignon, Andrea Alves Parras, Thais Gielfi Garcia, Tiago Amorim, Marcelo Henrique Buriola, Roberta Okamoto, Paulo Roberto Botacin – ISSN 2176-9761 Promovendo saúde: ações entre a Unesp, o poder público e a comunidade do Jardim Alvorada de Araçatuba-SP. Leonardo Sacchi Bordignon (leobordignon@gmail.com; bolsista de extensão universitária – PROEX), Andrea Alves Parras (parrasandrea@gmail.com), Thais Gielfi Garcia (tgielfi@gmail.com), Tiago Amorim (tamorim@gmail.com), Marcelo Henrique Buriola (marcelohburiola@gmail.com), Roberta Okamoto (roberta@foa.unesp.br), Paulo Roberto Botacin (botacin@foa.unesp.br): todos do Campus de Araçatuba, Faculdade de Odontologia, Odontologia. Eixo 1 - Inclui as áreas de: Comunicação, Cultura, Direitos Humanos, Educação, Política e Economia Resumo Ações de proteção social, especiais para as crianças e adolescentes, vêm sendo transformadas em política pública e ações continuadas, que são executadas por meio das Prefeituras Municipais de todo o Brasil. Estas atividades muitas vezes contam com a colaboração de outras Instituições Públicas parceiras. Assim, foi proposto um projeto com o intuito de sensibilizar os menores e seus familiares sobre a importância da saúde e dos cuidados que devemos ter, em nosso dia-a-dia, conosco, com nossos familiares e com aqueles que estão a nossa volta e assim, aproximar os membros de uma comunidade para se desenvolverem juntos, com a colaboração dos diferentes atores da sociedade. Houve grande interesse e participação da comunidade do Jardim Alvorada com a melhora no IHOS das crianças e jovens participantes. A Universidade cumpre assim seu papel de gerar e divulgar conhecimentos, ao mesmo tempo em que forma profissionais que, conhecedores da realidade da população, buscarão levar efetivos benefícios à mesma. Palavras Chave: Saúde da criança, Equidade em saúde, Odontologia preventiva. Abstract: Social protection actions, especially for children and adolescents, have been transformed into public policy and ongoing actions that run through the municipal governments throughout Brazil. These activities often rely on the collaboration of other public institutions. Thus, a project was proposed in order to sensitize minors and their relatives about the importance of health and care we should take in our every day lives, with our selves, with our families and with those who are around us and thus bringing the members of a community to grow together with the collaboration of the different participants of society. Jardim Alvorada's community presented large interest and participation with an improvement of SOHI in children and young individuals. Thus, the University fulfills its role in generating and disseminating knowledge, while forming professionals, who have a better knowledge of the reality of the population, and seek to bring real benefits of them. Keywords: Child health, Equity in health, Preventive dentistry. Introdução O bairro Jardim Alvorada é um misto de comércio e residências, sendo estas ocupadas na sua maioria por famílias de um nível socioeconômico muito baixo. As mães, com a necessidade de complementar a renda familiar, trabalham fora do lar e as crianças, não raro, convivem com marginais que perambulam pelos bairros onde as escolas se localizam. Recebem, às vezes até na própria família, exemplos negativos e marcantes para a sua formação. Algumas crianças e jovens abandonam a escola na maioria das vezes, ficando parte do tempo à mercê da “escola da rua”. Por esta razão a Prefeitura Municipal de Araçatuba, por meio da Secretaria de Educação Municipal, tem realizado mailto:botacin@foa.unesp.br 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Promovendo saúde: ações entre a Unesp, o poder público e a comunidade do Jardim Alvorada de Araçatuba-SP, Leonardo Sacchi Bordignon, Andrea Alves Parras, Thais Gielfi Garcia, Tiago Amorim, Marcelo Henrique Buriola, Roberta Okamoto, Paulo Roberto Botacin – ISSN 2176-9761 ações em parceria com os centros comunitários e outras instituições instaladas neste bairro, como o CEMFICA e o PETI. Tais instituições se empenham para oferecer um programa coerente com as necessidades das crianças, dos jovens e de seus familiares e que propicie condições de desenvolver habilidades, hábitos e atitudes que favoreçam as suas formações integrais, incluindo os aspectos físicos, psíquicos, sociais e intelectuais. Tudo para que possam assegurar, aos indivíduos de uma comunidade carente, uma formação comum indispensável para o resgate do respeito, dos direitos e deveres do exercício da cidadania, incentivando-os ao trabalho participativo e educacional, além de melhorias no ambiente familiar. Os Centros Municipais de Formação Integral da Criança e do Adolescente (CEMFICAs) foram criados por meio da Lei Municipal nº3.3664, de 12 de março de 1992 e são unidades que atendem crianças e adolescentes na faixa etária entre 07 e 14 anos, frequentando o período inverso da escola de Ensino Fundamental em que estão matriculados, cujos pais trabalhem, proporcionando- lhes atividades de acompanhamento escolar, esporte e recreação, iniciação musical e artes plásticas, bem como pré-profissionalizantes. Estes Centros Municipais têm como objetivos gerais: retirar as crianças e adolescentes das ruas, proporcionando-lhes condições de desenvolver habilidades, hábitos e atitudes que favoreçam as suas formações integrais, abrangendo aspectos físicos, psíquicos, sociais e intelectuais, assegurando-lhes formação comum indispensável para resgatar o respeito, os direitos e deveres do exercício da cidadania, incentivando-as ao trabalho participativo e educacional. Apesar da importância de cada um destes e de todos os objetivos específicos que a eles se referem, queremos destacar três objetivos específicos dos CEMFICAs: 1.Desenvolver e estimular hábitos de higiene, saúde e alimentação, 2. Promover a integração escola- família e comunidade e, 3. Despertar na criança o gosto e o interesse pelo trabalho, auxiliando-a a conseguir condições próprias e sadias para a escolha de sua profissão futura. O Brasil é considerado referência mundial no combate à exploração de crianças. É o único país a adotar política específica contra esta mão-de- obra. Em 1996, o governo criou o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI). Resultado da mobilização da sociedade, ele tem como principal objetivo: retirar crianças e adolescentes de 7 a 15 anos do trabalho perigoso, penoso, insalubre e degradante. O PETI retira crianças e adolescentes de 7 a 15 anos do trabalho perigoso, penoso, insalubre e degradante. É uma ação do governo federal que desperta em nossas crianças e em suas famílias a possibilidade de outro futuro. Está na Constituição Federal, Artigo 227: É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, e no Capítulo II, artigo 17: O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. A primeira lei de proteção à infância referente ao direito do trabalho no país é de 1891. Apesar disso, até meados de 1980 o Trabalho Infantil foi tolerado pelo governo e pela sociedade. O problema era praticamente ignorado ou aparecia diluído em meio às questões sobre crianças abandonadas ou em situação de risco. Aos poucos, o assunto foi ganhando destaque na opinião pública, com uma grande virada na década de 90. Atualmente, a legislação brasileira é considerada uma das mais avançadas em relação à proteção da infância e da adolescência, inclusive com a ratificação pelo Brasil de convenções internacionais. Atualmente, as ações de proteção social especial às crianças e adolescentes vêm sendo transformadas em política pública e ações continuadas a serem executadas regularmente por meio das Prefeituras Municipais de todo o Brasil e muitas vezes contam com a colaboração de outras Instituições Públicas parceiras. No Município de Araçatuba-SP a Prefeitura Municipal e outras instituições que representam o Poder Público adotam políticas sociais específicas, de fortalecimento das ações sócio-educativas e de convivência comunitária, que são fundamentais para eliminar alguns problemas da comunidade. No intuito de colaborar com as atividades já implantadas pela Comunidade do Bairro, associada ao CEMFICA e ao PETI-Araçatuba a UNESP foi convidada a promover ações para o incremento da saúde de tais crianças, de seus familiares, dos administradores de tais instituições e de demais membros da comunidade. Assim, toda a comunidade se beneficiaria com o acesso aos conceitos básicos de saúde. Com a implantação de um projeto de extensão esperávamo fazer aumentar o interesse das crianças pelas técnicas de escovação e de como manter uma boa saúde bucal, com uma melhoria no 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Promovendo saúde: ações entre a Unesp, o poder público e a comunidade do Jardim Alvorada de Araçatuba-SP, Leonardo Sacchi Bordignon, Andrea Alves Parras, Thais Gielfi Garcia, Tiago Amorim, Marcelo Henrique Buriola, Roberta Okamoto, Paulo Roberto Botacin – ISSN 2176-9761 quadro geral da saúde. Incrementar e promover uma efetiva mudança de comportamento e da realidade dos envolvidos, por meio de uma alteração de rotina nos cuidados com a saúde e pela interferência positiva neste grupo de indivíduos. Todas estas constatações puderam ser levantadas durante várias reuniões com as instituições participantes e num diagnóstico aplicado às comunidades participantes dos CEMFICA- Alvorada, PETI e Centro Comunitário (crianças, jovens, familiares, professores e demais funcionários) e serviram de base para nossas propostas. Dessa forma, a UNESP-Araçatuba elaborou e tem desenvolvido um projeto de extensão que integra o ensino e a pesquisa às demandas sociais e assim pudemos, em parceria com as Secretarias Municipais de Ação Social, de Educação e da Saúde, todas da Prefeitura Municipal de Araçatuba- SP, além do Ministério do Trabalho; do Ministério Público; do Conselho Tutelar; do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente; de entidades sociais e de bairros como a Associação de Moradores do Bairro Alvorada; do SEST-SENAT; do SESI; do SESC; do SENAC e; outras Instituições de Ensino Superior do Município de Araçatuba (UNISALESIANO e FAC-FEA), desenvolver ações de incremento da cidadania e de proteção social especial às crianças e adolescentes do Jardim Alvorada de Araçatuba-SP. Coube à UNESP atender os menores e adultos (pais e cuidadores) quanto à necessidade de maior conhecimento sobre a saúde sistêmica, a saúde bucal e a dos animais domésticos, com o intuito de sensibilizar os menores sobre a importância da saúde e dos cuidados que devemos ter em nosso dia-a-dia conosco, nossos familiares e mesmo com os animais domésticos. Objetivos 1. Sensibilizar os menores e seus familiares sobre a importância da saúde e dos cuidados que devemos ter em nosso dia-a-dia conosco, nossos familiares e aqueles que estão a nossa volta, 2. Aproximar os membros de uma comunidade para se desenvolverem junto, com a colaboração dos diferentes atores da sociedade. E, dessa forma, passem a atuar como atores principais, de um novo comportamento em relação à saúde, 3. Valorizar as questões relativas à saúde pelas crianças, jovens, familiares e servidores municipais, ao ponto de promoverem em suas casas, com outros familiares, amigos e conhecidos a difusão desse conhecimento de forma que também consigam causar mudanças de comportamentos nestes membros da sociedade, 4. Alcançar o nível ótimo na avaliação do Índice de Higiene Oral Simplificado (IHOS) em 100% das crianças e jovens, 5. Oferecer informações sobre animais domésticos, incluindo posse responsável, respeito pelo animal, controle de zoonoses, e a transmissão da raiva animal, 6. Reunir um grupo de voluntários para a realização do projeto (alunos de graduação, pós-graduação, docentes, funcionários e alguns profissionais de áreas relacionadas à saúde), 7. Produzir paródias musicais, com temas relativos a prevenção em odontologia, para desenvolver um processo facilitador na promoção da saúde bucal, 8. Promover uma formação mais humanística nos jovens universitários, além de aproximá-los ao seu futuro campo de atuação, 9, Obter dados que possam ser analisados e estruturados de forma científica pra que sejam divulgados na forma de publicação em revista específica, 10. Difundir o conhecimento e alcançar a população carente dele, para que essa mude seus hábitos e sua qualidade de vida. 11. Promover a divulgação do nome dessa Universidade assim como dos serviços que ela presta ao município e estado. Material e Métodos Temos que ressaltar que se trata de um projeto em andamento e que, portanto apresenta atividades já realizadas e outras a realizar. Pelo mesmo motivo os resultados até o momento são parciais. Três principais vertentes foram abordadas pelo projeto: 1. Extensão: Para a sensibilização e posterior mudança de atitude e maior valorização da saúde foram convidados a participar as crianças e jovens do CEMFICA, PETI e os frequentadores do Centro Comunitário do Jardim Alvorada e também seus irmãos e outros familiares. Além destes os cuidadores e os servidores municipais destas instituições. Todos assistiram às palestras e participaram de diferentes atividades (jogos, brincadeiras, pintura de desenhos e produção de paródias musicais) sobre temas como controle de placa bacteriana, 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Promovendo saúde: ações entre a Unesp, o poder público e a comunidade do Jardim Alvorada de Araçatuba-SP, Leonardo Sacchi Bordignon, Andrea Alves Parras, Thais Gielfi Garcia, Tiago Amorim, Marcelo Henrique Buriola, Roberta Okamoto, Paulo Roberto Botacin – ISSN 2176-9761 técnicas e escovação, cárie dental, alimentação saudável para as crianças e adolescentes. Tudo para despertar e/ou aumentar neles o interesse pelas técnicas de higienização bucal e de como podemos manter uma boa saúde bucal. A sensibilização dos familiares funcionou e continua a ser um elemento de reforço, que feito em suas respectivas casas, ajuda na manutenção da saúde bucal dos jovens e crianças. Além de contribuir para a melhora da higiene e saúde dos adultos da casa. Por este mesmo motivo os pais, cuidadores, membros da comunidade, professores e servidores das instituições assistiram além das palestras acima citadas, outras específicas sobre a saúde do adulto. Foi ressaltado para os adultos a importância da boa saúde em todas as fases da vida, desde a infância até a terceira idade. Um Médico Veterinário convidado ministrará, em futuro próximo, palestras sobre saúde animal, raiva animal e posse responsável de animais domésticos. Enquanto os adultos ficavam, junto com um ou dois acadêmicos, nas salas do Centro Comunitário, conversando e aprendendo sobre saúde as crianças e jovens foram treinados, em espaço próprio para isto, nas técnicas de higienização bucal, de forma assistida, pelos outros acadêmicos e pós-graduandos participantes. Todas as atividades do projeto tem sido desempenhadas por alunos (graduandos e pós- graduandos), funcionários e docentes da Unesp- Araçatuba. As visitas têm acontecido todas as semanas, nos períodos da manhã e tarde, com 04 horas de duração cada. Independente de qual seja a atividade desenvolvida, toda visita só foi considerada encerrada após a escovação supervisionada realizada com as crianças e jovens. Usamos o recurso aplicado pela PROEX foi usado para a aquisição de kits de higienização, materiais de proteção para o uso dos acadêmicos (luvas, goros, máscaras) e aquisição de outros materiais (papel, canetas, cola, cartolinas, folders, banners, CDs). Uma empresa local produziu e doou impressos na forma de folhetos e painéis para que fossem distribuídos como complemento das informações e/ou usados para as explicações dos temas tratados nas reuniões. 2. Ensino: Todos os acadêmicos participantes, independente se recém-ingresso no curso de odontologia ou matriculado em um período mais avançado do mesmo, tiveram, até o momento, participação ativa no projeto. Dessa forma eles todos: exercitaram sua capacidade de busca sobre os temas propostos para discussão; participaram na criação dos textos, folders e criação de brincadeiras lúdicas; e da apresentação/uso de tudo isto para as crianças, jovens e adultos. A criação das palestras propiciou trocas de saberes entre os acadêmicos, pós-graduando, funcionários e docentes da Unesp. Desde a realização de um simples levantamento bibliográfico até o uso de um programa de computador, de uso menos comum, porém necessário para a manipulação de imagens, os saberes tem sido compartilhados. Aquele que sabe mais de determinado assunto ensina para o outro que busca aprender. Realizamos levantamento bibliográfico específico que foi discutido pelo grupo. A partir destes saberes construímos as palestras que foram discutidas e ensaiadas na presença de todos. A escolha dos materiais lúdicos para o ensino e/ou prática das técnicas de escovação supervisionada, a escolha e aquisição de todos os materiais de higienização bucal, a forma correta de se usar os materiais de proteção individual, as opções para o descarte dos materiais contaminados também foram motivos de busca de informações, conhecimentos e trocas entre todos. Em todas as etapas os acadêmicos foram supervisionados pelos docentes ou pós-graduandos participantes, para garantirmos que os conceitos relacionados à Odontologia fossem corretamente utilizados. 3. Pesquisa: Aplicamos um treino e, uma posterior calibração foi realizada antes da coleta de dados do IHOS. Tais dados foram colhidos das crianças e adolescentes participantes (n=278), Grupo manhã n=108 e Grupo tarde n=170, sem distinção quanto ao gênero, etnia, idade ou condição social. As coletas de dados aconteceram em três tempos distintos: uma durante nossa primeira reunião com os jovens e crianças. Antes mesmo das primeiras atividades de sensibilização destes. A segunda coleta foi realizada três meses após a primeira e a terceira quando se completaram seis meses de atividades. Os dados já colhidos têm servido para acompanharmos a evolução de nossas atividades junto a este grupo de participantes. Pretende-se realizar um último levantamento do IHOS quando completarmos nove meses de início do projeto. O resultado obtido virá para concluirmos o acompanhamento proposto e também avaliarmos se o nível ótimo, na avaliação do Índice de Higiene Oral Simplificado (IHOS), foi atingido em 100% das crianças e jovens. 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Promovendo saúde: ações entre a Unesp, o poder público e a comunidade do Jardim Alvorada de Araçatuba-SP, Leonardo Sacchi Bordignon, Andrea Alves Parras, Thais Gielfi Garcia, Tiago Amorim, Marcelo Henrique Buriola, Roberta Okamoto, Paulo Roberto Botacin – ISSN 2176-9761 Resultados e Discussão Os docentes envolvidos no projeto selecionaram o aluno bolsista, os alunos voluntários e o pós-graduando. Em seguida lhes foram apresentadas as ações pretendidas e o planejamento para o desenvolvimento destas. Para um nivelamento foram realizados estudos sobre a Educação em saúde; Técnicas de higienização bucal e da Obtenção do Índice de Higiene Oral Simplificado (IHOS). Houve em seguida uma visita aos locais onde as atividades passariam a acontecer para um melhor planejamento das ações e preparo do material a ser usado nas visitas à comunidade. O IHOS é o índice utilizado para avaliação da quantidade de placa bacteriana presente nos dentes, este índice foi proposto por GREENE e VERMILLION, em 1964. O conhecimento adquirido pelos alunos durante o curso de graduação e apoio do pós- graduando fez o projeto caminhar de pronto. Destacamos que os acadêmicos voluntários e o bolsista demonstraram grande afeição pelas propostas, pelas crianças, seus familiares e servidores municipais das instituições do Jardim Alvorada. Dividimos, durante nossas reuniões, as atribuições quanto às elaborações e respectivas apresentações das palestras, esboço de atividades lúdicas e a diagramação dos folders e banners. Tais atividades demandavam que todos pesquisassem, estudassem e discutissem sobre os temas propostos. Os acadêmicos foram instruídos a treinar suas apresentações até que conseguissem dominar os assuntos abordados. Para isto os estudos foram subsidiados por bibliografias específicas e, quando necessário, consultaram outros docentes da faculdade em busca de esclarecimentos. Foram adquiridos, por meio da UNESP, os materiais para a realização de atividades práticas de higienização bucal (escova, pasta, fio dental e enxaguatório bucal) para serem distribuídos aos munícipes. Ouvimos relatos de muitas crianças e jovens de que aquela era sua primeira escova dental e que nunca lhes ensinaram como escovar ou limpar os dentes. Assim como descrito por PRADO et. al. (2001), em estudo envolvendo 141 escolares, entre 6 e 10 anos de idade, onde: 19% das crianças compartilham o uso da escova com algum familiar; 83,6% nunca receberam orientação quanto à realização da escovação dentária; 57,4% já apresentavam o primeiro molar acometido por cárie e 3,5% das crianças não possuíam escova dental. Segundo o Levantamento Nacional de Saúde Bucal – SB Brasil (2003): •13% dos adolescentes nunca haviam ido ao dentista; •20% da população brasileira já haviam perdido todos os dentes; •45% dos brasileiros não possuíam acesso regular à escova de dente. Confeccionamos, juntamente com os coordenadores do CEMFICA, PETI e Centro Comunitário, uma escala de atividades voltadas para os pais e/ou cuidadores das crianças e jovens, além dos servidores municipais. Construímos a mesma de modo que fosse coincidente com a escala de reuniões pedagógicas e administrativas deles. Aproveitamos a presença destes, para executarmos nossas atividades juntos aos adultos, que se mostraram muito interessados. Outras ações propostas só acontecerão no decorrer dos próximos meses. Previamente a cada palestra o bolsista entrou em contato com os administradores das instituições participantes para confirmação das atividades, solicitação e reserva de salas. Neste mesmo momento ele aproveitou para fazer a divulgação das palestras. Nos pontos indicados pelas instituições foram afixados os banners, enquanto os folders foram distribuídos junto aos menores, sempre com a solicitação que o mesmo fosse levado aos familiares. As palestras sobre os temas relacionados com: a. Saúde Bucal, b. Técnicas de Higienização Bucal, c. Carie Dental, d. Alimentação Saudável foram apresentadas para as crianças e jovens. Para os adultos os temas foram: a. Prevenção de doenças bucais em pacientes geriátricos, b. Orientação ao paciente geriatra, seus familiares e cuidadores quanto à higienização bucal e próteses, c. Doença periodontal e placa bacteriana, d. Consumo de tabaco e álcool, e. Hipertensão arterial, f. Diabetes, g. Perda de dentes por acidentes, h. Alimentação Saudável e Mau Hálito, i. Câncer Bucal e, j. Higienização bucal. Ao final das apresentações, voltadas para os adultos, pudemos perceber o grau de satisfação destes e o quanto, muitas vezes, são desinformados sobre os temas. Tudo percebido pela quantidade de questionamentos e dúvidas geradas. Os acadêmicos foram orientados a responder apenas às questões relacionadas ao tema e aquelas que tivessem certeza da resposta, evitando assim os equívocos. 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Promovendo saúde: ações entre a Unesp, o poder público e a comunidade do Jardim Alvorada de Araçatuba-SP, Leonardo Sacchi Bordignon, Andrea Alves Parras, Thais Gielfi Garcia, Tiago Amorim, Marcelo Henrique Buriola, Roberta Okamoto, Paulo Roberto Botacin – ISSN 2176-9761 Os acadêmicos reconheceram que, após conseguirem responder aos pais e demais adultos, sentiram segurança com relação aos temas estudados. Comentaram também que foi uma experiência ímpar para a solidificação e melhora dos conceitos adquiridos durante seu curso de graduação. Alguns temas foram desenvolvidos juntos, ou seja, numa mesma reunião dois ou mais temas foram apresentados. Noutras apenas um tema foi desenvolvido. Isto ocorreu, por exemplo, quando foram apresentadas as palestras intituladas: Prevenção de doenças bucais em pacientes geriátricos e Orientação ao paciente geriatra, seus familiares e cuidadores quanto à higienização bucal e próteses. Isto aconteceu apenas para facilitar as discussões ao redor de assuntos considerados semelhantes A escolha dos temas observou as necessidades descritas na literatura, onde SPOLSKY (1997) e JORGE (1998) apontaram como os principais problemas bucais encontrados entre crianças e adolescentes no Brasil: •Cárie; •Biofilme dentário; •Cálculo dentário; •Doenças Periodontais; •Manchas; •Halitose; •Problemas ortodônticos. De acordo com MILORI et al. (1994), BUISCHI et al. (1994), SOUZA et al. (2001) e MORAES e VALENÇA (2003) os pacientes devem ser instruídos, motivados e treinados, para realizarem uma higiene bucal adequada. Junto com a primeira reunião desenvolvemos também uma atividade de avaliação do IHOS das crianças e jovens e em seguida a atividade prática de higienização bucal supervisionada. As crianças, os jovens, os pais, os cuidadores e os servidores municipais foram orientados e acompanhados durante as etapas de higienização bucal. Os jovens e crianças sempre demonstraram interesse pelas orientações prestadas por nossos acadêmicos, sendo carinhosos e atenciosos. Tal característica tornou os grupos próximos e reforçou a intenção de continuarmos (Figura 1). As características do projeto e o número de atendimentos prestados durante uma reunião, cerca de 270 participantes a cada dia, exigiram a presença de vários acadêmicos, sendo fundamental a participação de todos. Figura 1 – Participação interessada de crianças e jovens pelas atividades de treinamento e higienização bucal supervisionada. Os jovens ou crianças que apresentavam uma situação de risco, quanto à sua saúde bucal, foram encaminhados, para atendimento odontológico nas clínicas da Faculdade de Odontologia. Nas visitas semanais reforçávamos o estímulo à higienização bucal junto dos menores. Assim as crianças tiveram reforço quanto à forma, periodicidade e importância da higiene bucal, inclusive com execução de escovação supervisionada. Além da primeira coleta de valores, para a obtenção do IHOS, que realizamos no primeiro dia em que visitamos as crianças e jovens, fizemos novas coletas. Uma segunda coleta após três meses do início das escovações e uma terceira aos seis meses. (Figura 2). A comparação entre o IHOS na primeira avaliação e na terceira avaliação mostra a evolução do índice ótimo e declínio dos índices regular e ruim. Na primeira os valores foram: ótimo= 7,40%, regular=59,25% e ruim=33,33%. Na terceira avaliação os valores que obtivemos foram: ótimo= 33,33%, regular=45,83% e ruim=20,83% (Figura 3). Ressaltamos que se trata de uma análise preliminar e que ainda ocorrerá uma última avaliação quando se completarem os nove meses do projeto. Houve interesse da imprensa local em divulgar o projeto via Rádio. Inclusive colaboraram algumas vezes convidando, via rádio, os moradores do bairro para virem e participarem de nossas atividades. Já ocorriam atividades relativas à musicalização, com aulas de percussão e violão dentro do Centro Comunitário e no CEMFICA daí, por iniciativas dos acadêmicos, foram elaboradas paródias musicais sobre controle de placa bacteriana, técnicas e escovação, cárie dental, alimentação saudável para as crianças e adolescentes. Para nossa surpresa esta atividade passou a ser muito concorrida e eficiente. Ficou fácil transmitir e perceber que os conceitos relativos à saúde eram incorporados com facilidade. 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Promovendo saúde: ações entre a Unesp, o poder público e a comunidade do Jardim Alvorada de Araçatuba-SP, Leonardo Sacchi Bordignon, Andrea Alves Parras, Thais Gielfi Garcia, Tiago Amorim, Marcelo Henrique Buriola, Roberta Okamoto, Paulo Roberto Botacin – ISSN 2176-9761 Figura 2 – Distribuição dos menores quanto ao IHOS obtido nas três avaliações realizadas. Figura 3 – Análise do comportamento de IHOS na primeira e terceira avaliações. Além disso, a aproximação e confiança entre nós e a comunidade cresceu muito. Alguns indivíduos resistentes às nossas atividades passaram a participar de todas, com muita alegria. Pareceu-nos que o dito popular “Quem canta seus males espanta!” é realmente uma verdade e pode colaborar para espantarmos alguns males da saúde. Os acadêmicos, desde o primeiro momento, vivenciaram a realidade da população e foram surpreendidos ao perceberem que, os tidos como carentes, que comparecem às clínicas da faculdade, na realidade ainda não são os mais carentes de nossa cidade. Porém foram recompensados por promoverem a Saúde, a Cidadania e a Inclusão desta parcela da população. A Universidade cumpriu e pretendemos que continue a cumprir seu papel de gerar e divulgar conhecimentos, ao mesmo tempo em que forma profissionais que, conhecedores da realidade da população, buscarão levar efetivos benefícios à mesma. Conclusões 1. As apresentações foram agradáveis e alcançaram os menores, os pais, cuidadores e servidores dos CEMFICAs - Araçatuba possibilitando uma reflexão e busca de melhores hábitos relacionados à sua saúde e de seus familiares. Os temas geraram bastante interesse e questionamentos, especialmente dos pais e cuidadores. 2. Melhora no IHOS das crianças e jovens participantes do projeto. 3. O projeto possibilitou a ação da universidade, em parceria com o poder público e outras instituições,e nos tornou uma alavanca para o desenvolvimento social auto-sustentável. Com consequente incremento da cidadania para uma parcela da população que se encontrava exposta a graves riscos sociais. E assim contribuiu para a melhora significativa e diferenciada dos alunos, seja pela característica multidisciplinar que apresentou ou pela possibilidade de reflexão que continua a oferecer. Agradecimentos À PROEX pelo apoio financeiro no desenvolvimento do Projeto. À Gráfica Moderna pela doação produção e doação de impressos e painéis. Constituição da República Federativa do Brasil - 1988. Disponível em: .Acesso em:08ago2015. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Brasil Sorridente . Disponível em: . SUS 2003.Acessoem: 23jul2015. Buisch, YAP et al. Effect of two preventive programs on oral health knowledge and habits among Brazilian schoolchildren. CommunityDent. O ral Epidemiol ., v.22, p.41-6, 1994. SOUZA VMS DE, PAGANI C, JORGE ALC. Odontogeriatria: sugestão de um programa de prevenção. PGR: Pós-Grad. Rev. Fac. O dontol. São José dos Campos 2001 jan.-abr; 4(1):56-62. MILORI AS, NORDI PP, VERTUAN V, CARVALHO J. Respostas de um programa preventivo de placa dentária bacteriana. Rev. O dontol. UNESP 1994 jul./dez.; 23(2):325-31. MORAES ES DE, VALENÇA AMG. Prevalência de gengivite e periodontite em crianças de 3 a 5 anos na cidade de Aracajú (SE). CiencO dontol Bras 2003 out./dez; 6(4): 87-94. Greene, JC ; Vermillion, JR. The simplified oral hygiene index.J. Amer. Dent. Assoc., v.68, p.7-13, 1964. PradoJS, Aquino DR, Cortelli JR, Cortelli AS. Condição dentária e hábitos de higiene bucal em crianças com idade escolar. Ver. Biociênc., 2001; 7 (1) : 63-69. Spolsky VW. Epidemiologia das doenças gengival e periodontal. In: Carranza FA, Newman, MG. Periodontia clínica . Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. p.65-84. JORGE, AOC.Microbiologia bucal, 2.ed., São Paulo: Livraria e Editora Santos, 1998. 33,33% 27,05% 20,83% 59,25% 63,52% 45,83% 7,40% 9,41% 33,33% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% Primeira Avaliação Segunda Avaliação Terceira Avaliação IHOS - Ruim IHOS - Regular IHOS - Ótimo 0% 20% 40% 60% 80% 100% Primeira Avaliação Terceira Avaliação 33,33% 20,83% 59,25% 45,83% 7,40% 33,33% IHOS - Ótimo IHOS - Regular IHOS - Ruim