8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Título, autores – ISSN 2176-9761 Projeto ACorda Toda Luiz Britto Passos Amato: Campus de São Paulo - Instituto de Artes, Música, lamato@terra.com.br Eixo: I Resumo: O ACorda Toda é um projeto de extensão universitária do Instituto de Artes da UNESP desenvolvido por meio de convênio firmado com a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social – SMADS, em parceria com os Centros para Crianças e Adolescentes (CCAs). Bolsistas e voluntários, alunos da graduação e pós-graduação, são responsáveis pela monitoração das aulas de instrumento (cordas friccionadas), coral, musicalização e do transporte das crianças. Além de funcionar como um laboratório de ensino para os alunos, esse pequeno polo desenvolve um método exclusivo baseado no folclore nacional. Palavras Chave: ensino coletivo de música, folclore nacional Abstract: ACorda Toda is an UNESP Art Institute’s university extension project developed through an agreement signed with the Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social - SMADS, in partnership with the Centros para Crianças e Adolescentes (CCAs). Fellows and volunteers, undergraduate students and graduate, are responsible for monitoring the instrument classes, choir, music education and the transportation of children. In addition to functioning as a teaching laboratory for students, this little polo develops a unique method based on national folklore Keywords: strings group teaching class, national folklore Introdução Cadastrado na PROEX em 2009, o Projeto ACorda Toda iniciou suas atividades nesse mesmo ano com uma série de seis concertos didáticos realizados pela Orquestra Acadêmica da UNESP, oferecidos a 1500 crianças de famílias de baixa renda que frequentam cerca de 22 Centros para a Criança e Adolescentes (CCAs) na região da Subprefeitura da Lapa. Dentre essas crianças, as mais talentosas na faixa etária de 6 a 14 anos foram selecionadas para receber educação musical. Bolsistas e voluntários, alunos da graduação e pós- graduação, são responsáveis pela monitoração das aulas de instrumento, coral, musicalização e do transporte das crianças. Além de funcionar como um laboratório de ensino para os alunos, esse pequeno polo desenvolve um método exclusivo baseado no folclore nacional, mais especificamente no Guia Prático do compositor Heitor Villa-Lobos. O método, inicialmente desenvolvido apenas para o violino, está sendo adaptado para viola, violoncelo e contrabaixo por professores especialistas de diversas Universidades do país. Alunos bolsistas e professores formam um grupo de pesquisa cadastrado no CNPQ intitulado: Estudo de Implementação do Ensino Coletivo de Cordas na Universidade Pública; esse grupo tem como objetivo analisar os resultados práticos da metodologia aplicada e efetuar possíveis correções ao método, resultando num material didático “testado e aprovado”. As aulas começaram efetivamente em agosto de 2010 no Instituto de Artes da UNESP, com transporte das crianças oferecido pela reitoria. A partir de 2012, com a suspensão do transporte, as aulas foram transferidas para o CCA Batista localizado na Av. Pompéia 851, permanecendo onde até hoje acontecem. Lá são oferecidas, com o apoio do Centro de Referência de Assistência Social Regional – CRAS LAPA, ótima infraestrutura para o desenvolvimento dos trabalhos, com cinco amplas salas para aulas e dois pianos e onde encontram-se armazenados os 50 instrumentos de cordas friccionadas. Em 2014 os instrumentos começaram a ser emprestados para os alunos mediante um termo de responsabilidade, o que permitiu às crianças envolvidas um maior contato com o instrumental. Em 2015 as aulas de musicalização e instrumento passaram também a ser ministradas aos sábados no Instituto de Artes da UNESP, o que possibilitou aos alunos um maior contato com um centro artístico-musical de excelência. Logo ao início de suas atividades em 2010, o Projeto servia a 100 crianças, com um total de 22 professores bolsistas. Hoje o número de crianças servidas é de 30, com dois professores bolsistas e voluntários (5). 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Título, autores – ISSN 2176-9761 O Projeto ACorda Toda nasceu com a intenção de fornecer às crianças do bairro uma educação musical de qualidade que desenvolva não apenas a formação artística ou especializada, mas também a educação geral direcionada a todos, como um direito individual ao conhecimento e à expressão. Objetivos Como objetivo geral essa metodologia visa fornecer, além de material didático diferenciado, brasileiro, baseado na nossa cultura, meios com os quais centros importantes de ensino musical, principalmente departamentos de música nas universidades, possam repartir os seus conhecimentos com a sua comunidade vizinha gerando cultura e inclusão social. Busca a constituição e o reconhecimento da música como possibilidade de reunir jovens e descobrir talentos que possam ser valorizados em suas próprias comunidades. A proposta de elaboração e publicação de um método de ensino coletivo de instrumentos de corda decorre da combinação de alguns fatores e circunstâncias que são de natureza prática e teórica. Do ponto de vista teórico, partiu de análise crítica e comparativa realizada sobre os métodos coletivos de ensino musical, cuja origem remonta ao século XIX nos Estados Unidos e na Inglaterra; do estudo do desenvolvimento de novas ideias educacionais a partir dos chamados “métodos ativos” (de Dalcroze, Willems, Kodaly, que visavam, principalmente, a prática do canto em conjunto e da movimentação corporal) e da análise de três dissertações: de Jose Leonel Gonçalves Dias, Enaldo Antonio James de Oliveira e João Mauricio Galindo. Do ponto de vista prático, este projeto resulta da experiência docente e profissional dos docentes envolvidos, acumulada em muitos anos de atividade, e de suas observações sobre a necessidade de se repensar essa temática diante dos desafios das condições sociais e educacionais do país. Como objetivo específico, o método desenvolvido visa suprir a enorme carência de material didático de grandes programas de cunho sócio educativos já existentes, como o Projeto Guri, o Instituto Baccarelli e outros. Todos eles se utilizam de material didático xerocado de edições estrangeiras, sem conexão com a realidade brasileira. O Projeto ACorda Toda também tem como objetivo servir como laboratório de ensino dentro do Departamento de Música do Instituto de Artes da UNESP; tanto para a área de Licenciatura como para a área Instrumental. Ele certamente favorecerá no futuro uma procura maior por vagas para os cursos de graduação no Instituto de Artes e mesmo outras Universidades, ou seja, é um “celeiro” de talentos. Material e Métodos Ainda hoje, falar em ensino coletivo de instrumento musical pode causar espécie em certos círculos de músicos defensores da forma tradicional professor e um aluno. Típica forma utilizada nos Conservatórios, instituições remanescentes da cultura do século XIX, essa forma de educação musical, considerada tradicional e fundamentalmente europeia, pressupõe a formação do músico, principalmente do solista, e do instrumentista profissional de orquestra. Em seu sentido mais amplo, entretanto, educação musical significa, atualmente, todo processo de ensino- aprendizagem, formal ou informal, que envolve não apenas a formação artística ou especializada, mas também a educação geral direcionada a todos, como um direito individual ao conhecimento e à expressão. Nessa nova abordagem da educação musical os métodos coletivos de ensino musical são cada vez mais necessários e relevantes para concretização desse ideal de acesso extensivo à educação musical. Com certo atraso, o ensino musical no Brasil precisa superar essa defasagem diante de outros países. Enquanto as primeiras tentativas de desenvolver ensino coletivo em instrumentos de corda aconteceram nos Estados Unidos a partir de 1850, com repercussão na Inglaterra quarenta anos depois, no Brasil o processo mais bem sucedido ocorreu um século mais tarde: o método de ensino elaborado por Alberto Jaffé, em 1975, para o SESI de Fortaleza e implantado de forma mais duradoura, a partir de 1979, no SESC de São Paulo. Durante sua história esse programa chegou a ter 400 integrantes e também contribuiu para a formação de muitos músicos profissionais. O método de ensino que resultou dessa experiência foi editado nos Estados Unidos (The Jaffe String Program) e, até os dias de hoje, é considerado uma das mais valiosas contribuições brasileiras ao desenvolvimento dos programas de ensino coletivo. Em todo o mundo o programa mais bem sucedido, sem dúvida alguma, é o Sistema Nacional de Orquestras fundado por Antonio Abreu na Venezuela (um país quase do tamanho do Estado de São Paulo), com 40 anos de existência, 620.000 alunos inscritos e 210 orquestras jovens distribuídas pelo país. O mais famoso exemplo de orgulho do projeto Venezuelano é, entre vários outros, o jovem Gustavo Dudamel de apenas 34 anos, o mais novo diretor musical e 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Título, autores – ISSN 2176-9761 maestro da Orquestra Filarmônica de Los Angeles, sediada na famosa Sala Walt Disney, Califórnia, EUA. No Brasil, o Projeto Guri é o de maior alcance no país, presente em todo Estado de São Paulo, com 370 polos e 40 mil alunos. Até 2008, nas cidades de Santos e São Paulo o Instituto Pão de Açúcar havia implementado o ensino coletivo e individual de instrumentos de cordas, com cerca de 2.500 alunos inscritos. Este programa, entretanto, sofreu redução de verbas e de atendimento. Servindo somente na capital de São Paulo, temos a Escola de Música do Estado de São Paulo - Tom Jobim, com 3.000 alunos inscritos; o Instituto Baccarelli, no bairro de Heliópolis com 905 alunos e o Sesc Consolação com 500 alunos. No entanto, mesmo um projeto do porte do Guri carece de um método nacional, em português, e com metodologia sólida. Nos projetos acima indicados, os alunos e professores utilizam, quase sempre, xerox de métodos americanos na sua maioria, de difícil acesso e grande barreira devido à língua estrangeira. Com o presente projeto pretende-se retomar a iniciativa de suprir a ausência de um método genuinamente nacional e de qualidade. Esse método é resultado de pesquisa e discussão teórica elaborada a partir da dissertação de mestrado de Liu Man Ying, defendida em 2007, na Universidade de São Paulo (USP). Apresentar resultados de suas pesquisas é função fundamental da universidade e, assim, justifica-se a criação e elaboração deste método de ensino coletivo, visando sua publicação e divulgação junto a um público maior, como resultado de reflexão, análise e crítica teóricas. Além de atender uma demanda maior por métodos de ensino coletivo, recursos importantes para a democratização do ensino musical, o método proposto surgiu da necessidade de contribuir para dar mais qualidade aos trabalhos desenvolvidos em educação musical por entidades sociais, como as citadas acima e por possibilitar ampliação desse trabalho que atende uma população que, tradicionalmente, estaria alijada dessa aprendizagem. Justifica-se, ainda, pela necessidade de se investir na criação de métodos coletivos nacionais eficientes para o ensino, baseados em preceitos educacionais e sociais e adaptados às condições sócio-culturais do país. A proposta envolve a reapropriação de músicas folclóricas brasileiras, buscando resgatar e preservar os vínculos de identidade com a coletividade multicultural que compõe a sociedade brasileira. Do ponto de vista pedagógico, um método de ensino coletivo traz muitos benefícios já comprovados: facilita a interação social entre os estudantes e cria uma dinâmica mais estimulante na sala de aula gerando incentivo para participação em outros grupos desde o início. À primeira vista pode parecer que o método proposto está fundamentado em um nacionalismo extemporâneo, mas esclarece-se que o emprego de melodias do folclore nacional como material musical apoia-se em bases sociais e pedagógicas. Do ponto de vista social, reconhece-se que as práticas folclóricas não são apenas reminiscências ou memórias do passado, mas, segundo Milton Santos, “resíduos de estruturas que foram presentes no passado” (1997, p. 69); assim, como parte da cultura imaterial, esse elemento musical representa um dado da realidade, mesmo diante do avanço da música midiática nas sociedades modernizadas. As comunidades mais apegadas aos vínculos musicais tradicionais encontrarão no método melodias conhecidas de cantos de roda, canções de ninar, brincadeiras, marchinhas que não deixaram de se renovar e de serem parte do cotidiano social. Baseia-se na noção pedagógica de que através da identificação com o material, o reconhecimento de seu valor manterá seu poder significativo para o aluno e facilitará a aprendizagem musical. De um lado porque a música carrega, por si só, um alto nível de afetividade, que pode e deve ser aproveitado para estabelecer o vínculo afetivo entre alunos e professor; além disso, esse poder torna-se mais significativo porque passa pela compreensão dos sentidos e pela bagagem de conhecimento musical informal, ou cotidiano, que o aluno traz consigo. Essa proposta fundamenta-se, também, na constatação do uso difundido de métodos estrangeiros em escolas e em instituições sociais que empregam o ensino coletivo. Sabe-se que um dos pontos fundamentais a ser levado em consideração no processo de elaboração de metodologias e métodos de ensino são as questões culturais e o nível educacional do público para o qual são destinadas, para que o método proposto não venha a correr o risco de perder eficácia na sua aplicação por ser incompatível com a realidade social e a capacidade de compreensão do público a quem é direcionado. As melodias empregadas nos métodos de ensino coletivo estrangeiros são familiares ao público para quem foram escritas, mas não para nossos alunos. Perde-se, assim, o vínculo da identificação cultural que facilitaria o aprendizado do instrumento nesta etapa preliminar. A educadora Marisa Fonterrada assim escreve sobre sua experiência nessa área: (...) é preciso registrar que o esquecimento dos métodos ativos de educação musical em 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Título, autores – ISSN 2176-9761 muitos espaços em que poderiam ocorrer vem sendo danoso ao ensino de música no País, provando duas posturas opostas: a que adota um dos métodos acriticamente e de maneira descontextualizada descartando outras possibilidades, e a que ignora seus procedimentos e investe em propostas pessoais, geralmente não acompanhadas de reflexão, e baseadas em ensaio-e-erro que, em geral, privilegiam o ensino técnico-instrumental (leia-se treinamento dos olhos e das mãos) ou a diversão, dentro do pressuposto de que a música é lazer (2001, p. 122). Pode-se lembrar como Shinichi Suzuki elaborou seu famoso método de ensino de violino e demais instrumentos de cordas baseando-o nas características culturais de seu povo: a aceitação do valor da disciplina, o poder da vida familiar sobre a individual e a prioridade dada à educação, bases da cultura nipônica. Nesse ambiente, Suzuki concebeu uma metodologia que incluía a participação das mães dos alunos como parte essencial para o sucesso na aplicação do método. As mães deveriam aprender junto com os alunos ao menos todo primeiro volume do método para poderem estudar diariamente com os filhos em casa, e para serem capazes de corrigir eventuais falhas de postura e de leitura musical dos mesmos. Além disso, eram responsáveis em levar o aluno-filho a ouvir todos os dias a gravação das músicas do método, para que as memorizasse e fosse capaz de, com a ajuda da mãe, fazer comentários críticos sobre as performances das gravações. Certamente, tal envolvimento e responsabilidade familiar não parecem caracterizar os lares existentes nas grandes cidades brasileiras, e diferem também em relação às classes sociais, visto que a participação familiar depende de muitos fatores socioeconômicos. Do lado dos próprios alunos, aqueles poucos que conseguem ser atendidos por alguma escola de música pública ou projeto de cunho social que ensina música, além de toda dificuldade mencionada acima, com a chegada da adolescência, muitas vezes, se deparam também com a pressão dos pais para abandonar o estudo musical com a finalidade de procurar um emprego para ajudar no sustento da família. A justificativa para o emprego exclusivo de melodias do folclore e populares brasileiras e a não utilização de melodias do repertório de outros países tem como base o processo de ensino do violino. O uso de método coletivo para a iniciação ao violino, ou de qualquer outro instrumento de cordas, subentende uma iniciação ao instrumento que é limitada às noções preliminares da técnica básica do instrumento. Passado o período de aprendizado inicial, que dura em média de um a três anos e depende da idade média dos alunos, da capacidade de aprendizado e da coordenação motora, os alunos são encaminhados, necessariamente, para aulas individuais onde o aluno será atendido em suas necessidades específicas para o melhor aproveitamento do tempo e aprimoramento técnico. E, nas aulas individuais, os métodos e metodologias empregadas são na sua maioria muito semelhantes aos utilizados nos países líderes na tradição musical erudita. Pratica-se nessas aulas o repertório de concertos, os estudos técnicos dos instrumentos e o repertório consagrado da música ocidental erudita. Dessa forma, iniciar sua formação no instrumento por meio de um método coletivo que aborda o folclore, o cancioneiro popular nacional não criará dificuldades para o aluno que pretender se profissionalizar, pois, ao prosseguir seus estudos, o repertório consagrado será contemplado a seguir nas aulas individuais. Pode-se lembrar, mais uma vez, de Suzuki que ao criar seu método de ensino o fez baseando-se na observação do processo de aprendizagem da língua materna: por meio do convívio com os pais e a família, da repetição dos sons e da imitação do falar dos adultos. Assim, traçou o paralelo entre a aprendizagem de nossa língua materna e a compreensão dos hábitos culturais, e entre esses da música, que são praticados na nossa vida social. Se a facilidade com que a criança lida com a própria língua é um paralelo positivo para se criar uma metodologia de ensino de violino, assim a nossa facilidade de lidar com o que nos é familiar, a nossa música folclórica e popular brasileira, deve ser aproveitada na elaboração de um método de ensino de instrumentos de cordas para facilitar o aprendizado do aluno. A comparação com Suzuki limita-se à questão da descoberta e utilização de elementos sociais de nossas convivências e contatos iniciais. Tendo vivido e se formado principalmente na Alemanha, Suzuki optou por utilizar melodias do repertório da música erudita internacional ao invés do folclore japonês, mas o paralelo que o aproveitamento daquilo que nos é familiar produz, ainda é válido. Desse modo, baseia-se na noção de que o aluno deve compreender primeiro a sua própria cultura e a música de seu país, para depois assimilar os elementos diversos e diferentes das outras culturas, pois se não entender nem sua própria linguagem como traduzirá o que lhe é estranho ou diferente? Sem saber o ponto de partida, é difícil traçar objetivamente um caminho a seguir, e o caminho percorrido se torna muitas vezes incompreensível. Por isso enfatiza-se a importância do ensino da música folclórica e popular 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Título, autores – ISSN 2176-9761 brasileiras logo no início do aprendizado musical, para que o aluno tenha percepção e consciência do ambiente em que vive, do processo histórico no qual está inserido; para que venha a se identificar com seu próprio povo, valorizar a cultura de seus ancestrais, aprender a zelar e apreciar aquilo que lhe é próprio de sua terra e de sua gente. Assim, poderá compor sua visão de mundo por meio da música, e adquirirá as ferramentas necessárias para entender e lidar com a diversidade cultural do mundo moderno. Em um país multi-étnico e multi- cultural como o nosso, a questão da identificação é de fundamental importância, pois mesmo a diversidade é uma forma de identidade. Diante de tal panorama, constatamos a necessidade de estabelecer bases e diretrizes para um método de ensino coletivo de instrumentos de cordas fundamentado nos elementos da música brasileira, escrito em língua portuguesa para facilitar a compreensão dos alunos quanto às propostas técnicas e metodológicas apresentadas. A construção do polo de ensino – a implementação do Projeto. Em 2009, o primeiro passo para a implantação do Projeto foi o levantamento, num trabalho voluntário de alunos e professores, dos espaços e material humano das cercanias do Instituto de Artes. Foi contatado o Centro de Referência de Assistência Regional - CRAS Lapa, um braço da Secretaria Municipal da Assistência e Desenvolvimento Social, que administra 26 Centros para Criança e Adolescentes (CCAs). Esses Centros, com o apoio da Prefeitura, acolhem crianças de 5 a 17 anos no contra turno escolar fornecendo alimentação e uma série de atividades esportivas, culturais e artísticas. Após várias reuniões, ficou estabelecido que o Projeto se ofereceria como uma dessas atividades, o ensino de música nas dimensões musicalização e ensino de cordas friccionadas e que, para a divulgação do Projeto, seriam realizados seis concertos didáticos dirigidos a 1500 crianças frequentadoras dos CCAs. Os concertos foram elaborados a partir de uma associação interdisciplinar dos Departamentos de Teatro e Música, tendo a Orquestra Acadêmica da UNESP e dois atores apresentadores como protagonistas. Os instrumentos eram apresentados um a um, com os musicistas do conjunto se revezando em solos, ao lado de uma encenação geral dirigida pela Profa. Carminda Mendes André, do departamento de teatro. Um vídeo desta apresentação se encontra em http://www.youtube.com/watch?v=8JG2UYjCmKM A direção geral ficou a cargo desse pesquisador. O local de realização foi o Teatro Maria de Lourdes Sekeff, no IA. Logo após esses concertos foi realizado um pequeno teste, de forma a selecionar, dentre as 1500 crianças, as 100 mais talentosas que começariam o Projeto. Esse teste se constituiu basicamente em atividades de checagem do nível de atenção, rápidos e simples de realizar, com lápis e outros materiais de uso cotidiano. Ao lado do teste, as crianças também preencheram um questionário, indicando nome, idade, e o instrumento preferido do concerto. As crianças foram trazidas num esforço conjunto da PROEX e a Secretaria Municipal da Assistência e Desenvolvimento Social. Num primeiro momento ficou estabelecido que as aulas ministradas aconteceriam no próprio Instituto de Arte e as crianças seriam transportadas de ônibus dos CCAs para as aulas. O Transporte assim como os 50 instrumentos foram financiados pela reitoria e a PROEX concedeu 22 bolsas para o Projeto que ficaram distribuídas entre as funções de professores de instrumentos, musicalização e monitoria das crianças. Os instrumentos foram entregues ao projeto somente em meados de outubro e, até essa data, o conteúdo das aulas foi apenas de cunho teórico, com introdução às características dos instrumentos e muito foco na área de musicalização. Após a chegada dos instrumentos, graças à tecnologia didática inovadora do método aplicado, o avanço das crianças foi muito rápido. Como previsto, o rascunho do método desenvolvido foi utilizado nas aulas e em duas reuniões com os professores monitores e pesquisadores, problemas que eventualmente surgiram no conteúdo aplicado foram sanados e as correções incorporadas para posterior edição. Em 2012 foi efetivado convênio entre a Prefeitura de São Paulo e a UNESP, oficializando a parceria entre ambos. Ainda neste ano, o Projeto sofreu algumas mudanças estruturais. O transporte não mais obteve subsídio da reitoria. Em função disso, a grande maioria dos 100 alunos inscritos e com um acúmulo de um pouco menos de um ano e meio de aulas tiveram que abandonar o projeto, sem condições de chegar ao local das mesmas. Apenas três alunos da antiga turma permaneceram. Concomitante a isso, o endereço das aulas foi mudado em função de uma maior proximidade das escolas de ensino públicos e dos CCAs. As aulas, que até 2011 eram ministradas no Instituto de Artes da UNESP, passaram a ser ministradas no CCA Batista, localizado na Av. Pompéia 851. Esse CCA, dentre os inúmeros das redondezas do Instituto de Artes, foi o que melhor reuniu condições materiais e humanas para servir às crianças do Projeto. Foram http://www.youtube.com/watch?v=8JG2UYjCmKM 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Título, autores – ISSN 2176-9761 disponibilizadas cinco salas de aulas bem equipadas, com dois pianos, além de um auditório. Ao lado do corte no transporte, o número de bolsistas foi reduzido de 22 para 16. Considerando o corte das bolsas e do transporte, ao invés de manhã e tarde as aulas foram mantidas apenas no período matutino e as crianças atendidas caíram para 50 em número. Em 2013 houve mais um corte nas bolsas e de 16 para 8. Finalmente, em 2014 as bolsas foram reduzidas a duas e o Projeto, graças ao trabalho voluntário, consegue manter-se hoje com cerca de 30 crianças. Os atores do Projeto A participação dos alunos bolsistas e voluntários no Projeto é fundamental. Estão distribuídos em um núcleo de musicalização e coro e de ensino de cordas friccionadas. São oriundos do curso de Bacharelado em Instrumento, Bacharelado em Composição e Regência, Licenciatura em Educação Musical e Licenciatura em Arte Teatro. O polo constituído atualmente por cerca de 30 crianças funciona como um laboratório para esses alunos, permitindo que apliquem todo o aprendizado recebido, efetivando a sua consolidação e, concomitantemente, fornecendo dados sobre a aplicação prática da metodologia criada pelo Grupo de Pesquisa (Estudo de Implementação do Ensino Coletivo de Cordas na Universidade Pública), permitindo assim eventuais ajustes e aprimoramentos do método. Os professores desse Grupo de Pesquisa, representantes de todas as áreas pertinentes à consolidação da metodologia, a saber: instrumentos violino, viola, violoncelo, contrabaixo, musicalização e coro, especialistas práticos e teóricos do ensino coletivo de música, além do desenvolvimento da metodologia, fornecem assistência aos bolsistas e voluntários nas atividades junto às crianças. Os integrantes são: Prof. Dr. Luiz Amato, UNESP, coordenador, líder do grupo, docente de violino Prof. Dr. Emerson de Biaggi, Unicamp, docente de viola Prof. Dr. Ricardo Kubala, UNESP, docente de viola Prof. Dr. Fábio Presgrave, UFRN, docente de violoncelo Prof. Dr. Joel Silva de Souza, UNESP, docente de violoncelo Profa. Dra. Valery Albright, UNESP, docente de contrabaixo Profa. Liu Man Ying, Ex-diretora pedagógica do Projeto Guri e professora do curso de extensão “O Ensino Coletivo de Cordas” da UNESP. Além dos docentes listados, os alunos bolsistas também estão cadastrados. O Método ACorda Toda. Inicialmente o método estava previsto para ser publicado com 180 exercícios desenvolvidos pelo Grupo de Pesquisa. No entanto, nesse ano de 2015, após cinco anos de aplicação prática da metodologia, optou-se por uma forma mais condensada, com 115 exercícios, formatada para oito meses ou 32 semanas de aulas, na prática, um ano de Projeto. Todo o conteúdo apresentado é de dificuldade progressiva, com indicações precisas ao professor-monitor dos objetivos a serem alcançado e resultados esperados. Dessa maneira, o método funciona em duas “vias”, para o professor monitor, ajudando-o a organizar o conteúdo a ser ministrado em aula e, obviamente, para as crianças. Os exercícios foram construídos tomando-se como base o Guia Prático de Villa-Lobos, onde se encontram temas folclóricos por ele coletado e harmonizados em 1932. Uma vez elaborado pelo Grupo de Pesquisa, o exercício ou grupo de exercícios com determinado fim didático é levado às salas de aulas e avaliado pelos próprios bolsistas, sempre supervisionados pelos professores da área. Aulas O polo de ensino atualmente possui cerca de 30 crianças e desenvolve suas atividades no Centro para criança e Adolescente (CCA) Batista, e no Instituto de Artes da UNESP. Os bolsistas e voluntários dão aulas de instrumentos de cordas friccionadas (violino, viola, violoncelo e contrabaixo), musicalização e são supervisionados por professores e ex-alunos que participaram anteriormente do Projeto e conhecem a fundo a engrenagem da metodologia. As aulas acontecem no período matutino, das 08:30 até as 10:30, na 2ª e 3ª feira (no CCA Batista) e sábado (no IA), sendo, 2ª – coro, 3ª e 6ª instrumento e musicalização. Os instrumentos fornecidos pela UNESP ficam armazenados em uma sala fornecida pelo Centro. Semanalmente os monitores-bolsistas reúnem-se com os professores e discutem os rumos da metodologia aplicada, sugerindo correções e adendos ao método desenvolvido. Resultados e Discussão Com uma grande relevância social estabelecida no seu cerne, o Projeto possui o potencial de transformar de modo efetivo os principais beneficitários, as crianças, através do desenvolvimento de suas potencialidades artísticas, e mesmo indiretamente seus familiares e pares, 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Título, autores – ISSN 2176-9761 através do orgulho dessa realização conjunta. O perfil das crianças envolvidas nessa extensão é o perfil das crianças que não possui condições de pagar uma escola privada. Diretamente, desde o seu começo em 2009 com a execução dos concertos didáticos, até hoje, provavelmente o Projeto já atingiu a cerca de pelos menos 2000 crianças. No dia a dia do Projeto os alunos bolsistas e voluntários aprendem a lidar com situações práticas que irão enfrentar e muitos já enfrentam. Quase todos participam ou pretendem participar em projetos coletivos de cunho sócio educativo. É uma oportunidade para aplicar conhecimentos adquiridos em classe e testá-los. Algumas vezes, no entanto, eles são obrigados a ir além da trivial transferência de conhecimento e lidar com situações inusitadas, geradas pela condição social das crianças envolvidas. Não raro, por exemplo, uma criança com o histórico de violência doméstica extrema, instiga discussões intensas e construtivas nas reuniões semanais de monitoria. Conclusões O Projeto de Extensão ACorda Toda é relativamente novo, com o início de suas atividades práticas em meados de 2010. Suas atividades preparatórias iniciaram-se já no fim de 2009, com grande movimentação voluntária de alunos e professores, no processo de vasculhar a comunidade à procura de material humano e físico para o projeto, o que inclui a preparação dos concertos didáticos para mais de 1500 alunos da rede pública de ensino. Desde o seu início, o projeto suscitou voluntarismo de todos os envolvidos, situação que se perdura, tendo em vista que os principais articuladores do manejo das aulas e das crianças, além de outras questões administrativas, são ex-alunos, e alunos voluntários. Graças a eles o Projeto hoje sobrevive, mesmo com a presente política de contenção de despesas que provocou a redução de 22 bolsistas para 2. Por outro lado, é visível a aceitação do Projeto junto à comunidade, como atestam os familiares das crianças envolvidas, presentes aos concertos de encerramento de ano. Tudo isso gera um grande impulso a sua existência e um grande orgulho para sua coordenação. Importante ressaltar que um desdobramento do Projeto ACorda Toda está sendo implementado na Universidade Federal do Acre através do seu professor de violino no Departamento de Música, Dr. Leonardo Vieira Feichas, a começar neste ano de 2015. O método ACorda Toda, em recorte em anexo, (anexo II) já está em posse das crianças e a Lição I já foi lançada. A parceria, no caso, é o SESC Acre em Rio Branco. ____________________ ANDERSON, G.E. e FROST, R.S. All for Strings: Comprehensive String Method. San Diego, Kjós Neil A. Kjós Music Company, 1986. APPLEBAUM, Samuel. String Builder: a String Class Method for Class or Individual Study. New York, Belwin Mills, 1960. BERGER, Peter L. & LUCKMANN, Thomas. A construção da realidade: tratado de sociologia do conhecimento. 5ª ed. Trad. Floriano de Souza Fernandes. Petrópolis: Vozes, 1983. BIRGE, Edward Bailey. History of Public School Music in the United States. Oliver Ditson Co., 1939. Rev. Ed. MENC, 1988. CONTIER, Arnaldo D. Passarinhada do Brasil: conto orfeônico, educação e getulismo. Bauru, EDUSC, 1998. CRUVINEL, Flavia Maria. Educação Musical e Transformação Social – uma experiência com ensino coletivo de cordas. Goiânia, Instituto Centro-Brasileiro de Cultura, 2005. 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Anexo 1 Visibilidade alcançada: Podcast UNESP - Projeto ACorda Toda realiza concerto de fim de ano no Instituto de Artes da Unesp – 28 de novembro de 2014 http://podcast.unesp.br/radiorelease-27112014-projeto-acorda-toda-realiza-concerto-de-fim-de-ano-no- instituto-de-artes-da-unesp Portal da UNESP - Concerto de fim de ano do Projeto ACorda Toda – 28 de nevembro de 2014 http://www.unesp.br/portal#!/noticia/16013/concerto-de-fim-de-ano-do-projeto-acorda-toda/ Portal da UNESP - Manhã de emoção e encantamento no Instituto de Artes da Unesp – 23 de novembro de 2013 http://www.unesp.br/portal#!/noticia/12735/manha-de-emocao-e-encantamento-no-instituto-de-artes-da- unesp/ Youtube – ACorda Toda – apresentação de fim de ano – 29 de novembro de 2014 https://www.youtube.com/watch?v=AFPq2fdf7_k&feature=youtu.be Youtube – ACorda Toda – apresentação de fim de ano – 23 de novembro de 2013 http://www.youtube.com/watch?v=3Cdue1TMRgc Youtube - Apresentação no Conselho Universitário da UNESP – 13 de dezembro de 2012 https://www.youtube.com/watch?v=xtx76DsfbHk Youtube – Um dia no Projeto (documentário) http://www.youtube.com/watch?v=N9NO7pOlgCU Youtube – ACorda Toda - Concertos didáticos http://www.youtube.com/watch?v=8JG2UYjCmKM Folhinha http://www1.folha.uol.com.br/folhinha/842214-concerto-reune-cem-criancas-do-projeto-acorda-toda.shtml Diário Oficial da Cidade de São Paulo, na edição de 31 de maio de 2011 http://www.docidadesp.imprensaoficial.com.br/NavegaEdicao.aspx?ClipID=CVP3DGNSR5GJNeBQQ544S7 UDHO5&PalavraChave=acorda%20toda Jornal Unesp - Fevereiro 2011 - Ano XXII - n° 263 http://www.unesp.br/aci_ses/jornalunesp/acervo/263/a-garotada-com-a-corda-toda Portal da UNESP – 10/2009 http://www.unesp.br/noticia.php?artigo=4598 Orquestra acadêmica da UNESP http://www.orquestra.ia.unesp.br/temporadas_09_10_acordatoda.php http://podcast.unesp.br/radiorelease-27112014-projeto-acorda-toda-realiza-concerto-de-fim-de-ano-no-instituto-de-artes-da-unesp http://podcast.unesp.br/radiorelease-27112014-projeto-acorda-toda-realiza-concerto-de-fim-de-ano-no-instituto-de-artes-da-unesp http://www.unesp.br/portal#!/noticia/16013/concerto-de-fim-de-ano-do-projeto-acorda-toda/ http://www.unesp.br/portal#!/noticia/12735/manha-de-emocao-e-encantamento-no-instituto-de-artes-da-unesp/ http://www.unesp.br/portal#!/noticia/12735/manha-de-emocao-e-encantamento-no-instituto-de-artes-da-unesp/ https://www.youtube.com/watch?v=AFPq2fdf7_k&feature=youtu.be http://www.youtube.com/watch?v=3Cdue1TMRgc https://www.youtube.com/watch?v=xtx76DsfbHk http://www.youtube.com/watch?v=N9NO7pOlgCU http://www.youtube.com/watch?v=8JG2UYjCmKM http://www1.folha.uol.com.br/folhinha/842214-concerto-reune-cem-criancas-do-projeto-acorda-toda.shtml http://www.docidadesp.imprensaoficial.com.br/NavegaEdicao.aspx?ClipID=CVP3DGNSR5GJNeBQQ544S7UDHO5&PalavraChave=acorda%20toda http://www.docidadesp.imprensaoficial.com.br/NavegaEdicao.aspx?ClipID=CVP3DGNSR5GJNeBQQ544S7UDHO5&PalavraChave=acorda%20toda http://www.unesp.br/aci_ses/jornalunesp/acervo/263/a-garotada-com-a-corda-toda http://www.unesp.br/noticia.php?artigo=4598 http://www.orquestra.ia.unesp.br/temporadas_09_10_acordatoda.php 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Título, autores – ISSN 2176-9761 Anexo 2 Recorte inicial do Método desenvolvido: 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Título, autores – ISSN 2176-9761 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Título, autores – ISSN 2176-9761