UNIVERSIDADE PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO PPGDESIGN – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESIGN MÁRCIA LUIZA FRANÇA DA SILVA DESIGN DE SUPERFÍCIES: POR UM ENSINO NO BRASIL Bauru, SP 2017 UNIVERSIDADE PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO PPGDESIGN – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESIGN MÁRCIA LUIZA FRANÇA DA SILVA DESIGN DE SUPERFÍCIES: POR UM ENSINO NO BRASIL Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós- Graduação em DESIGN da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, como requisito à obtenção do Título de Doutor em Design – Área de Concentração: Planejamento do Produto. Orientadora: Profa. Dra. Marizilda dos Santos Menezes. Co-orientador: Prof. Dr.José Olimpio Pinheiro Bauru, 2017 DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO UNESP – BAURU Silva, Márcia Luiza França da. Design de Superfícies: por um ensino no Brasil / Márcia Luiza França da Silva, 2017 337 f.: il. Orientador: Marizilda dos Santos Menezes Tese (Doutorado)–Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Bauru, 2017 1. Ensino do Design. 2. Competências do Design de Superfícies. 3. Interdisciplinaridade do Design de Superfícies. 4. Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação. II. Título. MÁRCIA LUIZA FRANÇA DA SILVA DESIGN DE SUPERFÍCIES: POR UM ENSINO NO BRASIL BANCA EXAMINADORA Profa. Dra. Marizilda dos Santos Menezes Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP Orientadora Prof. Dr. Roberto Alcarria do Nascimento Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP Prof. Dr. José Carlos Plácido da Silva Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP Profa. Dra. Reinilda de Fátima Berguenmayer Minuzzi Universidade Federal de Santa Maria – UFSM Prof. Dr. Ricardo Mendonça Rinaldi Instituto de Ensino Superior de Bauru - IESB Bauru, SP - 2017 Às minhas filhas Cacá França e Raquel França, também designers… Ao meu pai João e à minha mãezinha Ruth... “Normalmente, caminhamos pela vida sem prestar muita atenção à infinita variedade de padrões e motivos decorativos que encontramos em nosso entorno, em tecidos e papéis de parede, em edificações e móveis, em serviços de mesa e caixas - em quase todo o artigo que não seja expressamente de estilo e funcional [...] deriva algo de seu apelo à ausência de decoração, que esperamos, ou esperávamos antigamente ver por toda a parte. [...] Nós os tomamos por fundo e raramente paramos para analisar sua complexidade. Ainda mais raramente nos perguntamos do que se trata e porque a humanidade sentiu essa necessidade universal de dispender vastas quantidades de energia em cobrir coisas com pontos e volutas, padrões axadrezados ou florais.” Ernest Hans Gombrich (2012:vii) Agradecimentos Ao meu mestre, nosso Pai Maior, sempre presente em todos os momentos de minha vida, nutrindo-me de paz e serenidade para enfrentar os meus desafios. À espiritualidade amiga, que me fornece, em todos os instantes, os recursos necessários para o meu equilíbrio, o discernimento e a certeza de que o caminho que me espera é o melhor! À Profa. Dra. Marizilda dos Santos Menezes, grande companheira de pesquisa e de momentos diversos durante o doutoramento, dona de uma particular orientação que nos norteia sempre! Muito obrigada Professora! Ao Prof. Dr. José Olympio Pinheiro, pela co-orientação, amizade e simpatia. À coordenação, aos funcionários e professores do Programa de Pós-graduação da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, pelo atendimento às minhas demandas. Aos professores da banca examinadora pela disponibilidade e contribuições. À Profa. Dra. Reinilda de Fátima Berguenmayer Minuzzi pela disponibilidade durante a fase de coleta de dados na Universidade Federal de Santa Maria, que me acolheu com profissionalismo e compreensão, e efetiva orientação sobre os meus trabalhos. À Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, pelas condições de término de minha tese, especialmente às bibliotecárias Márcia Meireles de Melo Diniz, Jane Rodrigues Guirado e Juliana Rodrigues Pereira. À Emily Carr University of Art and Design, principalmente nas figuras dos Prof. Justin Novak e Paul Mathieu pela recepção e cooperação. À Profa.Dra. Mariana Menin, pela disponibilidade e colaboração em me fornecer dados importantes para minha tese. Ao amigo Lucas Farinelli Pantaleão, companheiro das jornadas e aventuras, de viagens, estudos, discussões, amizade, espiritualidade e concursos. À minha irmã Cláudia França, pela presença, colaboração e amizade nos momentos mais difíceis. À Andrea Arantes, pela positividade e direcionamento do meu equilíbrio. Às amigas Mari Patuelli, Carmen Pagliuso e Valana Ferreira pelos incentivos e momentos divertidos. Aos amigos Wilton Duarte e Lucimar Guimarães, pela colaboração e madrugadas de trabalho. À Clarissa França e Alessandro Toloczko, na colaboração do projeto gráfico da minha tese. À minha mãe, Ruth e aos meus irmãos pela compreensão do meu isolamento. Aos meus amigos que sempre torceram por mim, especialmente Glaucinei Rodrigues Correa, Fernando José da Silva, Daniel Gervásio e Jorcilene Nascimento. Por fim, não menos importante, mas de grande significado, ao meu querido Kenneth John Baker pelo carinho, amor e companheirismo nos dois últimos anos. RESUMO O Design de Superfícies (DS), proposto como especialidade do Design em 2005, ainda não possui curso específico em graduação. Esta tarefa está atualmente ao encargo de cinco especializações na região sul-sudeste do Brasil. Ao propor o Design de Superfícies como uma especialidade, o CNPq veio sistematizar um conjunto de saberes difundidos em técnicas diversas, com este título que, no plural, agrega todas as superfícies diversas de suportes também diversos. O objetivo desta pesquisa foi o de propor premissas para formação de disciplinas em Design de Superfícies, constituindo-se numa análise da situação de seu ensino no país. A metodologia utilizada deu-se nas seguintes etapas: a) tomar ciência do que vem a ser o Design de Superfície, sua trajetória histórica e conceituações até suas áreas de atuação; b) a detecção do estado da arte do ensino do DS no país, o que permitiu vislumbrar a situação dos cursos técnicos, graduação e pós- graduação; c) a realização de uma pesquisa bibliométrica, que possibilitou conhecer o universo de publicações acadêmicas no Design e a contribuição do DS; d) O estudo de caso da Especialização em Design de Superfícies da UFSM, já com 27 anos de existência, completando 14 edições, num total de 118 trabalhos acadêmicos que permitiu o acesso a importante acervo, além de uma grade curricular que colaborou para embasar os trabalhos; e) O delineamento de um perfil para um graduado em Design, cujas competências vão ao encontro das questões abordadas nos conceitos do Design de Superfície. Tais etapas permitiram a percepção da existência de áreas interdisciplinares, como as Artes Visuais, o Design Gráfico, o Design de Moda, Design de Produto, dentre outras, fazendo uso dos cadastros governamentais e-MEC e PRONATEC, além dos sites de instituições e uma participação tímida na produção intelectual respectiva ao DS (3,5% do montante pesquisado). Igualmente, conseguiu-se um alinhamento que permitiu traçar as competências e habilidades de um designer de superfícies, além das disciplinas, ementas e laboratórios, entendendo-se que a hipótese tem então, sua aceitação. Mesmo que existam lacunas no ensino superior, elas podem ser reduzidas com metodologias construtivistas para integrar interdisciplinaridade do DS. Nesta visão, são três as formas de se desenvolver as competências, a do SABER, SABER FAZER e SABER SER. Baseada no processo projetual híbrido de Rinaldi, na conclusão, as competências puderam demonstrar sua interdisciplinaridade, ficando como competências fundamentais, específicas, representacionais, projetuais e relacionais do Design de Superfícies. Palavras-chave: ensino do Design, competências do Design de Superfícies, habilidades do Design de Superfícies, interdisciplinaridade do Design de Superfícies. ABSTRACT Surfaces Design (DS), proposed as a Design specialty in 2005, does not have yet a specific undergraduate course. This task is currently in charge of five Specialization Courses in the South-southeast region of Brazil. In proposing Surfaces Design as a specialty, CNPq came to systematize a set of knowledge diffused in different techniques. This title, in plural, aggregates all the diverse surfaces and supports. The aim of this research was to propose premises for the formation of subjects in Surfaces Design, constituting an analysis of the situation of its teaching in the country. The methodology used occurred in these following steps: a) to become aware of what Surfaces Design is, its historical trajectory and conceptualizations up to its areas of action; b) the detection of the condition of teaching the DS in the country, which allowed to glimpse the situation of technical, undergraduate and postgraduate courses; c) the carrying out of a bibliometric research, which allowed to know the universe of academic publications in the Design and the contribution of the DS; d) the case study of the Specialization in Surface Design of UFSM, which has been in existence for 27 years, completing 14 editions, in a total of 118 academic papers that allowed access to an important collection, as well as a curriculum that collaborated to support the works; e) the design of a profile for a graduate in Design, whose competencies meet the issues addressed in the concepts of Surfaces Design. These stages allowed the perception of interdisciplinary areas, such as Visual Arts, Graphic Design, Fashion Design, Product Design, among others, making use of e-MEC and PRONATEC government registries, as well as institutional websites, timely participation in the intellectual production of DS (3.5% of the amount surveyed). Likewise, an alignment was achieved that allowed to draw the skills and abilities of a surface designer, besides the disciplines, menus and laboratories, by understanding that the hypothesis then has its acceptance. Even if there are gaps in higher education, they can be reduced with constructivist methodologies to integrate DS interdisciplinarity. In this view, there are three ways to develop the skills: KNOWING, KNOWING DO and KNOWING TO BE. Based on Rinaldi's hybrid design process, in the conclusion, the competencies were able to demonstrate their interdisciplinarity, becoming fundamental, specific, representational, design and relational skills of Surface Design. Keywords: Design teaching, Surface Design competencies, Surface Design skills, Surface Design interdisciplinarity. SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS LISTA DE QUADROS LISTA DE TABELAS LISTA DE APÊNDICES LISTA DE ANEXOS LISTA DE ABREVIATURAS 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................26 1.1.A Pesquisa . ..................................................................................................................................30 1.1.1. Quanto à Metodologia Científica ............................................................................................34 1.1.2. Métodos ..................................................................................................................................35 1.1.3. Materiais ..................................................................................................................................35 1.1.4. Etapas Metodológicas .............................................................................................................36 1.1.4.1. Estudos sobre o Design de Superfícies ................................................................................36 1.1.4.2. Estado da Arte do ensino do Design de Superfícies no Brasil .............................................36 1.1.4.3. Pesquisas já desenvolvidas ...................................................................................................38 1.1.4.4. Estudo de caso – A Especialização em Design de Superfície da UFSM ...............................39 1.1.4.5. Premissas para formatação de disciplinas ...........................................................................39 1.2. A Tese .............................................................................................................................. ............41 2. SOBRE O DESIGN DE SUPERFÍCIES .................................................................................................44 2.1. Conceituações Iniciais ................................................................................................................48 2.2. Marco Histórico ..........................................................................................................................53 2.2.1. Ornamento ..............................................................................................................................63 2.3. Superfície – Elementos Configurativos ......................................................................................69 2.3.1. Abordagens Projetuais ............................................................................................................71 2.3.1.1. Abordagem Representacional .............................................................................................71 2.3.1.2. Abordagem Constitucional ..................................................................................................79 2.3.1.3. Abordagem Relacional .........................................................................................................83 2.4. Processos Multifacetados ..........................................................................................................85 2.5 – Estamparia ................................................................................................................................88 2.5.1. Superfícies Planificáveis ..........................................................................................................90 2.5.2. Superfícies Não Planificáveis ...................................................................................................92 2.6. Percepção das Superfícies .........................................................................................................95 2.7. Design e Emoção ......................................................................................................................100 2.8 - Aplicações e/ou áreas de Atuação ..........................................................................................105 2.9. Apontamentos ..........................................................................................................................109 3.O ENSINO DO DESIGN DE SUPERFÍCIES .......................................................................................112 3.1. Cursos Técnicos e Profissionalizantes ......................................................................................114 3.1.1. PRONATEC .............................................................................................................................115 3.1.2. SENAI e SENAC ......................................................................................................................116 3.2. Educação Superior ....................................................................................................................123 3.2.1. Graduação .............................................................................................................................124 3.2.2. Pós-graduação .......................................................................................................................137 3.2.2.1. Lato sensu ...........................................................................................................................138 3.2.2.2. Stricto sensu .......................................................................................................................143 3.3. Propagação e Difusão ..............................................................................................................149 3.4. Apontamentos ......... ................................................................................................................151 4. REFERENCIAIS ACADÊMICOS .......................................................................................................154 4.1. Pós-graduação ..........................................................................................................................157 4.2. Artigos em Anais de Congressos ..............................................................................................160 4.2.1. CIMODE .................................................................................................................................160 4.2.2. Colóquio de Moda .................................................................................................................161 4.2.3. P&D ........................................................................................................................................164 4.3. Artigos em periódicos ...............................................................................................................165 4.4. Apontamentos ..........................................................................................................................167 5. ESTUDO DE CASO: A ESPECIALIZAÇÃO EM DESIGN DE SUPERFÍCIE DA UFSM ..........................170 5.1. Apontamentos ..........................................................................................................................184 6. PREMISSAS PARA FORMATAÇÃO DE DISCIPLINAS ......................................................................187 6.1. Das competências e habilidades ..............................................................................................191 6.2. Pesquisa com professores ........................................................................................................197 6.3. Caderno de Referências ...........................................................................................................202 6.3.1. Formando o SABER ................................................................................................................202 6.3.2 . Aplicando o SABER ................................................................................................................203 Competências para os Fundamentos do Design de Superfícies .....................................................204 Competências de áreas de aplicação do DS ...................................................................................211 Área: Design de Superfície Têxtil e afins .........................................................................................211 Área: Design de Superfície Cerâmico e afins ..................................................................................215 Área: Design de Superfície em Papéis e outras superfícies ............................................................219 Área: Design de Superfície aplicado em Produtos, Novas Tecnologias e Materiais ......................223 Competências Representacionais, Projetuais e Relacionais ..........................................................227 Competências Projetuais ..................................................... ............................................... ............233 Competências Relacionais ...............................................................................................................235 7. CONCLUSÕES ...............................................................................................................................241 REFERÊNCIAS....................................................................................................................................246 APÊNDICES .......................................................................................................................................258 ANEXOS ............................................................................................................................................262 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Estrutura da tese................................................................................................................33 Figura 2 – Fluxo Metodológico da coleta de dados de cursos e escolas...........................................38 Figura 3 - Diagrama do desenho curricular das propostas para o ensino do DS .............................39 Figura 4 - Diagrama para formação de premissas para os laboratórios para o ensino do DS .........40 Figura 5 – Capa do livro "Geometry of Pasta" ...................................................................................47 Figura 6 - Linha do tempo do Design de Superfícies ........................................................................54 Figura 7 - Pintura Rupestres ..............................................................................................................55 Figura 8 - Colar peruano ....................................................................................................................56 Figura 9 - Incensário de três pés .......................................................................................................57 Figura 10 - Pintura de Bertram de Minden .......................................................................................57 Figura 11 - Cilindro metálico e cilindro em madeira para estamparia de tecidos ...........................58 Figura 12 - Pantógrafo sobre placas metálicas para gravação de desenhos para tecidos ..............58 Figura 13 - Conjunto de chá de porcelana Wedgood ........................................................................59 Figura 14 - Tapeçaria Annie Albers ....................................................................................................61 Figura 15 - Glass pitcher e jarra com relevo de tulipas ....................................................................63 Figura 16 - Automóvel utilitário “food truck” com aplicação vinílica padrão azulejo ......................66 Figura 17 - Poltronas Marcel Breuer .................................................................................................68 Figura 18 – “Cisnes”, Escher, 1956 ....................................................................................................70 Figura 19 - Abordagens para a análise constituinte de um objeto ..................................................71 Figura 20 - Chaleira Michael Graves, 1985 .......................................................................................73 Figura 21 - Poltrona Slice, Mathias Bengston, 1999 .........................................................................74 Figura 22 - Cuba em corian, mesa Essey Grand Illusion table, John Brauer ....................................75 Figura 23 - Corpetes Moldados .........................................................................................................76 Figura 24 - Superfície-objeto: fluxo de interação entre superfície, volume e objeto ......................77 Figura 25 - Sandálias Melissa, por irmãos Campana .........................................................................77 Figura 26 - Peças em macramé .........................................................................................................78 Figura 27 - Superfície-envoltório: fluxo de interação entre superfície, volume e objeto ................78 Figura 28 - Superfície-envoltório .......................................................................................................79 Figura 29 - Representação gráfica de veios de lâmina de madeira em laminados melamínicos ....80 Figura 30 - Cadeira Guest Chair (Aerdyn) .........................................................................................81 Figura 31 - Porcelanato padrão madeira aplicado na cozinha .........................................................82 Figura 32 - Vestido em tecido e canudos plásticos, e blusa regata em impressão 3D ....................83 Figura 33 - Superfícies com interações temporais, experienciais e materiais .................................84 Figura 34 - Interface de superfícies entre meios heterogêneos .............................................................84 Figura 35 - Processo multifacetado de Rinaldi ..................................................................................86 Figura 36 - Cadeira DKR Charles and Ray Eames e cadeira de estudo de caso de Rinaldi (2013) ...87 Figura 37 - Elementos que compõem uma superfície ......................................................................89 Figura 38 - Classificação de superfícies quanto ao tipo de geratriz .................................................89 Figura 39 - Lata de alumínio com superfície planificável e não planificável ....................................90 Figura 40 - Caixa hexagonal com visor e sua planificação ................................................................90 Figura 41 - Croqui de planificação e mesa Pétala, Jorge Zalszupin ..................................................91 Figura 42 - Embalagens com superfícies cônicas e cilíndricas ..........................................................92 Figura 43 - Lei da Continuidade .........................................................................................................92 Figura 44 - Contiguidade – desenhos de linhas ................................................................................93 Figura 45 - Superfícies planificáveis e não planificáveis ...................................................................93 Figura 46 - Embalagens expandidas Nestlé ......................................................................................94 Figura 47 - Diagrama da percepção e a representação gráfica dos objetos ....................................96 Figura 48 – Percepção de materiais diversos aplicados em locais inusitados .................................97 Figura 49 – Assento Konstantin Grcic ...............................................................................................97 Figura 50 - Padrões amadeirados de porcelanato 600 x 600 mm ....................................................98 Figura 51 – Escala espacial das texturas e percepções sensoriais ...................................................99 Figura 52 - Estruturas cerebrais para o Design Emocional, Norman (2008) ..................................102 Figura 53 – Mesa interativa Museu da Língua Portuguesa ............................................................104 Figura 54 – Sofá Boa – Irmãos Campana ........................................................................................104 Figura 55 - Universos do Design Gráfico .........................................................................................106 Figura 56 – Relações de objetos de trabalho do Design sob a ótica do Design de Superfícies .....107 Figura 57– Relação de palavras-chave para busca de dados ........................................................113 Figura 58 – Gráfico de Aplicações relacionadas ao Design de Superfícies por região e PRONATEC ......................................................................................................................................................... 120 Figura 59 – Gráfico Geral de Aplicações relacionadas ao Design de Superfícies ...........................120 Figura 60- Mapa brasileiro de ocorrências de cursos técnicos e profissionalizantes relacionados ao DS .....................................................................................................................................................123 Figura 61 – Diagrama dos níveis de educação superior .................................................................124 Figura 62 – Gráfico das Modalidades de cursos de graduação multidisciplinares ao Design .......126 Figura 63 - Gráfico Quantitativo de cursos tecnológicos à distância e presenciais .......................127 Figura 64 – Gráfico da Distribuição dos cursos de graduação multidisciplinares ao DS, por regiões brasileiras .........................................................................................................................................128 Figura 65 - Gráfico da maior distribuição entre Estados, por ensino interdisciplinar ao DS ........129 Figura 66 - Gráfico da distribuição de cursos no país, por décadas ...............................................130 Figura 67 - Gráfico da distribuição de cursos de graduação de acordo com sua ocorrência no Brasil ..........................................................................................................................................................133 Figura 68 - Gráfico da distribuição de ocorrências de cursos de Design e áreas afins, por regiões ................................................................................................................................134 Figura 69 - Mapa brasileiro de ocorrências de cursos de graduação relacionados ao DS ..........135 Figura 70 - Gráfico do Resumo geral de dados de cursos de graduação relacionados ao DS – 2017 …………………………………………………………………………………………………………………………………………………..136 Figura 71 - Gráfico Quantitativo de terminologias de cursos lato sensu relacionados ao DS no Brasil ................................................................................................................................................138 Figura 72 - Mapa brasileiro de ocorrências dos cursos lato sensu relacionados ao DS no Brasil ...................................................................................................... .......................................141 Figura 73 –Peça da coleção Burti – Sérgio Matos – Tesouros da Amazônia........................147 Figura 74 -. Mapa brasileiro de ocorrência de cursos stricto sensu relacionados ao DS ...............148 Figura 75 - Predominância de temas dos programas stricto sensu brasileiros em Design, 2014..149 Figura 76 - Gráfico de crescimento de mestres e doutores em design – 1994-2012 ....................156 Figura 77 - Gráfico quantitativo de aplicações em subtemas do DS na UFSM .............................159 Figura 78– Gráfico quantitativo de teses e dissertações em áreas relacionadas ao DS – 1991- 2017..................................................................................................................................................159 Figura 79 - Gráfico quantitativo de artigos publicados e relacionados ao DS nas edições do CIMODE ............................................................................................................................. ...............160 Figura 80 - Gráfico do Colóquio de Moda: evolução do número de artigos publicados – 2005-2016 ..........................................................................................................................................................162 Figura 81 - Gráfico quantitativo de artigos relacionados ao DS nas edições do Colóquio de Moda ..........................................................................................................................................................163 Figura 82 - Gráfico de totais de trabalhos publicados no P&D – 2006-2016 .................................164 Figura 83 - Gráfico dos dados gerais da pesquisa bibliométrica dos referenciais acadêmicos em DS ..........................................................................................................................................................167 Figura 84 – Capa de abertura do site institucional do curso da UFSM ..........................................170 Figura 85 - Mesa de trabalho do Polo de Design Têxtil, aplicação de serigrafia em malha ..........178 Figura 86 – Tecido plano, estampado em serigrafia ......................................................................179 Figura 87 – Gráfico do resumo de monografias por área de aplicação – Especialização em DS – UFSM ................................................................................................................................................180 Figura 88 – Gráfico de orientações de 1990 a 2014 – UFSM..........................................................181 Figura 89 – Produção acadêmica da PGDS de 1990 a 2016 ...........................................................181 Figura 90 – Estudo desenvolvido na Disciplina de Estampagem para aplicação em porta-objetos BORBO ............................................................................................................................. .................182 Figura 91 – Estudo desenvolvido na Disciplina de Estampagem para aplicação em toalhas de mesa FRUTO ............................................................................................................................. .................182 Figura 92 - Estudo desenvolvido na Disciplina de Estampagem para aplicação em almofadas COGU ..........................................................................................................................................................183 Figura 93– Grau de interação entre as disciplinas. .........................................................................189 Figura 94– Mapa mental das interdisciplinaridades do Design de Superfícies ..................191 Figura 95 – Dimensão das competências ........................................................................................192 Figura 96– Competências por ações ...............................................................................................193 Figura 97 – Processo criativo e a interação das competências do Design de Superfícies ............194 Figura 98 – Competências representacionais, projetuais e relacionais .........................................195 Figura 99 – Interação das competências das áreas de aplicação do DS ........................................195 Figura 100 - Laboratórios compartilhados com o DS .....................................................................200 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Classificação de dados coletados ...................................................................................37 Quadro 2 – Especialidades do Design, Haufle (1996)........................................................................45 Quadro 3 – Especialidades/ áreas de atuação do Design, Gomes Filho (2006) ...............................45 Quadro 4 – Agrupamento de especialidades do Design, Gomes Filho, 2006 ..................................46 Quadro 5 – Especialidades do Design possivelmente relacionadas ao DS, CNPq (2005) ................48 Quadro 6 – Agrupamento final: Gomes Filho (2006) e áreas de conhecimento CNPq (2005) ........48 Quadro 7 – Tipos de desenhos utilizados na representação gráfica ................................................71 Quadro 8 – Tipos de textura – Wong (1998) ..................................................................................100 Quadro 9 – Relação de objetos de trabalho do Design ..................................................................106 Quadro 10 – Relação alfabética das palavras-chave – brainstorming ...........................................113 Quadro 11 – Cursos Técnicos e Profissionalizantes em áreas e/ou aplicações do DS.................. 121 Quadro 12 – Relação de aplicações para o DS ...............................................................................122 Quadro 13 - Áreas relacionadas ao Design de Superfícies e suas ocorrências regionais .............134 Quadro 14- Disciplinas da Especialização em DS da USC-SP ..........................................................143 Quadro 15 - Cursos de Graduação relativos ao DS no Centro de Artes e Letras – UFSM..............137 Quadro 16 - Conceituações de técnicas métricas da informação ..................................................155 Quadro 17 – Produção científica em Design 2000-2010 ................................................................156 Quadro 18 – Grades curriculares do curso lato sensu da UFSM ........................................177 Quadro 19- Grade de disciplinas da Especialização em DS – UFSM ...............................................178 Quadro 20 - Exemplo de competências, habilidades e disciplinas no Design de Superfícies ........197 Quadro 21 – Exemplo de montagem de disciplinas usando o quadro de perguntas de Zabala e Arnau ............................................................................................................................. ................197 28 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Resumo de áreas de aplicação de cursos técnicos/profissionalizantes do PRONATEC relativos ao DS .................................................................................................................................116 Tabela 2 – Resumo de aplicações de cursos ofertados pelo SENAI relativos ao DS – Região Norte ..........................................................................................................................................................117 Tabela 3 – Resumo de aplicações de cursos ofertados pelo SENAI relativos ao DS – Região Nordeste .........................................................................................................................................117 Tabela 4 – Resumo de aplicações de cursos ofertados pelo SENAI relativos ao DS – Região Centro- Oeste ................................................................................................................................................118 Tabela 5 – Resumo de aplicações de cursos ofertados pelo SENAI relativos ao DS – Região Sudeste ..........................................................................................................................................................118 Tabela 6 – Resumo de aplicações de cursos ofertados pelo SENAI relativos ao DS – Região Sul..118 Tabela 7 – Resumo de aplicações de cursos ofertados pelo SENAC relativos ao DS – Brasil ........131 Tabela 8 – Relação de cursos de graduação identificados no e-MEC por região ..........................169 Tabela 9 - Relação de cursos de graduação reunidos por semelhança de terminologia...............132 Tabela 10 - Distribuição de ocorrências de cursos de Design e áreas afins, lato sensu, por regiões ..........................................................................................................................................................139 Tabela 11 – Resumo de agrupamento das ocorrências dos cursos lato sensu por terminologias....................................................................................................................................140 Tabela 12 - Ocorrências de programas stricto sensu relacionados ao DS no país, 2017 ..............144 Tabela 13 - Programas stricto sensu em Design no Brasil, por regiões ..........................................146 Tabela 14 - Quantitativo de produção do CIMODE das instituições de ensino superior ...............61 29 LISTA DE APÊNDICES A – RELAÇÃO DE CURSOS TÉCNICOSE PROFISSIONALIZANTES PRONATEC RELATIVOS AO DS ....258 B – CURSOS OFERTADOS PELO SENAI RELATIVOS AO DS – REGIÃO NORTE – BRASIL ................ 259 C - CURSOS OFERTADOS PELO SENAI RELATIVOS AO DS – REGIÃO NORDESTE – BRASIL .......... 260 D - CURSOS OFERTADOS PELO SENAI RELATIVOS AO DS – REGIÃO CENTRO-OESTE – BRASIL ... 261 E - CURSOS OFERTADOS PELO SENAI RELATIVOS AO DS – REGIÃO SUDESTE – BRASIL ...............262 F - CURSOS OFERTADOS PELO SENAI RELATIVOS AO DS – REGIÃO SUL – BRASIL ........................263 G - CURSOS OFERTADOS PELO SENAC RELATIVOS AO DS –BRASIL ...............................................264 H – RESUMO DE APLICAÇÕES RELACIONADAS AO DS POR ESTADO ............................................ 265 I – RELAÇÃO DE CURSOS LATO SENSU RELACIONADOS AO DS AGRUPADOS POR SEMELHANÇA DE TERMINOLOGIA ............................................................................................................................. 266 J – PROPAGAÇÃO E DIFUSÃO DO DESIGN DE SUPERFÍCIES ......................................................... 269 K – TESES E DISSERTAÇÕES EM DS NO BRASIL ............................................................................ 272 L – QUADRO DE TRABALHOS RELACIONADOS AO DS NOS EVENTOS DO CIMODE ......................281 M – QUADRO DE TRABALHOS RELACIONADOS AO DS NOS EVENTOS DO COLÓQUIO DE MODA ........................................................................................................................................................284 N – QUADRO DE TRABALHOS RELACIONADOS AO DS NOS EVENTOS DO P&D ...........................291 O – DADOS BIBLIOGRÁFICOS REFERENTES À REVISTA ESTUDOS EM DESIGN .............................298 P – DADOS BIBLIOGRÁFICOS REFERENTES À REVISTA DESIGN E TECNOLOGIA DA UFGRS .........299 Q – DADOS BIBLIOGÁFICOS REFERENTES À REVISTA EDUCAÇÃO GRÁFICA .................................300 R – DADOS BIBLIOGÁFICOS REFERENTES À REVISTA PROJÉTICA ..................................................303 S – QUESTIONÁRIO ONLINE PARA ENTREVISTA COM PROFESSORES ...........................................304 T – DADOS BIBLIOGRÁFICOS DO QUARTO CAPÍTULO ...................................................................308 LISTA DE ANEXOS ANEXO A – REVISÃO DA Tabela DE ÁREAS DO CONHECIMENTO SOB A ÓTICA DO DESIGN ..........335 ANEXO A – DOCUMENTO DE APROVAÇÃO DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO DE ESTAMPARIA .....337 30 LISTA DE ABREVIATURAS ABEPEM ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS E PESQUISA EM MODA AEND-BR ASSOCIAÇÃO DE ENSINO E PESQUISA E NÍVEL SUPERIOR DE DESIGN DO BRASIL CAHD CONFERENCE ON AFFECTIVE HUMAN FACTORS CAL CENTRO DE ARTES E LETRAS - UFSM CAPES COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR CC CONCEITO DE CURSO CESAR CENTRO DE ESTUDOS E SISTEMAS AVANÇADOS DE RECIFE CI CONCEITO INSTITUCIONAL CIMODE CONGRESSO INTERNACIONAL DE MODA E DESIGN CNPq CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO CPC CONCEITO PRELIMINAR DE CURSO DP DESIGN DE PRODUTO DS DESIGN DE SUPERFÍCIES EAUFMG ESCOLA DE ARQUITETURA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS EBAUFMG ESCOLA DE BELAS ARTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS e-MEC CADASTRO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR, DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO ENADE EXAME NACIONAL DE DESEMPENHO DOS ESTUDANTES ESDI ESCOLA SUPERIOR DE DESENHO INDUSTRIAL ESPM ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING FAAC-UNESP FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO – CAMPUS BAURU FAAP FUNDAÇÃO ARMANDO ÁLVARES PENTEADO FACULDADE SATC FACULDADE DA ASSPCIAÇÃO BENEFICENTE DA INDÚSTRIA CARBONÍFERA DE SANTA CATARINA FEEVALE-RS CENTRO UNIVERSITÁRIO FEEVALE – FEDERAÇÃO DE ESTABELECIMENTO DE ENSINO SUPERIOR EM NOVO HAMBURGO – VALE DOS SINOS, RS FENIT-RJ FEIRA NACIONAL DA INDÚSTRIA TÊXTIL – RIO DE JANEIRO FIB-SP FACULDADES INTEGRADAS DE BAURU-SP FUMEC UNIVERSIDADE DA FUNDAÇÃO MINEIRA DE EDUCAÇÃO E CULTURA IED-SP ISTITUTO EUROPEO DI DESIGN – SÃO PAULO IESB INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE BAURU, SP IGC ÍNDICE GERAL DE CURSOS IMED FACULDADE MERIDIONAL MASP MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO MBA MASTER BUSINESS ASSOCIATION MEC MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO MIC MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA E DO COMÉRCIO NDE NÚCLEO DOCENTE ESTRUTURANTE NDS-UFRGS NÚCLEO DE DESIGN DE SUPERFÍCIE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL P&D CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM DESIGN PIQ-EG PROGRAMA DE INOVAÇÃO E QUALIDADE NO ENSINO DE GRADUAÇÃO PPC DESIGN PROJETO PEDAGÓGICO DE CURSO DE DESIGN DA EAUUFMG 31 PPC DESIGN DE MODA PROJETO PEDAGÓGICO DE CURSO DE DESIGN DE MODA DA EBAUFMG PPGART PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES VISUAIS PRONATEC O PROGRAMA NACIONAL DE ACESSO AO ENSINO TÉCNICO E EMPREGO PUC-RJ PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA – RIO DE JANEIRO PV PROGRAMAÇÃO VISUAL REUNI PROGRAMA DE APOIO A PLANOS DE REESTRUTURAÇÃO E EXPANSÃO DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS RISD-EUA RHODE ISLANDS SCHOOL OF DESIGN – ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA SDA SURFACE DESIGN ASSOCIATION SE SUPERFÍCIE ENVOLTÓRIO SENAC SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL SENAI SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL SENAI-CETIQT SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - CENTRO DE TECNOLOGIA DA INDÚSTRIA QUÍMICA E TÊXTIL, RJ SENAR SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL SENAT SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM DO TRANSPORTE SO SUPERFÍCIE OBJETO SOCIESC SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA TAU DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO DA EAUFMG UAM UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI UDESC UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA UEM UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ UEMG UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS UERJ UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO UFAM UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS UFCG UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE UFES UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFJF UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA UFMA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO UFMG UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS UFPB UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UFPE UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO UFPR UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ UFRGS UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL UFRN UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE UFSC UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA UFSM UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA, RS UnB UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNESP UNIVERSIDADE PAULISTA JULIO DE MESQUITA FILHO UNICEUB CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA UNIFATEA CENTRO UNIVERSITÁRIO TERESA D´ÁVILA UNIFEBE CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRUSQUE UNIMEP UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA 32 UNIRITTER CENTRO UNIVERSITÁRIO RITTER DOS REIS UNISINOS UNIVERSIDADE DO VALE DOS SINOS UNIVALI UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVILE UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE JOINVILE, SC UPM UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE USC-SP UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO, BAURU, SP USJT UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USP UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO USP/SC UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO/ SÃO CARLOS 33 25 26 1. INTRODUÇÃO O Design de Superfícies (DS) é uma especialidade do Design proposta pelo Comitê Assessor de Design do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), em 2005, na revisão da Tabela de Áreas do Conhecimento (CNPq, 2005, p.4). Na presente pesquisa, esta autora optou por grafá-lo no plural: Design de Superfícies, tal como está disposto no documento1. Além disso, verifica-se o seu uso generalizado no singular, denotando-o como tal, quando se faz referência a algumas técnicas manuais de gravação de imagens, em um dado suporte (serigrafia, por exemplo)2. Há também a questão de, ao se falar em Design de Superfícies, estão sendo abordadas, não apenas uma superfície, mas várias em suportes diversos. Talvez, este seja o ponto mais importante. Portanto, em toda a tese, para referenciar o DS genericamente, será no plural. Ao se descrever suas aplicações, isoladamente, poderá ser antecedida do singular, quando se achar necessário. E em se tratando do profissional será denominado como designer de superfícies. Renata Rubim, uma profissional que se declara responsável por trazer ao Brasil o termo “Design de Superfície” nos anos de 1980, descreve que ele é normalmente usado para designar projetos desenvolvidos por designers, no que tange ao tratamento de uma superfície, sendo esta industrial ou manufaturada. Registra-se a existência da Surface Design Association (SDA), uma associação que reúne profissionais, publicações diversas e eventos. (RUBIM, 2010, p.21). De acordo com ela, um surface designer, projeta “superfícies têxteis, superfícies cerâmicas, de vidro, de borracha, de metal, etc.” (RUBIM, 2008, p.87). No Brasil o DS é relacionado à sua origem têxtil ou de estamparia para tecidos. Desse modo, ele tem uma relação próxima à Moda, principalmente na impressão de estampas em tecidos, tanto para o vestuário quanto para a decoração de interiores. Destaca-se que uma boa parcela de cursos em diferentes modalidades ofertadas no país está disposta neste segmento. Mas, de acordo com as pesquisas de Schwartz (2008) e Rinaldi (2013), estas relações vêm se diversificando, dando novas possibilidades de atuação do DS, em equipes interdisciplinares. 1 No Anexo A consta o documento da Tabela de Áreas do Conhecimento, sob a ótica do Design, e no qual se propõe o DS como especialidade do Design. 2 Serigrafia tem sua origem grega – seri (seda) e grafia (escrever ou desenhar). Também chamada de silk- screen ou impressão à tela, atualmente em poliéster ou nylon. É uma técnica de impressão, no qual a tinta é forçada para o substrato abaixo dela. 27 Moura (2012, p. 1897), baseada na Tabela de Áreas de Conhecimento de 2011, descreve estas possibilidades de proximidade: [...] podemos perceber a existência de 4 (quatro) grupos que apresentam nitidamente as interfaces entre a moda e o design, conforme seguem: 1. O grupo de Design Têxtil e de Vestuário reúne trabalhos de design de moda, design de joias, design têxtil, design de superfície para indústria têxtil e similares; 2. O grupo de Design de Produtos reúne trabalhos de design, materiais e processos de fabricação, design de mobiliário e similares; 3. O grupo de Design Sustentável reúne trabalhos de design e sustentabilidade; design, materiais e processos de fabricação, ecodesign e similares; 4. O grupo de Design para Ambientes Construídos reúne trabalhos para design de interiores, design e ambiente construído, design e arquitetura, design e urbanismo e similares; Torna-se interessante observar a existência de um quinto grupo - “Design para Meios Eletrônicos e Digitais que reúne trabalhos de design de interface digitais; design de processos interativos e imersivos; design de redes; design de jogos; design de movimentos e similares” (MOURA, 2012, p. 1897). Esta área (Design de Jogos) vem se tornando um considerável expoente e possui relações com o Design de Superfícies. Entende-se, por exemplo, hoje a tesselação3 como uma importante técnica difundida nos processos digitais, para formação de texturas em objetos variados, personagens e cenários de jogos. Vê-se que esses grupos, compilados por Moura, estabelecem relações intrínsecas a muitas especialidades que, uma vez, ao se observar metodologias de desenvolvimento de produtos, percebe-se uma sequência, em que não podem ser vistas separadamente. Isto pode indicar possíveis caminhos futuros para o Design de Superfícies, uma vez que aborda tratamento de superfícies diversas, podendo estar inseridas, cada uma, nas especificações destes grupos. A partir dos anos de 1990, o curso lato sensu – “Especialização em Design para Estamparia”, e hoje denominado “Especialização em Design de Superfície”, da Universidade Federal de Santa Maria, RS (UFSM), tem quatro linhas de pesquisa, de acordo com suas aplicações: Design de Superfície Têxtil e afins, Design de Superfície Cerâmico e afins, Design de Superfície em Papéis e outras superfícies, e Design de 3 Tesselação é um conjunto de imagens que cobre uma determinada superfície sem se sobrepor ou deixar espaço, formando uma espécie de mosaico ou padrão de repetição. Numa superfície bidimensional plana, havendo a necessidade de recobri-la, usam unidades básicas em formas de polígonos, de modo que não haja qualquer espaço entre elas. 28 Superfície aplicado a produtos, novas tecnologias e materiais. De sua criação, quando passados 16 anos, o DS é proposto como especialidade do Design, pelo CNPq, em 2005. Desde esta proposta do CNPq pouco se produziu na especialidade nestes últimos 12 anos, que conta atualmente com cinco cursos de especialização. Há outra especialização - Design em Estamparia – SENAI-CETIQT (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil, RJ), específica para a área têxtil. No entanto, na atualização de coleta de dados, neste ano de 2017, a terminologia do curso está alterada para Design e Estampas, com oferta regular prevista para o segundo semestre de 2017. Há também na mesma modalidade, Design Têxtil, Processos e Tecnologia Têxtil. Nas graduações, disciplinas eletivas introduzem o assunto. Com uma bibliografia escassa, monografias, dissertações e teses salpicadas em congressos e programas de pós- graduações em outras linhas de pesquisa, ele vem merecendo destaque entre os acadêmicos. No Brasil, um mapa elaborado de sua atuação possibilita perceber que a região Sul tem sua predominância, que já se dissemina pelo país, subindo pela região sudeste, com focos no Nordeste, Centro Oeste e Norte. As possibilidades de desenvolvimento de suportes variados aliados à criatividade incentivam novos trabalhos. O que antes era o conhecimento de técnicas artesanais, hoje exige pesquisa tecnológica, uma vez que ao se desvendar as suas abordagens, o DS não ficou restrito à simplicidade de uma técnica de impressão em um determinado suporte. O Design de Superfícies não é apenas estético. Trabalhar a superfície significa apropriar- se das metodologias projetuais do Design, das habilidades da representação gráfica e do ornamento comuns às Artes Visuais e ao Design Gráfico, das intervenções no ambiente construído pelo Design de Interiores, e também pelos estilos de identidade e individualidade dispostos no Design de Moda. Essa interdisciplinaridade tem um crescimento exponencial a cada vez que os estudos indicam caminhos mais amplos a se trilhar, como é o caso de novas tecnologias de impressão. Tendências demonstram novas facetas de suportes com desenhos variados e o aprofundamento em novos materiais. No entanto, para esse mercado de designers a academia ainda não tem uma estrutura suficiente que possa embasar os conhecimentos necessários ao desenvolvimento da atividade. Pesquisas isoladas ou ainda em desenvolvimento abrem um leque de possibilidades de investigações. A inclinação para esta pesquisa teve seu ponto de partida na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), local de trabalho desta autora, onde atua como professora assistente permanente em dois cursos (Design e Design de Moda). Na necessidade de bibliografia referente ao DS para as aulas e na verificação da inexistência do curso no estado mineiro, questionou-se a situação nos demais estados brasileiros. 29 Como docente destes cursos, tem-se o conhecimento de seus projetos pedagógicos, além da percepção das demandas e necessidades de novos conhecimentos e pesquisas. O curso de Design ocorre na Escola de Arquitetura, fora do campus Pampulha da UFMG, contrário ao curso de Design de Moda, sediado na Escola de Belas Artes. Dentre os objetivos específicos do PPC Design (Projeto Pedagógico do Curso de Graduação em Design) tem relevância para este estudo, aquele que propõe a prática do design integrado, que facilite a interação do designer com outros profissionais também da prática projetual. (UFMG-ESCOLA DE ARQUITETURA, 2011, p.15-16). A atual proposta curricular contempla o Design como: [...] atividade projetual [...] [que] tratando, portanto, de seu caráter inter e multidisciplinar, requer a interação de vários profissionais e o estabelecimento de equipes de projeto que, dependendo da área de atuação, tendem a se constituir em função de suas afinidades disciplinares e ideológicas, integrando disciplinas práticas e teóricas. A opção do curso pressupõe uma visão formadora centrada nos estudos do método de projetação de forma integrada a outros conhecimentos. Isso implica na formação de profissionais capazes de se inserir nos diversos contextos [...] com micro e macro visão dos problemas relacionados às áreas em questão, quais sejam, produto, gráfico e design para a construção. (UFMG-ESCOLA DE ARQUITETURA, 2011, p.18). (grifo nosso). O Design de Produto e o Design Gráfico são áreas amplamente consolidadas no cenário mundial. O curso de Design de Moda, também iniciado em 2009 pelo REUNI, na EBAUFMG (Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais) tem em seu PPC – Design de Moda (Projeto Pedagógico do Curso de Design de Moda) a “carência de profissionais com formação específica”, além de propor que o egresso tenha “conhecimento e sólida visão do setor produtivo da moda e do vestuário, relacionados a mercado, materiais, processos produtivos e tecnologias, abrangendo suas múltiplas ramificações”. (UFMG-ESCOLA DE BELAS ARTES, 2012, pp.18-19). Um auxílio para o cumprimento desses objetivos pode vir pela oferta de novas discussões e espaços. Considera-se que o DS pode contribuir, uma vez que o conjunto de suas particularidades, técnicas, discussões e pesquisas possa trazer para a academia, sua integração interdisciplinar característica. Mas, este pensamento não deve ficar restrito em esfera local, ainda mais se tratando de áreas de pesquisas. As investigações locais tornam-se estudos de casos, e ampliar um projeto dessa abrangência deve ser necessariamente em âmbito nacional. 30 1.1 – A Pesquisa Diante destas reflexões, há então, o questionamento da pesquisa que deve nortear este estudo. QUESTÃO DA PESQUISA A partir da constatação de que o Design de Superfícies transita entre especialidades (como o Design de Produto, Gráfico, Moda, Interiores, Construção, Artes Digitais e Visuais), apropriando-se de suas metodologias projetuais e de seus processos fabris, de conhecimentos de técnicas e de materiais, e se inserindo em outras ciências, tais como a Engenharia e a Psicologia, poderia ele possuir um espaço específico na formação acadêmica em âmbito nacional? Esta questão gera, por conseguinte uma hipótese. HIPÓTESE É possível formatar um curso ou habilitação em Design de Superfícies, tomando proveito das metodologias já dispostas em outras especialidades e ciências, levando em consideração as premissas que o colocam como um elemento “híbrido” nos caminhos diversos do Design, como um eixo articulador. JUSTIFICATIVA O Design de Superfícies, tendo poucos espaços de estudo no país, requer aprofundamentos científicos que possam ampliar e consolidar possibilidades de aplicação em suas diversas facetas. Por possuir um novo olhar de acordo com sua dimensão e suas abordagens tão bem discutidas por diversos pesquisadores, pode-se compreender que o Design e suas especialidades têm capacidades para desenvolver novas diretrizes. Não obstante, o DS não apresenta ainda, condições materializadas para concepção de disciplinas, oficinas e laboratórios em uma dimensão maior. A realidade é que muitos cursos de graduação em Design, em seu todo, têm colocado técnicas e a própria denominação como disciplinas optativas, ou sendo tema de trabalhos de conclusão de curso, pulverizados em pesquisas isoladas, às vezes equivocadas e ainda, não sendo aceito por muitos professores e pelos Colegiados. Apenas estas ações não são suficientes para fortalecer e consolidar as demandas cada vez mais abrangentes de um curso e dessa especialidade. Os cursos livres espalhados pelo país, vindos de escolas privadas ou de profissionais, ofertam igualmente aulas sobre técnicas específicas, a maioria na parte têxtil, estamparia, ilustrações e recursos digitais. Os cursos lato sensu em DS são os que possuem a maior abordagem, tratam diretamente de questões relacionadas a ele, e não da fundamentação do Design. Até o momento, no Brasil, há o registro de cinco 31 especializações, nessa denominação, na região Sudeste-Sul, uma em Design de Estampas, e por fim uma está em processo de desativação. Para isto, este questionamento a respeito de cursos em Design de Superfícies encontra em Ricardo Rinaldi um possível caminho, a partir de sua fala: Entende-se hoje que o Design de Superfície carrega consigo um novo modo de se perceber o objeto e confere aos produtos valores distintos. Um trabalho cuidadoso, que prioriza a teoria e a prática do Design, alcança novas diretrizes para a obtenção de tecnologia, sustentabilidade e estética funcional. (RINALDI, 2013, p. 2). Este trabalho cuidadoso que prioriza a teoria e a prática do Design, aqui é entendido como o estabelecimento de diretrizes para disciplinas em Design de Superfícies, que leve em consideração as premissas que o colocam como um elemento “híbrido” (RINALDI, 2013, p.35) nos caminhos diversos do Design. São várias questões envolvidas que devem ser bem planejadas e pensadas, cada qual em uma instância do processo metodológico, como aquelas da fase criativa, do estabelecimento de funcionalidades, da estruturação do projeto em sua representação gráfica e de materiais, da interface com o sujeito e o processo fabril. Como se vê, o DS se apropria das metodologias projetuais, se insere no Design e faz uso de métodos e técnicas para materializar os projetos. A Engenharia contribui com suas práticas laboratoriais e produtivas e a Psicologia tem suas inserções no Design Emocional e Sensorial. Assim, foram estabelecidos objetivos para o cumprimento desta proposta. OS OBJETIVOS OBJETIVO GERAL Este projeto de pesquisa tem, por objetivo geral, propor diretrizes para formação de disciplinas em Design de Superfícies, em âmbito nacional, com práticas acadêmicas dispostas em suas aplicações diversas. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Os objetivos específicos da pesquisa são: a) Aprofundar os estudos sobre Design de Superfícies, compreendendo esta especialidade, sua abrangência e possibilidades de contribuições ao Design; b) Verificar o estado da arte do ensino do Design de Superfícies; c) Identificar pesquisas já desenvolvidas, áreas de aplicação do DS e suas relações com os cursos ofertados no país; 32 d) Realizar o estudo de caso de curso lato sensu em “Design de Superfície”4 no Brasil; e) Propor diretrizes para formatação de disciplinas. Pretende-se nesta pesquisa, contribuir para o ensino do DS no país. Tratando de sua fundamentação teórica e relações com as especialidades do Design, procura identificar bases para formatação de disciplinas e cursos. O conhecimento do universo das ofertas atuais de diversas escolas espalhadas pelo país pode denotar vocações regionais e necessidades de processos fabris e materiais, assim como buscar pelos referenciais acadêmicos atualiza os conhecimentos na área e indica caminhos a percorrer. Na Figura 1, o caminho percorrido pela pesquisa tem sua representação. 4 Mesmo tendo sido feita a opção de grafar o DS no plural – Design de Superfícies, neste caso, grafa-se aqui a denominação específica dos cursos, todos encontrados no singular. 33 | Figura 1 - ESTRUTURA DA TESE Fonte: Elaborado por Márcia Luiza França da Silva 34 | De acordo com a questão levantada e a ser investigada, esta pesquisa tem algumas peculiaridades com relação às modalidades e metodologias de pesquisa científica. Entende-se que este estudo passa pela revisão bibliográfica, por uma pesquisa de dados pelo país, por coletas em cadastro e escolas de modo online e presencial, por estudos de casos in loco, e por verificação de documentos e catálogos imagéticos. 1.1.1. Quanto à metodologia científica De acordo com Severino (2007, p. 119-124), assim está disposta a pesquisa: a. Possui ambas as abordagens qualitativa e quantitativa, uma vez que segundo o autor, “cabe referir-se a conjuntos de metodologias, envolvendo, eventualmente, diversas referências epistemológicas.” Desse modo, poderá se verificar que a pesquisa trata de questões qualitativas em sua maior parte, uma vez que se vale de estudos e pressupostos de outros pesquisadores, principalmente, de referenciais acadêmicos sobre o Design de Superfícies, em suas discussões. Ela trata de dados quantitativos, coletados e mensurados, para compor análises, conclusões e direcionamentos, como é o caso da procura por cursos em especialidades do Design, cursos distribuídos pelo país, gráficos de comportamentos de regionalidades, mapa geográfico com predominância do DS e Design. b. Faz uso de estudo de caso. Para o autor, “o caso [...] deve ser significativo e bem representativo, de modo a ser apto a fundamentar uma generalização para situações análogas, autorizando inferências”. Assim, como se verifica a existência de cursos específicos em Design de Superfícies lato sensu, torna-se importante estudá-los como norteadores em termos de planejamentos e disciplinas, cujos dados devem ser “coletados, registrados, [...] mediante análise rigorosa, e apresentados em relatórios qualificados”. Em relação à natureza das fontes usadas para o desenvolvimento da pesquisa, a. O estudo possui um caráter bibliográfico, uma vez que utiliza registros disponíveis em livros, teses, artigos e outras informações já tratados por outros pesquisadores. Também é documental, ao fazer uso de documentos legais que comprovam datações, nomenclaturas. Observa-se que este trabalho consulta fontes que comprovam a proposição do Design de Superfícies como especialidade do Design, atos de aberturas de curso demonstrando datas para que se considerem realmente o pioneirismo de alguns, e outras notas importantes que colaboram na análise e discussão de questões pertinentes. Como pesquisa de campo, reside aí uma parte do trabalho, uma vez que in loco, recolhe informações relevantes para o trabalho. Aqui, lança-se mão de visitas técnicas em universidades, entrevistas com coordenadores de cursos e professores, acessos a acervos que são pontos importantes para formatar produtos propostos, conforme se vê na Figura 1 – Estrutura da tese. 35 | Em relação aos objetivos dispostos a. A pesquisa é exploratória, em seu campo delimitado, no qual verifica o panorama do objeto, no caso o ensino do Design de Superfícies no Brasil. É também explicativa, ao interpretar os registros coletados. 1.1.2. Métodos Os métodos operacionais utilizados são mediadores para a realização das pesquisas, e segundo Severino (2007, p. 124), eles são compostos de: a) Documentação5: todo o conjunto de informações levantadas e registradas, para análise, sendo, portanto, todos os materiais levantados para esta pesquisa. b) Entrevistas: as informações foram solicitadas aos cursos lato sensu, presenciais. O universo dos entrevistados foi composto pelos coordenadores cujos cursos estavam diretamente relacionados ao DS, por entrevista não-diretiva. c) Questionário: as questões articuladas de questionário foram com vistas a saber dos pesquisadores em Design de Superfícies sobre o estado da arte do ensino no país, seu conhecimento pelos professores e colher sugestões para a formatação de disciplinas e recursos de laboratórios. Com questões abertas e fechadas, foram feitas de modo eletrônico, enviados via e-mail. 1.1.3. Materiais Os materiais utilizados na pesquisa compreenderam:  Acervos bibliográficos físicos e online para o referencial teórico;  Acervos documentais de instituições pesquisadas;  Dados de cursos cujos estudos foram feitos isoladamente;  Cadastros do governo brasileiro, no caso o PRONATEC (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) sobre cursos técnicos e profissionalizantes, o e-MEC (Cadastro da Educação Superior, do Ministério da Educação), do qual foram retirados dados dos cursos de graduação e lato sensu, nas modalidades presencial e à distância e os dados da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) relativos aos cursos stricto sensu.  Questionário para entrevistas; 5 De acordo com Severino (2007, p. 124), documento é todo objeto (livro, jornal, estátua, escultura, edifício, ferramenta, túmulo, monumento, foto, filme, vídeo, disco, CD, etc.) que se torna suporte material (pedra, madeira, metal, papel, etc.) de uma informação (oral, escrita, gestual, visual, sonora, etc.) que nele é fixada mediante técnicas especiais (escultura, impressão, incrustação, pintura, escultura, construção, etc.). Nessa condição, transforma-se em fonte durável de informação sobre os fenômenos pesquisados. 36 |  Formulários para composição de grades curriculares, fichas bibliográficas, manual de referência.  Computador e periféricos com softwares gráficos e de cálculos para tratamento de dados quantitativos, de imagens, elaboração de peças gráficas, publicações e demais trabalhos correlatos. 1.1.4. Etapas Metodológicas Para melhor compreensão das etapas, elas estão descritas de acordo com os objetivos dispostos no capítulo introdutório. 1.1.4.1. Estudos sobre Design de Superfícies Pela pesquisa exploratória, as conceituações do DS foram revistas, cotejando os principais autores dedicados a discutir o assunto (MINUZZI, RÜTSCHILLING, RINALDI, SCHWARTZ, CARDOSO). Com base na última definição disposta por Schwartz e Neves (2009) abriu-se o pensamento sobre o DS, a princípio, como multidisciplinar e, a partir daí, conexões foram feitas com outras especialidades, ciências e áreas afins ao Design. As abordagens foram discutidas, assim como a proposta de Rinaldi (2013) sobre processos multifacetados. O marco histórico foi representado por uma linha do tempo, vislumbrando a trajetória do DS, inclusive no Brasil, bem como ações e pontos importantes de sua atuação. O ornamento foi visto historicamente e pela discussão daqueles que o estudam exaustivamente, de outros que repudiam a profusão ornamental, e de quem vem reforçá-lo, pela psicologia da arte decorativa. As aplicações do DS finalizam o atendimento ao objetivo, demonstrando as áreas de atuação de um designer de superfícies. 1.1.4.2. O estado da arte do ensino do Design de Superfícies no Brasil Para verificar o panorama, o estudo foi dividido em sua abrangência nacional, propagação e difusão. A primeira parte refere-se ao universo brasileiro e sua articulação teve um planejamento mais elaborado. Sabe-se que os estudos e bibliografias são escassos, principalmente no que diz respeito ao ensino do DS. Ainda no pensamento de Rinaldi (2013, p.36), “a especialidade destina-se a priorizar a superfície no ato projetual.” Sendo voltada ao projeto, nada mais pertinente do que pesquisar o ensino do Design, e colaborar para que as grades curriculares insiram as competências e habilidades para tal. Para verificar a questão no Brasil, a definição de critérios de seleção para os termos de procura foi feita a partir de três referências: 37 |  O DS é uma especialidade do Design. Partiu-se aqui do princípio de que as fundamentações teóricas e disciplinas relativas do Design podem fazer parte de uma grade curricular;  A Especialização lato sensu em Design de Superfície da UFSM possui quatro linhas de pesquisas aqui consideradas para realizar desdobramentos de palavras que são: Design de Superfície Têxtil e afins; Design de Superfície Cerâmico e afins; Design de Superfície em Papéis e outras superfícies, e Design de Superfície aplicado a produtos, novas tecnologias e materiais;  Foram destacadas as áreas do Design, Design Gráfico, Design de Produto, Design de Moda, Artes Visuais, Arquitetura e o próprio Design de Superfícies, sendo que em cada uma, há um efeito multiplicador de terminologias. Além disso, foi aplicado um brainstorming6, e o software utilizado para a representação gráfica foi o TAGUL7, que considera a primeira palavra digitada como a mais importante, portanto a de maior tipologia, e não necessariamente o maior número de vezes que ela foi citada. Em seguida, foram criados os instrumentos para preenchimento de dados. O uso da planilha eletrônica Microsoft Excel auxiliou na montagem deste banco. Os dados foram classificados como primários, secundários e terciários, conforme o Quadro 1: Quadro 1 - Classificação de dados coletados DADOS DESCRIÇÃO PRIMÁRIOS a) Modalidade: técnico, profissionalizante, graduação, pós- graduação; b) Terminologias existentes para os cursos em Design, especialidades e áreas afins; c) Ocorrências nas regiões do país. SECUNDÁRIOS a) Escolas ofertantes; b) Modalidades: presencial ou à distância; c) Datas; d) Produção acadêmica. TERCIÁRIOS a) Projetos pedagógicos; b) Grades curriculares; c) Resumos e arquivos pertinentes. Fonte: elaborada por Márcia Luiza França da Silva. O todo da coleta de dados gerou informações que foram tratadas em dois tempos. No capítulo três, sobre o ensino do DS no país, mostrou-se a análise de dados e sua generalidade, além da formação de um agrupamento de cursos que pôde ser norteador 6 Para esta técnica, houve a participação de 22 alunos do grupo de estudos da doutoranda, na UFMG, em Design de Superfícies, originado da disciplina optativa TAU072B – Introdução ao Design de Superfícies, em maio de 2016. 7 TAGUL. Word clouds. Disponível em http://tagul.com/create. Acesso em 13. Fev. 2017. http://tagul.com/create 38 | para o DS. Um mapa geográfico foi interessante para demonstrar as manchas de estudo do DS no país e permitir verificar as lacunas existentes. No capítulo seis, sobre as propostas para o ensino do DS, foram tratadas as questões acerca de interdisciplinaridade, competências, habilidades, currículos e disciplinas. Para melhor entendimento, na Figura 2 encontra-se o fluxo metodológico relacionado a este objetivo. Figura 2 - Fluxo Metodológico de coleta de dados de cursos e escolas Fonte: Elaborada por Márcia Luiza França da Silva. A segunda parte trata da propagação e difusão do DS. Sabendo-se de antemão da lacuna existente no ensino e publicações, a partir do Design e de suas especialidades e das áreas de aplicação já identificadas, foi feito um levantamento da Qualis Capes que pudesse estar relacionado, além de outros eventos, disponíveis na seção de Apêndices. 1.1.4.3. Pesquisas já desenvolvidas O resultado da busca do objetivo anterior sobre o ensino forneceu dados de cursos lato sensu e stricto sensu, às principais fontes de pesquisa acadêmicas, uma vez que se tem acesso, na maioria das vezes, ao acervo das instituições dos estudos já defendidos. Pela bibliometria, puderam ser identificados bibliografias, artigos e publicações relativas, no banco de teses da CAPES, nas bibliotecas depositárias, nos anais de congressos e revistas especializadas. Os dados coletados constituem as fichas catalográficas, que foram dispostas em um protótipo de site de busca. 39 | 1.1.4.4. Estudo de caso – A Especialização em Design de Superfície da UFSM Este curso, pioneiro no país, possibilitou uma pesquisa in loco, na qual puderam ser coletados dados a respeito do histórico do curso, atual configuração, ementário e o acesso às 109 monografias já defendidas. Pretende-se, após o doutoramento, organizar uma coletânea comemorativa de 27 anos de monografias e dados históricos a ser publicada, uma vez que é um trabalho meticuloso e sobrecarregaria e até mesmo prejudicaria os outros objetivos. 1.1.4.5. Premissas para formatação de disciplinas Sendo premissas para formatação de disciplinas, a abrangência é mais ampla, e exigiu uma definição das competências e habilidades. As diretrizes foram planejadas baseadas no processo multifacetado de Rinaldi (2013). A formatação obedeceu a um desenho no qual começou-se analisando o perfil do egresso ou o desejável da atuação de um designer de superfícies. Nesta definição, foram descritas as competências necessárias para que ele pudesse cumprir os objetivos do perfil. Em seguida, foram identificadas as habilidades que devem ser desenvolvidas, para que o egresso tenha as competências adequadas para sua atuação. Finalmente, foram elencadas as necessidades de formação dessas habilidades, dispostas em disciplinas. Na Figura 3, é visto o diagrama que ilustra o processo. Figura 3 - Diagrama do desenho curricular das propostas para o ensino do DS Fonte: Elaborado por Márcia Luiza França da Silva. O perfil do egresso foi obtido com base na análise do perfil das Diretrizes Nacionais Curriculares. A terminologia comum dos cursos identificados colaborou para isto, assim como as teorias propostas por Schwartz (2008) e Rinaldi (2013). Estes autores demonstram características e processos além do artesanal, com a necessidade da inserção do DS no processo ainda de concepção. Tais pressupostos, juntamente com as O DESIGN DE AZULEJOS E O DESIGN DE SUPERFÍCIES O DESIGN DE AZULEJOS E O DESIGN DE SUPERFÍCIES O DESIGN DE AZULEJOS E O DESIGN DE SUPERFÍCIES 40 | pesquisas nos cursos lato sensu permitiram nortear não somente o perfil, mas também as competências e habilidades. Tendo por fim sido montado o desenho curricular, foram compostas algumas grades curriculares como exemplos, tendo como referência as disciplinas acessadas que possibilitaram este planejamento. Para tal, foram usados formulários, nos quais o professor pode alimentar dados para compor as disciplinas. Além disso, foi feita uma pesquisa entre professores universitários. Ela foi direcionada para 22 professores de diferentes escolas públicas e particulares, conforme consta no questionário listado no Apêndice S. O objetivo maior foi saber da existência da lacuna do ensino específico do DS e que de modo ele deve ser feito, se como disciplina agregada aos cursos de Design ou não, além de fornecer indícios dos tipos de instrumentos existentes em laboratórios. A pesquisa também possibilitou verificar as modalidades das disciplinas. Para cada uma, há que se ter um procedimento, se presencial ou online ou semipresencial. As premissas para composição dos laboratórios estão ligadas ao desenho curricular. É pela compreensão do que é necessário para que se desenvolvam as habilidades e para se tenham as competências para cumprir os objetivos do perfil egresso (inversão do processo da Figura 3). Na Figura 4 este processo revertido poderá ser observado para geração de premissas. Habilidades, competências e perfil do egresso são processos já pré-definidos para este diagrama. Figura 4 - Diagrama para formação das premissas dos laboratórios para o ensino do DS Fonte: Elaborado por Márcia Luiza França da Silva. Salienta-se aqui que os resultados de todo esse processo metodológico devem contribuir para o conhecimento científico e tecnológico tanto da UFMG (berço acadêmico da autora), da UNESP (base de sua pós-graduação), da UFSM (pelo 41 | empreendimento da publicação), e de instituições ainda não contempladas com o ensino do Design de Superfícies. 1.2 – A Tese Esta tese está formatada em seis capítulos. No primeiro, nesta Introdução, estão os procedimentos metodológicos, delineando o caminho pelo qual ela propôs a pertinência do DS como ensino na área interdisciplinar do Design. No capítulo dois, apresenta-se o referencial teórico sobre o Design de Superfícies, que aborda também questões relativas ao Design. A conceituação do DS tem suas citações como forma de cotejar o pensamento dos pesquisadores até então. A última definição abordada de Schwartz e Neves (2009) é o ponto de partida para o raciocínio do que se pode pensar e discutir a respeito de um ensino do DS no Brasil. Nesta parte são abrangidos o marco histórico, a superfície, aplicações e áreas de atuação de um designer de superfícies. No capítulo três é visto um panorama do ensino do Design de Superfície. Contextualizou- se a especialidade e suas relações interdisciplinares, e em seguida, foi mapeada nos diferentes graus de ensino. Estes dados pontuam as incidências e colaboram no entendimento da necessidade do ensino do DS, em suas aplicações, além de sua propagação e difusão. Sua contribuição foi essencial para o capítulo seis, quando das propostas para seu ensino no Brasil. Os referenciais acadêmicos estão dispostos no capítulo quatro, no qual são discutidas as pesquisas já desenvolvidas na área. Os dados coletados na abordagem anterior foram fundamentais para localizar e fichar os estudos e como perceber as perspectivas do Design de Superfície. O estudo de caso de cursos lato sensu “Design de Superfície” é discutido no capítulo cinco – Design de Superfície da UFSM-RS, considerado o pioneiro no ensino do país, que contribui de forma significativa no pensamento e formatação das bases para a proposta da tese. A proposta para o ensino do DS no Brasil é apresentada no capítulo seis, que compreende a formatação de diretrizes para disciplinas e composição de laboratórios ferramentais, manufatureiro e digital. No capítulo sete consta o Caderno de Referências, com exemplos de aplicação das competências, habilidades e laboratórios dispostos no capítulo anterior. Por fim, a pesquisa, no capítulo oito, tem sua finalização nas conclusões, que pondera a trajetória do estudo e sugere contribuições e continuidades na área. 42 | Os Apêndices encerram em seu todo, material desenvolvido durante o processo. Eles estarão agrupados e armazenados em um CD que acompanha esta tese. Os Anexos contêm Resoluções, avaliações e outros documentos pertinentes ao universo do Design e à formação do Design de Superfícies proposto como especialidade. 43 | 44 | 2. SOBRE O DESIGN DE SUPERFÍCIES Inicia-se a fala sobre o que vem a ser o Design de Superfícies, pela raiz maior, o Design. Para Rafael Cardoso (2005, p.7), há a crença de que o Design brasileiro tem seu início por volta de 1960. O autor defende a ideia de que se considera esta data uma ruptura, e ao mesmo tempo um ponto de partida, e para outros, é um “desvio de rumo”. Os anos entre 1951 a 19638 são períodos que marcam uma mudança fundamental, na qual surgem, não apenas o Design como atividade projetual (produção e consumo em escala industrial), mas, também, as reflexões sobre os conceitos, a profissão e a ideologia. Moraes (2006, p.27) indica este período para o desenvolvimento do Design na América do Sul, com as primeiras iniciativas na Argentina. No Brasil deu-se após a instituição da ESDI (Escola Superior de Desenho Industrial), em 1963 e responsável pelo primeiro curso de graduação superior na América Latina. Pesquisadores como Wollner (1998) e Niemeyer (1997), no entanto, consideram que no período anterior a essa data, o Design já se verificava em outras iniciativas, nas origens do ensino do Design em nível acadêmico. Esta tese não abordará isto, nem mesmo discutirá as diversas terminologias do Design (Desenho Industrial, Programação Visual, Comunicação Visual e tantos outros)9, mas se valerá destes termos como referência de busca de palavras para um intento maior. Assim como o Design tem suas práticas antes de suas definições e considerações, o Design de Superfícies tem seus saberes anteriores à sua proposta oficial, ao que ele foi e é em técnicas artesanais e até mesmo em projetos complexos. No entanto, crê-se aqui ser necessário deter-se em algumas observações das especialidades do Design e possíveis relações do DS com outras áreas. Em Gomes Filho (2006, p.14-15) está disposto que "[...] o campo do Design se fraciona cada vez mais em muitas especialidades ditadas pelo mercado." Os dados fornecidos por Haufle (1996) 10 relacionam 26 especialidades, conforme se vê no Quadro 2. 8 Em 1951 é inaugurado o Instituto de Arte Contemporânea do MASP (Museu de Arte de São Paulo), e em 1963 a inauguração da Escola Superior de Desenho Industrial – ESDI. 9 Para Rafael Cardoso, o termo “desenho industrial” tem seu uso no Brasil desde 1850, quando a disciplina homônima passou a ser parte da grade curricular do curso noturno da Academia Imperial de Belas Artes. 10 Vide: HAUFLE, Thomas. Design: an illustrated historical overview. 1.ed. New York: Barron’s Educational Series, Inc., 1996. 45 | Quadro 2- Especialidades do Design, Haufle (1996) Counter design Fashion design Object design Automobile design Food design Packaging design Antidesign Furniture design Public design Avant-garde design Hardware design Radical design Commercial design Interface design Re-design Corporate design Industrial design Software design Conceptual design Interior design Sound design Computer design Information design Tabletop design Communications design Media design Fonte: Extraído de Gomes Filho (2006, p.14). Terminologias à parte, passados dez anos desta lista de Haufle, Gomes Filho (2006) acrescenta seis especialidades11, o que dá forma ao Quadro 3. Quadro 3 - Especialidades/ áreas de atuação do Design, Gomes Filho (2006) Contextos Equivalências aproximadas Nacional Internacional Design de produto Industrial design Design industrial Object design Design do objeto Public design Design de equipamento urbano Furniture design Design do mobiliário Automobile design Design automobilístico Computer design Design de computador Hardware design Design de máquinas e equipamentos Packaging design Design de embalagem Food design Design de alimento Jewelry design Design de joias Sound design Design de sistemas de som Lighting design Design de sistemas de iluminação Textile design Design têxtil Design gráfico Communications design Design de sistemas de comunicação Commercial design Design gráfico Corporate design Design de identidade corporativa Information design Design de sistemas de informação Tabletop design Design de editoração Media design Design de meios de comunicação Software design Design de programas CONTINUA 11 As especialidades acrescentadas estão destacadas em sublinhado: Jewelry Design, Lighting Design, Textile Design, Bio-Design, Eco-Design, Universal Design. 46 | CONCLUSÃO Design de moda Fashion design Design de moda Design de ambientes Interior design Design de interiores Redesign Re-design Redesign Design conceitual Conceptual design Design conceitual Counter design Counterdesign Antidesign Antidesign Radical design Radicaldesign Avant-garde design Avant-garde design Bio-design Bio-design Eco-design Eco-design Universal design Design universal Design de interfaces Interface design Design de interfaces Fonte: Extraído de Gomes Filho (2006, p.14). Isolando as especialidades do contexto internacional e suas equivalências, o agrupamento feito, conforme se vê no Quadro 4, colabora para possíveis relações com o DS, em práticas posteriores, nesta tese. Quadro 4: Agrupamento de especialidades do Design, Gomes Filho, 2006 Design de produto Design gráfico Design de moda Design de interfaces Design de ambientes Redesign Design conceitual Fonte: Elaborado por Márcia Luiza Franca da Silva Para Cardoso (2005, p.8): Em um mundo constituído por redes artificiais de grande complexidade, o design tende a se tornar cada vez mais ubíquo, permeando todas as atividades de todas as pessoas em todos os momentos, e chegando mesmo a desmontar (até certo ponto) a separação rígida que antes demarcava a fronteira entre produtor e usuário. Design de Interfaces, Design de Sistemas, Design de Interações, Gestão do Design: novas áreas de atuação que correspondem ao redimensionamento radical de um conceito cujo sentido está em constante mutação há pelo menos dois séculos. Nestas novas atuações digitais, o documento que propõe o Design de Superfícies12 lista o Design de Jogos, e denominado por muitos como Design de Games, da mesma época desta citação de Cardoso. Design de Jogos é responsável por uma considerável parcela de 12 Tabela de Áreas do Conhecimento sob a ótica do Design (ANEXO A). 47 | oferta de cursos em várias universidades brasileiras, e poderia ser incluído na lista de Gomes Filho, assim como o próprio Design de Superfícies. Há o registro, até o momento, de 74 (setenta e quatro) cursos de graduação em Design de Jogos ofertados no país, contra apenas cinco cursos lato sensu em Design de Superfícies. O quadro merece um estudo, principalmente por já ter 20 anos de disposto. Considerando-se o princípio da generalidade de uma superfície, o Food Design poderia relacionar-se ao Design de Superfícies. Na Figura 5, imagem do livro Geometry of Pasta, de Calz Hildebrand e Jacob Kenedy. O livro contém detalhamento, mostrando formas, dimensões, texturas e usos de pasta. Para cada tipo há formato e textura em sua superfície (estriadas, onduladas ou lisas), apta a receber molhos específicos e seus acompanhamentos. Nesta linha de raciocínio, no Design de Alimentos, no caso, as pastas podem ser consideradas superfícies, cujas texturas têm suas finalidades. Figura 5 - Capa do livro "Geometry of Pasta" Fonte: Life Through a Mathematician’s Eyes. Disponível em . Acesso em 21 jan. 2017. O Design de Superfícies está inserido em cursos lato sensu, disciplinas e outros relacionados às suas técnicas. Mesmo que o DS tenha sido proposto como especialidade em 2005 pelo CNPq, nesta tabela de Gomes Filho de 2006, ele não é considerado, talvez por estar a publicação ainda no prelo. Na Tabela de Áreas de Conhecimento (CNPq, 2005) observam-se 13 especialidades importantes para esta pesquisa, conforme o Quadro 5. https://lifethroughamathematicianseyes.wordpress.com/2014/07/01/the-geometry-of-pasta/ 48 | Quadro 5 - Especialidades do Design possivelmente relacionadas ao Design de Superfícies, CNPq (2005) Design de moda Design de produto Design de superfícies Design gráfico Design têxtil Design e ambiente construído Design e ensino Design e sustentabilidade Design, materiais e processos de fabricação Design e urbanismo Design, ergonomia e usabilidade Design de jogos Design de interfaces digitais Fonte: Elaborado por Márcia Luiza França da Silva. Elas podem ter um eixo, ou elementos de interseção, capazes de ligar caminhos necessários e importantes para que se proponha o ensino do DS no país. Finalizando os fechamentos de áreas e/ou especialidades do Design relacionadas às áreas ao DS para pesquisas, um cruzamento do Quadro 3 com o Quadro 4 apresenta o seguinte rol, disposto por ordem alfabética (Quadro 6). Quadro 6 - Agrupamento final: Gomes Filho (2006) e áreas de conhecimento CNPq (2005) Design conceitual Design e ensino Design de ambientes Design e sustentabilidade Design de interfaces digitais Design e urbanismo Design de jogos Design, ergonomia e usabilidade Design de moda Design gráfico Design de produto Design, materiais e processos de fabricação Design de superfícies Design têxtil Design e ambiente construído Fonte: Elaborado por Márcia Luiza França da Silva. Tem-se aí o início da interdisciplinaridade do DS. Mas para que isto seja verídico ou passível de se estabelecer, é necessário aprofundar em suas definições. O Design de Superfícies, por ser uma área relativamente nova em estudos acadêmicos, apresenta certa “escassez” conceitual que permita uma discussão mais detalhada. Algumas definições existentes ainda são por autoria de Rüthschilling. No entanto, outros autores vêm contribuindo significativamente, como é o caso de Schwartz, Rinaldi e Cardoso, cujas considerações serão discutidas no próximo item. 2.1 Conceituações iniciais As superfícies sempre foram suporte para alguma expressividade humana, e em algumas épocas eram raras. Vilém Flusser (2007, p.102), filósofo contemporâneo, sugere que as “fotografias, pinturas, tapetes, vitrais e inscrições rupestres” eram receptores da 49 | expressão humana. Nos últimos anos, a superfície passou a ter significados e a ser um elemento projetual no Design. No contexto nacional, o Design de Superfícies iniciou informalmente sua trajetória como atividade artesanal, e ainda é relacionado a técnicas como xilogravura, serigrafia, pinturas em tecidos, marchetaria, revestimentos (ladrilhos hidráulicos, laminados, azulejos), tatuagens, incursões na papelaria (papéis de parede, adesivos) e novas aplicações, como o Design de Jogos. A discussão conceitual do DS tem sua base caracterizada por sua origem voltada ao Design Têxtil, conforme se observa em Rüthschilling13. No protótipo de curso interativo em Design de Superfície, no NDS/UFRGS (Núcleo de Design de Superfície da Universidade Federal do Rio Grande do Sul), tem-se uma primeira definição da autora, que introduz sua tese de doutorado: Design de superfície é uma atividade técnica e cujo objetivo é a criação de imagens bidimensionais (texturas visuais e tácteis), projetadas especificamente para o tratamento de superfícies, apresentando soluções estéticas e funcionais adequadas aos diferentes materiais e processos industriais. (RÜTHSCHILLING, 1998). Tratando-se de uma definição em sua bidimensionalidade, a palavra Superfície deriva do latim - superficie - superior + ficie – face - e as definições disponíveis em dicionários abordam os temas essenciais para entendê-la como extensão de uma área delimitada, parte externa dos corpos, aparência, aspecto. Na geometria: configuração geométrica com duas dimensões, gerando assim as palavras-chave: área – parte externa – aparência – aspecto exterior – duas dimensões- comprimento e largura. (FERREIRA et al, 2004, p.1338). Observe-se a evolução dos pensamentos a respeito de uma conceituação do DS. A definição de Rüthschilling toma outro texto que, de acordo com ela, são os princípios básicos do Design de Superfícies: Optamos por usar o nome “Design de Superfície”' – uma tradução feita do “Surface Design” usado em países de língua inglesa – por entendermos ser mais abrangente que as denominações usadas no Brasil até então: “Design Têxtil” e “Desenho (Industrial) de Estamparia”, que se referem somente ao campo têxtil e de impressão de desenhos sobre tecidos. Quanto mais estudamos, mais identificamos aplicações do design de superfície em diversos setores da atuação humana. É um campo em permanente expansão que acompanha o desenvolvimento da sociedade, permeando outros campos do design e transitando por 13 Esta tese atualiza e corrige o artigo apresentado no 3º. CIMODE (Congresso Internacional de Moda e Design-2016), ocorrido na cidade de Buenos Aires, Argentina, em maio/2016. (SILVA e MENEZES, 2016). Estudos mais aprofundados levaram às datas dispostas nestas conceituações, a saber, 1998, 2002 e 2008, em textos próprios de Rüthschilling. Ainda assim, são encontradas publicações com datas divergentes. 50 | dimensões virtuais e concretas. (RÜTHSCHILLING, 2002, p. 39). (grifo nosso). Os termos grifados denotam o que o Design de Superfícies veio a ser: interdisciplinar. Pela predominância têxtil, vale aqui destacar o termo estamparia e não pensá-lo vinculado apenas a tecidos, mas em seus princípios, materiais e processos. Estamparia é o processo pelo qual um desenho, uma cor e um padrão são aplicados a uma superfície. Reinilda Minuzzi esclarece esta diferença: [...] a estamparia constitui um recurso diferenciador presente nos mais diversos produtos, desde sapatos, revestimentos cerâmicos, bolsas, vestuário, entre outros. Com o impulso da moda e das últimas tendências, tal campo ganha espaço de pesquisa também sob o aspecto do resgate de procedimentos e métodos de artesãos e artistas em seu trabalho com os materiais, afora as variações pertinentes ao contexto onde se insere, às características culturais de dada região ou ainda àquelas inerentes a cada sujeito criador. (MINUZZI, 2012, p. 79). Minuzzi já relaciona possíveis áreas de aplicações do DS, refere-se a tendências, destacando a cultura. Já se sabe da formação geográfica de domínio dos conhecimentos do DS concentrados na região sul-sudeste do país. O conhecimento do universo do ensino do Design no país pode apontar lacunas e oportunidades para mudar este mapa. Os tipos de aplicação e especialidade que predominam em uma região também indicam pontos culturais e técnicas produtivas. Para muitos pesquisadores, dentre eles Rinaldi (2009, 2013); Schwartz (2008); Minuzzi (2012), a última conceituação de Rüthschilling parece ser um consenso de que: Design de superfície é uma atividade criativa e técnica que se ocupa com a criação e desenvolvimento de qualidades estéticas, funcionais e estruturais, projetadas especificamente para co