8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Título, autores – ISSN 2176-9761 L.O.T.E. – LUGAR, OCUPAÇÃO, TEMPO, ESPAÇO. Profs. Drs. Agnus Valente (Agnaldo Valente Germano da Silva), José Paiani Spaniol, Sérgio Mauro Romagnolo: São Paulo, IA- Instituto de Artes, BLAV, agnusvalente@uol.com.br, bolsa BAE II. Os alunos de graduação poderão ser autores e apresentadores desde que tenham a co-autoria do orientador. Eixo: 1 - “Direitos, Responsabilidades e Expressões para o Exercício da Cidadania" Introdução L.O.T.E. – Lugar, Ocupação,Tempo, Espaço – é um Projeto de Extensão Universitária do Departamento de Artes Plásticas do IA-UNESP. Propomos um conjunto de ações multifacetadas do projeto e, dentre elas, o L.O.T.E. Residências em Arte e Arte/Educação: Fazenda da Serrinha – similar ao Festival de Arte da Serrinha. Trata-se de uma iniciativa dos artistas Agnus Valente, José Spaniol e Sérgio Romagnolo, coordenadores do projeto, no sentido de investir, como arte-educadores, em proposições de Arte-vivência. Inspirada no programa JAC (Jovem Arte Contemporânea, concebido por Wálter Zanini e realizado entre 1967 e 1974, no MAC-USP), apresenta ressonâncias em outros eventos como Mitos Vadios, Faxinal das Artes e Festival de Arte da Serrinha, organizado por Fábio Delduque. O L.O.T.E. promove viagem visando a criar um lastro de conhecimento e experiências em locais específicos que possam catalisar o amadurecimento do jovem artista e arte/educador diante de novas situações desafiadoras que o instiguem a rearticular, praticar e refletir e/ou materializar seu aprendizado num compartilhamento de práticas artísticas e arte/educativas com o público da região da Serrinha (Bragança Paulista). A proposta é que o participante desfrute o potencial desse espaço e desenvolva uma ação ou uma produção livre, de sua própria escolha - com a possibilidade de agenciamentos entre os participantes, no sentido de se organizarem ou formarem grupos para aglutinar e expandir espaços e experiências, bem como proporem ou reproporem atividades. No retorno da viagem, será produzido um relato de experiências junto à comunidade unespiana. A natureza da relação do projeto L.O.T.E. é interuniversidades, pois envolve participantes externos ao Departamento de Artes Plásticas e do Instituto de Artes, como ECA/USP; FAAP; UNICAMP dentre outras, além dos demais departamentos do IA como DACEFC e DM. De um lado, equilibra a parceria da Fazenda da Serrinha (Lugar de Aprender) e, de outro lado, busca outros perfis extensionistas a serem realizados no IA e viagem a outros locais específicos e coerentes com o projeto. Objetivos Resumo O Projeto de Extensão Universitária intitulado L.O.T.E. – Lugar, Ocupação,Tempo, Espaço – propõe um conjunto de ações inter e transdisciplinares de ocupação do espaço, residência e vivência em Arte e Arte-Educação. Trata-se de uma iniciativa no sentido de investir em proposições de vivência em Arte como aprendizado, visando a catalisar o amadurecimento do jovem artista e arte-educador diante de novas situações desafiadoras que o instiguem a rearticular, praticar, refletir e materializar com autonomia seu aprendizado num compartilhamento colaborativo de práticas artísticas e arte/educativas com a comunidade. Palavras Chave Autonomia, inter/transdisciplinaridade, vivência artística e arte-educativa. Abstract The University Extension Project titled L.O.T.E. – Lugar, Ocupação, Tempo, Espaço (Site, Occupation, Time, Space) - proposes a set of inter and transdisciplinary actions of space occupation, residence and living in Art and Art-Education. It is an initiative to invest in the experience of living propositions in Art as learning, in order to catalyze the maturation of the young artist and art-educator facing new challenging situations that instigate them to reorganize, practice, reflect and materialize with autonomy their learning in a collaborative sharing of artistic practices and art-education with the community . Key-words Artistic and art-education Experience, autonomy, inter/transdisciplinary. 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Título, autores – ISSN 2176-9761 2 Propiciar aos estudantes de Artes do Instituto e externos: 1) aprendizado in loco com ações de ocupação artística de espaços urbanos e/ou naturais; 2) aprendizado conceitual sobre Ocupação de espaço, em encontros com experts e artistas renomados sobre o assunto e nessa forma de arte nos próprios locais escolhidos para viagem; e 3) uma experiência- desafio em Arte-Vivência através da participação em eventos com esse perfil, envolvendo-os em situações específicas ao deslocá- los para locais específicos, em imersões que os preparem para o enfrentamento com o meio artístico e do meio educativo. O Projeto propõe um processo contínuo de socialização e vivência em Arte e Arte/Educação, com vivência em comunidades externas à UNESP, produzido com três núcleos: 1) com o Festival de Arte da Serrinha, organizado por Fábio Delduque, no Bairro da Serrinha em Bragança Paulista, interior de São Paulo – SP – Brasil, local onde realizar-se-á a ação “Residência L.O.T.E. na Serrinha”, com uma residência de dias em uma semana artística e educativa para uma média de 40 pessoas, visando à transmissão de conhecimento para a comunidade local (populares, estudantes e professores da região, ligados ao ensino fundamental e médio), com apoio da Secretaria Municipal de Cultura de Bragança Paulista. (este núcleo foi reduzido para comportar as novas ações extensionistas dos itens 2 e 3); 2) com a “Oficina Colaborativa de Modelo Vivo” concebida por Lídia Ganhito, Pedro Ogata e Helena Yambanis Obersteiner. A proposta da oficina é a seguinte: A Oficina Colaborativa de Modelo vivo é um projeto de extensão realizado dentro do Instituto de Artes da UNESP, localizado no bairro da Barra Funda, em São Paulo, desde 2014. Ao propor um trabalho de modelo vivo feito a partir do revezamento de papéis entre os participantes como artistas e modelos, a Oficina abole os limites que separam ambos e se estrutura de uma forma não hierárquica. O “resultado” a ser alcançado é a vivência múltipla. Os participantes são alunos e profissionais de diversos campos criativos que querem desenvolver habilidades técnicas e perceptivas em desenho, bem como a sua consciência corporal. Ao se ver como artista e modelo, o participante expande seus limites perceptivos e passa a entender sua produção e seu corpo de outra forma; 3) Organização de conteúdos e práticas para a realização de “Curso Livre de Artes Visuais” (ação que se inaugurará nesta edição) concebido por Anderson Godinho, Beatriz Rucco e Caio Neto; o curso vem acontecendo num modelo experimental em 2014, durante o segundo semestre e consiste em aulas para grupo de pessoas interessadas em Artes Visuais; não pretende ser um cursinho. Um protótipo do projeto mostrou-se altamente exequível na edição do evento L.O.T.E. 2012 – e posteriormente, como extensão, em 2013, efetivou- se a proposta de vivência em arte como educação, consolidada um formato de trabalho que privilegiou uma estrutura dinâmica entre Comissão docente (3 professores – atualmente propositores deste projeto de extensão) e Comissão discente (majoritariamente alunos de graduação e alguns de pós-graduação) que também é propositiva em termos de apresentar novas ações extensionistas. Material e Métodos O projeto alterna entre as diversas vertentes metodológicas: 1) No plano histórico-hermenêutico, prevê um estudo dos movimentos e fenômenos artísticos que discutem e colocam em xeque as questões de espaço e tempo na Arte, com pesquisas bibliográficas visando a produção de textos e preparação de aulas/mini-cursos de caráter prático ou teórico. 2) No plano empírico-analítico, propõe-se aos estudantes uma vivência e pesquisa em campo através de ações em espaços externos ao contexto universitário, no sentido de conhecerem o meio da Arte e do ensino de Arte num embate com a realidade a ser transformada com o compartilhamento do conhecimento adquirido na Universidade em equilíbrio com o conhecimento advindo do próprio campo no qual atuam. 3) Por fim, no plano teórico-crítico, propõe-se uma produção em reflexão-ação e/ou ação-reflexão numa perspectiva emancipadora e filosófica em relatos e artigos reflexivos sobre a própria vivência. Neste projeto não privilegiamos nenhum tipo de hierarquia entre as metodologias, considerando que são todas necessárias e complementares umas às outras. Como fundamentação teórica, este projeto remete às experiências em espaços extragalerias explorados pelos artistas da Land-Art, tais como Robert Smithson, Robert Morris, Christo, Walter de Maria e Richard Long dentre outros. Nesse sentido, 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Título, autores – ISSN 2176-9761 3 objetiva-se a compreensão de fatos históricos e conceitos estéticos tanto pela prática como pela teoria, na medida em que, através de palestras, os temas a serem abordados envolverão os conceitos de “site e non-site” e “site-specific” propostos nos textos (writtings) de Robert Smithson, bem como a noção de “campo expandido” de Rosalind Krauss, autora teórica fundamental que discute e reflete a Arte desde o Modernismo até a contemporaneidade num foco específico sobre as produções artísticas que têm como entorno não mais o convencional “cubo branco”, mas o espaço rural e urbano, que comparecem no repertório artístico não apenas como pano de fundo mas como um conjunto de dados que ressignificam a obra e são por ela ressignificados. Enquanto esses autores dão embasamento ao plano geral histórico deste projeto de extensão, outros autores como Claire Bishop e Erika Sudderberg dão subsídios para uma reflexão e reconhecimento punctuais sobre essas modalidades de ação, abordando as próprias práticas artísticas do pós-modernismo e atuais que envolvem propostas de ”instalação”, “intervenção” e “interferência” em espaços públicos. Nessa vertente mais recente, nos interessa também a produção de textos e depoimentos de artistas e agitadores culturais que investem nesse tipo de approach com o espaço extra-galeria e que exploram o espaço da cidade como forma de subverter o caráter institucional da ação do artista. Referenciamos nossas proposições em projetos tanto de autores internacionais como Antoní Muntadas e Fred Forest quanto nacionais tais como Agnaldo Farias, Nelson Brissac, Eduardo Srur, Fábio Delduque, dentre outros, sem perder de vista o programa inspirador JAC - Jovem Arte Contemporânea que é objeto de uma dissertação de mestrado da Dária Jaremtchuk e do primeiro capítulo da tese da Magali Sehn, concluída em 2010, bem como o livro Poéticas do Processo e textos diversos de autoria de Cristina Freire, sobre as propostas realizadas por Wálter Zanini no MAC. Por fim, vale ressaltar que a vertente arte/educativa do projeto revela, em suas bases frenetianas, um deslocamento do foco do ensino que dirige-se ao próprio corpo discente como fator fundamental para a construção do conhecimento. Resultados e Discussão Em 2011, com o evento PROEX L.O.T.E. – ID nr. 4371 ano base 2011 – , os docentes coordenadores deste Projeto experimentaram possibilidades que já asseguram bons resultados, sobretudo o caráter de gestão do processo em parceria efetiva com uma grande comissão discente. Já em outubro de 2012, realizamos na 2a edição do mesmo evento, um projeto-piloto de residência no Festival de Arte da Serrinha, como forma de nos prepararmos para o investimento em projeto anual de extensão que, em 2013, Colocamos em prática, com viagens à “Fazenda da Serrinha – Lugar de Aprender” e trabalhamos em parceria com a equipe, compartilhando, através desse projeto, o nosso conhecimento e experiências desenvolvidas em nossas práticas na Universidade. O Projeto foi executado em três núcleos que estão consolidando gradualmente nossa ação extensionista: 1) O EVENTO L.O.T.E. - ocupação dos espaços do Instituto de Artes com exposição de trabalhos de estudantes de arte do local e externos (USP, UNICAMP), com oferta de palestras de diversos artistas e docentes que realizaram estudos internacionais ou intercâmbio - as palestras foram pagas com verba do Departamento de Artes Plásticas do IA/UNESP. 2) ILHA DIANA/SANTOS - Ação extensionista e relacional na Ilha Diana, em Santos, junto ao projeto de arte relacional de Mauricio Adinolfi com assistência de Lucia Quintiliano. O projeto realiza trabalho de pintura nas casas dos moradores e pescadores, contribuindo para a melhoria das condições de vida local bem como para o resgate da identidade visual e cultural da cidade no que diz respeito ao emprego das cores e das configurações na pintura das casas - a viagem foi realizada com 13 pessoas e foi apoiada pelo Departamento de Artes Plásticas com cessão de veículo que transportou os participantes que, no local, conheceram e participaram do projeto, colaborando com a comunidade local. 3) RESIDÊNCIA ARTE-EDUCATIVA NA SERRINHA - Ação extensionista e arte-educativa na Fazenda da Serrinha, que atualmente integra o projeto "Lugares de Aprender" em parceria com a Secretaria de Educação do Estado. A ação realizou- se com o compartilhamento de experiências de 2 docentes e 11 estudantes de Licenciatura em Artes Visuais do IA/UNESP com o educativo. Com o atual projeto de extensão, propomos a viagem/residência para assegurar uma dinâmica de debate conceitual, planejamento, preparação, divulgação de todas as ações e socialização de conteúdos. A residência será reduzida a uma 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. Título, autores – ISSN 2176-9761 4 viagem, para se preservar a preparação dos conteúdos, para se assegurar qualidade e exequibilidade do Projeto bem como para a inclusão de outras atividades extensionistas menos onerosas, haja vista o baixo orçamento de que se dispõe para a realização extensionista. Página do LOTE no facebook https://www.facebook.com/LOTEcoletivo Conclusões Consideramos que o investimento realizado nessa extensão nos habilitou a oportunizar à região na qual foram realizadas as residências (aos estudantes, professores e moradores) o acesso ao conhecimento e aos métodos de arte/educação através de um compartilhamento que acreditamos ter enriquecido todas as partes. Agradecimentos Agradecemos à Comissão Discente do L.O.T.E. que tem trabalhado majoritariamente como voluntários, à bolsista Rachel Sena, à Fazenda da |Serrinha na pessoa de Fábio Delduque, nosso parceiro constante, ao Núcleo de Ensino pelo apoio nas residências artístico-educativas do L.O.T.E. na Serrinha e à PROEX pela bolsa BAE II concedida. ____________________ BISHOP, Claire. Installation Art – A Critical History, New York, Routledge, 2005. DEWEY, John. Arte como experiência. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2010. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998. KRAUSS, Rosalind. Caminhos da Escultura Moderna, São Paulo, Editora Martins Fontes, tradução: Júlio Fisher, (edição original em inglês 1977),1998 MORIN, Edgar. Complexidade e Transdisciplinaridade - a reforma da universidade e do ensino fundamental. Natal: editora da UFRN, 2000. READ, Herbert. 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