UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PRESENÇA E TIPIFICAÇÃO DE SALMONELLA spp. NO CONTEÚDO
RUMINAL DE BOVINOS PÓS-ABATE
.
SALÉSIA MARIA PRODÓCIMO MOSCARDI
Botucatu, SP
FEVEREIRO, 2014
II
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PRESENÇA E TIPIFICAÇÃO DE SALMONELLA spp. NO CONTEÚDO RUMINAL
DE BOVINOS PÓS-ABATE
SALÉSIA MARIA PRODÓCIMO MOSCARDI
Tese apresentada junto ao Programa de Pós-
Graduação em Medicina Veterinária para
obtenção do título de Doutora em Saúde
Animal, Saúde Pública Veterinária e Segurança
Alimentar.
Orientador: Prof. Dr. José Paes de Almeida
Nogueira Pinto
III
Agradecimentos
A Deus, por mais essa conquista, por estar sempre comigo e por ser a minha fortaleza.
À Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – UNESP – Botucatu-SP, em especial ao
Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, pela oportunidade de realizar este
trabalho.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela concessão
da bolsa de estudos.
Ao Prof. Dr. José Paes de Almeida Nogueira Pinto, por me orientar com tamanha amizade,
confiança, atenção e apoio em todos os momentos ao logo de tantos anos.
Aos membros da Banca examinadora Andréa Pereira Pinto, Luiz Carlos de Souza, Rogério
Salvador e Thais Helena Constantino Patelli por atenderem prontamente meu convite e pela
imensa contribuição na correção deste trabalho.
À Superintendência Federal de Agricultura no Paraná em especial aos Fiscais Federais
Agropecuários Dra. Maria do Rocio Nascimento, Dr. Luis Gasparetto, Dr. Renato Menon e
Dr. Paulo A. Barcellos Franco pela abertura do serviço à realização da pesquisa e aos
Agentes de Inspeção Federal Nelson Gonçalves, José Brucinsk, Antonio e Ivonete pelo apoio
quando necessário.
Ao Agente de Inspeção Federal e Meteorologista Sergio Felipe Viana do Amaral pelo
fornecimento dos dados meteorológicos utilizados nesse trabalho.
À Prof. Dra. Elizabeth Santin e à Técnica de Laboratório Andreia Bueno da Silva do
laboratório da Faculdade de Medicina Veterinária da UFPR pela colaboração e valiosa
parceria na execução dos trabalhos.
À Técnica de Laboratório Maristela Toledo e à doutoranda Mariana Camargo Lourenço do
laboratório da Faculdade de Medicina Veterinária da UFPR, sempre presentes.
Ao colega José Roberto de Lalla Júnior pela amizade, pelo incentivo, imensa atenção e
competência oferecidos no decorrer deste trabalho.
Aos funcionários do setor de Pós Graduação da FMVZ – Carlos Pazini e Maria pela atenção
e esclarecimentos quando preciso.
À chefe da Divisão de Vigilância Sanitária de Alimentos da Secretaria de Estado da Saúde do
Paraná, Karina Ruaro de Paula, por toda amizade, confiança e incentivo na execução deste
trabalho.
IV
Ao chefe da Superintendência de Vigilância em Saúde, Sezifredo Paz e ao chefe do Centro
de Vigilância Sanitária Paulo Costa Santana - Secretaria de Estado da Saúde do PR - pela
atenção e por possibilitarem o desenvolvimento dos trabalhos de pesquisa.
Aos colegas de trabalho da Divisão de Vigilância Sanitária de Alimentos da Secretaria de
Estado da Saúde do PR, Noeli Basso, Rose Sega, Pedro P. Pedroso, Silvio A. Brandt, Eliana
Scucato e Alfredo Benato e Mariana Sasso, pelo companheirismo, entusiasmo e apoio ao
longo desses anos.
Aos primos Evandro Forte Lorenzetti Casini, Tiago Forte Lorenzetti Casini e Vanessa Nahsan
pela ajuda valiosa nas etapas finais dessa tese.
Aos meus irmãos, Sérgio Luiz Prodócimo, Sílvia Ap. Prodócimo Calore e Sílvio José
Prodócimo, que mesmo distantes sempre estiveram presentes, torcendo por mim e me
apoiando em todos os momentos.
Aos meus cunhados Carlos Roberto Calore, Mônica Regina P. Prodócimo, Rita de Cássia
Campana Prodócimo e Sylvia Cristina Mosccardi e aos sobrinhos Camila Regina Prodócimo,
Carlos Augusto Calore, Felipe M. Beluzzo, Guilherme Luiz Prodócimo, e Thiago César Calore
pelo entusiasmo, incentivo e ajuda incondicional.
Aos tios e amigos Vera Forte Casini e José Augusto Lorenzetti Casini pelo carinho e pela
infinita dedicação.
Aos sogros Édio Moscardi e Vilma Forte pelo apoio nos momentos difíceis, pela
compreensão e pela imensa dedicação para que esse trabalho pudesse ser concluído.
Às amigas Ivany Teixeira de Cais, Andressa Batini Amorim, Letícia Alves, pela força,
confiança e ajuda em todos os momentos.
À Auxiliar de Inspeção Susmara Desplanches Paes pelo auxílio na coleta das amostras e
pela companheirismo demonstrado ao longo do experimento.
Aos meus pais Lourdes Sebastian Prodócimo e Lourival Prodócimo pela confiança, ajuda em
todos os momentos, orações que tanto me abençoaram e pelo amor incondicional.
Ao meu marido Édio Moscardi Júnior pela presença constante para que eu superasse todos
os desafios, pelo entusiasmo ao longo de tantos anos me encorajando a seguir em frente,
pela dedicação à tudo que pode nos fazer feliz – todo meu amor, todo meu coração...
Às minhas filhas Júlia Prodócimo Moscardi e Alice Prodócimo Moscardi, por terem ficado por
vezes sem companhia para brincar e ainda assim me presentearem a cada manhã com o
mais lindo sorriso que uma mãe pode desejar – todo meu amor, toda minha vida...
V
A Deus por nos brindar a cada dia com uma nova oportunidade de fazer diferente;
Ao meu marido Édio Moscardi Júnior por me encorajar a lutar pelos meus sonhos, pela
dedicação sincera e pelo amor infinito que ilumina tudo o que fazemos. Sem ele essa
pesquisa jamais poderia ter se realizado;
Às minhas filhas Júlia e Alice por serem presentes preciosos na minha vida, razão de tudo
o que faço;
E aos meus pais Lourdes e Lourival que nunca mediram esforços amando, protegendo e
abençoando cada um de seus filhos;
DedicoDedicoDedicoDedico
VI
Nome do Autor: Salésia Maria Prodócimo Moscardi
Título: PRESENÇA E TIPIFICAÇÃO DE SALMONELLA spp. NO CONTEÚDO
RUMINAL DE BOVINOS PÓS-ABATE
COMISSÃO EXAMINADORA
Prof. Dr. José Paes de Almeida Nogueira Pinto
Presidente e Orientador
Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública
FMVZ – UNESP - Botucatu-SP
Prof. Dr. Luiz Carlos de Souza
Membro
Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública
FMVZ – UNESP - Botucatu-SP
Profª. Drª. Andréa Pereira Pinto
Membro
Departamento de Zootecnia
UFC – Fortaleza-CE
Prof.Dr. Rogério Salvador
Membro
Departamento de Patologia Geral
UENP – Campus Luiz Meneghel – Bandeirantes-PR
Profª.Drª. Thais Heleno Constantino Patelli
Membro
Departamento de Veterinária e Produção Animal
UENP – Campus Luiz Meneghel – Bandeirantes-PR
VII
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Ordenhamento do esôfago para coleta do material ruminal. 36
Figura 2 Coleta do conteúdo ruminal expelido pelo esôfago 36
Figura 3
Figura 4
Prevalência de Salmonella spp. nos lotes avaliados
Prevalência de Salmonella spp nos lotes avaliados
37
40
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Figura 8
Número de animais por lote abatido, porcentagem de animais
positivos para Salmonella spp. em cada lote avaliado e distância
percorrida (Km) dos animais das propriedades até o frigorífico
Temperatura media mensal (ºC) durante os meses de coleta
Temperatura média (ºC) durante os dias de coleta
Valor médio de pH encontrado durante as coletas
41
42
42
43
VIII
ABREVIAÇÕES
A.G.V: Ácido Graxo Volátil
APPCC: Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle
ETA: Enfermidade Transmitida por Alimento
EUA: Estados Unidos da América
pH: Potencial Hidrogeniônico
UFPR: Universidade Federal do Paraná
IX
SUMARIO
Página
RESUMO
xi
ABSTRACT
xii
1. INTRODUÇÃO 13
2. REVISÃO DE LITERATURA
14
2.1 Salmonella spp.
3. OBJETIVO GERAL
3.1 Objetivo Específico
34
34
4. MATERIAL E MÉTODOS
34
4.1 Planta Frigorífica 34
4.2 Animais 34
4.3 Metodologia de Avaliação 35
4.3.1 Análises microbiológicas 35
4.3.2 Amostragem 35
4.3.2.1 Pesquisa de Salmonella sp. 37
4.3.2.2 Aferição do pH
4.3.2.3 Informações dos lotes
4.3.2.4 Informações sobre temperatura e umidade relativa
38
38
39
5. RESULTADOS
6. DISCUSSÃO
7. CONCLUSÕES
40
44
57
X
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 58
9. TRABALHOS CIENTÍFICOS 68
10. NORMAS PARA PUBLICAÇÃO
85
XI
RESUMO
PRODÓCIMO-MOSCARDI, S.M. Presença e tipificação de Salmonella spp. no conteúdo
ruminal de bovinos pós-abate. Botucatu-SP, 2014. 54p. Tese (Doutorado) – Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de Botucatu, Universidade Estadual Paulista.
O Brasil lidera o ranking de maior exportador de carne bovina no mundo desde 2008.
Garantir a segurança microbiológica desses alimentos tem sido um dos principais focos da
indústria processadora de carnes. A aplicação de análises nas diversas etapas do processo
industrial tem sido vital para implantar e manter programas de autocontrole como o APPCC.
Entre as enfermidades mais frequentes causadas pela ingestão de alimentos contaminados,
especialmente os de origem animal, destacam-se as salmoneloses, sendo que sua
transmissão se dá primariamente pela via fecal oral. Diante disso, esse trabalho teve como
objetivo pesquisar a presença de Salmonella spp. em amostras de conteúdo ruminal
coletadas durante o abate de bovinos em uma planta frigorífica localizada na região
metropolitana de Curitiba - PR. Duzentos e dois animais distribuídos em oito lotes foram
avaliados entre os meses de agosto a dezembro de 2013. Ao final do experimento, 37,5%
dos lotes mostraram-se positivos para o agente sendo que 2,97% (6/202) das amostras de
conteúdo ruminal isolaram o micro-organismo. A totalidade dos animais positivos recebia
como alimento apenas pasto de azevém e aveia. Não foi observada a influência de fatores
como o estresse do transporte ou temperatura ambiental sobre o isolamento do patógeno.
Entretanto a detecção do mesmo sorovar, Salmonella Schwarzengrund na totalidade dos
isolamentos nos permite levantar a hipótese de que a contaminação dos animais tenha se
dado na própria indústria, a partir das estruturas físicas, responsáveis por conter os bovinos
ou conduzi-los ao box de insensibilização.
Palavras chave: Salmonella Schwarzengrund, conteúdo ruminal, Salmonella na carne
bovina.
XII
ABSTRACT
PRODÓCIMO-MOSCARDI, S.M. Presence and characterization of Salmonella spp. in
ruminal contents of cattle post-slaughter. Botucatu-SP, 2014. 54p Doctorate Thesis -
School of Veterinary Medicine and Animal Science, Botucatu campus, São Paulo State
University.
Brazil leads the world ranking of bovine meat exportation since 2008. To ensure the
microbiological safety of these food products has been one of the primary focuses of the meat
processing industry. The application of analyses on diverse stages of the industrial process
has been vital for deploy and keeping of self-control programs like APPCC. Beyond the most
frequent diseases caused by the ingestion of contaminated food, specially animal origin ones,
the salmonellosis stand out being transmitted primarily via fecal-oral route. In light of this, the
work had the objective to research the presence of Salmonella spp. in rumen fluid samples
collected during cattle slaughter at a slaughtering plant localized in Curitiba’s metropolitan
area. Two hundred animals distributed over eight lots was evaluated between august and
december, 2013. At the end of the experiment, 37.5% of the lots were positive for the agent of
which 2.97% (6/202) of samples of rumen contents isolated the micro-organism.The total of
the positive animals had been feed with ryegrass pastures and oat. Not the influence of
factors like transportation stress or environment temperature over pathogen isolation was
observed. However, the detection of the same serovar, Salmonella Schwarzengrund on
overall insulation allow us to raise the hypothesis that all animal contamination have been
given inside the industry itself, from the infrastructure responsible of holding the cattle or
conducting it to the stunning box.
Keywords: Salmonella Schwarzengrund, rumen fluid, Salmonella on bovine meat.
13
1. INTRODUÇÃO
O Brasil lidera o ranking de maior exportador de carne bovina no mundo desde
2008 e as estatísticas apontam para um crescimento nas exportações de 2,15% para
os próximos anos (BRASIL, 2013). Estima-se que a produção brasileira cresça 22,5%
entre 2013 e 2023. Projeções ainda mais otimistas preveem um aumento de 42,8% no
consumo para o mesmo período. Isso considerando apenas o mercado interno que é
responsável pelo consumo de 75% do produto nacional (BEEFPOINT, 2013).
Garantir a segurança microbiológica desses alimentos tem sido o principal foco
da indústria processadora de carnes. Com esse objetivo, a aplicação de análises nas
diversas etapas do processo industrial tem sido vital para implantar e manter programas
de autocontrole como o APPCC – Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle. A
participação dos bovinos como reservatórios de agentes patogênicos é bem conhecida.
Entretanto, há necessidade de dados mais específicos relacionados à contaminação
que pode ocorrer durante as etapas de produção e/ou processamento (BRICHTA-
HARHAY et al., 2007).
Registre-se também que são escassas as informações da prevalência de
agentes patogênicos específicos nos animais que chegam para o abate. Nos estudos
realizados, a pesquisa dos patógenos, especialmente Salmonella spp. tem sido feita
basicamente nas fezes, a partir de amostras individuais, colhidas diretamente do reto
dos animas, ou em amostras de conjunto, colhidas nos caminhões de transporte ou nos
currais de espera, antes do abate (JACOB et al., 2009, LENAHAN et al., 2010).
A pesquisa do agente no conteúdo ruminal também tem sido realizada, mas
neste caso os dados são muito escassos, embora informações importantes possam ser
14
obtidas a partir de seu encontro nesse tipo de material, já que ele pode ser indicativo
das reais condições de criação dos bovinos, seja ela extensiva ou intensiva (DECLAN
et al., 2011).
Assim, no caso de nosso país, principal exportador mundial de carne bovina, tais
dados podem auxiliar na composição de uma base de dados sobre a presença de
Salmonella spp. em bovinos criados sob nossas condições, extensivas ou intensivas e,
dessa forma, auxiliar no estabelecimento de estratégias que garantam a qualidade
sanitária das carcaças, cortes e produtos derivados aqui produzidos.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Salmonella spp.
O gênero Salmonella é constituído por duas espécies: Salmonella bongori e
Salmonella entérica, esta com seis subespécies. São mais de 2600 sorovares
diferenciados por propriedades de aglutinação dos antígenos somáticos O, flagelares H
e capsulares Vi. Dentre as espécies e subespécies, Salmonella entérica subespécie
entérica é a responsável por mais de 99% das infecções em humanos e animais de
sangue quente. Nenhum outro patógeno bacteriano pertencente a uma única espécie
mostra tamanha habilidade para infectar diferentes hospedeiros e induzir formas
variadas de doença como ela (VELGE et al., 2012).
As salmoneloses estão entre as causas mais frequentes de doenças veiculadas
por alimentos de origem animal, sendo que a transmissão se dá primariamente pela via
fecal oral. A veiculação do agente pode ocorrer através dos alimentos, da manipulação
15
de objetos ou pelo contato com superfícies ambientais igualmente contaminadas
(KHAITSA et al., 2007).
O gênero é responsável por perdas econômicas consideráveis nos plantéis
animais e, no homem, é considerado um dos principais agentes etiológicos das
enfermidades transmitidas por alimentos – ETA (POPOFF et al., 2002). Sua presença é
uma ameaça à saúde do consumidor e um risco para a economia da indústria da carne.
Além disso, a detecção de sorovares patogênicos e invasivos de Salmonella durante o
abate de animais, aparentemente saudáveis, é de importância fundamental, uma vez
que os produtos contaminados representam sérios riscos à Saúde Pública
(WOLDEMARIAM et al., 2005, KALCHAYANAND et al., 2009).
Mais de 95% das salmoneloses humanas são de origem alimentar e, entre os
alimentos envolvidos na transmissão do agente ao homem, os de origem animal
possuem um papel de destaque (JACKSON et al., 1991). Esses agentes têm levado
enfermidades aos seres humanos através dos animais destinados à alimentação, a
despeito do empenho de muitas indústrias na redução de cargas microbiológicas nas
carcaças e produtos cárneos (CALLAWAY et al., 2008).
A existência de muitas espécies animais que podem atuar como reservatórios da
bactéria, a inespecificidade da grande maioria dos sorovares, o que permite a sua
disseminação entre as diversas espécies e os sistemas intensivos de criação cada vez
mais empregados no caso de animais de importância econômica, são alguns dos
fatores que podem explicar essa participação importante dos alimentos de origem
animal na epidemiologia dos surtos de ETA causados por Salmonella spp. (D’AOUST et
al., 2001).
16
Ainda que programas de redução de patógenos sobre o processamento dos
alimentos estejam sendo bem sucedidos no interior das fábricas, sua eficiência não tem
sido capaz de evitar a ocorrência de enfermidades alimentares. Em consequência
disso, alguns autores tem conduzido pesquisas buscando estratégias para a redução
da carga microbiana nos animais antes mesmo do abate (LENAHAN et al., 2010).
Parece claro que os patógenos alimentares estão disseminados dentro das
unidades de criação e atuar nesse ponto é o primeiro passo para se buscar o controle
dos perigos a que está exposta a saúde pública (DAVIS et al., 2003, REICKS et al.,
2007). É necessário que os animais adentrem as indústrias carregando a menor carga
de agentes patogênicos como consequência de um controle sanitário efetuado ainda
nas fazendas (CALLAWAY et al., 2011). Só assim os riscos representados por agentes
zoonóticos carreados pelos animais abatidos poderão ser minimizados. (AL-SAIGH et
al., 2004, KALCHAYANAND et al., 2009).
Vários são os micro-organismos causadores de enfermidades transmitidas por
alimentos e sua origem nas unidades de produção animal é bem conhecida. No
entanto, muito pouco se sabe sobre a ecologia desses agentes, principalmente no
interior de unidades de confinamento (SMITH et al., 1997, BARKOCY-GALLAGHER et
al., 2002). Esse manejo com características próprias de reunir animais de várias regiões
em um mesmo local e submetê-los a diversos tipos de alimentos, pode abrigar fontes
potenciais de contaminação do rebanho (BARHAM et al., 2002, GREEN et al., 2010).
A concentração do gado no ambiente fechado pode facilitar a transmissão fecal
oral de bactérias entéricas como Salmonella spp. (WOLDEMARIAM et al., 2005). Além
disso, práticas de manejo como o reagrupamento de animais visando a
17
homogeneização dos lotes por peso podem expor animais sadios ao contato com
indivíduos infectados fazendo com que a bactéria circule pelo rebanho ao longo de todo
o período de confinamento (TABE et al., 2008).
Segundo Griffin et al. (1998) é muito difícil estimar a incidência real de
Salmonella nos rebanhos confinados, embora relate-se que a porcentagem de animais
portadores assintomáticos do agente alcance valores de cerca de 8% nesse tipo de
gado. Dados semelhantes foram encontrados por KALCHAYANAND et al. (2009) ao
pesquisarem Salmonella em amostras de couro de 256 bovinos estabulados no interior
dos EUA. A coleta do material, ainda na fazenda, apresentou uma prevalência de 7%
para Samonella spp.
Tabe et al. (2008) pesquisaram Salmonella nas fezes retais de 138 novilhos
naturalmente infectados na Dakota do Norte – EUA. Um total de 458 amostras foi
analisado revelando uma prevalência de 12,7% do agente. Levantamentos anteriores,
realizados também nos Estados Unidos, no entanto, apontaram para valores bem mais
elevados. Beach et al. (2002b) por exemplo, ao pesquisarem o patógeno em bovinos
confinados encontraram uma prevalência de 22,3%, sendo que no gado criado
extensivamente ela foi ainda maior, 31,4%. Esses dados mostram claramente que no
tocante à contaminação, também não deve ser subestimada a importância assumida
por animais criados a pasto.
A escolha da unidade amostral a ser trabalhada na pesquisa de salmonelas em
bovinos pode ser decisiva no levantamento da prevalência do patógeno. Isso talvez
explique a discrepância existente entre os valores encontrados por esses autores.
18
Como exemplo, citamos a pesquisa de Stephens et al. (2007) que ao
trabalharem com 50 bovinos confinados na Universidade do Texas – EUA coletaram
swabs de seis diferentes pontos do couro dos animais além de amostras da cavidade
oral, e fezes diretamente do reto identificando o patógeno em 100% dos animais
pesquisados. Para os autores, se a coleta de amostras tivesse sido limitada a apenas
um local, certamente a prevalência de Salmonella no lote teria sido subestimada.
Kalchayanand et al. (2009) pesquisaram o agente em diferentes pontos do couro de
bovinos abatidos nos EUA imediatamente após a sangria. Uma análise de seus dados
permite concluir que a coleta de amostras apenas da área do lombo dos animais teria
restringido os isolamentos a 39,5% e seria desconsiderada a positividade encontrada
de 68,2% das amostras recolhidas da área ventral dos animais.
É importante ressaltar a participação de outras espécies domésticas na
disseminação dessa bactéria aos bovinos. Pequenos ruminantes confinados destinados
à produção de carnes, por exemplo, têm sido identificados como portadores saudáveis
desse agente. Woldemariam et al. (2005) pesquisaram a presença de Salmonella em
amostras de fezes retais, fígado, baço, músculos abdominais e linfonodos mesentéricos
de 47 ovinos e 60 caprinos na Etiópia. O agente foi isolado em 5,1% das amostras
analisadas (33/642). Os rebanhos estudados mostraram prevalências de 9,3% para os
caprinos e 2,8% para os ovinos. Logo, deve ser considerado que, ao se criar em
consórcio, bovinos e outros animais domésticos portadores de Salmonella, fato que
também pode ser observado no Brasil, é grande a possibilidade dessas espécies assim
criadas compartilharem e disseminarem entre si o mesmo agente patogênico.
19
Do mesmo modo, o período de convívio entre animais sadios e portadores deve
ser observado. Alguns autores têm relatado a participação crescente de indivíduos
infectados na disseminação de Salmonella a outros integrantes do rebanho.
Khaitsa et al. (2007) pesquisaram Salmonella spp. em novilhos confinados
durante sete meses na Dakota do Norte, EUA. A positividade das amostras foi
crescente e diretamente proporcional ao tempo de permanência dos animais nas baias,
variando inicialmente de 0,7% até 62% ao final do experimento. Esses dados
concordam com aqueles publicados por Fedorka-Cray et al. (1998) ao observarem que
os bovinos confinados por um período menor de tempo apresentaram menor
porcentagem de amostras de fezes positivas, 3,5% (88/2482), enquanto que para
animais estabulados por períodos maiores, ela foi de 7,4% (185/2495), diferença essa
significativa (p < 0,05).
Os dados de Table et al. (2008) reafirmam essa influência positiva exercida pelo
tempo de contato entre os animais durante o isolamento de Salmonella. Ao
acompanharem um grupo de 72 bovinos confinados durante a fase de terminação, por
42 dias, os autores observaram que inicialmente 8,3% deles já eram portadores do
patógeno. Ao final do experimento 12% dos animais sadios tornaram-se positivos
elevando a prevalência para 20,3%.
Os relatos desses autores contrastam com aqueles obtidos anteriormente por
Frost et al. (1988) que identificaram um decréscimo no número de amostras positivas
para Salmonella spp. no gado estabulado por períodos maiores que 80 dias. Para
Fedorka-Cray et al. (1998) essa diferença pode ser atribuída aos diferentes sorovares
20
encontrados nos dois estudos, já que dos 14 identificados por Frost et al. (1988)
somente 3 eram comuns a ambas as pesquisas.
Como é possível observar, existe grande diferença entre as prevalências
relatadas na literatura consultada. Vários fatores podem ter contribuído nesse sentido.
Dentre eles, há que se considerar o plano amostral escolhido, o tipo de amostra
coletada, a metodologia de isolamento e a própria distribuição das salmonelas dentro
dos rebanhos (Woldemariam et al., 2005).
Os animais infectados podem apresentar comportamentos diferentes na
disseminação do agente patogênico. Enquanto alguns bovinos portadores podem vir a
eliminar com frequência Salmonella através de suas fezes, outros o fazem de modo
intermitente. Khaitsa et al. (2007) observaram que dentre os 143 novilhos que
completaram seu experimento durante as quatro coletas realizadas, em 84 deles o
agente foi isolado ao menos uma vez, enquanto 32 animais o fizeram por duas vezes.
Dentre os animais infectados, apenas um mostrou-se positivo em três coletas. Em
nenhum animal o patógeno foi isolado nas quatro coletas realizadas, mas um deles
manteve-se eliminando Salmonella do início ao fim da pesquisa. Os dados desses
autores ressaltam a importância de se monitorar individualmente os bovinos a fim de
que possam ser identificados portadores assintomáticos. Desta forma, a segregação
desses indivíduos poderia evitar que os mesmos atuassem como fontes de
contaminação para o restante do grupo. No entanto, este procedimento é muito difícil
do ponto de vista prático.
21
O isolamento de diversos sorovares nas várias pesquisas realizadas, bem como
a participação dos mesmos como possíveis agentes etiológicos das salmoneloses em
humanos, têm sido outro importante ponto de discussão nos trabalhos publicados.
No levantamento realizado por Fedorka-Cray et al. (1998) 26 diferentes
sorovares foram identificados, sendo os mais comuns: S. Anatun (27,9%), S.
Montevideo (12,9%), S. Muenster (11,8%), S. Kentucky (8,2%) e S. Newington (4,3%).
Segundo os autores, dos 10 sorovares mais comumente associados com a doença em
humanos, somente um, S. Typhimurium, estava entre os 10 principais sorovares
presente nas fezes dos bovinos nas unidades de confinamento.
Para os autores, tais dados não devem ser tomados como indicativos de que os
bovinos não são importantes na disseminação do agente ao homem. Ao contrário, para
Fedorka-Cray et al. (1998) é de suma importância a continuidade do monitoramento dos
diversos sorovares nas criações animais, já que os mesmos podem vir a emergir como
patógenos potenciais ao homem. É o caso, por exemplo, de Salmonella Enteritidis,
sorovar pouco implicado em doenças em animais e no homem no passado, mas que a
partir da segunda metade da década de oitenta, passou a ser o principal agente das
salmoneloses humanas em vários países do mundo, inclusive o Brasil (TAVECHIO et
al., 1996, D’AOUST et al., 2001).
Dargatz et al. (2000) ao analisarem fezes de conjunto de gado confinado,
relataram uma maior prevalência de sorovares do Grupo C1 (33,3%) como Salmonella
Mbandaka e Salmonella Montevideo. Segundo os autores, é possível que esse
sorogrupo esteja tornando-se melhor adaptado à espécie bovina ou que suas fontes de
contaminação se apresentem com maior frequência nos sistemas de confinamento.
22
Beach et al. (2002b) trabalhando com rebanhos confinados e rebanhos criados
de forma extensiva, ambos aparentemente sadios, encontraram esses mesmos
sorovares contaminando fezes, couro bovino, alimentos e o ambiente de criação dos
animais. Destacaram também o isolamento de dois sorovares em gado confinado e
quatro na criação extensiva, ambos despontando entre os dez mais implicados em
surtos alimentares humanos. Esses dados reforçam a preocupação expressa por
Fedorka-Cray et al. (1998) já que demonstram a possibilidade de uma estreita relação
entre o consumo de carne bovina e a contaminação por Salmonella spp. no homem.
De acordo com Poppe et al. (1998) o isolamento de Salmonella Typhimurium DT
104, a partir de animais e humanos com quadro clínico de salmonelose tem aumentado
muito nos últimos anos em vários países como Inglaterra, Estados Unidos e Canadá.
Tabe et al. (2008) encontraram Salmonella Typhimurim var. Copenhagem em 53 dos 58
isolamentos realizados sobre bovinos nos EUA.
Ainda nos EUA, o mesmo sorovar foi identificado na totalidade das 89 amostras
positivas pesquisadas por Khaitsa et al. (2007) em bovinos estabulados. Para esses
autores isso não foi uma surpresa, pois os bovinos são comumente fontes de
Salmonella Typhimurium. Entretanto, o sorovar encontrado em seu trabalho mostrou
ser resistente a antibióticos de uso comum a humanos e animais, demonstrando a
necessidade de maior preocupação com esse patógeno, haja vista sua potencial
capacidade de impactar a saúde das duas espécies.
O trabalho de Woldemariam et al. (2005) identificou 9 sorovares totalizando 33
cepas de Salmonella. O sorovar mais frequentemente isolado foi Salmonella Infantis
(45,5%) seguido por Salmonella Butantan (24,2%), Salmonella Braenderup e
23
Salmonella Kingabwa, ambas com 6,1%. Outros sorovares identificados foram
Salmonella Hadar, Salmonella Zanzibar, Salmonella Typhimurium, Salmonella Kottbus
e Salmonella Anatum (3,0% cada). Para esses autores a detecção de sorovares
patogênicos e invasivos como Salmonella Infantis e Salmonella Typhimurium em
pequenos ruminantes, aparentemente saudáveis e destinados à alimentação humana,
servem de alerta à Saúde Pública, pois suas carnes e derivados podem estar
contaminados. Os dados desses pesquisadores chamam a atenção para o isolamento
de dois sorovares que, até então, eram inéditos na Etiópia - Salmonella Kingabwa e
Salmonella Zanzibar.
Como observado, o isolamento de Salmonella spp. das fezes de animais tem
sido documentado por vários autores. Ressalta-se com isso, a importância em se
monitorar animais clinicamente sadios, criados a pasto ou terminados em
confinamentos, para que sorovares emergentes e fontes diversas de contaminação
possam ser identificadas e controladas. É evidente a necessidade de maior atenção
para as contaminações cruzadas nas linhas frigoríficas (McEVOY et al., 2003,
WOLDEMARIAM et al., 2005).
A influência da época do ano sobre a prevalência do patógeno nos rebanhos
também tem sido objeto de vários estudos. De modo geral, os autores têm observado
uma maior prevalência do agente durante os meses quentes do ano ou ainda, naquelas
regiões mais quentes durante uma mesma estação (FEDORKA – CRAY et al., 1998,
LOSINGER et al., 1997, PUYALTO et al., 1997, DONKERSGOED et al., 1999,
DARGATZ et al., 2000, BACON et al., 2002, BARKOCY-GALLAGHER et al., 2003,
24
McEVOY et al., 2003, MOSCARDI -JR et al., 2003 a, 2003 b, 2005, RIVERA-
BETANCOURT et al., 2004).
Khaitsa et al. (2007) destacaram em seu trabalho a interferência favorável das
alterações climáticas na disseminação de Salmonella. Para os autores as temperaturas
baixas mantém a viabilidade do patógeno nas fezes permitindo que novas infecções
ocorram com a chegada de estações mais quentes. Além disso, esses pesquisadores
observaram que na primavera as baias mostravam-se enlameadas como consequência
do degelo do inverno anterior. Isso teria favorecido a disseminação de células viáveis
de Salmonella entre os animais do experimento, uma vez que dentre eles havia um
bovino eliminando o patógeno através das fezes.
No levantamento de Cummings et al. (2010) os autores estudaram a prevalência
de Salmonella em amostras de gado de leite e no ambiente. Os dados revelaram que a
prevalência do patógeno em ambos os tipos de amostras variava a cada estação e
aumentava conforme a temperatura se elevava.
Declan et al. (2011) inocularam cepas de Salmonella em amostras de fezes
incubadas a 6º C e a 15ºC em condições iguais de pH. Durante o período de incubação
os autores acompanharam a viabilidade das células inoculadas. Após sete dias, foi
possível identificar maior número de bactérias nas amostras incubadas a 15 º C. Para
os autores a sazonalidade pode ter interferência direta sobre o micro-organismo nas
fezes.
A alimentação oferecida aos animais é outro ponto estudado como possível fonte
de contaminação por Salmonella spp. Vários autores têm sugerido que a dieta pode ser
usada para manipular a composição dos ácidos graxos voláteis – AGV e o pH do
25
rúmen. Entretanto os relatos são conflitantes sobre qual seria o alimento ideal capaz de
reduzir a eliminação de agentes patogênicos nas fezes (DECLAN et al., 2011).
Beach et al. (2002a, 2002b) citam que a dieta a que são submetidos os bovinos
estabulados (altamente proteica e energética), em consequência da produção de
grandes quantidades de AGV, poderia tornar o rúmen desses animais menos favorável
ao desenvolvimento de Salmonella spp. devido a variações de pH intra-ruminal, fato
que ocorreria em menor escala na criação a pasto. Do mesmo modo, a ausência de
ingesta pela privação de alimentos não forneceria ao rúmen os substratos para a
produção de AGV resultando em menor acidez ruminal beneficiando a recuperação das
células do patógeno em seu conteúdo (Mc-EVOY et al., 2003).
Dados contrastantes foram encontrados por Declan et al. (2011) ao analisarem
amostras de fezes e líquido ruminal de 5 vacas com fístulas ruminais submetidas a 5
diferentes dietas. Durante o experimento as amostras foram artificialmente inoculadas
com cepas de Salmonellas objetivando estudar o papel do pH e das concentrações de
AGV na sobrevivência dos agentes. Segundo os autores, tanto pH como AGV não
influenciaram na recuperação das cepas inoculadas sobre o líquido ruminal que foi
baixa. O mesmo não ocorreu com amostras inoculadas em fezes, que se mostraram
favoráveis ao crescimento e sobrevivência da bactéria.
Esse trabalho sugere que as condições do ambiente ruminal para o
desenvolvimento de Salmonella independem da dieta bovina, podendo ainda haver uma
adaptação das cepas favorecendo sua sobrevivência quando no ambiente abomasal,
com uma consequente recuperação melhor nas fezes. Entretanto, o experimento de
Declan et al. (2011) se deu in vitro. Em condições naturais, talvez, os achados fossem
26
diferentes. De qualquer forma, estes autores ressaltam ainda a necessidade de práticas
de gestão de resíduos agrícolas que possam restringir a disseminação dos agentes no
ambiente.
Diante dessa preocupação, alguns pesquisadores têm focado seus trabalhos na
busca de propriedades antibióticas naturalmente presentes em alguns alimentos. A
diminuição da microbiota patogênica através de derivados cítricos, por exemplo, é um
conceito simples, que provavelmente seria visto pelo consumidor como uma “solução
verde” para aumentar a segurança de alguns alimentos (CALLAWAY et al., 2008).
Esses subprodutos da indústria da laranja vêm sendo empregados na alimentação de
rebanhos devido ao baixo custo de sua aquisição e alto nível nutricional. Dentre suas
propriedades a atividade antimicrobiana dos óleos cítricos tem chamado a atenção
(LENAHAN et al., 2010, CALLAWAY et al., 2011).
No experimento de Callaway et al. (2011) três grupos de ovelhas foram
alimentados com diferentes dietas contendo 0, 10 e 20% de derivados cítricos durante 7
dias. Posteriormente esses animais foram inoculados com Salmonella Typhimurium.
Suas fezes foram coletadas 24 h pós-inoculação, seguindo-se o abate – 96 h pós-
inoculação - e coleta de conteúdo e tecido ruminal, cecal e do reto, que foram
submetidos à análise. Os dados revelaram que os animais que receberam 10% de
derivados cítricos em sua ração apresentaram menor isolamento do agente comparado
àqueles que não foram alimentados com polpa cítrica ou que receberam 20%. Para
esses últimos o excesso de polpa cítrica na dieta reduziu sua palatabilidade e
consequente ingestão, interferindo negativamente nas propriedades bactericidas dos
óleos cítricos. Esses pesquisadores sugerem que a utilização de produtos cítricos na
27
dieta animal em períodos que antecedem o carregamento e abate dos animais pode ser
uma estratégia a ser usada na redução de Salmonella nos animais destinados a
alimentação humana.
Do mesmo modo, o isolamento de Salmonella spp. em amostras de alimentos
antes do seu fornecimento aos animais é um indicativo do risco a que esse grupo está
sujeito, uma vez que as quantidades amostradas são ínfimas quando comparadas aos
grandes silos em que se encontram estocados (DAVIS et al., 2003). A verificação da
qualidade higiênico-sanitária da ração animal é medida de controle na veiculação de
patógenos, já que ela se constitui em parte integrante da cadeia alimentar, estendendo-
se do sistema de produção até o consumidor (DOS SANTOS et al., 2000).
Durand et al. (1990) identificaram Salmonella spp. em farinhas de origem animal
(carne, ossos, carcaças, peixes e sangue) em porcentagens que variaram de 6,85% a
14,62%. Fato semelhante foi observado no trabalho de Losinger et al. (1997) que
verificaram uma associação estatisticamente significativa entre o isolamento de
Salmonella spp. nas fezes e o tipo de alimento oferecido aos animais no período de
sete dias antes da colheita de amostras para análise (p < 0,05). Caroço de algodão,
casca de algodão e sebo bovino foram os alimentos implicados (LOSINGER et al.,
1997).
Moscardi-Jr. et al. (2003a, 2003b), trabalhando com animais confinados no
interior de São Paulo, identificaram Salmonella spp. no caroço de algodão que era
servido aos bovinos e também em amostras de fezes e carcaças desses animais
abatidos, vindo posteriormente em 2004, a recuperar o agente em outro constituinte da
ração, o núcleo mineral proteico (dados não publicados). Após a sorotipagem das
28
cepas isoladas, Moscardi-Jr et al. (2005) verificaram a presença do mesmo sorovar
Salmonella Tennessee nas amostras de caroço de algodão, fezes e carcaças,
indicando uma possível correlação entre o isolamento da bactéria no alimento e sua
recuperação nas fezes e carcaças dos animais.
Tais resultados reforçam a importante participação que a alimentação, seja ela
de origem animal ou vegetal, possui como fonte de infecção para os rebanhos, como já
demonstrado em trabalhos anteriores (BERCHIERI et al., 1984, DURAND et al., 1990).
Importância ainda maior assumem aqueles patógenos que requerem um número
pequeno de células para desencadearem infecção e estão sendo isolados de
quantidades pouco representativas de determinadas amostras de alimentos (DAVIS et
al., 2003 ).
Cabe salientar que a inoculação oral de Salmonella Typhimurium em gado
confinado mostrou que a disseminação do agente ocorre de maneira rápida no rebanho
e que parte dos animais permaneceu excretando-o pelas fezes por até 71 dias após o
início do experimento (CLINTON et al., 1981). Esses dados concordam com aqueles
encontrados por Tabe et al. (2008) que observaram um aumento na prevalência de
Salmonella no rebanho ao longo de 42 dias de experimento. Esses autores
encontraram positividade em 8,3% dos bovinos analisados no início do experimento. Ao
final do período de estabulação estes valores atingiram 20,3% sendo que em 53 das 58
positivas isolou-se Salmonella Typhimurium.
A participação de animais que atuam como vetores na disseminação do agente
em ambientes de criação também é outro fator importante a ser considerado. Na cadeia
produtiva de frangos de corte, por exemplo, Jones et al. (1991) pesquisaram o agente
29
em insetos e roedores capturados em diferentes locais, isto é, avozeiros, incubatórios,
galpões de criação, tendo isolado Salmonella spp. em 13% dos insetos e 5,3% dos
roedores. Dados semelhantes foram citados por Letellier et al. (1999) que verificaram a
presença do patógeno em instalações de suínos no Canadá. Em relação a instalações
destinadas a bovinos de corte, não dispomos de tais dados, mas as condições que
propiciam o aparecimento de tais animais no caso das aves e suínos são muito
semelhantes às encontradas para os bovinos.
Outro ponto relevante relacionado à contaminação dos lotes de animais por
Salmonella refere-se ao estresse sofrido pelos mesmos durante o transporte em
caminhões no trajeto das fazendas de criação até o frigorífico. Vários autores têm
observado um aumento da eliminação do patógeno através das fezes, por portadores
assintomáticos, contribuindo para a contaminação do couro dos demais indivíduos do
lote (PUYALTO et al., 1997, BACON et al., 2002, BARHAM et al., 2002, BEACH et al.,
2002 a , SORENSEN et al., 2002, REICKS et al., 2007).
São muitas as características de transporte e estabulação que podem influenciar
na presença de Salmonella no couro do gado de corte, mas o contato direto entre
bovinos sadios e infectados, sob condições estressantes, merece destaque. O próprio
estado de agitação em que se encontram os animais pode auxiliar na disseminação das
bactérias pelo ambiente (WOLDEMARIAM et al., 2005, DEWELL et al., 2008).
Como estratégia de prevenção contra esses riscos microbiológicos, tem se
praticado o jejum de sólidos pré-abate a fim de que mesmo havendo eventuais
acidentes dentro da sala de matança durante a evisceração dos animais, a
30
contaminação seja a menor possível. Entretanto, Pointon et al. (2012) pesquisaram o
efeito dessa prática sobre a contaminação fecal quando esta era realizada antes
mesmo do transporte dos animais até o frigorifico. Os dados encontrados são
contrastantes. Se por um lado a privação de alimentos reduz a defecação animal e a
presença de sujidades sobre o couro favorecendo a esfola higiênica, por outro, a
ausência de alimento no rúmen diminui a produção de AGV elevando o pH e
propiciando o desenvolvimento de bactérias entéricas como Salmonella. Para esses
autores o intervalo entre 24 e 48 h de jejum pré-transporte seria o ideal para compensar
as duas situações e reduzir a contaminação sobre o couro
Para Reicks et al. (2007) a poeira e sujidades encontradas em pontos de
contenção, carregamento ou manejo de bovinos, tanto nas áreas de criação como nos
frigoríficos, devem ser consideradas também fontes de contaminação para o couro dos
animais, podendo resultar em contaminação cruzada durante a insensibilização e
sangria. Assim, manter a higiene de abate é de fundamental importância uma vez que a
disseminação fecal de patógenos de caráter zoonótico pelos animais está fortemente
correlacionada com os riscos de contaminação das carcaças (Al-SAIGH et al., 2004).
Em acordo com esses autores, Rivera-Betancourt et al. (2004) citam que a
superfície de cobertura muscular dos animais abatidos é naturalmente estéril e pode
tornar-se contaminada através do contato com o couro durante sua remoção. Logo
existe um risco microbiológico real como evidenciado por Barkocy-Gallagher et al.
(2003) que ao analisarem amostras de couro, fezes e carcaças, encontraram uma
positividade de 71,0% para Salmonella spp. em 1066 amostras de couro pré-abate,
havendo maior correlação entre o couro e as carcaças contaminadas em comparação
31
ao couro e amostras de fezes positivas. Esses mesmos autores ressaltam a
participação do couro bovino como fonte principal de disseminação de patógenos para
a carcaça no momento da esfola.
Diante desses dados, é possível observar que a etapa da esfola é uma das
principais fontes de contaminação cruzada para carcaças no interior de plantas
frigorificas (DONKERSGOED et al., 1999, REID et al., 2002, McEVOY et al., 2003).
Determinar a prevalência de Salmonella spp na superfície do couro antes da entrada
dos animais nos estabelecimentos frigoríficos serviria como indicativo da potencial
contaminação a que as demais carcaças, já esfoladas, estariam sujeitas (Bacon et al.,
2002).
Como observado, várias são as fontes e os fatores que podem levar à
contaminação dos bovinos de corte por Salmonella e, posteriormente, de suas carcaças
durante a obtenção da carne bovina. Neste sentido, medidas devem ser tomadas em
todos os elos da cadeia de produção da carne para que o produto chegue ao mercado
consumidor livre desse importante patógeno. Além disso, a possibilidade de
transmissão de Salmonella spp. através da cadeia alimentar não pode ser
desconsiderada especialmente em carnes cruas, defumadas ou levemente cozidas e
subprodutos cárneos (MEYER et al., 2010).
A literatura consultada mostra que a rota mais comum para a contaminação de
carcaças e ambientes tem como via principal a eliminação das bactérias através das
fezes. Acrescenta ainda que o rúmen é um reservatório de patógenos potenciais
recolonizadores do trato intestinal. Diante disso, se as populações de Salmonella
32
pudessem ser reduzidas ainda em seu interior, isso aumentaria as chances de sucesso
das medidas aplicadas para o controle desse agente (CALAWAY et al., 2008).
Com base nessas informações, alguns autores têm estudado o perfil
microbiológico e físico-químico do conteúdo ruminal e o seu papel na disseminação de
Salmonella. Os dados levam a concluir que os alimentos podem ser usados para
manipular a composição de AGV e pH ruminais e consequentemente interferir na
sobrevivência desses micro-organismos. Contudo não é possível identificar um
consenso entre os trabalhos consultados sobre qual seria a dieta ideal capaz de reduzir
a eliminação fecal de patógenos (MATTILA et al., 1988, Mc-EVOY et al., 2003,
LENAHAN et al., 2010, DECLAN et al., 2011, CALLAWAY et al., 2008/2011, Pointon et
al., 2012).
Em nosso país, no entanto, apesar de ser ele atualmente o principal produtor
mundial de carne bovina, ainda são escassos os dados relativos à prevalência de
Salmonella spp nesse produto. No caso do gado confinado, dados resultantes do
projeto de pesquisa desenvolvido por Moscardi Jr. et al. (2005), financiado pela
FAPESP (Proc. nº 02/11146-1), indicaram uma prevalência de 6,66% dentre os 60
animais analisados e 1,24% dentre as 322 amostras de fezes obtidas desses animais,
todos estabulados por um período médio de 6 meses.
O trabalho desenvolvido por esses autores foi realizado em uma unidade de
confinamento experimental, sob condições ideais de manejo e sanidade dos lotes
estabulados. Nesse sentido, torna-se importante realizar estudos adicionais que
contemplem rebanhos criados sob condições naturais, confinados ou a pasto, haja vista
que no Brasil poucas são as informações sobre a prevalência de Salmonella spp. em
33
bovinos, tanto aqueles criados extensivamente como os submetidos a regimes de
confinamento.
Torna-se interessante ainda que a pesquisa do patógeno se dê no conteúdo
ruminal, pois nos trabalhos realizados em nosso país onde se procurou detectar
Salmonella nos animais destinados ao abate, a pesquisa do agente se deu nas fezes e
no couro. Os dados obtidos no presente trabalho poderão contribuir para um melhor
entendimento do papel desse agente na criação dos bovinos sob nossas condições,
haja vista a importância do Brasil no mercado produtor de carne bovina.
34
3. OBJETIVO GERAL
Pesquisar a presença de Salmonella spp. em bovinos abatidos no estado do
Paraná.
3.1 OBJETIVO ESPECÍFICO
Pesquisar e, quando presentes, identificar quanto ao sorovar as cepas de
Salmonella detectadas no conteúdo ruminal de bovinos;
Discutir eventuais fatores associados à detecção do patógeno nas amostras
avaliadas.
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Planta frigorífica
A indústria em que as amostras foram coletadas localizava-se na região
metropolitana de Curitiba – PR e realizava o abate diário de 500 bovinos, em
média. A planta e os animais ficavam sob a responsabilidade do Serviço de
Inspeção Federal (SIF).
4.2 Animais
Os bovinos eram adquiridos de propriedades dentro do estado do Paraná e
transportados até a planta frigorífica por caminhões boiadeiros com capacidade
para 20 animais cada. Ao chegarem ao frigorífico eram alojados em currais para
realização do descanso, dieta hídrica e jejum precedendo-se a seguir ao abate.
35
Durante o processo de matança os lotes eram aleatoriamente escolhidos para
coleta de amostras anotando-se a identificação de cada bovino para posterior
levantamento de informações sobre os animais.
4.3 Metodologia de Avaliação
Para a realização das análises microbiológicas foram utilizados 202 animais, não
tendo sido levado em consideração os parâmetros raça, idade ou sexo.
4.3.1 Análises microbiológicas
Foram realizadas quatro coletas entre os meses de agosto e dezembro de 2013.
Um dia por mês eram recolhidos da linha de abate 50 amostras de conteúdo
ruminal. Em apenas uma das visitas ao frigorífico foram coletadas 52 amostras.
4.3.2 Amostragem
Porções do conteúdo ruminal eram recolhidas do rumem de cada bovino
imediatamente após sua despança durante o abate. Com o auxílio de dois
colaboradores com mãos enluvadas, realizava-se a ordenha do órgão até que o
mesmo expelisse conteúdo pela abertura esofágica (Figura 1). Esse material era
recolhido em coletores universais estéreis com capacidade média de 80 mL cada
(Figuras 2 e 3), sendo identificados com a posição dos animais na escala de abate
e armazenados sob refrigeração em caixa isotérmica.
36
Figura 1: Ordenhamento do esôfago para coleta do material ruminal
Figura 2: Coleta do conteúdo ruminal expelido pelo esôfago
37
Figura 3: Coletor universal para coleta de aproximadamente 80mL de amostra
Ao final dos trabalhos diários as amostras eram transportadas até o laboratório
da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná onde
ocorria a aferição do pH e realização das análises microbiológicas.
4.3.2.1 Pesquisa de Salmonella sp.
Foi utilizada a metodologia preconizada por ANDREWS et al. (1998). As
amostras de conteúdo ruminal (25 mL), foram transferidas para frascos contendo
225 mL de água peptonada tamponada 1%, e incubadas a 35ºC por 24h (etapa de
pré-enriquecimento).
O enriquecimento seletivo foi realizado utilizando-se 2 caldos: Rappaport-
Vassiliadis (RV) e Tetrationato (TT). Das amostras pré-enriquecidas, foram
38
transferidos 0,1 mL e 1 mL para tubos contendo 10 mL de RV e TT
respectivamente.
A seguir, partindo de cada um dos caldos de enriquecimento seletivo, procedeu-
se a semeadura em placas de ágar seletivo para Salmonella: ágar BS (Sulfito de
Bismuto) e ágar XLD (Xilose Lisina Desoxicolato), que foram incubadas a 35ºC por
24h. Três a cinco colônias suspeitas de cada placa foram repicadas pata tubos
contendo Tríplice Açúcar Ferro (TSI) e Lisina Ferro Agar (LIA), que foram incubados
a 35ºC por 24h. A partir dos tubos que apresentaram reação característica para
Salmonella, foi realizada a prova de soroaglutinação em lâmina, empregando-se
anti-soro polivalente flagelar e somático (Probac, São Paulo). Amostras positivas
nesse teste foram caracterizadas bioquimicamente através do sistema API 20E
(BioMerieux, França).
As cepas caracterizadas como Salmonella sp. foram enviadas à FIOCRUZ no
Rio de Janeiro para sorotipagem.
4.3.2.2 Aferição do pH (potencial hidrogeniônico)
A aferição do pH das amostras ocorreu imediatamente após retirada da
alíquota destinada ao pré-enriquecimento. A técnica utilizada foi de acordo com as
normas de utilização do fabricante do pHmetro - LABMOR.
4.3.2.3 Informações dos lotes:
De acordo com a Padronização de Técnicas, Instalações e Equipamentos
para a inspeção de carnes em bovinos as carcaças eram identificadas com carimbo
39
no peito e na pleura trazendo o número do bovino abatido, seu respectivo lote e a
data do abate. Através desses dados e das informações presentes nas Guias de
Trânsito Animal era possível identificar a origem dos bovinos e sua propriedade. Era
então realizado contato telefônico com o proprietário dos animais onde se obtinham
detalhes a respeito do manejo de criação e da dieta fornecida aos lotes.
4.3.2.4 Informações sobre temperatura e umidade relativa
Esses dados foram obtidos através de consulta on line ao site
www.weatherundergroud.com acessado em 07/01/2014.
5. RESULTADOS:
Ao final dos trabalhos foram analisadas 202 amostras de conteúdo ruminal
sendo que em seis delas
investigados, três deles (37,5%)
mesmo dia de coleta e no mês de outubro
composto por 20 animais, dos quais três (15%)
também com 20 bovinos, o agente pôde ser isolado em dois deles (10%) enquanto que
no terceiro, com 10 animais,
Todas as cepas foram identificadas
Figura 4: Prevalência
As distâncias entre as propriedades e o frigorífico
468 km sendo que os bovinos positivos ficaram assim distribuídos: três isolamentos
para a propriedade mais próxima (70 km) dois isolamentos para 200 km e um para 302
km (Figura 5).
37,5%
Ao final dos trabalhos foram analisadas 202 amostras de conteúdo ruminal
sendo que em seis delas (2,97%) isolou-se Salmonella spp. Dentre os oito lotes
investigados, três deles (37,5%) mostraram-se positivos para o patógeno
no mês de outubro (Figura 4). O primeiro lote positivo era
composto por 20 animais, dos quais três (15%) foram positivos
também com 20 bovinos, o agente pôde ser isolado em dois deles (10%) enquanto que
animais, em apenas um animal isolou-se Salmonella
identificadas como Salmonella. Schwarzengrund
Prevalência de Salmonella spp nos lotes avaliados
ncias entre as propriedades e o frigorífico variaram
468 km sendo que os bovinos positivos ficaram assim distribuídos: três isolamentos
para a propriedade mais próxima (70 km) dois isolamentos para 200 km e um para 302
62,5%
lotes negativos (5/8)
lotes positivos (3/8)
40
Ao final dos trabalhos foram analisadas 202 amostras de conteúdo ruminal,
spp. Dentre os oito lotes
se positivos para o patógeno, todos no
. O primeiro lote positivo era
positivos. No segundo lote,
também com 20 bovinos, o agente pôde ser isolado em dois deles (10%) enquanto que
Salmonella spp. (10%).
. Schwarzengrund.
avaliados
variaram de 70 km a
468 km sendo que os bovinos positivos ficaram assim distribuídos: três isolamentos
para a propriedade mais próxima (70 km) dois isolamentos para 200 km e um para 302
Figura 5: Quantidade de animais por lote abatido,
Salmonella spp. em cada lote avaliado e distância percorrida (Km)
propriedades e o frigorífico
Quanto à alimentação fornecida aos animais,
duas delas faziam recria em pastagens de
média por 90 dias (silagem de milho planta + ração peletizada). Três
os animais de pastagens de
confinamento em média por 75 dias (silagem de cevada
farelo de soja e núcleo mineral). As três outras restantes concluíam
em pastagens consorciadas de azevem com aveia fornecendo sal mineral livremente no
cocho. Nestes três últimos
Salmonella.
Durante os dias de coleta a temperatura (Tº) e umidade relativa (UR) do ar
apresentaram as seguintes características
- coleta em 26 agosto de 2013: Tº 10º ; UR 99%
qtde bov/lote
nº bovinos infectados
distancia (km)
d
is
tâ
n
ci
a
de animais por lote abatido, número de animais
spp. em cada lote avaliado e distância percorrida (Km)
Quanto à alimentação fornecida aos animais, das oito propriedades avaliadas,
faziam recria em pastagens de azevém e aveia e confinavam os animais em
média por 90 dias (silagem de milho planta + ração peletizada). Três
os animais de pastagens de Brachiaria brizanta e finalizavam a engorda por
confinamento em média por 75 dias (silagem de cevada + milho moído + triguilho +
farelo de soja e núcleo mineral). As três outras restantes concluíam
em pastagens consorciadas de azevem com aveia fornecendo sal mineral livremente no
três últimos lotes foram detectadas as amos
Durante os dias de coleta a temperatura (Tº) e umidade relativa (UR) do ar
apresentaram as seguintes características (Figuras 6 e 7):
coleta em 26 agosto de 2013: Tº 10º ; UR 99%
0
50
100
150
200
250
300
350
lote 1 lote 2
qtde bov/lote 20 20
nº bovinos infectados 3 2
distancia (km) 70 200
41
de animais infectados por
spp. em cada lote avaliado e distância percorrida (Km) entre as
das oito propriedades avaliadas,
azevém e aveia e confinavam os animais em
média por 90 dias (silagem de milho planta + ração peletizada). Três outras retiravam
e finalizavam a engorda por
+ milho moído + triguilho +
farelo de soja e núcleo mineral). As três outras restantes concluíam a recria e engorda
em pastagens consorciadas de azevem com aveia fornecendo sal mineral livremente no
foram detectadas as amostras positivas para
Durante os dias de coleta a temperatura (Tº) e umidade relativa (UR) do ar
lote 3
10
1
302
- coleta em 23 setembro de 2013: Tº
- coleta em 21 outubro de 2012: Tº 22º C ; UR 73%
- coleta em 03 dezembro de 2013: Tº 23º ; UR 64%
Figura 6: Temperatura media mensal
Figura 7: Temperatura média
0
5
10
15
20
25
T
e
m
p
e
ra
tu
ra
período de coleta
10
14
26.08 23.09
Temperatura Temperatura Temperatura Temperatura
coleta em 23 setembro de 2013: Tº 14º C ; UR 94%
coleta em 21 outubro de 2012: Tº 22º C ; UR 73%
coleta em 03 dezembro de 2013: Tº 23º ; UR 64%
: Temperatura media mensal (ºC) durante os meses de colet
: Temperatura média (ºC) durante os dias de coleta
período de coleta
Temperatura
Média Mensal
22
23
23.09 21.10 03.12
Temperatura Temperatura Temperatura Temperatura ---- diáriadiáriadiáriadiária
Temperatura
42
durante os meses de coleta
Quanto ao pH do material analisado
neutralidade em todas as amostras
os valores de 6,98 e 7,32 respectivamente
Figura 8: valor médio de pH
agosto
pH (média) 7,29
6,8
6,9
7
7,1
7,2
7,3
7,4
p
H
R
u
m
in
a
l
-
m
é
d
ia
Potencial Hidrogeniônico
Quanto ao pH do material analisado, o mesmo mostrou
neutralidade em todas as amostras, apresentando como menor e maior média mensal
os valores de 6,98 e 7,32 respectivamente (Figura 8).
valor médio de pH encontrado durante as coletas
setembro outubro dezembro
7,32 7,25 6,98
Potencial Hidrogeniônico - pH
43
o mesmo mostrou-se dentro da
apresentando como menor e maior média mensal
pH
44
6. DISCUSSÃO
A aferição do ph do conteúdo ruminal dos animais revelou, de modo geral,
valores dentro da neutralidade. Isto ocorreu mesmo nas amostras provenientes de
animais de propriedades onde a alimentação fornecida era à base de forragens (aveia e
azevém), sendo que eram esperados valores mais baixos que os encontrados. Valores
ainda menores deveriam ter sido identificados nas cinco propriedades onde os animais
eram alimentados com dietas ricas em grãos. Potencialmente essa dieta elevaria a
quantidade de ácidos graxos voláteis no rumem consequentemente reduzindo seu pH,
diferentemente do observado. (LENAHAN et al., 2010).
O trato digestivo bovino é adequado à fermentação de amido e açúcares a partir
de plantas fibrosas que são degradadas por fungos, protozoários e bactérias presentes
no rumem. Sua fisiologia é ditada pela presença dessas fibras. Quando os animais são
submetidos a dietas pobres em fibras e ricas em grãos, o processo digestivo ocorre de
forma adversa, gerando acúmulo de ácidos graxos voláteis que reduzem o pH local.
Isso torna o ambiente inóspito à microbiota reduzindo a excreção de patógenos nas
fezes (SHANKS et al.,2011).
Os dados encontrados em nosso trabalho contrastam com aqueles encontrados
na literatura consultada. Declan et al. (2011) avaliaram o pH do liquido ruminal e das
fezes de bovinos submetidos a cinco diferentes dietas: somente capim, capim e
concentrado, silagem de capim, apenas feno e silagem de milho com concentrado. Esta
última, rica em grãos, apresentou menor pH que as anteriores (5,77). As dietas de
capim (6,19) e capim com concentrado (6,11) resultaram em conteúdos ruminais mais
ácidos que as dietas de silagem de capim (6,61) e apenas feno (6,54). Quanto aos
45
valores de pH fecal, não foram encontradas diferenças significativas. Para os autores o
pH identificado na dieta rica em grãos está relacionado à quantidade de amido e
açucares facilmente fermentáveis.
Valores de pH semelhantes aos anteriores também foram também encontrados
por Lenahan et al. (2010) ao analisarem o conteúdo ruminal de bovinos alimentados
com dietas que variaram desde o fornecimento de somente capim até a alimentação
com silagem adicionada de concentrados. Para os pesquisadores a dieta pode alterar a
composição dos AGV e o pH ruminal, mas o grau desta alteração dependerá do tipo do
alimento fornecido. Entretanto, os autores reconhecem que o comportamento
apresentado pelo liquido ruminal durante seu experimento, não deveria ser considerado
como regra uma vez que os testes realizados se deram in vitro. Para Lenahan et al.
(2010), a raça e a idade dos animais, bem como a presença de microbiota competidora,
além de características químicas do rumem em momentos diferentes da digestão,
condições somente encontradas in vivo, poderiam alterar os resultados observados.
Também podemos levantar a hipótese de que a neutralidade observada no pH
das amostras das oito propriedades de nosso estudo talvez seja resultante da distância
das mesmas até o frigorífico. Apenas uma fazenda estava a mais de três horas de
viagem até a indústria. Todas as outras eram mais próximas. Logo, pode-se deduzir
que o jejum de sólidos tenha se iniciado ainda nas unidades de produção, previamente
ao carregamento dos bovinos.
Essa pratica já citada por Pointon et al. (2012) objetiva minimizar a excreção
fecal pelos animais durante o transporte, evitando assim, eventuais sujidades sobre o
couro e reduzindo as possibilidades de contaminação cruzada durante a esfola dos
46
bovinos no frigorifico. Em nosso entendimento isso justificaria os índices de
neutralidade do pH encontrados no conteúdo ruminal dos animais confinados
concorrendo para os três isolamentos identificados.
Assim, dentro dessa hipótese, é possível considerar, ainda em acordo com
Pointon et al. (2012) que assim como haveria redução na excreção de fezes por pouca
ingesta, aquela por sua vez, seria potencialmente mais contaminada. Logo, uma
eventual presença de Salmonella no interior do rumem teria sua multiplicação
viabilizada pela baixa produção de ácidos graxos voláteis.
Esses relatos concordam com os dados encontrados por Declan et al. (2011).
Estes autores sugerem que a existência de condições brandas presentes no conteúdo
ruminal seriam capazes de causar alterações na expressão genética das cepas de
Salmonella resultando no aumento de sua resistência a ambientes mais ácidos. Isso
favoreceria o transito dos micror-organismos pelo abomaso auxiliando ainda na sua
eliminação através das fezes dos indivíduos infectados. Baseado nesses relatos é
possível levantar a hipótese que os animais positivos identificados em nosso estudo
poderiam também ter excretado Salmonellas através das fezes, vindo a contaminar não
somente outros indivíduos, mas também as estruturas de contenção e transito
pertencentes ao frigorífico.
Diante dessas possibilidades e, considerando que nosso experimento baseou-se
na análise do conteúdo ruminal, não tendo como objetivo investigar a presença de
Salmonella spp. nas fezes, alimentos ou outros tipos de amostras, é possível sugerir
que a prevalência do agente nos bovinos analisados tenha sido subestimada.
47
Stephens et al. (2007) relatam que outras unidades amostrais devem ser
exploradas, pois a determinação de variados pontos de coleta é fundamental para se
determinar a prevalência de Salmonella nos bovinos. Esses autores demonstraram que
ao trabalharem apenas com amostras de fezes retais estariam subestimando a real
positividade dos animais analisados. Ao incluírem em sua pesquisa amostras de swabs
de couro, coletadas próximas ao jarrete e períneo, os isolamentos da bactéria
elevaram-se de 50 para 96%, levando-os a concluírem que o tipo e a localização da
amostra são parâmetros críticos a serem considerados quando da determinação da
prevalência de Salmonella spp em rebanhos confinados.
Os lotes em que o micro-organismo foi isolado em nosso experimento eram
constituídos por poucos animais. Os dois primeiros, pela ordem de abate do dia,
continham 20 animais cada e neles foi isolado o agente em 15% e 10% deles,
respectivamente. Um terceiro com 10 animais apresentou apenas um bovino positivo
(10%). É importante observar que o número de bovinos que participaram do
experimento representa apenas uma parcela do total de animais presente em suas
unidades de criação. Assim, ao citarmos tais prevalências, fazemos referencia aos
grupos abatidos no dia da coleta. Não se pode descartar a hipótese de outros animais
positivos serem encontrados também nas fazendas de origem.
Cabe ressaltar que prevalências iniciais bem menores que as encontradas em
nosso estudo chamaram a atenção de Khaitsa et al. (2007) ao pesquisaram Salmonella
nas fezes individuais de 144 novilhos distribuídos por 24 baias de confinamento na
Dakota do Norte - USA. Na chegada dos animais às instalações, esses autores
identificaram que em apenas um deles (0,7%) o agente havia sido isolado. Entretanto,
48
após seis meses de estabulação, esse número já havia se elevado para 89 animais
(62% do rebanho), contaminando 22 das 24 baias ocupadas. Isso evidencia a
capacidade do patógeno de sustentar sua infecção no hospedeiro e intermitentemente
ser eliminado para o ambiente. Tratava-se de Salmonella Typhimurium sorovar.
Copenhagen
Diante desses dados, levantamos algumas possibilidades que poderiam justificar
nossos achados. É possível que os animais positivos já estivessem contaminados em
suas unidades de produção e eliminando a bactéria através das fezes. Entretanto, a
contaminação maciça do lote analisado não teria se dado devido ao possível jejum
realizado antes do carregamento dos animais, vindo a diminuir a excreção de fezes e a
eliminação dos patógenos (POINTON et al., 2012). Neste caso, os animais positivos
teriam apenas mantido sua condição de origem como portadores sem, contudo,
influenciar na contaminação dos outros membros do grupo. Essa possibilidade é
reforçada considerando que, se os bovinos tivessem recebido alimentos antes da
viagem, seria esperada maior defecação dos animais devido ao estresse do transporte
até o frigorífico (KALCHAYNAND et al., 2009).
Curiosamente, o grupo que apresentou o maior número de amostras positivas
(15%) foi também o que teoricamente teria sofrido menor estresse durante o transporte,
uma vez que os animais foram submetidos a uma viagem de apenas 70 km. Do mesmo
modo, os grupos que demonstraram prevalências menores, 10% (lotes 2 e 3) viajaram
200 km e 302 km respectivamente.
Uma interpretação superficial desses dados poderia nos levar a concluir de
maneira errônea que nossos achados contrariam a literatura consultada a qual
49
correlaciona positivamente o estresse do transporte com a eliminação de patógenos.
Entretanto, cabe ressaltar que, a disseminação de Salmonella durante o transporte dos
bovinos é diretamente proporcional às dificuldades oferecidas pelas condições de
viagem destes animais (DEWELL et al., 2008).
Entendemos que apenas o deslocamento, não necessariamente implica em
estresse. Devem ser considerados fatores como as condições da estrada percorrida, o
manejo humanitário dos animais durante seu carregamento e descarregamento, a
superlotação dos veículos, a mistura de bovinos com diferentes origens na mesma baia
e o estado fisiológico dos animais, dentre outros.
Khaitsa et al. (2007) pesquisaram a participação do estresse bovino na
disseminação do patógeno durante o transporte. Para os autores a condução dos
animais até as plantas frigoríficas em épocas mais frias do ano proporcionariam
condições menos estressantes aos animais. Esses dados concordam com Kalchaynand
et al. (2009) que observaram menor prevalência de micro-organismos ao longo de seu
experimento quando o transporte dos animais ocorreu durante o inverno.
Reicks et al. (2007) citam que não apenas o transporte, mas o manuseio dos
animais pode causar condições estressantes. Para os autores isso traria mudanças nos
padrões de eliminação fecal aumentando possíveis pontos de contaminação. Para
Lenahan et al. (2010), os bovinos destinados ao abate experimentam condições
estressantes de inanição ao longo do transporte e também durante o período em que
permanecem estabulados aguardando as operações da planta. Esses dados
concordam com aqueles encontrados por Woldemariam et al. (2005) que identificaram
50
como causas de estresse a permanência dos animais no interior de baias superlotadas,
aguardando o carregamento nas fazendas ou o abate nos frigoríficos.
Para Pointon et al. (2012), o jejum praticado com os animais seria apenas um,
entre tantos fatores, dentro do complexo processo que leva os bovinos ao estresse
durante sua condução até as indústrias de abate.
Pangloli et al. (2008) citam que o estado fisiológico do rumem é importante para
a colonização e multiplicação das células de Salmonella. A interrupção das funções
normais do trato gastrointestinal pode permitir sua colonização e multiplicação. Para
esses autores, mudanças bruscas na rotina e na qualidade da alimentação, bem como
as condições extremas de temperatura e o transporte, teriam influência direta nesse
aspecto. Green et al. (2010) acrescentam ainda que a reunião de animais, que não
compartilhavam do mesmo convívio, em uma mesma área seria motivo de estresse no
grupo havendo entre eles a necessidade de se restabelecer uma hierarquia.
Na análise de riscos realizada por Dewell et al. (2008) para avaliar a participação
do transporte na prevalência de Salmonella sobre o couro bovino, os autores
identificaram que os animais em que a agitação foi grande durante o carregamento até
os caminhões, apresentaram o dobro de chances de isolar o patógeno em comparação
àqueles que a operação foi realizada de maneira calma.
Outro dado importante a ser considerado é a presença de parasitoses infestando
os animais. Looper et al (2006) citam que o estado de infestação é também causador
de estresse nos bovinos e pode levar à eliminação de Salmonella pelas fezes.
Como visto, as condições estressantes a que estão expostos os animais
destinados ao abate não se resumem às longas distancias percorridas por eles. Há, no
51
entanto, uma complexidade de fatores envolvidos que precisam ser melhor estudados.
Desta forma, deduzimos que os bovinos de nosso experimento podem ter sofrido
estresse durante seu transito até a unidade de abate, mas seus efeitos na
disseminação de Salmonella não foram observados pela possível ocorrência de jejum
pré-transporte.
É importante que sejam discutidos outros fatores de risco que poderiam ter
levado a infecção até os animais estudados. A alimentação fornecida aos três lotes em
que o agente foi identificado era baseada no pastoreio de azevem e aveia. Já os cinco
lotes negativos foram alimentados a pasto (Brachiaria, Azevem, Aveia) até serem
confinados, quando passaram a receber dietas ricas em grãos por 90 dias, em média.
A literatura pesquisada não possibilitou estabelecer correlações diretas entre o
isolamento de Salmonella e a pastagem consorciada de azevém com aveia. Não foram
encontrados relatos que apontassem esses alimentos como fontes do patógeno. Com
relação aos lotes confinados, a dieta dos bovinos era baseada no fornecimento de
silagem e ração concentrada rica em grãos. A participação destes últimos na redução
do pH ruminal já foi discutida em nossa pesquisa. Quanto às silagens, era esperado
que suas características ácidas se somassem ao efeito dos grãos contribuindo ainda
mais para uma maior acidez ruminal. Entretanto isso não foi evidenciado no momento
da coleta. Como já hipotetizado, os valores neutros encontrados para o pH das
amostras estaria relacionado ao jejum antes do carregamento dos animais.
Alguns autores têm pesquisado a participação da dieta na disseminação de
Salmonella spp nos bovinos. Em sua maioria, estudos in vitro têm sido realizados para
identificar a contribuição de determinados alimentos na sobrevivência e eliminação
52
destes patógenos no liquido ruminal. Contudo, o papel dos ingredientes da dieta na
veiculação de Salmonella aos bovinos ainda é pouco conhecido. Na literatura atual são
escassos os dados a esse respeito (JACOB et al., 2009, LENAHAN et al., 2010)
Moscardi-Jr. et al. (2003a, 2003b, 2005) pesquisaram Salmonella em alimentos
oferecidos a bovinos confinados no interior do estado de São Paulo encontrando o
agente em amostras de caroço de algodão e núcleo mineral proteico. Esses autores
identificaram positividade também nas amostras de fezes e carcaças dos animais
alimentados com essa dieta.
Dargatz et al. (2005) pesquisaram Salmonella em amostras de milho, feno e
silagem fornecidos aos animais em dois confinamentos no Colorado-EUA. Os autores
encontraram uma positividade de 5,3% em relação ao total de alimentos investigados
(57/1070). Individualmente os alimentos apresentaram percentuais positivos de: 0,6%
em 180 amostras de silagem; 0,6% em 180/milho de alta umidade; 1,7% em 360/feno;
4% em 175/milho seco e 24% em 175/alimentos misturados. Dentre os 57 isolamentos,
42 deles ocorreram na ração final (mistura de alimentos). Esses autores concluíram que
a contaminação de ingredientes da dieta em confinamentos é aparentemente comum.
Mesmo assim, não foram observados casos clínicos de doença nos animais que
ingeriram os alimentos.
Jacob et al. (2009) pesquisaram a eliminação fecal de Salmonella em bovinos
alimentados com grãos de destilaria e rolo seco de milho vindo a concluir que essa
dieta não interfere no processo de disseminação do patógeno.
Green et al. (2010) realizaram analise de risco relacionada à presença de
Salmonella em 73 confinamentos nos EUA. Seus dados permitiram concluir que a
53
inclusão de alimentos como caroço de algodão, glúten de milho seco, cevada e feno na
ração, estão fortemente relacionados ao isolamento da bactéria. Para os autores o
glúten de milho e as gorduras presentes no caroço de algodão reduzem a produção de
AGV Em contrapartida, o uso de silagem de sorgo seria responsável pela diminuição
dos riscos evidenciados, haja vista a grande quantidade de ácido lático presente em
silagens bem fermentadas.
No passado os alimentos mais implicados com a veiculação de Salmonella aos
animais eram as fontes de proteína de origem animal e vegetal. Como visto, outros
ingredientes podem tornar-se contaminados com a bactéria disseminando-a pelo
ambiente de criação. Essa contaminação pode ocorrer nas fábricas de produção ou
ainda durante o transporte e armazenamento nas fazendas, antes de serem servidos
aos animais (DARGARTZ et al., 2005).
É preciso destacar que em nosso estudo a pesquisa de Salmonella spp. ocorreu
em condições naturais. Procurou-se com isso, investigar a prevalência do patógeno no
conteúdo ruminal dos bovinos e discutir possíveis fatores que naturalmente estivessem
contribuindo para o isolamento do agente nos animais. A grande maioria dos autores
consultados pesquisou a bactéria em amostras de fezes presentes na superfície do
couro bovino, no ambiente ou no reto dos bovinos. Poucos tentaram isolar Salmonella
do interior do rumem. Quando o fizeram, praticaram ensaios in vitro e com inoculações
artificiais do patógeno.
Lenahan et al. (2010) por exemplo, também afirmam que ainda são poucos os
trabalhos que correlacionam a dieta animal com a presença de Salmonella. Estes
autores realizaram ensaios inoculando artificialmente cepas ácido resistentes e outras
54
não adaptadas a acidez em amostras de liquido ruminal. Após desafiarem essas
amostras com fluido abomasal sintético os autores concluíram que não apenas a dieta
fornecida aos animais, mas também características individuais do rumem podem
interferir na sobrevivência dos micro-organismos.
Callaway et al. (2011), alimentaram ovelhas confinadas com diferentes
porcentagens de derivados cítricos durante 10 dias. Após esse período, os animais
foram inoculados, via oral. Com 2 x 102 UFC de Salmonella Typhimurium e abatidos
após 96h da inoculação, retirando-se amostras do conteúdo ruminal para análise. Os
dados encontrados não informaram a prevalência da bactéria no material investigado,
apenas o papel dos derivados cítricos na redução do agente no interior do rumem.
Em nosso estudo não podemos afirmar que a contaminação teve origem na
alimentação oferecida aos animais, pois não foi realizada a análise da mesma. De
qualquer maneira, mesmo que isto tenha acontecido, podemos deduzir que no caso dos
animais positivos, as condições ruminais não foram eficazes em eliminar o patógeno.
No caso dos lotes que ingeriram pasto, havia condições de viabilidade para a
sobrevivência de Salmonella. Do mesmo modo, os grupos alimentados com dietas ricas
em grãos, ao contrário do esperado, apresentaram níveis de pH favoráveis ao
isolamento no momento da coleta (LENAHAN et al., 2010).
Assim, dentre os fatores que poderiam ter levado os animais deste estudo ao
estado de portadores identificados, levantamos uma segunda possibilidade para
explicar a contaminação dos bovinos avaliados. A infecção poderia ter ocorrido de
forma fecal oral dentro das instalações do frigorífico, anteriores à sala de abate. A
eliminação do micro-organismo por animais positivos, pertencentes aos lotes que
55
participaram da pesquisa ou a outros lotes que foram abatidos no mesmo dia, poderia
ter contaminado estruturas físicas da indústria, responsáveis por conter os novilhos ou
conduzi-los ao box de insensibilização.
Baseado nessa interpretação não seria possível afirmar se o lote que deu origem
a contaminação dos animais pertencia aos grupos estudados ou a lotes que foram
abatidos anteriormente à coleta. De qualquer forma, podemos levantar a hipótese que
no mínimo dois, dos três lotes positivos, contaminaram-se no interior das instalações do
frigorífico. Dentro da programação diária da indústria os 15% (3/20) de bovinos em que
a bactéria foi isolada pertenciam ao oitavo lote abatido naquele dia. Na sequência
seguiram para o abate o nono e o décimo lotes que apresentaram em seus animais
10% (2/20) e 10% (1/10) de positividade respectivamente.
Essas evidências são baseadas no fato de que os isolamentos identificados
ocorreram todos no mesmo dia, de forma decrescente e sequencial na escala de abate.
Antes da passagem destes animais pelos corredores que dão acesso ao interior da
indústria, sete outros lotes já haviam por ali transitado. É possível que o material
contaminante estivesse presente nas estruturas citadas e com o passar dos animais
fosse reduzindo sua dose infectante. Por isso alguns indivíduos se infectaram e outros
não. Além disso, o sorovar identificado dentro dos três lotes foi o mesmo, Salmonella
Schwarzengrund isolado em todas as amostras.
Essa hipótese está de acordo com os achados de Reicks et al. (2007) que
pesquisaram o efeito do transporte de bovinos em caminhões sobre a prevalência de
Salmonella spp. Esses autores identificaram fontes de contaminação relevantes
presentes nas áreas de contenção e carregamento tanto das fazendas como nas
56
indústrias frigoríficas. Seus dados demonstram que o piso, paredes e os trilhos das
áreas citadas podem ser fontes de contaminação para os animais que adentram na sala
de abate.
Assim, ainda que o tempo de permanência dos animais dentro dos currais de
espera fosse insuficiente para o completo transito bacteriano, incluindo a excreção
fecal, o isolamento de Salmonella na cavidade oral e no rumem destes bovinos
contaminados tornou-se possível.
57
7. CONCLUSÕES:
Com base nos resultados obtidos e na discussão efetuada, podemos concluir
que:
a) A detecção do patógeno, mesmo que tenha ocorrido em uma pequena
porcentagem de amostras, mostra o potencial que o conteúdo ruminal pode
ter na contaminação cruzada de carcaças e cortes, caso as operações de
abate não sejam bem realizadas;
b) Embora todas as amostras tenham mostrado valores de pH próximo da
neutralidade, mesmo aquelas provenientes de animais em que a ração
oferecida era rica em concentrados, a detecção do patógeno se deu no
conteúdo ruminal apenas de animais criados a pasto, evidenciando que a
alimentação pode ter uma influência importante na manutenção na viabilidade
das células de Salmonella no interior do rumen;
c) A detecção de um único sorotipo em um mesmo dia de coleta permite
levantar a hipótese de que a contaminação dos animais tenha se dado na
própria indústria, a partir das estruturas físicas, responsáveis por conter os
bovinos ou conduzi-los ao box de insensibilização
58
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68
9. TRABALHO CIENTÍFICO
PRESENÇA E TIPIFICAÇÃO DE SALMONELLA spp. NO CONTEÚDO RUMINAL
DE BOVINOS PÓS-ABATE
PRESENCE AND CHARACTERIZATION OF SALMONELLA spp. IN RUMINAL
CONTENTS OF CATTLE POST-SLAUGHTER
PRESENCIA Y CARACTERIZACIÓN DE SALMONELLA spp EN CONTENIDO
RUMINAL DE BOVINOS DESPUÉS DEL SACRIFÍCIO
Entidade Financiadora: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -
CAPES
69
PRESENÇA E TIPIFICAÇÃO DE Salmonella spp. NO CONTEÚDO RUMINAL DE
BOVINOS PÓS-ABATE
RESUMO
O Brasil lidera o ranking de maior exportador de carne bovina no mundo desde 2008. Garantir
a segurança microbiológica desses alimentos tem sido um dos princi