Acta Sci. Biol. Sci. Maringá, v. 29, n. 3, p. 261-268, 2007 Morfologia de plântulas e estádios juvenis de espécies invasorasMorfologia de plântulas e estádios juvenis de espécies invasorasMorfologia de plântulas e estádios juvenis de espécies invasorasMorfologia de plântulas e estádios juvenis de espécies invasoras Káthia Socorro Mathias Mourão 1*, Laércio Domingues 1 e Juliana Marzinek 2 1Departamento de Biologia, Universidade Estadual de Maringá, Av. Colombo, 5790, 87020-900, Maringá, Paraná, Brasil. 2Departamento de Botânica, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, São Paulo, Brasil. *Autor para correspondência. E-mail: ksmmourao@uem.br RESUMO. Plântulas e plantas jovens de vinte espécies de plantas invasoras, que ocorrem nas culturas mais freqüentes de Maringá, Estado do Paraná, Brasil e regiões adjacentes, foram descritas morfologicamente, e contribuem para identificação no campo e fornecem informações para trabalhos taxonômicos e ecológicos. Em 16 espécies, a plântula é epígeo-foliácea. Em Cardiospermum halicacabum, é epígeo-carnosa; em Cenchrus echinatus e Digitaria horizontalis, é hipógea; e, em Commelina virginica, é criptocotiledonar-epígea (tipo “Durio”). A diferenciação do primeiro eofilo variou de dez (Digitaria horizontalis) a 35 dias (Bidens pilosa) e do primeiro metafilo de 22 (Commelina virginica) a 49 dias (Acanthospermum australe). O número de eofilos formados variou de um a quatro e a filotaxia, de alterna a oposta. Palavras-chave: morfologia, plântula, planta invasora, planta jovem. ABSTRACT. Morphology and development of seedlings and saplings of weeds. The morphology of 20 species of weeds that occur in the most common crops in Maringá, Paraná State, Brazil and adjacent regions were described at early developmental stages, in order to identify the species in the field and provide information for taxonomic and ecological works. Sixteen species featured epigeal-foliaceous seedlings. The seedling in Cardiospermum halicacabum is epigeal-fleshy; in Cenchrus echinatus and Digitaria horizontalis it is hypogeal and in Commelina virginica is epigeal-cryptocotyledonar. The differentiation of the first eophyll occurred within ten (Digitaria horizontalis) to 35 days (Bidens pilosa) and the first metaphyll appeared within 22 (Commelina virginica) to 49 days (Acanthospermum australe). The number of eophylls varied from one to four, and the phyllotaxis varied from alternate to opposite. Key words: morphology, seedling, weed, sapling. IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução A identificação de espécies de plantas invasoras, nos primeiros estádios de desenvolvimento, é de suma importância e grande interesse econômico, principalmente no que diz respeito ao seu controle, pela aplicação de herbicidas. Fleck (1979), estudando a aplicação de diferentes combinações de doses de herbicidas na cultura de soja (Glycine max (L.) Merr.) para controle de “papuã” (Brachiaria plantaginea (Linck) Hitch), verificou que as aplicações em fases de pós-emergência demonstraram maior eficiência do que em pré-plantio incorporado e em pré- emergência. Entre os trabalhos realizados sobre a morfologia de plântulas de espécies invasoras, destacam-se os de Aranha e Pio (1981 e 1982), que descreveram as plântulas de 31 espécies de dicotiledôneas e 26 de monocotiledôneas que ocorrem como invasoras na cultura de arroz (Oryza sativa L.). Estes estudos, apesar de extremamente importantes, apresentam problemas, tais como: falta de escalas nas ilustrações, dúvida quanto ao posicionamento de Pontederiaceae, citada entre as dicotiledôneas em um e no outro entre as monocotiledôneas, o que pode inviabilizá-los quanto à sua utilização. Groth (1984) caracterizou morfologicamente as unidades de dispersão e também as plântulas de cinco espécies invasoras de Malvaceae: Malva parviflora L., Malvastrum americanum Torr; M. coromandelianum (L.) Garcke, Sida glaziovi K. Schum e S. linifolia Cav., que apresentam excelentes chaves dicotômicas para a identificação dessas espécies em laboratório. A necessidade de trabalhos que visam esclarecer a estrutura de plântulas vem sendo ressaltada desde o início do século (Compton, 1912; Hill e De Fraine, 1913). Porém, ainda hoje, os dados disponíveis são escassos, conforme salientam Finger (1977), Kuniyoshi (1983) e Feliciano (1989). Deve-se ressaltar, também, que as sementes e plântulas, quando consideradas em conjunto, podem revelar muito acerca da história ecológica e evolutiva de qualquer grupo de plantas (Duke e Polhill, 1981). A combinação de características das sementes e do 262 Mourão et al. Acta Sci. Biol. Sci. Maringá, v. 29, n. 3, p. 261-268, 2007 adulto, representadas na plântula, pode fornecer numerosos indícios para a identificação das espécies no campo e em amostras de sementes (Ng, 1978; Amo-Rodriguez, 1979; Duke e Polhill, 1981; Kuniyoshi, 1983; Parra, 1984). Apesar de as espécies de monocotiledôneas serem numericamente menores do que as de dicotiledôneas, sua ocorrência nas culturas é mais prejudicial, em função do ciclo mais longo e do sistema radical muito ramificado. Além disso, a grande dificuldade em se caracterizar cada uma dessas espécies em nível de plântula quase que obriga ao combate generalizado das mesmas (Aranha e Pio, 1982). No município de Maringá, Estado do Paraná e regiões adjacentes, as culturas de maior importância econômica são a de soja (Glycine max (L.) Merr.), milho (Zea mays L.) e trigo (Triticum vulgare Vill.). Considerando o elevado número de espécies invasoras que ocorrem nestas culturas, torna-se evidente a existência de muitos problemas quanto à sua identificação nos estádios de plântula e juvenil, principalmente no campo, o que dificulta a escolha de herbicidas pós-emergência específicos. Dentre as plantas invasoras mais problemáticas, nessas culturas, destacam-se: Amaranthus deflexus L. (caruru) e A. hybridus L. (caruru-roxo - Amaranthaceae), Leonurus sibiricus L. (rubim - Apiaceae), Acanthospermum australe (Loefl.) O. Kuntze (carrapicho-rasteiro) e A. hispidum DC. (carrapicho-carneiro), Ageratum conyzoides L. (mentrasto), Bidens pilosa L. (picão-preto), Emilia sonchifolia (L.) DC. (serralha), Galinsoga parviflora Cav. (picão-branco), Siegesbeckia orientalis L. (botão-de-ouro - Asteraceae), Ipomoea acuminata Roem. & Shult. e I. aristolochiifolia G. Don. (corda-de-viola - Convolvulaceae), Euphorbia heterophylla L. (amendoim- bravo - Euphorbiaceae), Cassia tora L. e Senna occidentalis Link. (fedegoso - Leguminosae), Sida rhombifolia L. (guanxuma - Malvaceae) e Cardiospermum halicacabum L. (balãozinho - Sapindaceae), entre as dicotiledôneas e Commelina virginica L. (trapoeraba - Commelinaceae), Cenchrus echinatus L. (capim-carrapicho) e Digitaria horizontalis Willd. (capim-colchão - Poaceaae), entre as monocotiledôneas. Tendo em vista estas considerações, o presente estudo teve como objetivo fornecer informações pormenorizadas sobre a morfologia e desenvolvimento das plântulas e sobre os estádios juvenis das 20 espécies citadas no parágrafo anterior. Material e métodosMaterial e métodosMaterial e métodosMaterial e métodos A coleta de sementes foi realizada no Campus da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e na Fazenda Experimental de Iguatemi (FEI), situada no município de Maringá, Estado do Paraná, Brasil. Foram preparadas exsicatas de todos os indivíduos utilizados para coleta, e o material foi incorporado ao Herbário da Universidade Estadual de Maringá (HUEM), como documento taxonômico. Para definir os estádios iniciais do desenvolvimento pós-seminal, até a completa expansão do primeiro metafilo (folha semelhante à folha da planta adulta, folha verdadeira), foram utilizados os termos plântula e planta jovem. Considerou-se como fase de plântula a que transcorre desde a emissão da raiz primária até a completa expansão do primeiro eofilo (primeira folha após o(s) cotilédone(s)) e de planta jovem, a fase subseqüente, representada por qualquer das formas assumidas pelo vegetal até o surgimento do primeiro metafilo (Oliveira, 2001). A terminologia empregada na descrição das plântulas e plantas jovens foi baseada nos trabalhos de Duke (1965 e 1969), Duke e Polhill (1981), Garwood (1983 e 1995), Parra (1984), Radford (1986) e Miquel (1987). Para a obtenção de plântulas, as sementes foram colocadas para germinar em placas de Petri, forradas com dois discos de papel de filtro umedecidos com água destilada, mantidas em germinador a 25 ± 1ºC e fotoperíodo de 12 horas. Outros lotes de sementes foram colocados para germinar em sacos de plantio, mantidos em casa de vegetação a 25ºC e, também, em canteiros, ambos contendo solo da região e regados periodicamente. Foram realizadas observações diárias, anotando-se os seguintes dados: data da semeadura, do início da germinação e o paulatino desenvolvimento das plântulas e plantas jovens, até o desenvolvimento completo do primeiro metafilo. Os seguintes aspectos morfológicos foram descritos: tipo de germinação, de plântula e a morfologia dos cotilédones, dos eofilos e dos metafilos. As plântulas e plantas jovens obtidas foram descritas e ilustradas a partir da análise de material fresco e conservado em etanol 70%. O padrão de venação dos eofilos e metafilos das espécies foi estudado, utilizando-se a técnica proposta por Fuchs (1963), na qual as folhas foram coradas em solução de fucsina básica 1% em etanol 95% e diafanizadas em solução de hidróxido de sódio 5%, sendo, posteriormente, lavadas, desidratadas por passagem em série etílica e montadas em gelatina glicerinada. A descrição da venação foi realizada com base em Hickey (1973). As fotografias foram obtidas em câmera fotográfica PENTAX K1000 e filme ISO 100 para ilustrar os aspectos morfológicos das plântulas e estádios juvenis. As ilustrações das folhas foram obtidas com auxílio de câmara clara, adaptada ao Plântulas de espécies invasoras 263 Acta Sci. Biol. Sci. Maringá, v. 29, n. 3, p. 261-268, 2007 estereomicroscópio. As escalas de todas as fotos e ilustrações foram obtidas nas mesmas condições utilizadas para cada caso. Resultados e discussãoResultados e discussãoResultados e discussãoResultados e discussão A maioria das espécies mostrou plântulas epígeo- foliáceas. C. halicacabum é epígeo-carnosa, C. echinatus e D. horizontalis é hipógea e, C. virginica é criptocotiledonar-epígea (Tabela 1). A diferenciação do primeiro eofilo (primeira folha) variou de 10 (D. horizontalis) a 35 dias (B. pilosa) e do primeiro metafilo (folha semelhante à da planta adulta, folha verdadeira) de 22 (C. virginica) a 49 dias (A. australe). O número de eofilos formados variou de um a quatro e a filotaxia de alterna a oposta (Tabela 1). Os dados sobre a morfologia das plântulas e plantas jovens encontram-se listados na Tabela 1. A caracterização dos cotilédones, eofilos e metafilos estão nas Tabelas 2, 3 e 4, respectivamente. A classificação das plântulas, quanto ao tipo de germinação no sentido morfológico, varia segundo o critério utilizado pelos diferentes autores. Duke (1965) separou as plântulas em dois grupos distintos; criptocotiledonares e fanerocotiledonares, de acordo, respectivamente, com a permanência ou não dos cotilédones no interior dos tegumentos após a germinação. Ng (1978) combinou a estes critérios, as posições hipógea e epígea, obtendo quatro classes de plântulas: epígea, semi-hipógea, hipógea e o tipo “Dúrio” (criptocotiledonar-epígea). Vogel (1980) apresentou 16 tipos e mais alguns subtipos, levando em consideração o envoltório da semente, os tecidos de reserva, fases de repouso e filotaxia. Esta classificação, apesar de bastante completa é de difícil utilização no campo, onde nem todos os caracteres podem ser observados. Ye (1983) chamou atenção para que uma distinção entre a germinação hipógea e epígea é bastante difícil. Soriano e Torres (1995) afirmaram que estudos em que a semeadura é em condições controladas, esta diferenciação mostra-se inconsistente, podendo, em uma mesma espécie, a germinação ocorrer abaixo ou em nível do solo. Ressaltam ainda que a terminologia de Duke (1965) não deixa margens de dúvida. De acordo com a classificação de Duke (1965 1969), as plântulas de A. deflexus, A. hybridus, L. sibiricus, A. australe, A. hispidum, A. conyzoides, B. pilosa, E. sonchifolia, G. parviflora, S. orientalis, I. acuminata, I. aristolochiifolia, E. heterophilla, C. tora, S. ocidentalis, S. rhombifolia e C. halicacabum são fanerocotilenares (cotilédones liberados do tegumento seminal após a germinação), enquanto que as de C. virginica, C. echinatus e D. horizontalis são criptocotiledonares (cotilédone ou parte dele permanece envolvido pelo tegumento). Miquel (1987) utilizou três critérios de fácil observação durante a coleta de plântulas no campo: a exposição ou não dos cotilédones, o desenvolvimento do hipocótilo e a natureza dos cotilédones, e foram classificadas em três tipos: “epígeo-foliácea” (fanerocotiledonar-epígea-cotilédones foliáceos), “hipógea” (criptocotiledonar-hipógea) e “Durio” (criptocotiledonar-epígea). Com relação aos aspectos morfológicos das plântulas estudadas, convém destacar que a transição entre os eofilos e o metafilo ocorreu, na maioria, com certa rapidez (Tabela 1). Tabela 1. Morfologia das plântulas e plantas jovens de 20 espécies de plantas invasoras de Maringá, Estado do Paraná, Brasil e regiões adjacentes. Espécie Morfologia inicial da plântula Diferenciação do 1º eofilo (dias) Filotaxia do 1° eofilo Diferenciação do 1° metafilo (dias) Amaranthus deflexus (Figuras 1-3) epígeo-foliácea 15 alterna 32 Amaranthus hybridus (Figuras 8-10) epígeo-foliácea 18 alterna 31 Leonurus sibiricus (Figuras 15-17) epígeo-foliácea 17 oposta 42 Acanthospermum australe (Figuras 22-24) epígeo-foliácea 23 oposta 49 Acanthospermum hispidum (Figuras 29-31) epígeo-foliácea 19 oposta 32 Ageratum conyzoides (Figuras 36-38) epígeo-foliácea 21 oposta 48 Bidens pilosa (Figuras 43-45) epígeo-foliácea 35 oposta 45 Emilia sonchifolia (Figuras 50-51) epígeo-foliácea 19 alterna 47 Galinsoga parviflora (Figuras 56-58) epígeo-foliácea 28 oposta 44 Siesgesbeckia orientalis (Figuras 63-65) epígeo-foliácea 27 oposta 42 Commelina virginica (Figuras 70-72) Tipo "Durio" 12 alterna 22 Ipomoea aristolochiifolia (Figuras 76-78) epígeo-foliácea 28 alterna 36 Ipomoea acuminata (Figuras 82-84) epígeo-foliácea 25 alterna 46 Euphorbia heterophylla (Figuras 88-90) epígeo-foliácea 27 oposta 45 Cassia tora (Figuras 95-97) epígeo-foliácea 23 alterna 32 Senna occidentalis (Figuras 101-103) epígeo-foliácea 21 alterna 30 Sida rhombifolia (Figuras 107-109) epígeo-foliácea 25 alterna 44 Cenchrus echinatus (Figuras 113-115) hipógea 16 alterna 34 Digitaria horizontalis (Figuras 119-121) hipógea 10 alterna 39 Cardiospermum halicacabum (Figuras 125-127) epígeo-carnosa 16 alterna 32 264 Mourão et al. Acta Sci. Biol. Sci. Maringá, v. 29, n. 3, p. 261-268, 2007 Tabela 2. Morfologia e padrão de venação do cotilédone de 20 espécies de plantas invasoras de Maringá, Estado do Paraná, Brasil e regiões adjacentes. Morfologia do cotilédone Espécie Forma Ápice Base Margem Padrão de venação Amaranthus deflexus (Figura 4) lanceolada obtuso leve-atenuada inteira camptódromo-broquidódromo Amaranthus hybridus (Figura 11) lanceolada agudo atenuada inteira camptódromo-broquidódromo Leonurus sibiricus (Figura 18) reniforme emarginado cordata inteira camptódromo-broquidódromo Acanthospermum australe (Figura 25) ovada obtuso atenuada inteira camptódromo-broquidódromo Acanthospermum hispidum (Figura 32) elíptica arredondado atenuada inteira camptódromo-broquidódromo Ageratum conyzoides (Figura 39) ovada obtuso atenuada inteira camptódromo-broquidódromo Bidens pilosa (Figura 46) lanceolada agudo atenuada inteira hifódromo Emilia sonchifolia (Figura 52) elíptica obtuso aguda inteira camptódromo-broquidódromo Galinsoga parviflora (Figura 59) oblata emarginado obtusa inteira camptódromo-broquidódromo Siesgesbeckia orientalis (Figura 66) obovada truncado atenuada inteira camptódromo-broquidódromo Commelina virginica Ipomoea aristolochiifolia (Figura 79) cordata fendido (3/4) leve-reniforme inteira acródromo-basal Ipomoea acuminata (Figura 85) cordata fendido (3/4) leve-reniforme inteira camptódromo-broquidódromo Euphorbia heterophylla (Figura 91) elíptica arredondado atenuada-pilosa inteira acródromo (3/4) camptódromo-broquidódromo (1/4) Cassia tora (Figura 98) oblata arredondado atenuada inteira camptódromo-broquidódromo Senna occidentalis (Figura 104) arredondada arredondado atenuada inteira camptódromo-broquidódromo Sida rhombifolia (Figura 110) muito-ovada retuso obtusa inteira-pilosa acródromo Cenchrus echinatus Digitaria horizontalis Cardiospermum halicacabum (Figura 128) oblonga truncado truncada inteira Tabela 3. Morfologia e padrão de venação do eofilo de 20 espécies de plantas invasoras de Maringá, Estado do Paraná, Brasil e regiões adjacentes. Morfologia do eofilo Espécie Forma-indumento Ápice Base Margem Padrão de venação Amaranthus deflexus (Figuras 5-6) ovada emarginado aguda inteira camptódromo-broquidódromo Amaranthus hybridus (Figuras 12-13) ovada obtuso-leve-emarginado atenuada inteira camptódromo-broquidódromo Leonurus sibiricus (Figuras 19-20) reniforme-pilosa obtuso cordata crenada camptódromo-broquidódromo Acanthospermum australe (Figuras 26-27) ovada-pilosa agudo atenuada dentada camptódromo-broquidódromo Acanthospermum hispidum (Figuras 33-34) elíptica-pilosa agudo atenuada leve-dentada camptódromo-broquidódromo Ageratum conyzoides (Figuras 40-41) ovada-pilosa obtuso atenuada crenada camptódromo-broquidódromo Bidens pilosa (Figuras 47-48) agudo obtusa dividida actinódromo-basal Emilia sonchifolia (Figuras 53-54) ovada arredondado aguda pouco-serrada semi-craspedódromo Galinsoga parviflora (Figuras 60-61) ovada obtuso-agudo obtusa dentada-pilosa acródromo imperfeito (3/4) camptódromo-broquidódromo (1/4) Siesgesbeckia orientalis (Figuras 67-68) elíptica-pilosa agudo obtusa leve-dentada acródromo (3/4) camptódromo-broquidódromo (1/4) Commelina virginica (Figura 73) elíptica-pilosa leve-obtuso aguda inteira paralelódromo Ipomoea aristolochiifolia (Figura 80) cordiforme acuminado cordata inteira-pilosa camptódromo-broquidódromo Ipomoea acuminata (Figura 86) hastada acuminado cordata inteira-pilosa camptódromo-broquidódromo Euphorbia heterophylla (Figuras 92-93) elíptica-pilosa agudo atenuada inteira camptódromo-broquidódromo Cassia tora (Figura 99) obovada obtuso aguda inteira camptódromo-broquidódromo Senna occidentalis (Figura 105) elíptica agudo atenuada inteira camptódromo-broquidódromo Sida rhombifolia (Figura 111) obovada-pilosa arredondado aguda inteira (1/2) craspedódromo dentada (1/2) Cenchrus echinatus (Figuras 116-117) lanceolada agudo invaginante inteira paralelódromo Digitaria horizontalis (Figuras 122-123) elíptica-pilosa agudo invaginante inteira paralelódromo Cardiospermum halicacabum (Figura 129) emarginado reniforme dividida actinódromo-basal O termo eofilo foi proposto por Tomlinson (1960) para designar as primeiras folhas verdes, com limbo expandido, que se desenvolvem nas plântulas de várias espécies de Arecaceae, em oposição às formas escamiformes, rudimentares e marrons que as precedem. A partir daí, o termo tem sido utilizado para designar as primeiras folhas que se formam imediatamente após os cotilédones de uma maneira geral (Duke, 1969; Amo-Rodriguez, 1979; Parra, 1984). Em A. hispidum, A. deflexus, E. sonchifolia, E. heterophilla, B. pilosa, S. rhombifolia, G. parviflora e I. aristolochiafolia, as características morfológicas das plântulas, neste estudo, estão de acordo com as citadas por Aranha e Pio (1981) e Groth (1984). Ressaltando-se, novamente, que estes autores não definiram precisamente plântula. Aranha e Pio (1981) não utilizaram escalas nas ilustrações, tornando-se difícil saber as dimensões das plântulas descritas. Plântulas de espécies invasoras 265 Acta Sci. Biol. Sci. Maringá, v. 29, n. 3, p. 261-268, 2007 Tabela 4. Morfologia e padrão de venação do metafilo de 20 espécies de plantas invasoras de Maringá, Estado do Paraná, Brasil e regiões próximas. Morfologia do metafilo Espécie Forma-indumento Ápice Base Margem Padrão de venação Amaranthus deflexus (Figura 7) ovada emarginado truncada inteira camptódromo-broquidódromo Amaranthus hybridus (Figura 14) ovada leve-emarginado atenuada inteira camptódromo-broquidódromo Leonurus sibiricus (Figura 21) reniforme-pilosa obtuso codata crenada acródomo-basal Acanthospermum australe (Figura 28) ovada-pilosa agudo atenuada dentada camptódromo-broquidódromo Acanthospermum hispidum (Figura 35) elíptica-pilosa agudo atenuada dentada camptódromo-broquidódromo Ageratum conyzoides (Figura 42) ovada-pilosa obtuso atenuada crenada camptódromo-broquidódromo Bidens pilosa (Figura 49) agudo Reniforme Dividida actinódromo-basal Emilia sonchifolia (Figura 55) ovada-pilosa arredondado aguda muito-serrada semi-craspedódromo Galinsoga parviflora (Figura 62) ovada agudo obtusa dentada-pilosa acródromo imperfeito (3/4) camptódromo-broquidódromo (1/4) Siesgesbeckia orientalis (Figura 69) ovada-pilosa agudo obtusa dentada acródromo(3/4) camptódromo-broquidódromo (1/4) Commelina virginica (Figura 74-75) elíptica-pilosa agudo aguda inteira paralelódromo Ipomoea aristolochiifolia (Figura 81) cordiforme acuminado cordata inteira camptódromo-broquidódromo Ipomoea acuminata (Figura 87) hastada acuminado cordata inteira-pilosa camptódromo-broquidódromo Euphorbia heterophylla (Figura 94) elíptica-pilosa agudo atenuada inteira camptódromo-broquidódromo Cassia tora (Figura 100) obovada obtuso aguda inteira camptódromo-broquidódromo Senna occidentalis (Figura 106) obovada obtuso aguda inteira camptódromo-broquidódromo Sida rhombifolia (Figura 112) elíptica-pilosa agudo atenuada inteira (1/4) craspedódromo dentada (3/4) Cenchrus echinatus (Figura 118) lanceolada agudo invaginante iInteira paralelódromo Digitaria horizontalis (Figura 124) elíptica agudo invaginante inteira-pilosa paralelódromo Cardiospermum halicacabum (Figura 130) agudo atenuada dividida craspedódromo Figuras 1-14. Amaranthus deflexus (1-7) e A hybridus (8-14). 1-3. Plântula com 10 e 15 dias e planta jovem com 32 dias. 4-7. Padrão geral de venação do cotilédone, 1° e 2° eofilos e 1° metafilo. 8-10. Plântula com 9 e 18 dias e planta jovem com 31 dias; 11-14. Padrão geral de venação do cotilédone, 1° e 2° eofilos e 1° metafilo. Figuras 15-28. Leonurus sibiricus (15-21) e Acanthospermum australe (22-28). 15-17. Plântula com 12 e 24 dias e planta jovem com 42 dias; 18-21. Padrão geral de venação do cotilédone, 1° e 2° eofilos e 1° metafilo. 22-28. Plântula com 12 e 23 dias e planta jovem com 41 dias; 25-28. Padrão geral de venação do cotilédone, 1° e 2° eofilos e 1° metafilo. 266 Mourão et al. Acta Sci. Biol. Sci. Maringá, v. 29, n. 3, p. 261-268, 2007 Figuras 29-42. Acanthospermum hispidum (29-35) e Ageratum conyzoides (36-42). 29-31. Plântula com 5 e 19 dias e planta jovem com 32 dias; 32-35. Padrão geral de venação do cotilédone, 1° e 2° eofilos e 1° metafilo. 36-42. Plântula com 11 e 21 dias e planta jovem com 48 dias; 39-42. Padrão geral de venação do cotilédone, 1° e 2° eofilos e 1° metafilo. Figuras 43-55. Bidens pilosa (43-49) e Emilia sonchifolia (50-55). 43-45. Plântula com 15 e 25 dias e planta jovem com 35 dias; 46-49. Padrão geral de venação do cotilédone, 1° e 2° eofilos e 1° metafilo. 50-51. Plântula com 10 e 19 dias; 52-55. Padrão geral de venação do cotilédone, 1° e 2° eofilos e 1° metafilo. Figuras 56-69. Galinsoga parviflora (56-62) e Siegesbeckia orientalis (63-69). 56-58. Plântula com 12 e 28 dias e planta jovem com 44 dias; 59-62. Padrão geral de venação do cotilédone, 1° e 2° eofilos e 1° metafilo. 63-65. Plântula com 10 e 28 dias e planta jovem com 49 dias; 66-69. Padrão geral de venação do cotilédone, 1° e 2° eofilos e 1° metafilo. Figuras 70-81. Commelina virginica (70-75) e Ipomoea aristolochiifolia (76-81). 70-75. Plântula com 8 e 12 dias e planta jovem com 22 dias; 73-75. Padrão geral de venação do 1° eofilo e do 1° e 2º metafilos. 76- 77. Plântula com 14 e 28 dias e planta jovem com 32 dias; 79-81. Padrão de venação do cotilédone, 1º eofilo e 1º metafilo. Plântulas de espécies invasoras 267 Acta Sci. Biol. Sci. Maringá, v. 29, n. 3, p. 261-268, 2007 Figuras 82-94. Ipomoea acuminata (82-87) e Euphorbia heterophylla (88-94). 82-84. Plântula com 12 e 25 dias e planta jovem com 46 dias; 85-87. Padrão de venação do cotilédone, 1° eofilo e 1° metafilo. 88-90. Plântula com 12 e 27 dias e planta jovem com 45 dias; 91-94. Padrão geral de venação do cotilédone, 1° e 2° eofilos e 1° metafilo. Figuras 95-106. Cassia tora (95-100) e Senna occidentalis (101-106). 95- 97. Plântula com 12 e 23 dias e planta jovem com 32 dias; 98-100. Padrão geral de venação do cotilédone, 1° eofilo e 1° metafilo. 101- 103. Plântula com 10 e 21 dias e planta jovem com 31 dias; 104-106. Padrão de geral de venação do cotilédone, 1° eofilo e 1° metafilo. Figuras 107-118. Sida rhombifolia (107-112) e Cenchrus echinatus (113-118). 107-109. Plântula com 9 e 25 dias e planta jovem com 44 dias; 110-112. Padrão geral de venação do cotilédone, 1° eofilo e 1° metafilo. 113-115. Plântula com 16 e 25 dias e planta jovem com 34 dias; 116-118. Padrão geral de venação do 1°e 2° eofilo e do 1° metafilo. Figuras 119-130. Digitaria horizontalis (119-124) e Cardiospermum halicacabum (125-130). 119-121. Plântula com 17 e 21 dias e planta jovem com 39 dias; 122-124. Padrão geral de venação do 1° e 2° eofilo e do 1° metafilo. 125-127. Plântula com 10 e 16 dias e planta jovem com 32 dias; 128-130. Padrão geral de venação do cotilédone, 1° eofilo e 1° metafilo. 268 Mourão et al. Acta Sci. Biol. Sci. Maringá, v. 29, n. 3, p. 261-268, 2007 ConclusãoConclusãoConclusãoConclusão Considerando que a região noroeste do Estado do Paraná é essencialmente agrícola, as descrições das plântulas e as ilustrações na forma como aqui apresentadas facilitam a identificação das espécies estudadas, o que pode viabilizar a utilização de técnicas alternativas de erradicação de plantas daninhas ainda nos estádios iniciais e, também, a aplicação racional de herbicidas pós-emergência específicos nas principais culturas desta região. AgradecimentosAgradecimentosAgradecimentosAgradecimentos Ao PIBIC/CNPq/UEM, pelos dois anos de bolsa de iniciação científica, concedida ao segundo autor durante a realização desta pesquisa. ReferênciasReferênciasReferênciasReferências AMO-RODRIGUEZ, S. Clave para plántulas y estados juveniles de especies primarias de una Selva Alta Perennifolia en Veracruz, México. Biotica, Xalapa, v. 4, n. 2, p. 59-108, 1979. ARANHA, C.; PIO, R.M. 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