UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP CÂMPUS DE JABOTICABAL COMO E QUANTO O CONTROLE DE Alternanthera tenella E Eleusine indica É INFLUENCIADO POR HERBICIDAS ASSOCIADOS A ADJUVANTES? Aline Dell Passo Reis Engenheira Agrônoma 2024 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP CÂMPUS DE JABOTICABAL COMO E QUANTO O CONTROLE DE Alternanthera tenella E Eleusine indica É INFLUENCIADO POR HERBICIDAS ASSOCIADOS A ADJUVANTES? Discente: Aline Dell Passo Reis Orientador: Prof. Dr. Marcelo da Costa Ferreira Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp, Câmpus de Jaboticabal, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Agronomia (Produção Vegetal). 2024 D358c Dell Passo Reis, Aline Como e quanto o controle de Alternanthera tenella E Eleusine indica é influenciado por herbicidas associados a adjuvantes? / Aline Dell Passo Reis. -- Jaboticabal, 2024 65 p. : tabs., fotos Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal Orientador: Marcelo da Costa Ferreira 1. Imazapique. 2. Imazamoxi. 3. Bentazona. 4. Quizalofope-p-etílico. 5. Mstura de tanque. I. Título. Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp. Dados fornecidos pelo autor(a). IMPACTO ESPERADO NA SOCIEDADE Os resultados do estudo permitem que os produtos fitossanitários sejam utilizados de forma econômica e com o mínimo de contaminação possível de áreas não-alvo, com o objetivo de obter eficiência no controle de plantas daninhas utilizando tecnologias de aplicação corretas. O uso de adjuvantes é uma ferramenta que proporciona maior eficiência de produtos e melhora características da aplicação, garantindo maior segurança ao aplicador e ao consumidor, favorecendo os setores sociais, econômicos e ambientais. EXPECTED IMPACT ON SOCIETY The results of the study allow phytosanitary products to be used economically and with minimal contamination of non-target areas, aiming to achieve efficiency in weed control using appropriate application technologies. The use of adjuvants is a tool that enhances product efficiency and improves application characteristics, ensuring greater safety for both the applicator and the consumer, while benefiting social, economic, and environmental sectors. DADOS CURRICULARES DA AUTORA ALINE DELL PASSO REIS – Nasceu em 19 de julho de 2000 em Marília, São Paulo (SP), Brasil. Filha de Dorotéia Dell Passo Reis e Dirceu Silveira Reis Junior. No ano de 2018 ingressou no Curso de Engenharia Agronômica na Universidade de Marília (UNIMAR), Câmpus de Marília – SP. Durante a graduação foi estagiária na Fazenda Experimental Marcelo Mesquita Serva, no Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola (LAMMA) e na Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA). Foi bolsista de Iniciação Científica na linha de pesquisa de Fisiologia Vegetal com financiamento pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Em 2021 obteve o título de Engenheira Agrônoma e em 2022 foi promovida à Técnica de apoio no Programa Amendoim IAC/APTA em Pindorama – SP. Em agosto do mesmo ano iniciou o curso de Mestrado Acadêmico no Programa de Pós- graduação em Agronomia (Produção Vegetal), da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Câmpus de Jaboticabal, sob orientação do Prof. Dr. Marcelo da Costa Ferreira, sendo membro do Núcleo de Estudos e Desenvolvimento em Tecnologia de Aplicação (NEDTA), localizado no Departamento de Fitossanidade, desta instituição. Foi aprovada no processo seletivo de Doutorado na mesma instituição, com início em agosto de 2024. “Don’t stop believin...” – Journey “Existem lugares dos quais, para você crescer, será necessário se retirar” – Autor desconhecido À minha família, minha mãe Dorotéia, meu pai Dirceu, minha irmã Caroline, meu namorado Otávio, meu cunhado Rodolfo, minha avó Maria, meu avô José, minha avó Ana (in memoriam), aos meus padrinhos Rosemeire e Ilson e meus primos, por sempre terem me apoiado e incentivado em meus sonhos. Por nunca duvidarem da minha capacidade e coragem e sou grata por todo amor, carinho e compreensão que me proporcionaram. Vocês são a minha base e é por vocês que eu estou aqui hoje escrevendo essa dedicatória! DEDICO AGRADECIMENTOS O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES). Agradeço primeiramente à Deus pelo dom da vida e por me conceder forças para que eu percorresse toda essa caminha e por fim, concluí-la. Tornando meus sonhos em objetivos possíveis de serem alcançados. À minha amada família, principalmente aos meus três pilares: minha mãe Dorotéia, meu pai Dirceu e minha irmã Caroline que acreditaram e vibraram por esse dia, e todo apoio, carinho e amor do meu namorado Otávio. Aos meus padrinhos, tio Ilson e tia Rose que sempre acreditaram no meu potencial. Ao Prof. Dr. Marcelo da Costa Ferreira pela orientação e por ter me concedido a oportunidade de fazer parte da equipe do Núcleo de Estudos e Desenvolvimento em Tecnologia de Aplicação (NEDTA). Ao grupo de pesquisa NEDTA – Núcleo de Estudo e Desenvolvimento da Tecnologia de Aplicação, o qual tive orgulho de fazer parte, sendo um lugar que enfrentei muitos desafios pessoais e profissionais que contribuíram para a formação da pessoa que sou hoje. Aos meus amigos de pós-graduação Isabelle Caroline Bailosa do Rosário, Daniele Oliveira, Hilario Camarena de La Cruz, Priscila de Miranda Barbosa, Igor Cristian de Oliveira Vieira, Gabriel Gomes Mendes e Nagilla Moraes Ribeiro por sempre estarem dispostos a me apoiar tanto em momentos alegres quanto nos momentos difíceis. À Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP/FCAV), Campus de Jaboticabal por ter me proporcionado tanto conhecimento e evolução profissional e pessoal por tanto tempo, em especial ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia (Produção Vegetal), coordenado pelo Dr. Leonardo Bianco de Carvalho pelo ótimo trabalho realizado juntamente com os demais professores do programa. À Coplana – Cooperativa Agroindustrial de Jaboticabal/SP, Iharabras e Basf, por nos ter fornecido insumos para realização do trabalho. Meus sinceros agradecimentos 1 SUMÁRIO Páginas RESUMO............................................................................................................ 3 ABSTRACT ........................................................................................................ 4 CAPÍTULO 1 – Considerações gerais ................................................................ 5 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 5 2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................... 7 2.1. Tecnologia de aplicação ....................................................................... 7 2.2. Misturas ............................................................................................... 8 2.3. Manejo de planta daninha .................................................................... 8 2.4. Características químicas e dos produtos ............................................. 9 2.4.2. Amplo .......................................................................................... 10 2.4.3. Targa Max ....................................................................................11 2.4.4. Adjuvantes .................................................................................. 12 3. REFERÊNCIAS ......................................................................................... 12 CAPÍTULO 2 – INTERFERÊNCIA DE ADJUVANTES EM CARACTERÍSTICAS DE CALDAS COM HERBICIDAS ASSOCIADOS ............................................ 16 RESUMO.......................................................................................................... 16 ABSTRACT ...................................................................................................... 17 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 18 2. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................... 19 2.1. Caracterização dos tratamentos ........................................................ 19 2.2. Caracterização das caldas fitossanitárias .......................................... 21 2.2.1. Estabilidade físico-química das caldas ....................................... 21 2.2.2. Tensão superficial e ângulo de contato ....................................... 22 2.2.3. Tamanho de gotas ...................................................................... 22 2.2.4. Viscosidade ................................................................................. 23 2.3. Análise estatística .............................................................................. 24 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 24 4. CONCLUSÃO ............................................................................................ 39 5. REFERÊNCIAS ......................................................................................... 40 CAPÍTULO 3 – ADJUVANTES EM CALDAS HERBICIDAS INTERFERE NO CONTROLE DE APAGA-FOGO (Alternanthera tenella) E PÉ-DE-GALINHA (Eleusine indica)? ............................................................................................. 46 RESUMO ......................................................................................................... 46 2 ABSTRACT ...................................................................................................... 47 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 48 2. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................... 49 2.1. Aplicação sobre plantas daninhas ..................................................... 51 2.2. Avaliação de cobertura das caldas fitossanitárias .............................. 53 2.3. Avaliação de depósito das caldas fitossanitárias ............................... 53 2.4. Avaliações de controle ....................................................................... 54 2.5. Análise estatística .............................................................................. 54 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 55 4. CONCLUSÕES .......................................................................................... 65 5. REFERÊNCIAS ......................................................................................... 65 CAPÍTULO 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................... 69 3 COMO E QUANTO O CONTROLE DE Alternanthera tenella E Eleusine indica É INFLUENCIADO POR HERBICIDAS ASSOCIADOS A ADJUVANTES? RESUMO – A apaga-fogo e o pé-de-galinha são espécies que interferem no desenvolvimento e produtividade das culturas, sendo controladas com a pulverização de herbicidas, em mistura em tanque ou não. No entanto, o sucesso desse controle pode variar significativamente dependendo de diversos fatores, como a dose do herbicida, o grupo químico utilizado, o tamanho das plantas daninhas, a presença de adjuvantes, e a técnica de aplicação adequada. É essencial considerar essas variáveis para garantir um controle efetivo e sustentável das plantas daninhas. Assim, o estudo teve como objetivo avaliar se o controle de apaga-fogo (Alternanthera tenella) e pé-de-galinha (Eleusine indica) é potencializado com o uso de herbicidas associados à adjuvantes. Foi realizado experimento em casa de vegetação com 15 tratamentos, com 3 herbicidas em mistura ou não, associados a 2 adjuvantes, sendo: (1) herbicida imazapic (Plateau®); (2) Plateau® + adjuvante Fighter®; (3) Plateau® + Fixer® Ap; (4) herbicida imazamox mais bentazon (Amplo®); (5) Amplo® + Fighter®; (6) Amplo® + Fixe®r Ap; (7) herbicida quizalofop-p-etílico (Targa® Max) + Plateau®; (8) Targa® Max + Plateau® + Fighter®; (9) Targa® Max + Plateau® + Fixer® Ap; (10) Amplo® + Targa® Max; (11) Amplo® + Targa® Max + Fighter®; (12 ) Amplo® + Targa® Max + Fixer® Ap; ; (13) Targa® Max; (14) Targa® Max + Fighter®; (15) Targa® Max + Fixer® Ap and (16) tratamento sem controle. As avaliações das características das caldas (tensão superficial, pH, condutividade elétrica e viscosidade) e os efeitos no ângulo de contato e no tamanho de gotas. Foi avaliada a porcentagem de cobertura e o depósito de calda nas folhas, o controle de apaga-fogo e pé-de galinha e a massa seca das plantas daninhas. Os tratamentos tiveram efeito positivo no tamanho de gotas, tensão superficial e ângulo de contato, onde as misturas de P e A tiveram diferenças significativas com os demais tratamentos. Além disso, o herbicida A (bentazona + imazamoxi) teve melhor controle de A. tenella. Por outro lado, o herbicida T (quizalofope-p- etílico) apresentou maior controle de E. indica. A mistura de A + T (bentazona + imazamoxi + quizalofope-p-etílico) apresentou maior controle e redução da massa de matéria seca de ambas as plantas daninhas. Portanto, conclui-se que a adição de adjuvantes às caldas fitossanitárias alcançou resultados melhores em relação aos herbicidas testados isoladamente. Palavras-chaves: imazapique, imazamoxi, bentazona, quizalofope-p-etílico, mistura em tanque, controle químico. 4 HOW AND HOW MUCH IS THE CONTROL OF Alternanthera tenella AND Eleusine indica INFLUENCED BY HERBICIDES ASSOCIATED WITH ADJUVANTS? ABSTRACT – Joyweed and goosegrass are species that interfere with the development and productivity of crops, typically controlled through herbicide spraying, either in tank mixtures or not. However, the success of this control can vary significantly depending on various factors, such as the herbicide dose, the chemical group used, the size of the weeds, the presence of adjuvants, and the proper application technique. It is essential to consider these variables to ensure effective and sustainable weed control. Therefore, this study aimed to evaluate whether the control of joyweed (Alternanthera tenella) and goosegrass (Eleusine indica) is enhanced using herbicides combined with adjuvants. A greenhouse experiment was conducted with 15 treatments, involving 3 herbicides mixed or not with 2 adjuvants, as follows: (1) imazapic herbicide (Plateau®); (2) Plateau® + Fighter® adjuvant; (3) Plateau® + Fixer® Ap; (4) imazamox plus bentazon herbicide (Amplo®); (5) Amplo® + Fighter®; (6) Amplo® + Fixer® Ap; (7) quizalofop-p-ethyl herbicide (Targa® Max) + Plateau®; (8) Targa® Max + Plateau® + Fighter®; (9) Targa® Max + Plateau® + Fixer® Ap; (10) Amplo® + Targa® Max; (11) Amplo® + Targa® Max + Fighter®; (12) Amplo® + Targa® Max + Fixer® Ap; (13) Targa® Max; (14) Targa® Max + Fighter®; (15) Targa® Max + Fixer® Ap and (16) untreated control. The evaluations of solution characteristics (surface tension, pH, electrical conductivity, and viscosity) and the effects on contact angle and droplet size were conducted in the laboratory. The percentage of coverage, spray deposition on the leaves, control of joyweed and goosegrass, and the dry mass of the weeds were also assessed. The treatments had a positive effect on droplet size, surface tension, and contact angle, with the P and A mixtures showing significant differences compared to other treatments. Additionally, herbicide A (bentazon + imazamox) showed better control of A. tenella. Conversely, herbicide T (quizalofop-p-ethyl) demonstrated greater control of E. indica. The A + T mixture (bentazon + imazamox + quizalofop-p-ethyl) achieved the highest control and reduction in dry matter mass of both weed species. Therefore, it is concluded that the addition of adjuvants to the spray mixtures resulted in better outcomes compared to the herbicides tested individually. Keywords: imazapic, imazamox, bentazon, quizalofop-p-ethyl, tank mixture, chemical control. 5 CAPÍTULO 1 – Considerações gerais 1. INTRODUÇÃO O amendoim (Arachis hypogaea L.) é originário da América do Sul e pode ser encontrado em diferentes regiões do mundo. É uma planta dicotiledônea e pertencente à família Fabaceae, gênero Arachis (Sanches, 2022). De acordo com dados do United States Departament of Agriculture – USDA (2023/24), estima-se que a produção mundial de amendoim atingiu 48 milhões de toneladas na última safra. No cenário mundial, o Brasil não se destaca entre os dez principais produtores, mas se destaca entre os dez principais exportadores do produto in natura (USDA, 2024). Ao longo dos anos, o cultivo do amendoim no Brasil vem crescendo significativamente com a inserção de novas cultivares, mudanças no sistema de semeadura e atualizações tecnológicas (Dos Reis et al., 2022, Carrega et al., 2019). O estado de São Paulo é responsável por grande parte da produção nacional de amendoim e essa representatividade pode ser justificada pelo fato de o amendoim ser cultivado em áreas de renovação de canaviais, sendo o estado o principal produtor de cana-de-açúcar também (CONAB, 2024). Como qualquer cultura, o amendoim está sujeito à fatores que podem comprometer o potencial produtivo, como a interferência de plantas daninhas na cultura que pode causar prejuízos de até 92% (Nepomuceno et al.; 2007), dependendo do nível de infestação, espécie da planta invasora, dentre outros fatores. O manejo de plantas daninhas se tornou uma tarefa indispensável na agricultura, uma vez que essas plantas competem por água, luz, nutrientes e espaço, sendo uma das causas mais graves de perda econômica na produção agrícola (Daba et al., 2021). A capacidade competitiva relativamente baixa do amendoim requer controle de plantas daninhas durante todo o ciclo para minimizar interferências e perda de produtividade (Chahal et al., 2012). No manejo de plantas daninhas em grandes áreas, o controle químico é comumente adotado, sendo a opção mais eficiente, rentável e de rápida aplicação que atinge alta eficácia e de maneira econômica (Luvezuti et al., 2014; 6 Sanches, 2022). No entanto, existem poucos ingredientes ativos registrados para a cultura do amendoim no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA (AGROFIT, 2024), sendo comum encontrar herbicidas em mistura em tanque, sendo uma prática bastante utilizada entre produtores. Buscando por maior eficiência operacional, financeira e maior espectro de ação dos produtos, a prática de mistura em tanque é empregada na agricultura. Dentro dos preceitos da tecnologia de aplicação, uma boa aplicação requer o emprego de conhecimentos científicos para a correta colocação do produto biologicamente ativo no alvo, em quantidade necessárias, de forma econômica e com o mínimo de contaminação possível de áreas não-alvo (Matuo, 1990). Para isso, o produto fitossanitário deve ter ação sobre determinado organismo que se deseja controlar, tendo características específicas de acordo com o alvo. O controle de plantas daninhas na cultura do amendoim geralmente é feito com o herbicida imazapique do grupo químico das imidazolinonas (Masilamany et al., 2021; Marques et al, 2021), facilmente encontrado em mistura em tanque com outros herbicidas. Essas misturas podem sofrer interações que se manifestam de forma sinérgica (a ação da mistura é superior à soma das ações de cada ingrediente em separado), aditiva (a ação da mistura é a soma das ações de cada um dos ingredientes envolvidos) ou antagônicas a (a ação da mistura é inferior à soma das ações de cada ingrediente) para controle de plantas daninhas (Fluttert et al., 2022). Esses efeitos das misturas são avaliados conforme o método proposto por Colby (1967). Uma ferramenta que pode influenciar positivamente no desempenho de herbicidas é a adição de adjuvantes nas caldas fitossanitárias para melhorar a atividade do ingrediente ativo ou as características da aplicação (Polli et al., 2021). O desempenho do herbicida pode ser definido como a eficácia do produto em cumprir seu objetivo principal, que é controlar as plantas indesejadas. Esse desempenho pode ser influenciado por diversos fatores, como a atividade do ingrediente ativo ou as condições da aplicação. No caso, o desempenho está relacionado à melhoria na eficiência do herbicida através da adição de adjuvantes, que podem potencializar o efeito do ingrediente ativo ou otimizar as condições de aplicação, aumentando sua ação nas plantas-alvo. Estes podem atuar de diferentes maneiras podendo promover alterações em propriedades 7 físico-químicas das caldas, no intuito de contribuir na diminuição da tensão superficial e ângulo de contato das gotas e a penetração de herbicidas nas plantas daninhas, contribuindo para a eficácia dos produtos fitossanitários (Grzanka et al., 2022), além de reduzirem o risco de perdas por gotas propensas à deriva (Godinho Jr et al., 2020). O uso de herbicidas em mistura ou não, associados à adjuvantes pode ser uma alternativa para a melhor eficácia de controle de plantas daninhas, podendo evitar aplicações desnecessárias de herbicidas, com possível redução da contaminação ambiental e dos custos de produção agrícola. Assim, o objetivo desse trabalho foi analisar a interação entre herbicidas com ou sem a adição de adjuvantes, no controle das espécies apaga-fogo (Alternanthera tenella) e pé- de-galinha (Eleusine indica) na cultura do amendoim (Arachis hypogeae). 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Tecnologia de aplicação A Tecnologia de Aplicação baseia-se em conhecimentos científicos para a correta colocação do produto fitossanitário no alvo, em quantidade necessária, de forma econômica e com o mínimo de contaminação de áreas não alvo, garantindo a segurança do aplicador e do meio ambiente (Matuo, 1990). Na prática compreende o controle de insetos, plantas daninhas e agentes patogênicos, levando em consideração os aspectos de diversas áreas de atuação (Ferreira et al., 2007). Alguns fatores podem influenciar no sucesso da aplicação, sendo que para uma aplicação eficaz é fundamental conhecer a cultura, o alvo, os produtos utilizados, os equipamentos e as condições ambientais (Antuniassi et al., 2017). Para se obter um controle eficaz, é fundamental que o produto atinja o alvo na quantidade necessária. Uma prática bastante utilizada entre produtores, é a mistura de dois ou mais produtos fitossanitários no tanque do pulverizador, buscando maior eficiência operacional, financeira e maior espectro de ação dos 8 produtos. Algumas desvantagens podem estar ligadas a essa prática, como efeitos adversos de mistura de ingredientes ativos, incompatibilidade entre produtos devido alterações físico-química das caldas, resultando em efeitos tóxicos desconhecidos e a consequente perda de eficácia de moléculas dos produtos fitossanitários. 2.2. Misturas A mistura em tanque é utilizada a fim de aumentar o espectro de ação da operação e diminuir os números de aplicações havendo a ocorrência simultânea de diferentes pragas (insetos, doenças e plantas daninhas) em uma mesma área (Gazziero, 2015). O conhecimento sobre possíveis misturas em tanque com produtos fitossanitários de diferentes classes e formulações são necessárias a fim de evitar possíveis danos à cultura e baixa eficiência no controle da praga alvo (Petter et al., 2012). As alterações das características físico-químicas da calda podem ter efeito nos valores de tensão superficial, pH, condutividade elétrica e estabilidade da calda, que irão influenciar na eficiência dos tratamentos fitossanitários (Petter et al., 2013). Essas misturas podem sofrer interações que se manifestam de forma sinérgica (a ação da mistura é superior à soma das ações de cada ingrediente em separado), aditiva (a ação da mistura é a soma das ações de cada um dos ingredientes envolvidos) ou antagônicas a (a ação da mistura é inferior à soma das ações de cada ingrediente) para controle de plantas daninhas (Fluttert et al., 2022). 2.3. Manejo de planta daninha As plantas daninhas em áreas agrícolas e de pecuária foram caracterizadas por serem plantas que se desenvolviam em solos expostos ou em que a vegetação natural tivesse sido extinta, sendo posteriormente controladas conforme a vegetação fosse reestabelecida (Pitelli; Durigan, 2008). No geral, as plantas daninhas podem ser definidas como plantas que interferem 9 negativamente nos cultivos. Essas ocorrem em época e local indesejável, acarretando perdas na produção agrícola, aumento nos custos de produção e manutenção da integridade dos ambientes (Pitelli, 2015). O manejo de plantas daninhas se tornou uma tarefa indispensável na agricultura, uma vez que essas plantas competem por água, luz, nutrientes e espaço, sendo uma das causas mais graves de perda econômica na produção agrícola (Daba et al., 2021). Além disso, as plantas daninhas podem ser hospedeiras de insetos e doenças, além da possibilidade de liberar compostos alelopáticos que interferem negativamente no crescimento e desenvolvimento das culturas, refletindo na produção final, com perdas que podem ser superiores a 80% quando não se utiliza nenhum método de controle (Galon et al. 2021). O uso de herbicidas é o principal método de controle de plantas daninhas em razão da eficácia e o menor custo quando comparado a outros métodos de manejo. Porém, há necessidade do estudo da seletividade desses produtos, para avaliar a ação de determinado herbicida à cultura de interesse econômico (Correia; Carvalho, 2021). Os herbicidas podem exercer efeitos diretos e indiretos no crescimento e desenvolvimento das plantas cultivadas (Galon et al. 2022). Podem ser observadas alterações na absorção de nutrientes, sintomas de fitotoxicidade e desregulação dos mecanismos de defesa da planta a determinados fatores abióticos ou bióticos, que não são perceptíveis e nem amplamente considerados (Oliver et al. 2016). 2.4. Características químicas e dos produtos 2.4.1. Plateau O Plateau (imazapique) (Figura 1), herbicida do grupo químico das imidazolinonas. É um herbicida sistêmico posicionado em pré e pós-emergência de plantas daninhas para o controle de mono e dicotiledôneas. De acordo com a classificação dos grupos de ação dos herbicidas pelo HRAC (Comitê de Ação de Resistência aos Herbicidas), pertence ao Grupo B, sendo inibidor da ALS 10 (Acetolactato sintase – síntese de aminoácido de cadeia ramificada) (HRAC, 2024). Figura 1. Estrutura química da molécula de Imazapique (RS)-2-(4-isopropyl-4- methyl-5-oxo-2-imidazolin-2-yl)-5-methylnicotinic acid. Fonte: https://www.hrac-br.org/mecanismosdeacao 2.4.2. Amplo O Amplo (imazamox + bentazona) (Figura 2), herbicida dos grupos químicos das imidazolinonas e benzotiadiazinonas, respectivamente. É um herbicida com duplo mecanismo de ação, sendo sistêmico e de contato posicionado em pós-emergência de plantas daninhas para o controle de mono e dicotiledôneas. De acordo com a classificação dos grupos de ação dos herbicidas pelo HRAC (Comitê de Ação de Resistência aos Herbicidas), pertence aos Grupos B e C3, sendo inibidor da ALS (Acetolactato sintase – síntese de aminoácido de cadeia ramificada) e da fotossíntese no fotossistema II (acopladores da D1 histidina 215) (HRAC, 2024). https://www.hrac-br.org/mecanismosdeacao 11 Figura 2. Estrutura química da molécula de Imazamox (RS)-2(4-isopropyl-4- methyl-5-oxo-2-imidazolin-2-yl)-5-methoxymethylnicotic acid e Bentazona 3- isopropyl-1H-2,1,3-benzothiadiazin-4(3H)-one2,2-dioxide, respectivamente. Fonte: https://www.hrac-br.org/mecanismosdeacao 2.4.3. Targa Max O Targa Max (quizalofope-P-etílico) (Figura 3), herbicida do grupo químico dos ariloxifenoxipropionatos (FOPs). É um herbicida sistêmico posicionado em pós-emergência de plantas daninhas para o controle de monocotiledôneas. De acordo com a classificação dos grupos de ação dos herbicidas pelo HRAC (Comitê de Ação de Resistência aos Herbicidas), pertence ao Grupo A, sendo inibidor da ACCase (Acetil CoA carboxilase) (HRAC, 2024). Figura 3. Estrutura química da molécula de Quizalofope-P-etílico Ethyl (R)-2-[4- (6-chloroquinoxalin-2-yloxy)phenoxy] propionate. Fonte: https://www.hrac-br.org/mecanismosdeacao https://www.hrac-br.org/mecanismosdeacao https://www.hrac-br.org/mecanismosdeacao 12 2.4.4. Adjuvantes Os adjuvantes são compostos que modificam as propriedades físicas de caldas, podendo diminuir ou aumentar alterações que ocorrem em misturas de diferentes produtos fitossanitários, podendo exercer funções distintas (Kissmann, 1997). Os adjuvantes atuam de maneira diferente entre si e podem promover alteração nas propriedades físico-químicas das caldas (Cunha, 2017). A tensão superficial das caldas pode ser reduzida com a função dos adjuvantes, diminuindo assim o ângulo de contato das gotas sobre a superfície aplicada, essa consequência promove uma melhor cobertura no alvo biológico. Características que também podem ser relacionadas aos adjuvantes são o pH e condutividade elétrica, interferindo no resultado da aplicação, podendo acelerar a degradação do produto fitossanitário e absorção pelos tecidos vegetais (Cunha, 2017; Kissmann, 1997). O crescente uso devido as vantagens apresentadas pelos adjuvantes, tem expandido o número de produtos comerciais (Araújo; Raetano, 2011). Sendo assim, o uso correto dos adjuvantes pode influenciar positivamente no desempenho dos produtos fitossanitários. 3. REFERÊNCIAS AGROFIT - Sistemas de Agrotóxicos Fitossanitários. Ingredientes ativos: herbicidas. Disponível em: http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons. Acesso em: 01 de jun. 2021. Antuniassi UR, Carvalho FK, Mota AAB, Chechetto RG (2017) Recomendações de boas práticas na aplicação aérea de produtos fitossanitários. Revista Plantio Direto, 27: 5-9. Araújo D; Raetano CG (2011) Adjuvante de produtos fitossanitários. In: Antuniassi UR; Boller W. Tecnologia de aplicação para culturas anuais. Editora: Fepaf. Botucatu, SP. 279 p. Carrega WC; Nepomuceno MP; Alves PLA (2019) Perspectivas de herbicidas para a cultura do amendoim. In. A cultura do amendoim e seus reflexos http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons. 13 econômicos, sociais e técnicos. Associação Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Jaboticabal (AREA) (Org.). Confea, 1ªed., Jaboticabal, p.66. Chahal GS; Jordan DV; Shew BB; Brandenburg RL; York AC; Burton JD; Danehower D (2012) Interactions of agrochemicals applied to peanut; part 1: Effects on herbicides. Crop Protection, v. 41, p. 134-142. Colby SR (1967) Calculating Synergistic and Antagonistic Responses of Herbicides Combinations. Weeds, vol. 15, n. 1, pp. 20-22. CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos, Brasília, DF, v. 8, safra 2020/21, n. 10 décimo levantamento, julho. 2021. Correia NM; Carvalho ADF (2021) Seletividade de herbicidas para batata-doce. Weed Control Journal 20: e202100740. Cunha JPAR; Alves GS; Marques RS (2017) Surface tension, hydrogen-ion potential and electrical conductivity in spray solutions of plant protection products and adjuvants. Revista Ciência Agronômica, v. 48 n.2, p.1-10. Daba A; Berecha G; Tadessse M; Belay A (2021) Evaluation of the herbicidal potential of some fungal species against Bidens pilosa, the coffee farming weeds. Saudi Journal of Biological Sciences, v. 28. Daba A; Berecha G; Tadessse M; Belay A (2021) Evaluation of the herbicidal potential of some fungal species against Bidens pilosa, the coffee farming weeds. Saudi Journal of Biological Sciences, v. 28. Dos Reis MAM; Corrêa LN; Santos AF; Silva RP (2022) Peanut harvest quality: Relationship between soil tillage management and threshing systems. Spanish Journal of Agricultural Research, 20:3. Ferreira MC, Costa GM, Silva AR, Tagliari SRA (2007) Fatores qualitativos da ponta de energia hidráulica ADGA 110015 para pulverização agrícola. Engenharia Agrícola, 27:471-478. Fluttert JC; Soltani D; Galla M; Hooker DC; Robinson DE; Sikkema PH (2022) Interaction between 4-hydroxyphenylpyruvate dioxygenase–inhibiting and reactive oxygen species–generating herbicides for the control of annual weed species in corn. Weed Sciense, v. 70, p. 423–435. doi: 10.1017/wsc.2022.23 Galon L (2021) Controle de plantas daninhas na cultura da canola com diferentes herbicidas. Weed Control Journal 1: 02100011. 14 Galon L (2022) Morphophysiological changes in clearfeld oilseed rape as a result of the application of ALS-herbicides and weed competition. Journal of Plant Diseases and Protection 129: 993-1003. Gazziero DLP (2015) Misturas de agrotóxicos em tanque nas propriedades agrícolas do Brasil. Planta Daninha, v. 33, n. 1, p. 83-92. Godinho Jr, JD; Vieira LC; Ruas RAA; Carvalho Filho A; Faria VR; God PIVG (2020) Spray nozzles, working pressures and use of adjuvant in reduction of 2,4- D herbicide spray drift. Planta Daninha.38:e020223622. https://doi.org/10.1590/S0100 83582020380100070 Grzanka M; Sobiech L; Idziak R; Skrzpczak G (2022) Effect of the Time of Herbicide Application and the Properties of the Spray Solution on the Efficacy of Weed Control in (Zea mays L.) Cultivation. https://doi.org/10.3390/agriculture 12030353, Agriculture 12, 353. Kissmann KG (1997) Adjuvantes para caldas de produtos agrotóxicos. In: Congresso Brasileiro de Ciência das Plantas Daninhas, 21., Caxambu. Palestras e mesas redondas... Viçosa: Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas, p. 61-77. Luvezuti RA (2014) Eficácia de herbicidas no controle de plantas daninhas e seletividade na cultura do amendoim Runner IAC 886. Revista Brasileira de Herbicidas, v. 13, n. 3, p. 207-215. Marques RF; Marchi SR; Martins D (2021) use of the imazapic herbicide applied alone or tank mix with imazapyr as growth regulator of lawns. Bioscience Journal, v. 37. Masilamany D; Shari ES; Chuen NL; Seng CT; Chauhan BS (2021) Pre and post control of weedy rice and selected rice weeds with premix of imazapic and imazapyr at different ratios. Malaysian Applied Biology, v. 50(3), p. 87–93. Matuo T (1990) Técnicas de aplicação de defensivos agrícolas. Jaboticabal: FUNEP, 139p. Nepomuceno MP; Alves PLCA; Dias TCS; Pavani MCMD (2007) Períodos de interferência das plantas daninhas na cultura da soja nos sistemas de semeadura direta e convencional. Planta Daninha, v. 25, n. 1, p. 43-50. Oliver DP (2016) Comparative environmental impact assessment of herbicides used ongenetically modified and non-genetically modified herbicide-tolerant canola crops using two risk indicators. Scienc of the Total Environment 557: 754-763. 15 Petter FA; Segate D; Almeida FA; Alcântara Neto F; Pacheco LP (2013) Incompatibilidade física de misturas entre inseticidas e fungicidas. Comunicata Scientiae, v. 4, p. 129-138. Petter FA; Segate D; Pacheco LP; Almeida FA; Alcântara Neto F (2012) Incompatibilidade física de misturas entre herbicidas e inseticidas. Planta Daninha, v. 30, p. 449-457. Pitelli RA (2015) O termo planta-daninha. Planta daninha, Viçosa, v. 33, n. 3, p. 622-623. Pitelli RA; Durigan JC (2008) Ecología das plantas daninhas no sistema de plantio direto. Journal article, p. 202-210. Polli EG; Alves GS; Moraes JG; Kruger GR (2021) Influence of surfactant humectant adjuvants on physical properties, droplet size, and efficacy of glufosinate formulations. Agrosystems, Geosciences & Environment. United States Departament of Agriculture – USDA. Relatórios. Disponível em: . Acesso em: 27 jun. 2024. 16 CAPÍTULO 2 – INTERFERÊNCIA DE ADJUVANTES EM CARACTERÍSTICAS DE CALDAS COM HERBICIDAS ASSOCIADOS RESUMO – O controle de plantas daninhas nos cultivos geralmente é feito com herbicidas, sendo comum encontrar herbicidas em mistura em tanque ou em mistura formulada, sendo uma prática bastante utilizada entre produtores. Nesse contexto, o estudo investigou interações físico-químicas em caldas fitossanitárias com diferentes herbicidas e adjuvantes. Foram avaliados os seguintes parâmetros: estabilidade físico-química das caldas, viscosidade, tensão superficial, ângulo de contato, diâmetro mediano volumétrico (DMV), coeficiente de uniformidade de gotas (SPAN), gotas menores que 100 μm (%Vol<100 μm), potencial hidrogeniônico (pH) e condutividade elétrica (CE). Observou-se sedimentação, separação de fases em caldas com adjuvantes, além da formação de espuma logo após o preparo de calda. O pH variou significativamente entre os herbicidas, afetando sua solubilidade e eficácia. A condutividade elétrica foi influenciada pela presença de adjuvantes, com adições não iônicas reduzindo-a em certas misturas. Surfantes diminuíram a tensão superficial das caldas, melhorando a espalhabilidade sobre as folhas. A viscosidade variou entre tratamentos, afetando o tamanho das gotas e a eficiência da aplicação. O tamanho de gotas também foi influenciado pela combinação de herbicidas e adjuvantes, com algumas misturas resultando em distribuição mais uniforme das partículas pulverizadas. Esses resultados são fundamentais para otimizar o manejo agrícola e nesse estudo, herbicidas associados aos adjuvantes interferiram em alguns parâmetros da tecnologia de aplicação. Palavras-chave: controle químico, eficiência na pulverização, surfatante, planta daninha. 17 INTERFERENCE OF ADJUVANTS IN CHARACTERISTICS OF HERBICIDE SOLUTIONS ASSOCIATED ABSTRACT – Weeds in crops are typically controlled using herbicides, often in tank mixtures or formulated blends, a common practice among growers. In this context, the study investigated physicochemical interactions in phytosanitary sprays containing different herbicides and adjuvants. Experiments were conducted at the Laboratory for Study and Development in Application Technology at UNESP, Jaboticabal Campus. Parameters evaluated included the physical-chemical stability of the sprays, viscosity, surface tension, contact angle, droplet spectrum, product compatibility, pH, and electrical conductivity. Sedimentation and phase separation were observed in sprays with adjuvants, and foam formation occurred in some treatments. pH variations significantly influenced herbicide solubility and efficacy. Electrical conductivity was affected by adjuvant presence, with non-ionic additions reducing it in specific mixtures. Surfactants decreased spray surface tension, enhancing leaf spreadability. Viscosity varied among treatments, impacting droplet size and application efficiency. Droplet size was also influenced by herbicide-adjuvant combinations, some leading to more uniform particle distribution upon spraying. These findings are crucial for optimizing agricultural management, highlighting how herbicides combined with adjuvants affect various application technology parameters. Keywords: chemical control, spray efficiency, surfactant, weed management. 18 1. INTRODUÇÃO O manejo de plantas daninhas se tornou uma tarefa indispensável na agricultura, uma vez que essas plantas competem por água, luz, nutrientes e espaço, sendo uma das causas mais graves de perda econômica na produção agrícola (Daba et al., 2021). Dentre as espécies de plantas daninhas que interferem nos cultivos, a Alternanthera tenella, popularmente conhecida como apaga-fogo, se destaca pelo alto potencial de ramificação, formando uma densa cobertura no solo (Sousa et al., 2022). Outra espécie importante é a Eleusine indica, conhecida como pé-de-galinha, sendo uma das plantas daninhas de maior importância no mundo por suportar uma ampla gama de salinidade, pH e estresse hídrico, prejudicando 46 espécies cultivadas em mais de 60 países (Bashar et al., 2022). O controle dessas plantas daninhas geralmente é feito com o herbicida imazapique do grupo químico das imidazolinonas, recomendados para controle de folhas largas e estreitas em pré e pós-emergência (Masilamany et al., 2021; Marques et al, 2021). Entretanto, é comum encontrar herbicidas em mistura em tanque, sendo uma prática bastante utilizada entre produtores (Junior et al., 2021). Essas misturas podem sofrer interações que se manifestam de forma sinérgica (a ação da mistura é superior à soma das ações de cada ingrediente em separado), aditiva (a ação da mistura é a soma das ações de cada um dos ingredientes envolvidos) ou antagônicas a (a ação da mistura é inferior à soma das ações de cada ingrediente) para controle de plantas daninhas (Fluttert et al., 2022). Uma ferramenta que pode influenciar positivamente no desempenho de herbicidas é a adição de adjuvantes nas caldas fitossanitárias para melhorar a atividade do ingrediente ativo ou as características da aplicação (Polli et al., 2021). Estes podem atuar de diferentes maneiras podendo promover alterações em propriedades físico-químicas das caldas, no intuito de contribuir na diminuição da tensão superficial e ângulo de contato das gotas e a penetração de herbicidas nas plantas daninhas, contribuindo para a eficácia dos produtos fitossanitários (Grzanka et al., 2022), além de reduzirem o risco de perdas por gotas propensas à deriva (Godinho Jr et al., 2020). 19 Os adjuvantes que atuam na redução de deriva, aumentam ou uniformizam o tamanho de gotas, reduzindo efeitos causados por ventos, auxiliando na correta colocação do produto no alvo. Já os adjuvantes que atuam na tensão superficial das caldas, com efeito no ângulo de contatos das gotas com a superfície tratada, aumentam o espalhamento e colaboram com a maior absorção de herbicidas. Assim, o uso de herbicidas em mistura ou não, associados à adjuvantes pode ser uma alternativa para a melhor eficácia de controle de plantas daninhas, podendo evitar aplicações desnecessárias de herbicidas, com possível redução da contaminação ambiental e dos custos de produção agrícola. Dessa forma, deve-se considerar os fatores pertinentes para obter uma boa aplicação. Assim, o estudo teve como objetivo avaliar a interferência de adjuvantes em características de caldas herbicidas, relativas à tecnologia de aplicação que permitam indicar consistentemente produtos e procedimentos para os tratamentos fitossanitários. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. Caracterização dos tratamentos As avaliações foram conduzidas em laboratório, entre agosto e outubro de 2022, com arranjo experimental inteiramente ao acaso, com 16 tratamentos. Esses tratamentos consistiram na aplicação de herbicidas, isolados ou em combinação, com ou sem a adição de adjuvantes, e contaram com quatro repetições. Para a caracterização da calda, foram preparadas com os herbicidas imazapique, imazamox + bentazona e quizalofope-P-etílico, sendo registrados para a cultura do amendoim. Foram utilizados os seguintes produtos: herbicida Plateau® (imazapique) (Basf S.A.), do grupo químico das imidazolinonas, sistêmico posicionado em pré e pós-emergência de plantas daninhas para o controle de mono e dicotiledôneas, do Grupo B, sendo inibidor da ALS 20 (Acetolactato sintase – síntese de aminoácido de cadeia ramificada), o herbicida Amplo® (imazamox + bentazona) (Basf S.A.), dos grupos químicos das imidazolinonas e benzotiadiazinonas, sendo sistêmico e de contato posicionado em pós-emergência de plantas daninhas para o controle de mono e dicotiledôneas, pertence aos Grupos B e C3, sendo inibidor da ALS (Acetolactato sintase – síntese de aminoácido de cadeia ramificada) e da fotossíntese no fotossistema II (acopladores da D1 histidina 215) e o Targa® Max (Quizalofope- P-etílico) (Iharabras S.A. Indústrias Químicas), do grupo químico dos ariloxifenoxipropionatos (FOPs), sistêmico posicionado em pós-emergência de plantas daninhas para o controle de monocotiledôneas, pertence ao Grupo A, sendo inibidor da ACCase (Acetil CoA carboxilase). Os adjuvantes utilizados foram: adjuvante Fighter® à base de éter laurílico de polioxieteno e o adjuvante Fixer® Ap à base de óleo vegetal, ambos da empresa Sangosse Agroquímica Ltda. Foram dosados conforme recomendação de bula dos herbicidas (0,5% v/v de adjuvante à calda de pulverização) e são recomendados para a aplicação de herbicidas a campo. As caldas herbicidas mais adjuvantes estão descritas conforme a Tabela 1. Tabela 1. Tratamentos com ingrediente ativo e produto comercial em suas respectivas dosagens utilizadas para controle de apaga-fogo (Alternanthera tenella) e pé-de-galinha (Eleusine indica). Jaboticabal, 2024. NOTAS: Imazapique - Plateau® (Basf S.A.), Imazamoxi + Bentazona - Amplo® (Basf S.A), Quizalofope-p-etílico - Targa® Max (Iharabras S.A. Indústrias Químicas), Éter laurírico de polioxietileno - Fighter® (De Sangosse Agroquímica Ltda.), Óleo vegetal - Fixer® Ap (De Sangosse Agroquímica Ltda.) e 6Água. Fonte: Autoria própria, 2024. 21 2.2. Caracterização das caldas fitossanitárias Para a caracterização das caldas fitossanitárias, foram analisados parâmetros físico-químicos descritos a seguir. 2.2.1. Estabilidade físico-química das caldas A caracterização das caldas fitossanitárias foi baseada na metodologia da NBR 13875 (Agrotóxico – Avaliação de compatibilidade físico-química) (ABNT, 2014). Para a preparação das caldas na avaliação de estabilidade físico-química, foram utilizadas provetas graduadas de 250 mL com quatro repetições. As caldas foram preparadas com água-padrão com dureza total de 20 mg.kg-1 em equivalente de CaCO3, conforme a NBR 13074 (ABNT, 1997). Em seguida adicionou-se os produtos na concentração máxima (Tabela 1), conforme recomendado na bula de cada produto para um volume de 250 mL, no qual primeiramente acrescentou os herbicidas e posteriormente, os adjuvantes. Após o preparo, as provetas foram agitadas 10 vezes. Em seguida, as avaliações de condutividade elétrica (condutivímetro de bancada Marte® MP- 11P) e de potencial hidrogeniônico (pH) (peagâmetro de bancada Quimis® Q400RS) foram realizadas por meio da inserção de sensores nas provetas das caldas preparadas. A caracterização da calda foi feita a partir da identificação da formação de espuma, creme, cristais, sedimentação, separação de fases e grumos. As avaliações de estabilidade físico-química da calda foram realizadas nos intervalos de 0, 2, 6 e 24 horas após o preparo da calda (HAP), tendo classificações compatíveis ou não sob agitação, conforme método da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT NBR 13875 (2014). 22 2.2.2. Tensão superficial e ângulo de contato As avaliações de tensão superficial e ângulo de contato foi utilizado um tensiômetro automático, modelo OCA-15 Plus (Dataphysics® Germany). A determinação da tensão neste equipamento ocorre pelo método da gota pendente na extremidade de uma agulha acoplada à seringa de emissão do líquido em análise por assimetria de eixos (ADSA - Axisymmetric Drop Shape Analysis), determinada através da digitalização e análise do perfil da gota, com base na equação de Young-Laplace, sendo os dados da tensão registrados a cada segundo no decorrer de 1 minuto (Ferreira et al., 2013). Para a avaliação do ângulo de contato, as gotas foram depositadas sobre uma superfície artificial padrão (Parafilm®) (Ramos et al.,2019). Lâminas com as dimensões de 1 x 10 cm foram fixadas em um suporte e, a partir do momento do depósito da gota, o ângulo de contato foi registrado cada segundo no decorrer de 1 minuto. Para a caracterização das caldas foi padronizado como valor útil de tensão e ângulo aos 10 segundos, uma vez que a partir desse tempo os valores se comportam de maneira estável, sem variações significativas. 2.2.3. Tamanho de gotas O diâmetro de gotas produzidas pelas caldas fitossanitárias foi determinado com um analisador de tamanho de partículas por difração à laser (Sympatec). Nesse equipamento, um feixe de laser é emitido por uma fonte colimadora e recebido na região oposta à emissão. As duas regiões contêm lentes de emissão e recepção, em cujo espaço entre elas são expostas as partículas a serem analisadas. Pela incidência da luz nas partículas há um desvio em sua trajetória, cujo ângulo do desvio é utilizado para o cálculo do diâmetro equivalente da partícula (Calore et al., 2015). Tratando-se de gotas medidas no ar, o formato assumido é semelhante à uma esfera. Quanto menor a partícula, maior é o grau de difração que o raio de luz sofre (Etheridge et al., 1999). 23 A ponta de pulverização foi instalada à 40 cm do feixe de laser (FAO, 1997), em que a pulverização foi acionada com uma pressão requerida pela ponta de pulverização utilizada foi mantida constante com um regulador de pressão de precisão. Foi utilizado um oscilador longitudinal para o jato de calda atravessar transversalmente o laser durante a leitura pelo aparelho, visando uma amostragem representativa dos tamanhos de gota produzidos por toda a extensão do jato da ponta (Calore et al., 2015). Na caracterização do espectro das gotas, foi determinado o diâmetro de gotas (μm) em que 10, 50 e 90% do volume pulverizado será medido e representado por valores de DV0,1, DV0,5 e DV0,9. As gotas propensas à deriva foram analisadas considerando a porcentagem do volume de gotas menores que 100 μm (%Vol<100 μm). O coeficiente de uniformidade (SPAN) é um valor que representa a distribuição do espectro de gotas, sendo analisado através da fórmula: 𝑆𝑃𝐴𝑁 = (𝐷𝑉0,9 – 𝐷𝑉0,1) / 𝐷𝑉0,5 A ponta de pulverização utilizada foi classificada em relação ao tamanho de gotas produzidas seguindo a metodologia de tamanho de gotas padrão da ASABE (2020). A ponta de pulverização é classificada em categorias como gotas finas, médias ou grossas, com base no diâmetro das gotas produzidas. Essa classificação é feita utilizando parâmetros como o Diâmetro Mediano Volumétrico (DMV), que divide o volume total pulverizado em duas partes iguais. Essa classificação é utilizada para selecionar a ponta de pulverização mais adequada para cada tipo de aplicação, garantindo a eficiência e a segurança do processo de pulverização. 2.2.4. Viscosidade Para a avaliação da viscosidade das caldas, foi utilizado um viscosímetro rotacional (USS – DVT4 Digital Rotary Viscometer). A avaliação da viscosidade é feita com base no torque necessário para rotacionar um cilindro que fica 24 submerso em 15 mL da calda de pulverização em análise. Para cada situação, os cilindros são selecionados de acordo com as características do líquido (Fritz et al.,2010; Oliveira et al., 2015). Para a pesquisa, foi utilizado um cilindro com diâmetro de 100 mm (referência S-28), conforme recomendação do fabricante, por se tratar de líquidos Newtonianos, com viscosidade constante, e com valores próximos ao da água. A rotação utilizada foi de 60 rpm. As leituras das caldas foram feitas em três repetições. 2.3. Análise estatística Os dados obtidos foram submetidos aos testes de normalidade dos erros (Shapiro-Wilk) e homoscedasticidade (Bartlett), ambos a nível de 5% de significância. Os resultados de pH, condutividade elétrica, tensão superficial, ângulo de contato, tamanho de gotas e viscosidade, foram submetidos à análise de variância, pelo teste F, e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de Tukey (p<0,05), sendo o delineamento experimental inteiramente ao acaso. O software utilizado foi o R Development Core Team (2024). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na caracterização física das caldas de herbicidas e adjuvantes, foram observadas sedimentação, separação de fases, redispersão e espuma (Tabela 2). Na avaliação realizada às 0 horas após o preparo (HAP) houve apenas formação de espuma nos tratamentos em que o adjuvante FAp (óleo vegetal) esteve adicionado à calda, exceto no tratamento A+T+FAp.(Imazamoxi + Bentazona + Quizalofope-p-etílico + óleo vegetal).Na avaliação de 2 HAP, houve ocorrências de sedimentação e separação de fases, entretanto houve redispersão dos tratamentos em que a sedimentação esteve presente. Os tratamentos de herbicidas P e P+T (Imazapique + Quizalofope-p-etílico), com e sem mistura com adjuvantes, sofreram sedimentação. Entretanto, essas 25 misturas redispersaram. Já a separação de fases ocorreu nos tratamentos com os herbicidas A, P+T e A+T (Imazapique + Quizalofope-p-etílico) e (Imazamoxi + Bentazona + Quizalofope-p-etílico) em mistura com o adjuvante F de formulação oleosa. Para a avaliação de 6 e 24 HAP, ocorreu sedimentação, separação de fases e redispersão dos mesmos tratamentos avaliados em 2 HAP, com adição do tratamento A+FAp que também sofreu separação de fases. Tabela 2. Características físico-químicas de caldas analisadas, como sedimento, separação de fases, formação de espuma e redispersão. Células em branco significa que ‘não houve ocorrência’ e células em cinza significa que ‘houve ocorrência’. NOTAS: P = Imazapique - Plateau® (Basf S.A.), A = Imazamoxi + Bentazona - Amplo® (Basf S.A), T = Quizalofope-p-etílico - Targa® Max (Iharabras S.A. Indústrias Químicas), F = Éter laurírico de polioxietileno - Fighter® (De Sangosse Agroquímica Ltda.) ,FAp = Óleo vegetal - Fixer® Ap (De Sangosse Agroquímica Ltda.). Fonte: Autoria própria, 2024. Reações em caldas nas quais há mistura de produtos fitossanitários em tanque podem gerar instabilidades físico-químicas. Quando vários produtos fitossanitários são adicionados ao tanque de pulverização, há interações que 26 resultam em efeitos sinérgicos e ou antagônicos na eficácia de controle de patógenos, podendo ocorrer de forma química e invisível, como absorção reduzida do ingrediente ativo dos produtos (Tavares e Cunha, 2023). Além disso, pode ocorrer a incompatibilidade física, correspondendo à formação de precipitados ou grânulos, levando à obstrução de partes do circuito hidráulico dos pulverizadores, incluindo as pontas de pulverização e consequentemente, e à perda de eficácia dos produtos que constituem a calda (Rakes et al., 2017). Neste caso a água, principal carreador de produtos fitossanitários via pulverização agrícola, possui íons como cálcio e magnésio que se expressam como carbonato de cálcio (CaCO3) e íons de sódio e ferro, fazendo que ocorresse a ligação das moléculas de herbicidas, com possível redução da eficácia de controle das plantas-alvo (S. Voojodi et al., 2023). A ocorrência de sedimentação, muitas vezes é resultante da baixa solubilidade dos produtos na água e de reações de ligação com íons presentes na solução. Produtos com formulação WG tendem a se sedimentar no fundo do tanque pois são mais difíceis de serem diluídos, exigindo agitação constante durante a aplicação (Carvalho et al., 2022). De acordo com Raetano e Chechetto (2019), os surfatantes possuem moléculas hidro e lipofílicas que facilitam a compatibilidade de substâncias hidrofílicas com hidrofóbicas, sendo os surfatantes não iônicos mais utilizados, por não serem reativos e evitando incompatibilidades nas misturas em tanque. Porém, houve a separação de fases na análise de estabilidade físico-química das caldas nos horários em que as caldas ficaram em repouso, ocorrendo quando o adjuvante surfatante F foi adicionado. A mistura de um adjuvante não iônico (neutro), como o éter laurílico de polioxietileno, com herbicidas aniônicos (ácidos), como os do grupo das imidazolinonas, pode resultar em interações que levam à separação de fases. Isso ocorre porque as moléculas não iônicas e aniônicas podem se repelir, dificultando a formação de uma mistura homogênea. Essa separação de fases pode comprometer a eficácia da aplicação do herbicida, pois a distribuição do produto pode se tornar irregular (Rana e Rana, 2015). 27 De modo geral, houve poucas incompatibilidades físicas nas caldas em estudo, principalmente logo após o preparo (Tabela 2). A única ocorrência que foi evidente logo após o preparo das caldas, foi a formação de espuma. Isso é um fator preocupante quando a mistura é realizada em grandes quantidades no tanque de pulverizadores, pois pode causar perda de produtos por derramamento e colocar em risco a segurança do operador. Para resolver esse problema, recomenda-se o uso de antiespumantes agrícolas. Esses produtos são formulados especificamente para reduzir ou eliminar a formação de espuma, garantindo uma aplicação mais eficiente e segura. Nas avaliações do pH das caldas fitossanitárias, o herbicida T isolado ou em mistura com adjuvantes, apresentou maiores valores que os herbicidas P, A, P+T e A+P (Tabela 3). Quando T esteve em mistura com P, os valores de pH foram para 2,5 em média, sendo um pH ácido. Já o herbicida T em mistura com A, essa mistura resulta em um pH próximo da neutralidade, de 6,5 em média. Isso nos mostra que o herbicida T em mistura com os herbicidas P e A, resultando no pH desses herbicidas. Em relação aos horários de avaliação, 0, 2, 6 e 24 HAP, sofreram poucas variações. A redução da dissociação ocorre porque, em pH mais baixo, as moléculas de herbicida permanecem em sua forma não dissociada, o que é mais estável e menos reativa com outros íons presentes na solução1. Isso facilita a absorção porque as moléculas não dissociadas são mais facilmente transportadas através das membranas celulares das plantas, aumentando a eficácia do herbicida (Sarmah et al., 2002; Daramola et al., 2022) (Tabela 3). A apaga-fogo e o pé-de-galinha são espécies que interferem no desenvolvimento e produtividade das culturas, sendo controladas com a pulverização de herbicidas, em mistura em tanque ou não. No entanto, o sucesso desse controle pode variar significativamente dependendo de diversos fatores, como a dose do herbicida, o grupo químico utilizado, o tamanho das plantas daninhas, a presença de adjuvantes, e a técnica de aplicação adequada (Mendes e Silva, 2023). É essencial considerar essas variáveis para garantir um controle efetivo e sustentável das plantas daninhas. A associação do herbicida T de pH 9,40 com o herbicida P de pH 2,65, formou uma mistura ácida de valor 28 2,82, podendo influenciar a eficiência de controle dos alvos e interferir nos níveis de dissociação. No entanto, foi observado que essa mistura ácida não resultou em um controle eficaz das espécies em estudo. Tabela 3. Caracterização da calda quanto ao pH até 24 horas após o preparo. Potencial Hidrogeniônico (pH) Horas Após Preparo (HAP) Trat. 0 2 6 24 P 2.57 eAB 2.85 cB 2.50 eB 2.94 dA P + F 2.66 eB 2.90 cAB 2.60 eAB 2.83 cA P + FAp 2.75 eA 2.93 dA 2.67 dA 2.84 dA A 6.48 cB 6.77 bA 6.84 bA 7.15 bA A + F 6.54 cB 6.74 bA 6.36 cB 6.68 bB A + FAp 6.74 cA 6.82 bA 6.46 bB 6.73 bB P + T 2.88 dA 2.91 cB 2.80 dB 2.78 dA P + T + F 2.81 dA 2.96 cB 2.78 dAB 2.84 cA P + T + FAp 2.87 dA 3.16 cA 2.88 cA 2.83 dA A + T 7.20 bA 6.74 bB 6.61 cA 6.43 cA A + T + F 6.94 bA 6.83 bAB 6.57 bA 6.43 bA A + T + FAp 6.95 bA 6.87 bA 6.60 bA 6.32 cA T 9.35 aA 9.14 aA 7.49 aB 8.75 aAB T + F 9.46 aA 9.21 aA 7.55 aB 8.51 aB T + FAp 9.46 aA 9.15 aA 7.75 aA 8.55 aA Média 5.71 5.73 5.23 5.51 CV% p-valor 0.53 0.0275 0.41 0.0015 0.65 0.0447 1.00 0.0004 *Letras minúsculas comparam diferenças entre o fator herbicida e letras maiúsculas comparam diferenças entre o fator adjuvante pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade. O desempenho dos tratamentos variou, com alguns mostrando redução na eficácia devido à interferência nos níveis de dissociação e absorção dos herbicidas pelas plantas daninhas (Polanski, 2023). Além disso, a persistência de herbicidas pré e pós-emergentes no solo pode variar de acordo com os valores de pH, aumentando ou diminuindo a persistência das moléculas no solo (Roman et al., 2010). Isso é relevante mesmo para aplicações pós-emergentes porque o pH do solo pode afetar a degradação e a disponibilidade dos herbicidas. Em solos ácidos, a persistência de alguns herbicidas pode aumentar devido à menor degradação microbiana e química, enquanto em solos alcalinos, a 29 persistência pode diminuir devido à maior degradação (Mielke et al., 2022; Kaur e Kaur, 2022). O pH é um fator importante a ser considerado na compatibilidade de produtos das soluções (ABNT, 2014) e de acordo com Kissmann (1998), muitos compostos químicos sofrem degradação por hidrólise quando preparados utilizando água como solvente e a velocidade com que essa reação aconteça é dependente do pH, havendo interferências no tempo de meia-vida dos herbicidas. O tempo de meia-vida (t1/2) é o intervalo de tempo necessário para que 50% da massa do herbicida seja degradada. Ele é alterado pela maior degradação, resultando em uma persistência menor do herbicida no solo, uma vez que o t1/2 deve ser determinado em condições padrão (Mansour et al., 2023). A qualidade das águas de pulverização é um dos fatores críticos que podem influenciar no desempenho de herbicidas (Daramola et al., 2022). Além disso, a adição de produtos altera o pH da calda e no presente estudo, a adição de adjuvantes às caldas fitossanitárias havendo alteração no pH de 0,2 em 6 horas após o preparo para o tratamento P+FAp (Tabela 3). A eficácia de herbicidas dos grupos das imidazolinonas e benzotiadiaszinonas pode ser comprometida quando o pH da calda é alcalino, considerado elevado para a aplicação de herbicidas, necessitando de correção (Griesang e Ferreira, 2021). Valores de pH próximos de 5,00 tendem a ter maior eficiência, pois há redução da dissociação das moléculas, facilitando a absorção pelas plantas a serem controladas (Rakes et al., 2017). Em relação à condutividade elétrica, as caldas A+T, A+T+F e A+T+FAp, não sofreram variações em relação aos horários avaliados quanto à variável herbicida, correspondendo aos valores próximos da neutralidade (6,5) (Tabela 4). Para as caldas T, T+F e T+FAp, a condutividade elétrica foi a menor, correspondendo aos maiores valores de pH (9,5) (Tabela 3). Para as demais caldas, a condutividade elétrica apresentou pouca variação ao longo das avaliações. Em relação à adição de adjuvantes, apenas houve diferença no horário de 0 horas, sendo o adjuvante FAp diferente do adjuvante F e das caldas 30 herbicidas sem adição de adjuvante, reduzindo a condutividade elétrica das caldas (Tabela 4). Tabela 4. Caracterização da calda quanto a condutividade elétrica até 24 horas após o preparo. Condutividade Elétrica (CE) Horas Após Preparo (HAP) Trat. 0 2 6 24 P 0.23 bA 0.23 bB 0.23 bA 0.24 bA P + F 0.20 bA 0.23 bB 0.21 cA 0.25 cA P + FAp 0.22 cA 0.25 bA 0.24 bA 0.31 bA A 3292.50 aA 3315.00 aB 3352.50 aA 2742.50 aA A + F 3087.50 aB 3360.00 aB 3280.00 bA 2515.00 bB A + FAp 2367.50 bC 3427.50 aA 3387.50 aA 2855.00 aA P + T 0.18 bA 0.25 bB 0.24 bA 0.26 bA P + T + F 0.23 bA 0.23 bB 0.24 cA 0.23 cA P + T + FAp 0.24 cA 0.21 bA 0.25 bA 0.27 bA A + T 3117.50 aA 3375.00 aB 3347.50 aB 2880.00 aA A + T + F 3155.00 aA 3210.00 aB 3487.50 aA 2677.50 aA A + T + FAp 3157.50 aA 3432.50 aA 3432.50 aAB 2682.50 aA T 0.06 cB 0.07 cB 0.07 cA 0.06 cA T + F 0.05 cB 0.06 cB 0.05 dA 0.05 dA T + FAp 0.06 cA 0.08 cA 0.08 cA 0.07 cA Média 1211.93 1341.44 1352.61 1090.28 CV% p-valor 1.48 7.48-10 0.65 0.0436 0.86 5.96-7 1.25 1.06-8 *Letras minúsculas comparam diferenças entre o fator herbicida e letras maiúsculas comparam diferenças entre o fator adjuvante pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade. De acordo com os resultados, houve influência do adjuvante FAp sobre as características químicas das caldas logo após o preparo (Figura 1). A condutividade elétrica das caldas indica a concentração de íons, determinando a intensidade das reações (Burin et al., 2022). Nas caldas do herbicida A em mistura ou não, houve uma intensa atividade entre os íons presentes na água em relação aos demais herbicidas. No estudo com glyphosate, as maiores condutividades elétricas foram observadas em soluções de pulverização que incluíam adjuvantes. Isso pode ser devido ao fato de que o glyphosate, sendo um herbicida altamente solúvel em água, aumenta a concentração de íons na solução quando combinado com adjuvantes que também são solúveis (Maski e 31 Durairaj, 2010). Em contraste, no presente estudo, a redução da condutividade elétrica nas caldas do herbicida A sugere que os adjuvantes utilizados podem ter propriedades que reduzem a disponibilidade de íons livres, ao contrário dos adjuvantes usados com glyphosate. Nas demais caldas, os valores da condutividade elétrica foram mais baixos, variando de 0,05 a 0,24 mS cm-1. Com os herbicidas em mistura em tanque de P+T, a adição de adjuvante aumentou os valores de condutividade elétrica, indicando maior quantidade de íons presentes na calda. Esses resultados podem indicar a diminuição da eficácia dos produtos de acordo com a maior reatividade da calda (Carlson e Burnside, 1984; Rheinheimer; Souza, 2000), sendo em mistura pronta ou em mistura em tanque. Além disso, a condutividade elétrica das caldas pode variar de acordo com o volume de calda utilizado, uma vez que a concentração dos produtos muda. Pelos resultados de condutividade elétrica de caldas do herbicida A, em que a adição de adjuvantes diminuiu a reatividade, pode ser explicada através da teoria de Debye-Hückel (1923), que descreve a formação de pares iônicos, reorganização e a interação entre íons ou solventes que influenciam a mobilidade dos íons na solução e consequentemente a condutividade elétrica (Tabela 4). O mesmo ocorreu com as caldas de A+T e adjuvantes, porém houve um acréscimo na condutividade elétrica, não sendo expressivo devido ao fato da formulação de compostos não iônicos supostamente não interferiram na condutividade elétrica das caldas fitossanitárias de A+T (Sasaki et al., 2015). A combinação de herbicidas e adjuvantes com diferentes ingredientes ativos pode interagir independente da compatibilidade física entre eles e tendo a possibilidade de ocorrerem interações químicas, causando mudanças que alteram a toxicidade, resultando em efeitos sinérgicos ou antagônicos no controle de alvos. Na prática, a verdadeira sinergia entre herbicidas é rara e aproximadamente 70% das misturas de herbicidas resultam em efeitos antagônicos (Barbieri et al., 2022). Na tensão superficial, as caldas de P e A atingiram os maiores valores e quando em mistura com adjuvantes, obtiveram valores próximos das demais 32 caldas (Figura 1). Em relação aos adjuvantes, os menores valores foram obtidos com as misturas em que o FAp foi adicionado. Entretanto, a diferença de médias entre os adjuvantes F e FAp foi pequena, sendo apenas de 2,16. Nos herbicidas P+T e A+T com a adição do adjuvante F não houve diferença em relação aos herbicidas sem adjuvante. Já com a adição de FAp, houve diferença em relação aos herbicidas isolados. Com o herbicida T, a adição do adjuvante FAp ocasionou redução do valor de tensão superficial, não havendo diferenças entre a calda sem adjuvante e com adição do adjuvante F. *Letras minúsculas comparam diferenças entre o fator herbicida e letras maiúsculas comparam diferenças entre o fator adjuvante pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade. Figura 1. Caracterização da calda sobre a tensão superficial (mN m-1) em misturas. Para o ângulo de contato, os valores dos herbicidas P e A em mistura com P+T, A+T e A+FAp, se sobressaíram, atingindo os maiores valores de tensão superficial (Figura 2). Sendo os tratamentos P e A, correspondentes dos maiores valores de tensão superficial. A calda que obteve menor média em relação a herbicida foi o tratamento de P+T+FAp. Em relação a adjuvantes, os menores valores foram obtidos com FAp. 0.00 10.00 20.00 30.00 40.00 50.00 60.00 70.00 aA bC aB bA aC bB dB dB cA dB dB cA cA cA cB T e n s ã o S u p e rf ic ia l (m N m -1 ) Tratamentos Tensão Superficial (mN m-1) 33 *Letras minúsculas comparam diferenças entre o fator herbicida e letras maiúsculas comparam diferenças entre o fator adjuvante pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade. Figura 2. Caracterização da calda sobre o ângulo de contato (°) em misturas. A tensão superficial de gotas é um parâmetro influenciado por adjuvantes que tendem a causar mudanças no comportamento físico-químico de caldas, permitindo maior molhabilidade e melhor dispersão de partículas (Neto et al., 2009). Sendo molhabilidade é a capacidade de um líquido de manter contato com uma superfície sólida, resultante de interações intermoleculares quando os dois estão em contato (Jothi Prakash e Prasanth, 2021). As propriedades intrínsecas às gotas, estão relacionadas aos componentes da formulação dos produtos fitossanitários, com destaque à quantidade de adjuvantes na composição de cada produto (Mendonça, 2007). A apaga-fogo e o pé-de-galinha são espécies que interferem no desenvolvimento e produtividade das culturas, sendo controladas com a pulverização de herbicidas, em mistura em tanque ou não. No entanto, o sucesso desse controle pode variar significativamente dependendo de diversos fatores, como a dose do herbicida, o grupo químico utilizado, o tamanho das plantas 0.00 20.00 40.00 60.00 80.00 100.00 120.00 aA bcC aB aA aB aC cA bcA dB cA bB bA bcA cB cB Â n g u lo d e c o n ta to ( °) Tratamentos Ângulo de contato (°) 34 daninhas, a presença de adjuvantes, e a técnica de aplicação adequada (Mendes e Silva, 2023). É essencial considerar essas variáveis para garantir um controle efetivo e sustentável das plantas daninhas. A associação do herbicida T de pH 9,40 com o herbicida P de pH 2,65 formou uma mistura ácida de valor 2,82, podendo influenciar a eficiência de controle dos alvos e interferir nos níveis de dissociação (Tabela 3). No entanto, foi observado que essa mistura ácida não resultou em um controle eficaz das espécies em estudo. O desempenho dos tratamentos variou, com alguns mostrando redução na eficácia devido à interferência nos níveis de dissociação e absorção dos herbicidas pelas plantas daninhas (Mendes et al., 2022). A adição de surfatantes às caldas fitossanitárias dos herbicidas P e A reduziu significativamente os valores da tensão superficial. Nas demais caldas, não houve diferenças entre os adjuvantes. Teoricamente, a redução da tensão superficial é benéfica para o controle de plantas daninhas, pois melhora a cobertura e a penetração do herbicida nas folhas. Na prática, os resultados mostraram que essa redução na tensão superficial contribuiu para um controle mais eficaz das espécies em estudo, confirmando a importância dos surfatantes na formulação das caldas fitossanitárias (Martins, 2022). Uma propriedade curiosa dos surfatantes é a formação de micelas conforme o líquido das gotas, principalmente a água, evapora sobre os alvos. De acordo com Raetano e Chechetto (2022), à medida que a água da gota evapora, a concentração do surfatante vai aumentando e micelas são formadas propiciando o máximo efeito do surfatante, que através das estruturas micelares podem solubilizar ativos, melhorando a absorção e eficácia de adjuvantes, caracterizando o efeito bioativador dessa classe de adjuvantes. Além disso, esse grupo de adjuvantes propicia maior área de contato das gotas com a superfície tratada, que é obtida através da diminuição da tensão superficial das gotas. O ângulo de contato de gotas não depende apenas das caldas a serem aplicadas, mas também da superfície que receberá as gotas para análise (Kissmann, 1997). No presente estudo, as gotas foram depositadas sobre uma superfície artificial padrão (Parafilm) (Ramos et al.,2019), sendo uma superfície cerosa de filme parafínico. Teoricamente, a redução da tensão superficial é 35 benéfica para o controle de plantas daninhas, pois melhora a cobertura e a penetração do herbicida nas folhas. Sendo assim, a adição de surfatantes às caldas fitossanitárias poderá proporcionar maior espalhamento e podendo ser ainda maior que houver afinidade entre a calda e a superfície, resultando na maior cobertura (Iost e Raetano, 2010). A adição de surfatantes às caldas fitossanitárias realmente proporcionou maior espalhamento das gotas, resultando em uma maior cobertura das superfícies tratadas. Isso foi observado nas tabelas 3 e 4, onde os valores de ângulo de contato e cobertura foram significativamente melhores nas caldas com surfatantes em comparação às caldas sem surfatantes. A mistura de produtos fitossanitários pode reduzir a tensão superficial, favorecendo a adesão das caldas à superfície foliar (Cunha et al., 2017). Naturalmente, a retenção de gotas é alta quando o ângulo de contato e a tensão superficial de uma calda com surfatante são baixas. De outra forma, a afinidade entre a calda e diferentes texturas de superfície foliar diminuiria, ocasionando aumento das gotas e escorrimento, dificultando o processo de retenção (Appah et al., 2020). Em relação à viscosidade, houve diferenças entre os herbicidas P e A quando comparado aos demais (Figura 3). Entre adjuvantes, não houve diferença apenas com o herbicida P e os menores valores de viscosidade foram nas caldas de herbicidas P+T e T em que os adjuvantes foram adicionados, não havendo diferença entre ambos. Quando em mistura com os adjuvantes, dentro de cada herbicida, os herbicidas P+F e A+F apresentaram maior viscosidade quando o adjuvante F foi adicionado e menor viscosidade quando o adjuvante FAp foi adicionado. Os herbicidas P+T, A+T e T apresentaram menor viscosidade quando foi adicionado o adjuvante F, enquanto esses mesmos herbicidas tiveram menores valores de viscosidade quando adicionado o adjuvante FAp, exceto a calda em mistura de A+T+Fap que atingiu maior valor de viscosidade em relação à calda A+T. 36 *Letras minúsculas comparam diferenças entre o fator herbicida e letras maiúsculas comparam diferenças entre o fator adjuvante pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade. Figura 3. Caracterização da calda sobre a viscosidade (mPa s-1). Observa-se que a adição de adjuvantes alterou a viscosidade das caldas em estudo. As caldas do herbicida T e P+T isolados obtiveram as maiores viscosidades e quando adicionados os adjuvantes, a viscosidade diminuiu. A diminuição da viscosidade de caldas permite que o líquido flua mais facilmente. Por outro lado, o aumento da viscosidade das caldas pode ser uma característica importante, visando a redução de gotas deriváveis, pois gotas mais densas são mais difíceis de serem carregadas pelo vento e de serem fragmentadas (Contiero et al., 2018). A viscosidade é uma variável de grande importância a ser avaliada, uma vez que está relacionada com o tamanho de gotas. A análise de espectro de gotas foi feita em ambiente controlado com temperatura média de 26.6 °C e umidade relativa de 68%, na ausência de vento e luminosidade externa. Em relação ao diâmetro volumétrico à 10% (DV0,1), os tratamentos com o herbicida P e adjuvantes obtiveram os menores diâmetros, enquantos os tratamentos com P+T e T alcançaram maiores valores de DV0,1. Quanto aos adjuvantes, quando adicionado o FAp, os valores de DV0,1 diminuíram. Para o diâmetro mediano volumétrico (DV0,5 ou DMV), os menores 1.2 1.25 1.3 1.35 1.4 1.45 1.5 bA bcA bcA bB aA dC aA bcB bB aAB abB aA aA cB cdB V is c o s id a d e ( m P a s ˉ¹ ) Tratamentos Viscosidade (mPa sˉ¹) 37 valores foram obtidos com o herbicida A e adjuvantes, enquanto os maiores DMV’s foram obtidos com o herbicida P. Quanto à adição deadjuvantes, o valor do DV0,5 aumentou. Para o diâmetro volumétrico à 90% (DV0,9), os menores valores foram obtidos com os herbicidas P+T, A+T e T e quando adicionado o adjuvante FAp, o DV0,9 diminuiu (Figura 4). *Letras minúsculas comparam diferenças entre o fator herbicida e letras maiúsculas comparam diferenças entre o fator adjuvante pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade. Figura 4. Tamanho de gotas em micrometros (µm) (DV0,1, DV0,5 e DV0,9) avaliado no analisador de partículas por difração de raios laser. Para se obter o desempenho desejado nas aplicações de produtos fitossanitários, há necessidade de realizar ajustes nos componentes das máquinas aplicadoras. As principais regulagens em pulverizadores de barra compreendem as definições da velocidade de operação, do volume de aplicação, do tamanho de gotas, da seleção de pontas de pulverização, da pressão de trabalho, do espaçamento entre bicos, assim como a altura em relação ao alvo das pulverizações (Antuniassi e Boller, 2019). No presente estudo, o modelo de ponta escolhido foi ST-025 da Magnojet e de acordo com as adaptações e configurações do pulverizador utilizado 0 100 200 300 400 500 600 700 800 cB aA cC dB bA bB aA cB aB bA cB aA aA cC aB aA aC aB bA aB cB bA bC bB cA cB bA bA bC bcB cB aA cB dB bA bC aB cA aB bA cA aB aA bA aA E s p e c tr o d e g o ta s ( µ m ) Tratamentos Espectro de gotas (µm) DV0.1 DV0.5 DV0.9 38 durante as aplicações, a classe de gotas proporcionou um diâmetro mediano volumétrico entre gotas muito grossas e grossas, seguindo a metodologia de tamanho de gotas padrão da ASABE (2024). A seleção do tamanho de gotas deve ser o maior possível, a fim de evitar perdas por deriva e evaporação, porém pequenas o suficiente para proporcionar a penetração adequada e cobertura dos alvos da pulverização (Christofoletti, 1999). Modo de ação refere-se à sequência de eventos que ocorrem desde a aplicação do herbicida até a morte da planta. Isso inclui os processos de absorção, translocação, metabolismo e interação no sítio de ação, onde o herbicida exerce seu efeito tóxico (Székács, 2021). Essas premissas são antagônicas e requerem a tomada de decisão com base em aspectos como as condições meteorológicos, o alvo e o modo de ação do produto aplicado. Herbicidas sistêmicos devem ser aplicados com gotas grossas e herbicidas de contato as gotas costumam atender à classe de gotas médias. Em relação à porcentagem de gotas menores que 100 micrometros, o menor valor foi obtido com o herbicida T sem diferença entre a adição do adjuvante F, tendo menores valores que a calda com o adjuvante FAp. O maior valor foi obtido com o herbicida A sem a adição de adjuvantes, porém quando adicionados os adjuvantes às caldas, os valores foram similares aos demais tratamentos. Em relação ao SPAN, os maiores valores foram obtidos com os herbicidas A, A+T+FAp e T+FAp, enquando os menores valores foram obtidos com F+FAp, A+FAP, A+T, T e T+FAp, observando que a adição do adjuvante FAp foi capaz de reduzir os valores de Span (Figura 5). A estimativa de gotas propensas à deriva pode ser avaliada pelo V100 (Antuniassi e Boller, 2019). Porém, outras variáveis meteorológicas devem ser consideradas no momento da aplicação uma vez que gotas menores que 100 µm são mais suscetíveis à evaporação e deriva durante o trajeto e podem não atingir o alvo (Nuyttens et al., 2017). Variações de grupos químicos que compõem a calda podem interferir na uniformidade das gotas. No entanto, a complexidade das combinações de produtos fitossanitários e a forma do orifício das pontas de pulverização, geram diversos espectros de gotas que impactam na uniformidade do jato produzido (Griesang et al., 2022). 39 *Letras minúsculas entre herbicidas e maiúsculas entre adjuvantes iguais dentro de cada parâmetro analisado não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância. Figura 5. Gotas menores que 100 µm (%) e Coeficiente de uniformidade (SPAN) analisado no Laser em função das tecnologias de aplicação. A adição do adjuvante F reduziu a porcentagem de gotas menores que 100 µm e Span, mostrando melhora dessas variáveis avaliadas no momento da aplicação. Teoricamente, essa redução na porcentagem de gotas menores que 100 μm e no Span é benéfica, pois diminui o risco de deriva e melhora a deposição do herbicida nas plantas daninhas (Cunha et al., 2010). Na prática, os resultados mostraram que essa melhoria na uniformidade e na redução de gotas finas contribuiu para um controle mais eficaz das espécies em estudo, conforme indicado nas Figuras 4 e 5, onde os níveis de controle foram significativamente melhores com a adição dos adjuvantes F e FAp. 4. CONCLUSÃO Adjuvantes interferiram nas características relativas a tecnologia de aplicação de caldas herbicidas. Para a compatibilidade houve diferenças na aA cB bAB aA bcB aA bC abA bB bB aA bB bB abA bB bA cdC abB aA dC aB cA bcA bcA cAB abA bcB dC aA cB 0 1 2 3 4 5 6 7 Tratamentos Gotas menores que 100 µm (%) e Coeficiente de uniformudade (SPAN) Gotas menores que 100 µm (%) Coeficiente de uniformidade (SPAN) 40 formação de espuma quando o adjuvante FAp foi adicionado. Nas misturas de herbicidas associados à adjuvantes na maioria dos tratamentos, o pH das caldas não sofreram grandes variações e no caso da condutividade elétrica mostrou decréscimo quando adicionados adjuvantes às caldas do herbicida A. Destacando a relevância que a estabilidade do pH indica que a eficácia dos herbicidas não foi comprometida por variações de acidez ou alcalinidade, enquanto a redução da condutividade elétrica sugere uma menor concentração de íons livres, o que pode influenciar a absorção e a translocação do herbicida nas plantas, potencialmente melhorando a sua eficácia. Os valores de tensão superficial e ângulo de contato mostraram grandes alterações quando houve adição de adjuvantes às caldas dos herbicidas P e A, reduzindo ambos os valores. Ressaltando que a redução da tensão superficial e do ângulo de contato facilita o espalhamento e a penetração do herbicida nas superfícies das plantas. Isso pode aumentar a eficácia do herbicida, garantindo uma cobertura mais uniforme e uma absorção mais eficiente do ingrediente ativo, resultando em um controle mais eficaz das plantas daninhas. O tamanho das gotas, as misturas apresentaram tendência de incremento do DMV das gotas. Desta forma, o aumento do DMV indica a formação de gotas maiores, o que pode reduzir a deriva e a evaporação durante a aplicação. Gotas maiores são menos suscetíveis a serem desviadas pelo vento e a evaporarem antes de atingir o alvo, garantindo uma aplicação mais eficiente e precisa dos herbicidas. 5. REFERÊNCIAS ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13074: Agrotóxicos – Preparação de água-padrão para ensaios. Rio de Janeiro, 1997. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13875: Agrotóxicos e afins – Avaliação de compatibilidade físico-química. Rio de Janeiro, 12 p., 2014. ANTUNIASSI, U. R.; BOLLER, W. Tecnologia de aplicação para culturas anuais. 2. ed. Fepaf, 2019. 41 APPAH, S.; JIA, W.; OU, M.; WANG, P.; ASANTE, E. A. Analysis of potential impaction and phytotoxicity of surfactant-plant surface interaction in pesticide application. Crop Protection, v. 127, p. 104961, 2020. ASABE. Spray Nozzle Classification by Droplet Spectra. Standard 572.3. St. Joseph, MI: American Society of Agricultural and Biological Engineers, 2020. BARBIERI, G. F.; YOUNG, B. G.; DAYAN, F. E.; STREIBIG, J. C.; TAKANO, H.; MEROTTO JUNIOR, A.; AVILA, L. A. Herbicide mixtures: interactions and modeling. Adv Weed Sci., v. 40, (Spec1), e020220051, 2022. DOI: https://doi.org/10.51694/AdvWeedSci/2022;40: seventy-five011. BASHAR, H. K.; JURAIMI, A. S.; AHMAD-HAMDANI, M. S.; UDDIN, M. K.; ASIB, N.; ANWAR, M. P.; KARIM, S. R.; RAHAMAN, F.; HAQUE, M. A.; HOSSAIN, A. Documentation of Phytotoxic Compounds Existing in Parthenium hysterophorus L. Leaf and Their Phytotoxicity on Eleusine indica (L.) Gaertn. And Digitaria sanguinalis (L.) Scop. Toxins, v. 14, p. 561, 2022. DOI: https://doi.org/10.3390/toxins14080561. BURIN, F.; SOUZA, C. M. A.; RAMIRES, I.; SILVA, P. V. Physical-chemical properties of spray syrup in tank-mixing multiple pesticides. Revista de la Facultad de Ciencias Agrarias - UNCuyo, v. 54, n. 1, p. 132-144, 2022. CALORE, R. A.; FERREIRA, M. C.; RODRIGUES, N. E. L.; OTUKA, A. K. Distribution pattern, surface tension and contact angle of herbicides associated to adjuvants on spraying and control of Ipomea hederifolia under rainfall incidence. Engenharia Agrícola, v. 35, n. 4, p. 756-768, 2015. CARLSON, K. L.; BURNSIDE, O. C. Comparative Phytotoxicity of Glyphosate, SC-0224, SC-0545, and HOE-00661. Weed Science, v. 32, p. 841-84 (4), 1984. CARVALHO, F. K.; CHECHETTO, R. G.; MOTA, A. A. B.; ANTUNIASSI, U. R. Entendendo a Tecnologia de Aplicação: Caldas Fitossanitárias e descontaminação de pulverizadores. 2. ed. Fepaf, 2022. CUNHA, J. P. A. R.; BUENO, M. R.; FERREIRA, M. C. Espectro de gotas de pontas de pulverização com adjuvantes de uso agrícola. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 28, p. 1153-1158, 2010. CHRISTOFOLETTI, J. C. Considerações sobre deriva nas pulverizações agrícolas e seu controle. São Paulo: Teejet South America, 1999. 15 p. (Boletim técnico, 4). CONTIERO, R. L.; BIFFE, D. F.; CATAPAN, V. Tecnologia de Aplicação. In: BRANDÃO FILHO, J. U. T.; FREITAS, P. S. L.; BERIAN, L. O. S.; GOTO, R. Hortaliças-fruto. Maringá: EDUEM, 2018. p. 401-449. https://doi.org/10.51694/AdvWeedSci/2022;40 https://doi.org/10.3390/toxins14080561 42 CUNHA, J. P. A. R.; ALVES, G. S.; MARQUES, R. S. Surface tension, hydrogen ion potential and electrical conductivity in spray solutions of plant protection products and adjuvants. Revista Ciência Agronômica, v. 48, n. 2, p. 1-10, 2017. DABA, A.; BERECHA, G.; TADESSE, M.; BELAY, A. Evaluation of the herbicidal potential of some fungal species against Bidens pilosa, the coffee farming weeds. Saudi Journal of Biological Sciences, v. 28, 2021. DARAMOLA, O. S.; JOHNSON, W. G.; JORDAN, D. L.; CHAHAL, G. S.; DEVKOTA, P. Spray water quality and herbicide performance: a review. Weed Technology, v. 36, n. 6, p. 758-767, 2022. DEBYE, P.; HÜCKEL, E. Thermodynamics and chemistry: The Debye-Hückel Theory. University of Maryland College Park, 1923. ETHERIDGE, R. E.; WOMAC, A. R.; MUELLER, T. C. Characterization of the spray droplet spectra and patterns of four venturi-type drift reduction nozzles. Weed Technology, v. 13, p. 765-770, 1999. FAO - FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. Equipo de aplicación de pesticida para uso en agricutura. Roma: FAO, 1997. 150 p. FERREIRA, M. C.; LASMAR, O.; DECARO JUNIOR, S. T.; NEVES, S. S. Qualidade da aplicação de inseticida em amendoim (Arachis hypogaea L.), com e sem adjuvantes na calda, sob chuva simulada. Bioscience Journal, v. 29, n. 1, p. 1431-1440, 2013. FLUTTERT, J. C.; SOLTANI, D.; GALLA, M.; HOOKER, D. C.; ROBINSON, D. E.; SIKKEMA, P. H. Interaction between 4-hydroxyphenylpyruvate dioxygenase– inhibiting and reactive oxygen species–generating herbicides for the control of annual weed species in corn. Weed Science, v. 70, p. 423–435, 2022. DOI: 10.1017/wsc.2022.23. FRITZ, B.; HOFFMANN, W.; BAGLEY, W. Effects of spray mixtures on droplet size under aerial application conditions and implications on drift. Applied Engineering in Agriculture, v. 26, n. 1, p. 21-29, 2010. GODINHO JUNIOR, J. D.; VIEIRA, L. C.; RUAS, R. A. A.; CARVALHO FILHO, A.; FARIA, V. R.; GOD, P. I. V. G. Spray nozzles, working pressures and use of adjuvant in reduction of 2,4-D herbicide spray drift. Planta Daninha, v. 38, e020223622, 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/S010083582020380100070. GRIESANG, F.; FERREIRA, M. D. C.; SPADONI, A. B. D.; DELLA VECHIA, J. F.; SANTOS, R. T. D. S.; SANTOS, C. A. M. How do the droplet spectrum uniformity and spray volume of flatfan nozzles influence fungicide spray distribution quality in soybeans? Engenharia Agrícola, v. 42, n. 2, e20210122, 2022. 43 GRZANKA, M.; SOBIECH, L.; IDZIAK, R.; SKRZPCZAK, G. Effect of the Time of Herbicide Application and the Properties of the Spray Solution on the Efficacy of Weed Control in (Zea mays L.) Cultivation. Agriculture, v. 12, p. 353, 2022. DOI: https://doi.org/10.3390/agriculture12030353. IOST, C. A. R.; RAETANO, C. G. Tensão superficial e ângulos de contato de soluções aquosas com surfatantes em superfícies artificiais e naturais. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v. 30, n. 4, p. 670-680, jul./ago. 2010. JOTHI PRAKASH, C. G.; PRASANTH, R. Approaches to design a surface with tunable wettability: a review on surface properties. Journal of Materials Science, v. 56, p. 108-135, 2021. JÚNIOR, V. B. P.; DA COSTA LIMA, A.; SILVA, F. R. C.; TAVARES, T. S. C.; NOGUEIRA, D. C.; FIGUEIREDO, M. M.; VIANA, R. G. Levantamento fitossociológico de plantas daninhas após a aplicação de diferentes misturas de tanque com fluazifope em área de cultivo de mandioca. Singular. Meio Ambiente e Agrárias, v. 1, n. 2, p. 34-39, 2021. KAUR, L.; KAUR, P. Degradation of imazethapyr in soil: Impact of application rate, soil physicochemical properties and temperature. International Journal of Environmental Science and Technology, p. 1-16, 2022. KISSMANN, K. G. Adjuvantes para caldas de produtos agrotóxicos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS, 21., Caxambu. Palestras e mesas redondas. Viçosa: Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas, 1997. p. 61-77. KISSMANN, K. G. Adjuvantes para caldas de produtos fitossanitários. In: GUEDES, J. V. C.; DORNELLES, S. B. (Org.). Tecnologia e segurança na aplicação de agrotóxicos: novas tecnologias. Santa Maria: Departamento de Defesa Fitossanitária; Sociedade de Agronomia de Santa Maria, 1998. p. 39-51. MANSOUR, Hany A. B.; EL-DARS, Farida M. S. E.; RADWAN, Olfat A. A Study of Quinclorac Degradation during Thermal and Forced Hydrolysis and Soil Photolysis. Egyptian Journal of Soil Science, v. 63, n. 4, 2023. MARQUES, R. F.; MARCHI, S. R.; MARTINS, D. Use of the imazapic herbicide applied alone or tank mix with imazapyr as growth regulator of lawns. Bioscience Journal, v. 37, 2021. MASILAMANY, D.; SHARI, E. S.; CHUEN, N. L.; SENG, C. T.; CHAUHAN, B. S. Pre and post control of weedy rice and selected rice weeds with premix of imazapic and imazapyr at different ratios. Malaysian Applied Biology, v. 50, n. 3, p. 87–93, 2021. MARTINS, J. M. D. Análise da eficácia de substâncias ativas no desenvolvimento do míldio da videira (Plasmopara viticola (Berk & Curt.) Berl et Toni). 2022. 44 MASKI, D.; DURAIRAJ, D. Effects of charging voltage, application speed, target height and orientation upon charged spray deposition on leaf abaxial and adaxial surfaces. Crop Protection, v. 29, n. 2, p. 134-141, 2010. MENDES, K. F.; IONOUE, M. H.; TORNISIELO, V. L. Herbicidas no ambiente: Comportamento e destino. Viçosa: Editora UFV, 2022. MENDONÇA, C. G.; RAETANO, C. G.; MENDONÇA, C. G. Tensão superficial e estática de soluções aquosas com óleos minerais e vegetais utilizados na agricultura. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v. 27, n. esp., p. 16-23, 2007. MIELKE, K. C.; MENDES, K. F.; SOUSA, R.; MEDEIROS, B. A. P. Degradation process of herbicides in biochar-amended soils: impact on persistence and remediation. Biodegradation Technology of Organic and Inorganic Pollutants, v. 1, p. 1-22, 2022. NUYTTENS, D.; DEKEYSER, D.; SCHAMPHELEIRE, M.; BAETENS, K.; SONCK, D. The effect of air support on droplet characteristics and spray drift. Biosystems Engineering, v. 72, n. 2, p. 71-79, 2007. OLIVEIRA, R. B.; ANTUNIASSI, U. R.; GANDOLFO, M. A. Spray adjuvant characteristics affecting agricultural spraying drift. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v. 35, n. 1, p. 109–116, 2015. POLANSKI, Jeferson. Qualidade da água utilizada na aplicação de agrotóxicos no município de Sete de Setembro-RS. 2023. POLLI, E. G.; ALVES, G. S.; MORAES, J. G.; KRUGER, G. R. Influence of surfactant humectant adjuvants on physical properties, droplet size, and efficacy of glufosinate formulations. Agrosystems, Geosciences & Environment, 2021. R CORE TEAM. R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria, 2019. Disponível em: https://www.R-project.org/. RAETANO, C. G.; CHECHETO, R. G. Tecnologia de aplicação para culturas anuais: adjuvantes e formulações. Fepaf, 2ª ed., p. 42-43, 2019. RANA, S. S.; RANA, M. C. Advances in weed management. Department of Agronomy, College of Agriculture, CSK Himachal Pradesh Krishi Vishvavidyalaya, Palampur, v. 183, 2015. RAKES, M.; GRÜTZMACHER, A. D.; PAZINI, J. B.; PASINI, R. A.; SCHAEDLER, C. E. Physicochemical compatibility of agrochemical mixtures in spray tanks for paddy field rice crops. Planta Daninha, v. 35, 2017. DOI: 10.1590/S0100- 83582017350100090. RAMOS, M. F. T.; SANTOS, R. T. S.; ALMEIDA, D. P.; VECHIA, J. F. D.; FERREIRA, M. C. Effect of pesticide addition sequence on the preparation of phytosanitary spray solutions. Planta Daninha, v. 37, 2019. https://www.r-project.org/ 45 RHEINHEIMER, D. S.; SOUZA, R. O. Condutividade elétrica e acidificação de águas usadas na aplicação de herbicidas no Rio Grande do Sul. Ciência Rural, Santa Maria, v. 30, n. 1, p. 97-104, 2000. ROMAN, E. S.; VARGAS, L.; RIBEIRO, M. C. F. Efeito do teor de umidade do solo na seletividade e na eficácia de carfentrazone-ethyl no controle de plantas daninhas na cultura da soja. Revista Brasileira de Herbicidas, Passo Fundo. Disponível em: Acesso em: 19 out. 2010. SARMAH, A. K.; SABADIE, J. Hydrolysis of sulfonylurea herbicides in soils and aqueous solutions: a review. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 50, n. 22, p. 6253- SALMAN VOOJODI, M. R.; IZADI-DARBANDI, E.; GHALIBAF, K. H.; HASANFARD, A. Tankmixing 2,4-D amine and sulfosulfuron can help alleviate the adverse effects of water hardness on controlling flixweed [Descurainia sophia (L.) Webb ex Prantl]. Crop Protection, v. 173, 106377, 2023. SASAKI, R. S.; TEIXEIRA, M. M.; SANTIAGO, H.; MADUREIRA, R. P.; MACIEL, C. F. M.; FERNANDES, H. C. Adjuvantes nas propriedades físicas da calda, espectro e eficiência de eletrificação das gotas utilizando a pulverização eletrostática. Ciência Rural, v. 45, p. 508-279, 2015. SZÉKÁCS, András. Herbicide mode of action. In: Herbicides. Elsevier, 2021. p. 41-86. SOUSA, B. T.; PEREIRA, A. E. S.; FRACETO, L. F.; OLIVEIRA, H. C.; DALAZEN, G. Post emergence herbicidal activity of nanoatrazine against Alternanthera tenella Colla plants compared to other weed species. Heliyon, v. 8, e09902, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.heliyon.2022.e09902. TAVARES, R. M.; CUNHA, J. P. A. Pesticide and adjuvant mixture impacts on the physical–chemical properties, droplet spectrum, and absorption of spray applied in soybean crop. AgriEngineering, v. 5, p. 646–659, 2023. DOI: 10.3390/agriengineering5010041. TEIXEIRA NETO, E.; MALTA, M. M.; SANTOS, R. G. Medidas de tensão superficial pelo método de contagem de gotas: descrição do método e experimentos com tensoativos não-iônicos etoxilados. Química Nova, v. 32, n. 1, p. 223-227, 2009. https://doi.org/10.1016/j.heliyon.2022.e09902 46 CAPÍTULO 3 – ADJUVANTES EM CALDAS HERBICIDAS INTERFERE NO CONTROLE DE APAGA-FOGO (Alternanthera tenella) E PÉ-DE-GALINHA (Eleusine indica)? RESUMO – A apaga-fogo e o pé-de-galinha são espécies que interferem no desenvolvimento e rendimento da cultura do amendoim, que possui baixa capacidade competitiva. O controle dessas espécies invasoras tem sido realizado basicamente com a pulverização de herbicidas, frequentemente utilizando combinações de grupos químicos em busca de controlar maior quantidade de espécies que compõem a comunidade infestante. Visando avaliar opções eficientes e econômicas para a aplicação, objetivou-se neste estudo avaliar como os adjuvantes adicionados à calda de herbicidas interferem no controle de apaga-fogo e pé-de-galinha. Este estudo avaliou os parâmetros de cobertura, depósito de calda e controle de plantas daninhas. O herbicida A (bentazona + imazamoxi) teve melhor controle de A. tenella. Por outro lado, o herbicida T (quizalofope-p-etílico) apresentou maior controle de E. indica. A mistura de A + T (bentazona + imazamoxi + quizalofope-p-etílico) apresentou maior redução da massa de matéria seca de ambas as plantas daninhas. Portanto, conclui-se que a adição de adjuvantes às caldas fitossanitárias melhora as características das caldas fitossanitárias e auxiliam no controle de plantas daninhas. Palavras-chave: eficiência, controle químico, amendoim, manejo, mistura em tanque. 47 DO ADJUVANTS IN HERBICIDE SOLUTIONS INTERFERE WITH THE CONTROL OF Alternanthera tenella (JOYWEED) AND Eleusine indica (GOOSEGRASS)? ABSTRACT – Joyweed and goosegrass are species that interfere with the development and yield of peanut crops, which have low competitive ability. Control of these invasive species has primarily relied on herbicide spraying, often using combinations of chemical groups to target a broader spectrum of weed species within the infestation. This study aimed to evaluate efficient and cost- effective options for application by assessing how adjuvants added to herbicide solutions affect the control of alligator weed and goosegrass. Parameters such as coverage, spray deposition, and weed control were evaluated. Herbicide A (bentazon + imazamox) showed superior control of Alternanthera tenella, whereas herbicide T (ethyl quizalofop-p) demonstrated great