UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 1 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br DIVERSIDADE E ABUNDÂNCIA DE AVES LIMÍCOLAS EM PRAIAS COM DIFERENTES OCUPAÇÕES HUMANAS NOS MUNICÍPIOS DE PERUÍBE E ITANHAÉM, SP. Bruno de Almeida Lima SÃO VICENTE - SP 2023 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 2 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS CÂMPUS DO LITORAL PAULISTA DIVERSIDADE E ABUNDÂNCIA DE AVES LIMÍCOLAS EM PRAIAS COM DIFERENTES OCUPAÇÕES HUMANAS NOS MUNICÍPIOS DE PERUÍBE E ITANHAÉM, SP Bruno de Almeida Lima Orientador Prof. Dr. Edison Barbieri Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências, Câmpus do Litoral Paulista, UNESP, para obtenção do título de Mestre no Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade de Ambientes Costeiros. SÃO VICENTE-SP 2023 L732d Lima, Bruno de Almeida Diversidade e abundância de aves limícolas em praias com diferentes ocupações humanas nos municípios de Peruíbe e Itanhaém, SP / Bruno de Almeida Lima. -- São Vicente, 2023 62 p. : il., tabs., fotos, mapas Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista (Unesp), Instituto de Biociências, São Vicente Orientador: Edison Barbieri 1. Aves limícolas. 2. Impactos antropogênicos. 3. Abundância. 4. Diversidade. I. Título. Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp. Biblioteca do Instituto de Biociências, São Vicente. Dados fornecidos pelo autor(a). Essa ficha não pode ser modificada. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 4 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br AGRADECIMENTOS Dedico esse trabalho à Karina Ávila, por sua incasável luta pela proteção e popularização das aves limícolas e à Quetzalli, que certamente seguirá carregando a bandeira da conservação e estará entre as pessoas que irão reconstruir um mundo melhor. Em memória de um grande homem, de força e coração tão imensos quanto o norte do México: meu sogro Jorge Ávila. O que lhes apresentamos aqui não é apenas a dissertação para a obtenção do título de Mestre, mas parte de uma causa que abraçamos: a proteção efetiva da Praia do Tanigwá e suas aves limícolas residentes e migratórias. E, como toda causa coletiva, essa dissertação foi feita com o apoio de pessoas valorosas, que me ajudaram com suas mãos e mentes. A elaboração e conclusão desse trabalho caminhou lado a lado com as tratativas e estratégias para a proteção desse importante trecho de nosso litoral. Foram muitas horas de campo sob chuva, sol e vento, e outras tantas horas em longas reuniões com gestores, conselhos municipais, promotores de justiça, conversas com a comunidade e outras atividades estratégicas que culminaram no fechamento definitivo da Praia do Tanigwá e num programa intenso de fiscalização. Tudo para evitar que mais aves fossem mortas por veículos e por cães, e para que pudessem encontrar um refúgio onde se alimentar e descansar em paz. Muitas foram as pedras que econtramos durate esse período: uma pandemia, severos problemas financeiros, ameaças por parte dos que lucravam com atividades ilícitas na praia e todas as dificuldades de se criar uma filha a 14.000 km da família. Tudo isso durante o pior governo que o país já teve desde a ditadura. Agradeço à bióloga Karina Ávila, minha esposa, a pessoa mais incrível que já conheci. Karina não apenas é meu apoio na vida, como um exemplo de bióloga da conservação, de ornitóloga, de mãe e de profissional. Sua força inquebrantável e a perfeição que dedica à tudo o que faz na vida ainda me impressionam. Gracias mi amor, te amo. À minha mãe Áurea Célia, que desde pequeno me levava em trilhas e para observar aves, e à parte mexicana de minha família: minha sogra Gudelia Esparza, tía Angélica, meus cunhados Jorge e Vianney e minha sobrinha Violeta. Minha profunda gratidão e admiração ao meu orientador, Dr. Edison Barbieri, que não apenas é reconhecidamente um dos cientistas mais influentes de nosso século, como um ser humano notável. Aos professores Theodoro Vaske e Roberto Fioravanti pela minuciosa e bem centrada revisão de minha dissertação. À Wader Quest, em nome de Ellis e Rick Simpson, por todo o apoio que nos deram para que pudéssemos atuar em defesa das aves limícolas. À Mari Polachini e Tiemi Buno, do MoCAN (Movimento Contra as Agressões à Natureza) por terem abraçado a causa da proteção do UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 5 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br Tanigwá e suas aves, lutando conosco na linha de frente, se expondo, se arriscando e nos ajudando a fazer políticas públicas. A todos(as) os(as) conselheiros(as) do Conselho de Bem Estar e Proteção Animal (COMBEM) e Conselho de Proteção ao Meio Ambiente (CONDEMA) de Peruíbe-SP por sempre receberem nossas demandas, por mais inalcansáveis que estas pudessem parecer. Ao amigo Fernando Villarubia, incansável defensor da Praia do Tanigwá e da vasta Floresta de Restinga que se estende além dela. À Maria Teresa, gestora da APAMLC e à Eduardo Ribas, secretário de Meio Ambiente de Peruíbe, com quem sempre pudemos ter um diálogo e nunca deixaram de atender nossas demandas pela proteção do Tanigwá. À ex secretária de Meio Ambiente, Rosangela Barbosa, por ter recebido nossa demanda da primeira vez em que expusemos os perigos a que estavam expostas as aves limícolas. Aos amigos e amigas observadores de aves que contribuem continuamente com a ciência- cidadã e nos auxiliam com registros ou nas atividades de proteção às aves. Queremos fazer um agradecimento especial à Gemany Caetano, Vando Ribeiro, Pedro Behne, Juarez Cabral, Diego dos Santos, Miguel Magro, Davi Pasqualetti, Carlos Aulicino, Marcio Ribeiro, Túlio Magalhães, Gabriel Borali, Bruno Neri, Naldo Aves, Marina e Márcio Motta do Projeto Trinta- réis. Aos amigos Allan Clé e Rodrigo Passos, nova geração de limicoleiros e à Hellen Barreiros, parceira do Projeto Aves Limícolas. Ao Aquário de Santos, Instituto Biopesca, Zoológico de São Paulo e Instituto Gremar pelo apoio e sempre participar conosco das ativdades de educação ambiental e proteção das aves limícolas. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 6 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br LISTA DE TABELAS Tabela 1.Categoria de comportamento em relação às perturbações antropogênicas (Barbieri, 2005) .................................................................................................................................. 20 Tabela 2.Espécies que ocorreram nas praias de Peruíbe e Itanhaém no período de estudo com seus respetivos valores de Constância (C%), de Abundância e suas classificações de acordo com os valores obtidos para a constância e seu status (MN- Migrante do Norte, MS- Migrante do Sul e RN- Residente).......................................................................................... 25 Tabela 3.Frequência de ocorrência (%) das perturbações antropogênicas para as aves limícolas, identificadas nos três setores (Ruínas, Tanigwá e Gaivotas) das praias de Peruíbe e Itanhaém-SP. ......................................................................................................................... 39 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 7 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br LISTA DE FIGURAS Mapa da área de estudo, indicando a localização das três praias amostradas nos Municípios de Peruíbe e Itanhaém-SP. Imagem: Google Earth 2022. ............................. 19 a) Charadrius semipalmatus em estado de alerta. b) Calidris alba correndo. c) Calidris canutus voando c) Calidris alba indiferente às perturbações. Fotos: Karina Ávila. 21 Médias de indivíduos das familias de Charadriiformes representadas no presente estudo, nos tres setores das praias de Peruíbe e Itanhaém-SP. As barras representam os respectivos desvios padrões .................................................................................................. 23 Variação mensal na média de indivíduos registrados entre agosto de 2019 e janeiro de 2022 nos tres setores de praia em Peruíbe e Itanhaém-SP. As barras representam os respectivos desvios padrões .................................................................................................. 24 Espécies migratórias dominantes na área da praia de Peruíbe e Itanhaém- SP. (a) Charadrius semipalmatus (b) Calidris alba (c) Tringa melanoleuca (d) Haematopus palliatus Fotos: Karina Avila ............................................................................................... 26 Riqueza nas três áreas analisadas, comprovando que as praias são estatisticamente diferentes. As barras representam os respectivos desvios padrões ............... 28 Índice de Diversidade de Shannon-Wiener das espécies de aves limícolas nos três setores amostrados nas praias de Peruíbe e Itanhaém-SP. ........................................ 29 Médias de abundância de indivíduos nos três setores de praias amostrados nos municípios de Peruíbe e Itanhaém-SP, entre o período de agosto 2019- janeiro 2022. As barras representam os respectivos desvios padrões ............................................................... 30 Médias de indivíduos de Charadrius semipalmatus em três diferentes setores das praias de Peruíbe-Itanhaém- SP, entre o período de agosto 2019 e janeiro 2022. As barras representam os respectivos desvios padrões ............................................................... 31 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 8 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br Média de indivíduos Calidris alba em três diferentes setores das praias de Peruíbe-Itanhaém- SP, entre o período de agosto 2019 e janeiro 2022. As barras representam os respectivos desvios padrões ............................................................................................. 32 Média de indivíduos Calidris fuscicollis em três diferentes setores das praias de Peruíbe-Itanhaém- SP, entre o período de agosto 2019 e janeiro 2022. As barras representam os respectivos desvios padrões .......................................................................... 33 Médias de indivíduos de Pluvialis dominica em três diferentes setores das praias de Peruíbe-Itanhaém- SP, entre o período de agosto 2019 e janeiro 2022. As barras representam os respectivos desvios padrões .......................................................................... 34 Média de indivíduos de Tringa melanoleuca nos três diferentes setores das praias de Peruíbe-Itanhaém- SP, entre o período de agosto 2019 e janeiro 2022. As barras representam os respectivos desvios padrões .......................................................................... 35 Média de indivíduos de Haematopus palliatus nos três diferentes setores das praias de Peruíbe-Itanhaém- SP, entre o período de agosto 2019 e janeiro 2022. As barras representam os respectivos desvios padrões .......................................................................... 36 Média de indivíduos de Charadrius collaris nos três diferentes setores das praias de Peruíbe-Itanhaém- SP, entre o período de agosto 2019 e janeiro 2022. As barras representam os respectivos desvios padrões.......................................................................... 37 Impactos registrados nos três setores de praia. a) Cachorro atacando um bando de Charadrius semipalmatus. b) Carros na faixa de areia na praia do Tanigwá ao lado de um bando misto de C. semipalmatus e Pluvialis doimica. c) Veículos motorizados na praia do Ruínas na frente de um bando de C. semipalmatus. d) Trator espantando um bando de C. semipalmatus na praia do Tanigwá. e) Cavalos e cães na praia do Tanigwá. f) Cavalo com viga perturbando a um grupo de Tringa melanoleuca na praia do Tanigwá. g) Bicicleta passando por perto de um bando misto de C. alba, C. fuscicollis e C. semipalmatus. h) Paragliders na praia do Gaivotas. i) Cão correndo detrás de um bando de Himantopus melanurus na praia do Ruínas. j) Pessoas passando perto de uma T. melanoleuca. ............................................................... 38 A -Charadrius collaris atropelado no setor Praia do Tanigwá e Calidris canutus rufa atropelado na Praia do Ruínas .......................................................................... 40 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 9 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br SÚMARIO Resumo. ............................................................................................................ 10 Abstract ........................................................................................................... 11 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 12 2. OBJETIVOS ..................................................................................................... 16 2.1 Objetivos específicos ................................................................................... 16 3. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................ 17 3.1 Área de estudo............................................................................................. 17 3.2 Métodos ...................................................................................................... 19 3.3 Análise estatística ........................................................................................ 22 4. RESULTADOS ................................................................................................. 23 4.1 Padrão Geral ............................................................................................... 23 4.2 Riqueza e diversidade .................................................................................. 28 4.3 Abundância nos três setores de praia amostrados ......................................... 30 4.4 Impactos antrópicos nas aves limícolas ........................................................ 38 5. DISCUSSÃO ..................................................................................................... 41 6. CONCLUSÃO .................................................................................................. 48 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 49 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 10 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br RESUMO Os estudos sobre aves costeiras no Estado de São Paulo são escassos, principalmente no litoral centro. O presente estudo visou analisar a diversidade e abundância de aves limícolas residentes e migratórias nas praias arenosas com diferentes pressões antrópicas, em Peruíbe e Itanhaém-SP. Para isso, a praia foi dividida em três setores com 5km cada, sendo “Praia do Ruínas” e “Praia do Gaivotas” os trechos presença de urbanização e “Praia do Tanigwá” com vegetação característica de praias e dunas. O estudo foi realizado entre agosto 2019 e janeiro 2022, onde foram registradas 23 espécies de aves limícolas residentes e migratórias, distribuídas em quatro famílias. Dessas, de acordo com o Cômite Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2022) tres são consideradas residentes (Charadrius collaris, Haematopus palliatus e Himantopus melanurus) e 20 migratórias do Hemisfério Norte. O setor de praia com maior abundância de indivíduos e diversidade de aves foi a “Praia do Tanigwá”, seguido da “Praia do Gaivotas” e “Praia do Ruínas”. Foram também calculados para cada setor analisado os índices de diversidade de Shannon-Wienner (H’) (Shannon & Wienner, 1963), a média de abundância com seus respectivos desvios padrões e a Riqueza. As quatro espécies dominantes foram Charadrius semipalmatus, Tringa melanoleuca, Haematopus palliatus e Calidris alba. Dentre as espécies dominantes, Charadrius semipalmatus, Calidris alba e Haematopus palliatus foram mais abundantes na Praia do Tanigwá, enquanto Tringa melanoleuca foi mais abundante na Praia do Gaivotas. O setor com mais impactos antrópicos foi a Praia do Tanigwá. Apesar disso, a Praia do Tanigwá é um importante ponto de parada no litoral centro para aves limícolas neárticas migratórias, além de ser importante para as espécies residentes Haematopus palliatus e Charadrius collaris. Palavras clave: Aves limícolas, Impactos antropogênicos, Abundância, Diversidade UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 11 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br ABSTRACT Waders or shorebirds (Charadriiformes) are inhabitants of wetlands and popularly known as curlews and plovers. Nearctic shorebirds that depart North America during the boreal winter use several migratory routes towards feeding areas in South America. Studies on coastal birds in the State of São Paulo are scarce, especially on the central coast. The present study aimed to analyze the diversity and abundance of resident and migratory shorebirds on sandy beaches with different human pressures, in Peruíbe and Itanhaém-SP. For this, the beach was divided into three sectors with 5km each, with “Praia do Ruínas” and “Praia do Gaivotas” being the stretches with the highest anthropic pressure and “Praia do Tanigwá”, among them, with low anthropic pressure. The study was carried out between August 2019 and December 2021, where 20 species of resident and migratory shorebirds were recorded, distributed in four families. Of these, according to the Brazilian Committee of Ornithological Records (CBRO, 2022) two are considered residents (Charadrius collaris and Himantopus palliatus) and 18 are migratory, 17 of which are migrants from the Northern Hemisphere. The beach sector with the greatest abundance and diversity of birds was “Praia do Tanigwá”, followed by “Praia do Gaivotas” and “Praia do Ruínas”. The four dominant species were Charadrius semipalmatus, Tringa melanoleuca, Haematopus palliatus and Calidris alba. Among the dominant species, Charadrius semipalmatus, Calidris alba and Haematopus palliatus were more abundant in Praia do Tanigwá, while Tringa melanoleuca was more abundant in Praia do Gaivotas. The sector with the most anthropic impacts was Praia do Tanigwá. Despite this, Praia do Tanigwá is an important stopping point on the central coast for migratory nearctic shorebirds, in addition to being important for the resident species Haematopus palliatus and Charadrius collaris. Key words: wader, shorebirds, shorebirds disturbance, neartic shorebirds. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 12 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br 1. INTRODUÇÃO Aves limícolas (Charadriiformes) são habitantes de áreas úmidas e popularmente conhecidas como maçaricos e batuíras. Algumas espécies se destacam por serem migrantes transequatoriais, reproduzindo-se nas regiões árticas e migrando durante o inverno boreal para o hemisfério sul, à procura de áreas de descanso e forrageio como estuário e praias (Lisovski et al., 2020; Saalfeld et al., 2021). O nível do mar/água influencia diretamente a disponibilidade de acesso aos recursos alimentares para as aves limícolas, por isso elas utilizam diferentes habitats de sua área de forrageio (Warnock et al., 2021). O uso de habitat por aves limícolas é influenciado principalmente por variações ambientais como flutuações na altura da maré, salinidade, disponibilidade de habitats alternativos, pela heterogeneidade ambiental e pelas variações espaciais e temporais na disponibilidade de presas (Ribeiro et al., 2004; Silva, 2007). As aves limícolas neárticas que partem da América do Norte durante o inverno boreal fazem uso de diversas rotas migratórias em direção às áreas de alimentação na América do Sul (McKellar et al., 2020). Na costa atlântica da América do Sul esses padrões migratórios ainda não estão completamente compreendidos (Pratte et al., 2020), apesar de estar entre as regiões mais importantes para invernada e escalas durante a migração (stopover) de Charadriidae e Scolopacidae neárticas (Morrison, 1984). Das 57 espécies de aves limícolas que se reproduzem nos Estados Unidos e Canadá, 25 espécies chegam ao território brasileiro, constituindo, regionalmente e sazonalmente, as maiores quantidades de indivíduos presentes nos diversos ecossistemas costeiros do Brasil (Rodrigues, 2007). No Brasil, o fluxo migratório de aves limícolas começa a partir de setembro, sendo que os picos de ocorrência podem variar de ano para ano, com predominância durante o período de setembro a abril (Sick, 1997). O litoral brasileiro é uma das rotas utilizadas por estas espécies que UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 13 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br dependem da qualidade destes ambientes costeiros, pois são importantes locais de alimentação e descanso (Campos et al., 2010; Tavares et al., 2015). Os estudos existentes comprovam que o litoral do Estado de São Paulo é um importante stopover para aves limícolas migratórias neárticas, que procuram tanto os manguezais e baixios lodosos de Santos-Cubatão, da Estação Ecológica Juréia-Itatins e do Lagamar (Olmos & Silva, 2001; Olmos & Silva, 2004; Olmos & Galetti, 2004) quanto as praias arenosas (Barbieri et al., 2013; Barbieri & Paes, 2008; Cestari, 2008; Esparza, 2021) como áreas para descanso e alimentação. A Ilha Comprida, localizada no litoral sul do Estado de São Paulo, é considerada como o principal ponto de parada dos Charadriidae e Scolopacidae migratórios no Sudeste brasileiro (Barbieri & Paes 2008). Nessa localidade Barbieri et al., (2013) registraram 16 espécies de aves limícolas migratórias neárticas. Na mesma localidade Barbieri e Esparza (2023) registraram 19 espécies de limícolas migratórias do Hemisfério Norte e Sul. Nas praias de Peruíbe e Itanhaém, litoral centro paulista, Cestari (2015) estudou a abundância de aves migratórias neárticas, a frequência de bandos e o número médio de aves por bando em áreas com alta e baixa concentração humana, registrando 06 espécies. Na mesma localidade, Esparza (2021) avaliou a flutuação mensal e a formação de bandos mistos de aves limícolas, tendo registrado 19 espécies, sendo esse o total de espécies migratórias que podem utilizar as praias do Estado de São Paulo (Figueiredo, 2007). Tais estudos confirmam assim a importância e utilização do litoral paulista como ponto de parada. Localizada no litoral paulista, a Baixada Santista é a 17ª região metropolitana mais populosa do Brasil, com uma população de cerca de 1,8 milhão de moradores fixos, e nos meses de verão chega a acolher o mesmo número de pessoas, que utilizam as praias da região como locais de lazer. (IBGE,2021). Tal ocupação pode influenciar a presença, abundância e comportamento das aves migratórias neárticas (Cestari, 2015), já que o período em que as praias recebem mais turistas coincide com o período de pico das aves limícolas neárticas (Andres et al., 2015). No caso específico das aves UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 14 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br limícolas, a utilização das praias para atividades de lazer pode ser mais impactante do que a urbanização de áreas vizinhas (Burton, 2007). As aves limícolas migratórias, especialmente, apresentam uma elevada dependência dos ecossistemas costeiros inseridos ao longo de sua rota de distribuição, sendo sensíveis a perturbações e à fragmentação de zonas costeiras (Almeida, 2010). Segundo Vooren & Chiaradia (1990), a área de uso das aves limícolas torna-se inadequada quando a presença humana excede um determinado nível de perturbação. As aves limícolas migratórias enfrentam diversas pressões ao longo de seus ciclos anuais (Aonghais, 2021), e globalmente muitas populações enfrentam ameaças de diversos tipos, incluindo a intensificação do uso da terra, mudanças climáticas e a caça (Woodward et al., 2022), além de serem vulneráveis a uma grande variedade de poluentes como organoclorados e elementos-traços tóxicos (Pratte et al., 2020). A perturbação antrópica em aves costeiras tem aumentado, podendo ser enumeradas três causas primárias: o turismo, a construção e a caça, havendo vários estudos comprovando que as aves costeiras são menos comuns em locais que é habitual a presença humana e das suas atividades relacionadas (Hvenegaard & Barbieri 2010). A zona costeira está entre os ecossistemas mais produtivos do mundo e também entre os mais ameaçados, principalmente pela intensa urbanização, atividade portuária e expansão imobiliária. Essas atividades exercem influência direta sobre as populações de aves limícolas (Silva, 2007). A grande maioria das populações de aves limícolas migratórias encontra-se em declínio. Entender o uso de habitat e a sazonalidade dessas espécies é essencial, dada a importância das aves limícolas como provedoras de serviços nos ecossistemas aquáticos, e para entender os impactos humanos sobre as áreas úmidas em todo o mundo, que têm tido suadinâmicas e sistemas ecológicos alterados (Kingsford, 2000). O turismo é tido como uma das principais atividades causadoras da perturbação antrópica das aves de praia, com tendência a aumentar, havendo vários estudos UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 15 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br comprovando que as aves são menos comuns em praias com presença humana e atividades relacionadas (Hvenegaard & Barbieri 2010). UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 16 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br 2. OBJETIVOS Comparar a abundância e diversidade de aves limícolas migratórias e residentes em três setores de praia arenosa com diferentes perturbações antrópicas. 2.1 Objetivos específicos -Comparar três áreas de praias, com diferentes graus de impacto ambiental -Analisar as populações de aves limícolas migratórias e residentes nessas três localidades. - Registrar os impactos antrópicos nos três setores amostrados. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 17 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Área de estudo O estudo foi realizado em uma extensão de 15 km de praia arenosa (entre as latitudes 24° 14´ 58,64´´ e 24°19´ 58,62´´ S e longitudes 46° 53´ 28,54 e 47° 00´ 03,93 W) abrangendo o município de Peruíbe e parte do município de Itanhaém, no litoral centro do Estado de São Paulo (estudo autorizado pelo COTEC Processo Digital 000479/2021-76, para atuação nos municípios de Peruíbe e Itanhaém). Por se tratarem de faixas contínuas de areia, as praias de Peruíbe e Itanhaém não possuem diferenças estruturais e físicas evidentes, sendo uniformemente planas, com areia compacta e úmida na maior porção onde a maré alcança e, areia seca e fofa em uma pequena extensão fora do alcance da maré (aproximadamente 10 m). De acordo com Souza (2012), as praias do Setor Carijó da Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Centro - APAMLC (Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá e Praia Grande, setor III) são caracterizadas como praias dissipativas de alta energia e de orientação NE-SW, com planícies costeiras e plataforma continental associadas amplas, de baixos gradientes topográficos, formando um arco praial retilíneo e quase ininterrupto de cerca de 70 km. Para a realização do presente estudo, o trecho de 15km de praia foi subdividido em três setores, cada qual com 5km de extensão: - Praia do Ruínas: inclui as praias dos bairros Ruínas/Belmira Novaes, Oásis e Flórida. Trata-se de uma região com forte pressão antrópica de urbanização e com alta concentração de humanos (Cestari, 2008), com estágio morfidinâmico dominantemente dissipativo, variação acentuada de largura (de 34m a 160m), de altura das dunas frontais incipientes (0,15m a 2,45) e de declividade da antepraia emersa (0,9º a 3,1º). A granulometria também se mostra bastante variável (diâmetro médio entre 0,25mm e 0,088mm) (Mendes et al., 2009). UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 18 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br - Praia do Tanigwá: é a única praia não urbanizada do Setor Carijó da Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Centro – APAMLC, e que faz transição com um dos últimos remanescentes de vegetação nativa de restinga entre a região sul da cidade de Santos a Peruíbe (Olmos & Galetti 2004), sendo de especial interesse para conservação de aves limícolas (Cestari, 2008; Brasil, 2007; Florestal, 2019). Esse trecho de praia possui dunas que podem ser pequenas sob a proteção de plantas Philoxerus, ou ter até 1,0 m e ser revestidas com Spartina. A flora divide- se em vegetação de praias e dunas e restingas. As plantas mais frequentes são Philoxerus portulacoides, Spartina ciliata, Ipomea pes-caprae, Ipomaea.littoralis e Hydrocotyle umbellata (Andrade, 1966). Na berma há a ocorrência do crustáceo Ocypode quadrata (Moraes et al., 2013) - Praia do Gaivotas: inclui as praias do Balneário Gaivotas e Bopiranga. É uma área com forte pressão antrópica, com alta presença de humanos, cães e veículos, além de quiosques na berma (Almeida, 1964; Cestari, 2008). A praia possui declividade suave, com largura média da faixa praial em torno de 90m. Tal setor conta com a presença de um corpo hídrico (Rio Preto), que influencia de forma negativa na qualidade da balneabilidade (Araújo & Alfredini, 2001). UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 19 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br Mapa da área de estudo, indicando a localização das três praias amostradas nos Municípios de Peruíbe e Itanhaém-SP. Imagem: Google Earth 2022. 3.2 Métodos Realizaram-se censos mensais, através do método de itinerário fixo proposto por Bibby et al. (1992). Para a realização dos censos foi utilizado o método de contagem de aves limícolas, proposto por Krasprzyk e Harrington (1989), o qual relata que quando a população é razoavelmente pequena e as aves podem ser contadas uma a uma, obedecem ao método de contagem direta. Este procedimento consistiu em percorrer uma transecção de 15 km ao longo da faixa costeira a uma velocidade constante para identificar as espécies de aves presentes e contabilizar o número de indivíduos para cada espécie. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 20 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br Os censos foram feitos a pé e em bicicleta, percorrendo os 15 km. Tais censos tiveram uma duração mínima de 2 horas e uma duração máxima de 4 horas de observação. O período matutino iniciou às 06h00min. Foram realizadas em total 142 amostragens ao longo de 25 meses de estudo (agosto 2019- janeiro 2022). Todas as aves observadas foram identificadas e contabilizadas. Iniciou-se o trajeto sempre a partir de setor denominado “Praia do Ruínas”, com um total de 5km, seguindo em direção ao norte, passando pela “Praia do Tanigwá”, com um total de 5km e chegando à “Praia do Gaivotas”, também apresentando 5km. Com um total de 15 km amostrados. As aves foram identificadas com o auxílio de binóculos 10x42e luneta e 54x72, e de guias de identificação de campo como os de O´Brien et al., (2006) e Grantsau (2010). Para completar as informações foram feitas fotografias dos bandos de aves para facilitar a contagem em caso necessário, ou para uma melhor identificação. Simultaneamente também foram registrados os impactos antrópicos a traves da observação direta do tipo de comportamento ao momento da perturbação de acordo com Barbieri et al. 2005 (Tabela 1). Tabela 1. Categoria de comportamento em relação às perturbações antropogênicas (Barbieri, 2005). Categoria Comportamento Alerta Posição ereta de observação de áreas circunvizinhas Corrida Afastamento de modo rápido, caminhando Voo Deslocamento aéreo em função da fuga ou movimento entre pontos.Pontos Indiferente Sem alteração do comportamento. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 21 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br a) Charadrius semipalmatus em estado de alerta. b) Calidris alba correndo. c) Calidris canutus voando c) Calidris alba indiferente às perturbações. Fotos: Karina Ávila. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 22 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br 3.3 Análise estatística A avaliação das flutuações mensais da média total de aves registradas durante os anos de coleta nos três setores, foi feita através da análise de gráficos de barra com erro padrão no programa PAST (PAleontological STatistics) (Hammer et al., 2001). Foram também calculados para cada setor analisado os índices de diversidade de Shannon-Wienner (H’) (Shannon & Wienner, 1963), a média de abundância com seus respectivos desvios padrões e a Riqueza. Para avaliar se houve diferença estatística entre as três praias estudadas, primeiro fez-se o teste de normalidade Shapito-Wilk. Como a distribuição não foi normal, utilizamos o teste estatístico não paramétrico Kruskal-Wallis Foi calculada a abundância das 23 espécies registradas pela fórmula abundância= (n/N) x 100, sendo “n” o número de indivíduos da espécie e N o número total de indivíduos e também da constância, calculada através da fórmula C = p x 100 / P onde, p corresponde ao número de visitas em que a espécie foi registrada e P corresponde ao número total de visitas,. Os valores obtidos para a constância serviram como base para classificar os taxa como: dominantes, quando presentes em mais de 50% das visitas; abundantes, quando se apresentavam entre 30 e 50%; pouco abundantes, quando correspondiam a mais de 10% e menos de 30%; e raros, os casos iguais ou abaixo de 10% (Barbieri et al., 2013). UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 23 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br 4. RESULTADOS 4.1 Padrão Geral Durante o presente estudo foram registradas nos tres setores amostrados, 23 espécies e 10.017 indivíduos/contagens de Charadriiformes, distribuidas em quatro familias: quatro espécies da familia Charadriidae, sendo a familia com a maior média de indivíduos (638,6±586,9), seguido pela familia Scolopacidae (234,1±289,28), com 17 espécies. A família Haematopodidae com um representante, apresentando uma média de indivíduos de 32,91±22,4. E por último a família com a menor média de indivíduos, foi a familia Recurvirostridae (7,71±8,81) (Figura 3). Dessas, de acordo com o Cômite Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2022) tres são consideradas residentes (Charadrius collaris, Haematopus palliatus e Himantopus melanurus), e 20 migratórias do Hemisferio Norte (Tabela 2). Médias de indivíduos das familias de Charadriiformes representadas no presente estudo, nos tres setores das praias de Peruíbe e Itanhaém-SP. As barras representam os respectivos desvios padrões. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 24 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br Nos meses amostrados nos tres setores de praia (Ruínas, Tanigwá e Gaivotas), o mês de novembro foi o mês que apresentou a maior média de indivíduos (110,8±331,4), seguido pelo mês de outubro (102±304) e dezembro (49,7±154,4). Esses meses coincidem com a chegada das espécies migratórias do Hemisfério Norte. Os meses com as menores médias de indivíduos foram maio (3,04±10,3), julho (2,45±5,46) e agosto (5,7±151). Sendo os meses onde a maioria das as aves limícolas migratórias já voltaram para o ártico (Figura 4). Variação mensal na média de indivíduos registrados entre agosto de 2019 e janeiro de 2022 nos tres setores de praia em Peruíbe e Itanhaém-SP. As barras representam os respectivos desvios padrões. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 25 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br Tabela 2. Espécies que ocorreram nas praias de Peruíbe e Itanhaém no período de estudo com seus respetivos valores de Constância (C%), de Abundância e suas classificações de acordo com os valores obtidos para a constância e seu status (MN- Migrante do Norte, MS-Migrante do Sul e RN- Residente). Família/ Espécie ST C (%) Classificação Abundância Charadriidae Pluvialis dominica - MN - 44,37 - Abundante - 3,11 Pluvialis squatarola MN 8,45 Raro 0,18 Charadrius semipalmatus MN 90,85 Dominante 65,60 Charadrius collaris RE 28,87 Pouco abundante 1,39 Scolopacidae Limosa haemastica - MN - 1,41 - Raro - 0,02 Numenius hudsonicus MN 4,23 Raroa 0,08 Actitis macularius MN 4,23 Raro 0,07 Tringa melanoleuca MN 56,15 Dominante 5,90 Tringa flavipes MN 26,06 Pouco abundante 0,69 Tringa semipalmata MN 0,70 Raro 0,01 Calidris minutila MN 1,41 Raro 0,02 Arenaria interpres MN 6,34 Raro 0,13 Calidris canutus MN 13,38 Pouco abundante 1,41 Calidris alba MN 66,90 Dominante 11,33 Calidris pusilla MN 3,52 Raro 1,10 Calidris subruficollis MN 4,93 Raro 0,11 Calidris himantopus MN 1,41 Raro 0,02 Calidris fuscicollis MN 37,32 Abundantes 5,33 Calidris melanotos MN 8,45 Raro 0,28 Calidris bairdii MN 0,70 Raro 0,01 Phalaropus tricolor MN 1,41 Raro 0,06 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 26 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br Haematopodidae Haematopus palliatus - RE - 73,94 - Dominante - 3,61 Recurvirostridae - - - - Himantopus melanurus RE 10,56 Pouco abundante 0,54 Espécies migratórias dominantes na área da praia de Peruíbe e Itanhaém-SP. (a) Charadrius semipalmatus (b) Calidris alba (c) Tringa melanoleuca (d) Haematopus palliatus Fotos: Karina Avila. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 27 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br A batuíra-de-bando (Charadrius semipalmatus) (C%=90,85), o maçarico- branco (Calidris alba) (C%=66,90), o maçarico-grande-de-pernas-amarelas (Tringa melanoleuca) (C%=56,15), e o piru-piru (Haematopus palliatus) (C%=73,94) apresentaram uma elevada frequência de ocorrência e abundância, sedo consideradas como dominantes (Tabela 2; Figura 3). Entre as quatro espécies da família Charadriidae registrados uma foi categorizada como dominante (Charadrius semipalmatus, C%=90,85) nas amostragens, uma como abundante (Pluvialis dominica, C%=44,37), uma pouco abundante (Charadrius collaris, C%=28,27) e uma como rara (Pluvialis squatarola, C%=8,45). Das 17 espécies de Scolopacidae, duas foram dominantes, duas abundantes, uma pouco abundante e 12 raras (tabela 2). A única espécie representante da família Haemotopodidae, foi categorizada no estudo como dominante (C%= 73,94). E a espécie Himantopus melanurus da família Recurvirostridae foi categorizada como pouco abundantes (C%= 10,56). UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 28 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br 4.2 Riqueza e diversidade A praia denominada “Praia do Tanigwá” apresentou a maior riqueza entre as três áreas analisadas, seguido pela Praia do Gaivotas e pela Praia do Ruínas. As 3 praias são estatisticamente diferentes p<0,05 (Figura 4). 12 10 8 6 4 2 0 Ruínas Tanigwá Praias estudadas Gaivotas Riqueza nas três áreas analisadas, comprovando que as praias são estatisticamente diferentes. As barras representam os respectivos desvios padrões. R iq u ez a UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 29 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br A diversidade de acordo com o Índíce de Shannon foi maior na Praia do Tanigwá (H’=0,862), sendo similar estatisticamente a praia do Gaivotas (H´=0,064) e diferente da praia do Ruínas (H´= 0,017) (Figura 5). A praia do Ruínas é a menos diversa entre os tres setores. Mas a praia do Tanigwá e a praia do Gaivotas são parecidos em relação a diversidade, pois não houve diferencia estatistica (P< 0,05), mesmo a Praia do Gaivotas tendo mais impactos antrópicos. Índice de Diversidade de Shannon-Wiener das espécies de aves limícolas nos três setores amostrados nas praias de Peruíbe e Itanhaém-SP. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 30 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br 4.3 Abundância nos três setores de praia amostrados. Foi analisada as médias de individuos em cada um dos setores de praias. O setor com a maior média de indivíduos foi a Praia do Tanigwá (45.54 ± 48.50), devido à esse trecho possuir características como presença de vegetação de praias e dunas, pequenos riachos e ausência de iluminação artificial. Seguido pela Praia do Gaivotas (30.53 ± 29.40) e por último a Praia do Ruínas (18.56 ± 21.12). As 3 praias são estatisticamente diferentes p<0,05 (Figura 6). 100 80 60 40 20 0 Ruínas Tanigwá Praias estudadas Gaivotas Médias de abundância de indivíduos nos três setores de praias amostrados nos municípios de Peruíbe e Itanhaém-SP, entre o período de agosto 2019- janeiro 2022. As barras representam os respectivos desvios padrões. M éd ia s d a A b u n d ân ci a d e a v es UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 31 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br Charadrius semipalmatus foi a espécie com a maior média de indivíduos no presente estudo, estando presente nas três áreas amostradas. A maior média de individuos da espécie foi registrada na Praia do Tanigwá (44.72±39.51), seguido pela praia do Gaivotas (29.10±21.65) e por último a praia do Ruínas (21.01±20.09) (Figura 7). 12.5 10.0 7.5 5.0 2.5 0.0 Ruínas Tanigwá Praias estudadas Gaivotas Médias de indivíduos de Charadrius semipalmatus em três diferentes setores das praias de Peruíbe-Itanhaém- SP, entre o período de agosto 2019 e janeiro 2022. As barras representam os respectivos desvios padrões. M éd ia d e in d iv íd u o s UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 32 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br . Calidris alba foi registrado em todos as praias amostradas, tendo maior média de indivíduos na Praia do Tanigwá, onde apresentou uma média de 12.44±16.37. Seguido pela praia do Gaivotas (5.41±7.43). O setor com a menor média de indivíduos foi a praia do Ruínas (2.41±3.99) (Figura 8). 30 25 20 15 10 5 0 Ruínas Tanigwá Praias estudadas Gaivotas Média de indivíduos Calidris alba em três diferentes setores das praias de Peruíbe-Itanhaém- SP, entre o período de agosto 2019 e janeiro 2022. As barras representam os respectivos desvios padrões. M éd ia d e i n d iv íd u o s UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 33 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br Calidris fuscicollis apresentou maior abundância na Praia do Tanigwá, com uma média de indivíduos de 9.6 ±17.29. A espécie foi menos abundante na Praia do Ruínas, com uma média de 1.933 ± 2.99 (Figura 8). 30 25 20 15 10 5 0 Ruínas Tanigwá Praias estudadas Gaivotas Média de indivíduos Calidris fuscicollis em três diferentes setores das praias de Peruíbe-Itanhaém- SP, entre o período de agosto 2019 e janeiro 2022. As barras representam os respectivos desvios padrões. M éd ia d e in d iv íd u o s UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 34 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br A praia do Tanigwá foi o setor que apresento a maior abundancia de Pluvialis dominica, com uma média de indivíduos de 5.34±4.58. A maioria dos indivíduos foi encontrada na berma, pois essa praia ainda possui vegetação de praias e dunas, o que não ocorre nas outras duas praias devido à especulação imobiliária. Seguido pela praia do Gaivotas (1.11±2.01). O setor com a menor abundancia foi a praia do Ruínas com uma média de indivíduos de 0.63±1.71 (Figura 10). 10 8 6 4 2 0 Ruínas Tanigwá Praias estudadas Gaivotas Médias de indivíduos de Pluvialis dominica em três diferentes setores das praias de Peruíbe-Itanhaém- SP, entre o período de agosto 2019 e janeiro 2022. As barras representam os respectivos desvios padrões. M éd ia d e in d iv íd u o s UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 35 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br Tringa melanoleuca esteve presente nos três setores de praias amostrados, sendo mais abundante na Praia do Gaivotas, com uma média de 7.48±7.67 (Figura 11). Essa praia conta um rio (Rio Preto), onde foram encontrada a maioria dos invidíduos, descansando nas margens. 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Ruínas Tanigwá Praias estudadas Gaivota Média de indivíduos de Tringa melanoleuca nos três diferentes setores das praias de Peruíbe-Itanhaém- SP, entre o período de agosto 2019 e janeiro 2022. As barras representam os respectivos desvios padrões. M éd ia d e in d iv íd u o s UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 36 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br A espécie residente Haematopus palliatus esteve presente nos três setores da praia, sendo mais abundante na praia do Tanigwa (2,84±1,74), seguido pela praia do Gaivotas (2,0±1,80). O setor com a menor média de indivíduos foi a praia do Ruínas (2,0±1,30) (Figura 12). 5 4 3 2 1 0 Ruínas Tanigwá Praias Gaivotas Média de indivíduos de Haematopus palliatus nos três diferentes setores das praias de Peruíbe-Itanhaém- SP, entre o período de agosto 2019 e janeiro 2022. As barras representam os respectivos desvios padrões M éd ia d e in d iv íd u o s UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 37 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br A praia do Tanigwá foi o setor com a maior média de indivíduos da espécie residente Charadrius collaris com um valor de 3,47±2,28. Seguido pela praia do Gaivotas com uma média de indivíduos de 3,36±2,26. A praia com a menor abundancia de indivíduos foi a praia do Ruínas com uma média de 2,16±1,40 (Figura 13). 6 5 4 3 2 1 0 Ruínas Tanigwá Praias Gaivotas Média de indivíduos de Charadrius collaris nos três diferentes setores das praias de Peruíbe-Itanhaém- SP, entre o período de agosto 2019 e janeiro 2022. As barras representam os respectivos desvios padrões. M éd ia d e in d iv íd u o s UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 38 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br 4.4 Impactos antrópicos nas aves limícolas Durante as campanhas foram identificados diferentes impactos antrópicos nas aves limícolas residentes e migratórias nos tres sectores de praias (Ruínas, Tanigwá e Gaivotas). Mediante observações diretas do comportamento das aves (alerta, corrida, voo e indiferencia) (Tabela 1), sendo registrados seis tipos de disturbios: Bicicletas, cavalos com bigas e sem bigas, cachorros com e sem coleira, transito de veiculos na faixa de areia, paragliders e pessoas caminando ou correndo na faixa de areia (Tabela 3) (Figura 16). Impactos registrados nos três setores de praia. a) Cachorro atacando um bando de Charadrius semipalmatus. b) Carros na faixa de areia na praia do Tanigwá ao lado de um bando misto de C. semipalmatus e Pluvialis doimica. c) Veículos motorizados na praia do Ruínas na frente de um bando de C. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 39 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br semipalmatus. d) Trator espantando um bando de C. semipalmatus na praia do Tanigwá. e) Cavalos e cães na praia do Tanigwá. f) Cavalo com viga perturbando a um grupo de Tringa melanoleuca na praia do Tanigwá. g) Bicicleta passando por perto de um bando misto de C. alba, C. fuscicollis e C. semipalmatus. h) Paragliders na praia do Gaivotas. i) Cão correndo detrás de um bando de Himantopus melanurus na praia do Ruínas. j) Pessoas passando perto de uma T. melanoleuca. Tabela 3. Frequência de ocorrência (%) das perturbações antropogênicas para as aves limícolas, identificadas nos três setores (Ruínas, Tanigwá e Gaivotas) das praias de Peruíbe e Itanhaém-SP. Setores das praias PRAIA DO RUINAS PRAIA DO TANIGWÁ PRAIA DO GAIVOTAS Pessoas 16,7 19,5 17,0 Bicicleta 2,6 4,3 2,4 Cavalo 0,1 2,5 - Cachorro 2,0 4,3 10,7 Carro 2,7 7,9 1,6 Paraglider - 5,3 0,2 Nos três setores a perturbação com mais frequência de ocorrência foram as pessoas (Tanigwá= 19,54%, Gaivotas=16,9% e Ruínas=16,7%). A bicicleta foi mais frequente na praia do Tanigwá (4,31%). O impacto produzido pelos cavalos também foi mais frequente na praia do Tanigwá (2,53%), devido a que é nesse setor onde se realizam as corridas de cavalos, essa mesma atividade foi ausente na praia do Gaivotas. Os cachorros tiveram maior impacto na praia do Gaivotas (10,71%), seguido pela praia do Tanigwá (4,34%). Os veículos automatizados (carros, tratores, motocicleta, quadrimotor) foram mais frequentes na praia do Tanigwá (7,9%), pois esse trecho de praia é utilizado frequentemente como conexão entre o município de Peruíbe e Itanhaém. Seguido pela praia do Ruínas (2,7%), que é onde estão situados os acesos para ingressar a praia do Tanigwá. E por último os paragliders estiveram ausentes na UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 40 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br praia do Ruínas e foram mais frequentes na praia do Tanigwá (5,3%), é nesse trecho onde as companhias de paragliders oferecem o serviço turístico. A -Charadrius collaris atropelado no setor Praia do Tanigwá e Calidris canutus rufa atropelado na Praia do Ruínas. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 41 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br 5. DISCUSSÃO Nos presente estudo, o mês de novembro foi o mes que apresentou a maior média de indivíduos, seguido pelo mês de outubro, concordando com Almeida (2010), de que os meses de outubro e novembro são o pico de abundância da maioria das espécies, como Charadrius semipalmatus. As aves migratórias costeiras necessitam de locais com condições ambientais adequadas para sobreviver (Vooren & Brusque 1999). A resposta comportamental das aves à presença humana em áreas costeiras é de certa forma óbvia; grandes bandos de aves podem ser observados voando em fuga das pessoas, e geralmente onde há pessoas existem poucas aves (Almeida, 2012). Essas respostas comportamentais, embora não necessariamente resultem na morte de aves, podem diminuir a eficiência alimentar ou aumentar sua taxa metabólica (Stillman et al, 2007). Os distúrbios antrópicos ocasionados em qualquer parte do ciclo migratório das aves limícolas podem comprometer a migração, comprometendo o status populacional e o sucesso reprodutivo (Burger et al., 2004). No presente estudo conseguimos identificar seis tipos de distúrbios para as aves limícolas presentes nos tres setores amostrados (Figura 16). As aves nas praias de maior atividade antrópica podem enfrentam maiores condições de stress, estando sujeitas ao desgaste energético maior, com vôos curtos e diminuição do tempo de forrageamento (Burguer & Gochfeld, 1991; Thomas et al., 2003; Burguer et al., 2004). No caso específico de aves limícolas, a utilização da praia para atividades de lazer pode ser mais impactante do que a urbanização de áreas vizinhas (Burton, 2007). Nesse sentido, considerando a escassez de estudos sobre as conseqüências da influência humana para as aves migratórias costeiras no Brasil, é recomendável o estabelecimento dos limites de perturbação humana que as aves podem tolerar em futuras pesquisas para a tomada de medidas de proteção, principalmente durante o período de invernagem no qual costumam aparecer em maiores quantidades na costa UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 42 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br do Brasil. Durante o período de estudo foram observados 10.017 indivíduos/contagens , sendo que das 23 espécies registradas, 20 são migrantes. Na mesma localidade, Esparza (2021) registrou 24 espécies, sendo 20 migrantes, o que ressalta a importância das praias de Itanhaém e Peruíbe para aves limícolas, especialmente as migratórias neárticas. Analisando a mesma localidade, Cestari (2008) registrou seis espécies de aves limícolas migratórias. O autor não constatou diferença significativa na ocorrência e abundância de aves nos três trechos de praia.Entre as espécies registradas, Cestari (2008) constatou que Calidris canutus foi a única encontrada exclusivamente na área de baixa concentração humana (Praia do Tanigwá). Tal fato indica que Calidris canutus é sensível a condições com maior concenração e perturbação humana, tal como observado por Peters e Otis (2007), em um estudo conduzido na Carolina do Sul, Estados Unidos. Almeida (2010) dividiu a Praia de Atalaia, de cerca de quatro quilômetros, em dez setores do monitoramento com 500 metros de extensão, a fim de identificar as relações existentes entre as aves limícolas e a influência antrópica, de forma a facilitar a análise dos impactos sofridos pelas aves, da mesma forma que o presente trabalho. O setor “Praia do Ruínas” foi o que apresentou menor abundância entre os três setores analisados (Figura 1). Tal setor possui forte pressão antrópica, com presença de banhistas, animais domésticos, paragliders e veículos. As atividades humanas nos meses de dezembro a março aumentam substencialmente, principalmente por serem meses de férias escolares e de grande fluxo de turismo. Nos dez setores analisados por Almeida (2010), três possuíam forte pressão humana, apresentando também a menor abundância, com apenas três espécies, dentre as dez registradas. Da mesma forma, Harrington et al (1992) ao analisar 8 setores de praia com forte UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 43 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br pressão antrópica em Plymouth Beach, Massachuttes, Estados Unidos, registrou redução de 50% na ocorrência de Calidris canutus, Limnodromus griseus e Pluvialis squatarola entre 1972 e 1989. Essas aves limícolas migratórias começaram a abandonar a area de estudo na medida em que as praias se tornaram mais frequentadas por locais e turistas. O setor “Praia do Tanigwá” é a única área não urbanizada do Setor Carijó da APAMLC (Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Centro) posuindo ainda vegetação de praias e dunas, escrube, pequenas dunas e pequenos riachos. Esse setor foi o que apresentou maior abundância e diversidade de espécies. Apesar disso, foi o setor que apresentou mais impactos entre os setores analisados. Isso ocorre principalmente porque a praia desse setor é uma tradicional e irregular rota de veículos que transitam entre os municípios de Itanhaém e Peruíbe, sendo também palco de corridas de cavalos. Cavalos e o gado são responsáveis diretos pela morte dos ninhegos da batuíra-da-malária (Charadrius peronii), onde um entre ninhos foi destruído pelo pisoteio desses animais (Dearden, 2006). Entre 27 tipos distintos de impactos às aves limícolas no Banco dos Cajuais, Ceará, Camboim (2019) ressalta os riscos de gado e cavalo às aves limícolas residentes, como Haemantopus palliatus, que têm ovos e filhotes pisoteados e asuldos afugentados por esses animais. Sobre os impactos causados por veículos, Camboim (2019) cita o afugentamento tanto de espécies residentes quanto migratórias, além do atropelamento de forma direta. No presente estudo, foi registrado atropelamento de uma ave limícola residente (Charadrius collaris) (A) no setor Praia do Tanigwá e de uma ave limícola migratória criticamente ameaçada de extinção (Calidris canutus rufa) (B) no setor Praia do Ruínas. Segundo Vooren & Chiaradia (1990), a área de uso das aves costeiras torna-se inadequada quando a presença humana excede um determinado nível de perturbação. As aves provavelmente estejam enfrentando condições de estresse, mas é possível que essas condições ainda sejam insuficientes para afugentá-las do local (Yasué 2006, Burton 2007). UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 44 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br O regime da perturbação humana difere na duração, intensidade e periodicidade que consequentemente irão alterar a intensidade dos mesmos nas espécies (Steven et al. 2011). Em trabalho realizado nos baixios lodosos de Cananéia-SP (Salgueiro, 2014), os indivíduos não permaneciam nos baixios por um período superior a 15 minutos, a não ser que estivessem a fazer praia, sendo que a intensidade da perturbação era maior quando estes corriam ou caminhavam na direção das aves. O setor “Praia do Gaivotas” é uma praia bastante descaracterizada, sem presença de vegetação de praias e dunas e com alta movimentação de pessoas, animais domésticos, veículos e paragliders. Apesar disso, foi o segundo setor com maior abundância de aves, depois do setor “Praia do Tanigwá” (Figura 1) e Tringa melanoleuca foi mais abundante do que nos demais setores (Figura 14). A existência do estuário do Rio Preto pode ser um fator que contribui para a abundância de aves limícolas nesse setor. No Ceará, a disponibilidade de restos de comida e lixo propicia um recurso alimentar alternativo, ainda que não se saiba as consequências desse fenômeno em longo prazo (Almeida, 2010). A grande quantidade de lixo deixada pelos banhistas na Praia do Gaivotas, especialmente nos finais de semana também pode ser um fator de concentração de aves, mas são necessários mais estudos, bem como há a necessidade de futuras investigações que determinem os limites máximos de concentração de pessoas e cães domésticos que as aves migratórias neárticas podem tolerar para a tomada de ações de proteção em áreas costeiras com ocupação humana (Cestari, 2008). No presente estudo, Charadrius semipalmatus foi a espécie dominante (tabela 1), com 90% de constância. Na mesma localidade, Esparza (2022) constatou que essa espécie também foi dominante, com uma constância de 90,22%. Na Ilha Comprida- SP, Barbieri et al (2013) consideraram essa espécie como regular, com uma constância de 54,36%. Ainda em Ilha Comprida, na Área de Relevante Interesse Ecológico do Guará, Charadrius semipalmatus teve uma constância de 50%, sendo considerada uma UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 45 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br espécie sazonal (Barbieri et al.,2013) A espécie teve uma abundância de 62,81% (tabela 1), e embora tenha sido registrado nas três praias amostradas, foi muito mais abundante na Praia do Tanigwá (figura 9). Na mesma Cestari (2008) encontrou uma abundância de 87,7%. A espécie também foi considerada a mais abundante na mesma localidade por Esparza (2022), com uma abundância de 61,64%. Barbieri et al (2013) e Barbieri e Paes (2008) registraram Charadrius semipalmatus durante todo o ano em Ilha Comprida, onde 25 indivíduos foram observados durante o inverno, com plumagem de imaturo. Na mesma localidade de nosso estudo, Esparza (2022) relata a presença de alguns indivíduos de Charadrius semipalmatus durante o inverno. Embora seja uma espécie que apresente abundância em diversos estudos no Brasil (Serrano, 2010), vem sofrendo uma forte pressão de caça no Suriname, onde não há legislação que proíba a caça às aves limícolas (Ottema and Spaans 2008), o que pode comprometer a espécie. Entre as ações para a conservação da espécie está a proteção das áreas que utiliza como descanso e alimentação proteção (Myers et al. 1987), e a criação de áreas onde ela possa se alimentar e descansar livre de perturbações antrópicas (Burger 1981). Outra espécie dominante foi Tringa melanoleuca com uma constância de 61,33% (tabela 1), Na mesma localidade, Esparza (2022) também considerou Tringa melanoleuca uma espécie dominante com uma frequência de 58,70%. A autora observou sempre cerca de 40 indivíduos em uma lagoa costeira, o que comprova a fidelidade da espécie a seus sítios não reprodutivos, de acordo com Serrano (2010). No entanto, uma centena de quilômetros ao sul, na Ilha Comprida, essa espécie foi considerada acidental, com apenas 2,27%. Ainda na Ilha Comprida, Barbieri et al (2013) consideraram essa espécie ocasional, com 0,02%. Essa espécie se apresenta dispersa por todo o Brasil, tanto no interior como na costa (Serrano, 2010). Entre as três praias amostradas, Tringa melanoleuca foi a única espécie com maior abundância na Praia do Gaivotas (figura 14). Sua presença em tal praia é devido à existência do UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 46 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br Rio Preto, onde foi encontrada forrageando. Na mesma localidade, Esparza (2022) constatou uma abundância de 7,33% com as maiores médias nos meses de outubro e de fevereiro. Embora a população esteja razoavelmente estável depois que sua caça foi proibida no Canadá (Remsen et al. 1991), pouco se sabe sobre os impactos que vem sofrendo por perturbações antrópicas (Elphick and Oring, 1998), sendo necessária a realização de mais estudos. A espécie Calidris alba foi considerada uma espécie dominante, com uma constância e 66% (tabela 1). Esse resultado coincide com o apresentado por Esparza (2022) na mesma localidade, onde se considerou a espécie como dominante, com uma constância de 65,22%. Na Ilha Comprida-SP, a espécie foi considerada regular, com uma constância de 5,66% (Barbieri et al, 2013). Entre as três distintas praias analisadas, Calidris alba foi mais abundante na Praia do Tanigwá (figura 9), onde encontrou um ambiente com baixa perturbação para forragear e descansar. Na mesma localidade, Cestari (2008) encontrou uma abundância de 3% para a espécie. A espécie começa a sofrer os impactos da pressão humana sobre as áreas de invernada (Parmelee, 1970), sendo importante a criação de áreas livres da interferência humana. Outra espécie dominante na área de estudo é o Haemantopus palliatus, com uma constância de 72% (tabela 1). Em Ilha Comprida, Barbieri et al (2013) consideraram essa espécie constante, com uma constância de 70,45%. Nessa localidade Barbieri e Delchiario (2008) encontraram 20 ninhos entre agosto de 2005 e dezembro de 2008, além de 02 ninhos na Ilha do Cardoso. Na área de nosso estudo, Esparza (2022) considerou essa espécie dominante, com uma constância de 70,65%. Na mesma localidade a autora registrou o êxito reprodutivo dessa espécie por dois anos seguidos, na Ilha das Gaivotas (também chamada Ponta da Aldeia), no município de Itanhaém. A autora ressalta ser esse o primeiro registro no Brasil de nidificação da espécie em ilha rochosa, sendo todos os outros registros realizados em dunas e entre a vegetação de restinga (Barbieri e Delchiario, 2008; Canabarro e Fredizzi, 2010; Linhares et al., 2021). Tal fato deve ocorrer devido às perturbações antrópicas (especulação imobiliária, presença de pessoas, cães e veículos) que ocorrem na área UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 47 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br de estudo (Esparza, 2022), sendo essas as causas que levaram essa espécie a estar listada como “Vulnerável” (Decreto Nº 53.494, de 2 de outubro de 2008) no Estado de São Paulo (Barbieri & Delchiario, 2008). A baixa produtividade de Haematopus palliatus e sua população diminuta no litoral sul de São Paulo (4-8 pares reprodutivos em 72km de praia arenosa na Ilha Comprida) confirmam sua categorização como espécie ameaçada, sendo que o grande número de pessoas, animais domésticos e veículos na praia são a maior ameaça à espécie no litoral paulista. Como todas as espécies registradas na área de estudo - à exceção de Tringa melanoleuca - essa espécie foi mais abundante na Praia do Tanigwá (figura 4). Como descrito anteriormente, essa área ainda possui vegetação de praias e dunas e entre as três praias analisadas é a que apresenta baixa perturbação humana e de animais domésticos. Barbieri & Tavares (2008) ressaltam que em um Estado onde a faixa costeira sofreu intensa ocupação e com poucas praias que apresentam vegetação de praia e baixa perturbação humana, mesmo em Unidades de Conservação, faz-se óbvia a necessidade de preservar cada praia com essas características a fim de minimizar as ameaças a Haematopus palliatus e outras espécies como Charadrius collaris, que ali nidificam. Após estudo na mesma localidade entre novembro de 2007 e abril de 2007, Cestari (2008) recomenda o estabelecimento dos limites de perturbação humana que as aves podem tolerar em futuras pesquisas para a tomada de medidas de proteção, principalmente. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 48 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br 6. CONCLUSÃO Com base nos dados do presente estudo pode-se concluir que as praias de Peruíbe e Itanhaém, no litoral centro paulista, são áreas importantes para as aves limícolas migratórias neárticas, que as utilizam como área de descanso e alimentação tanto em sua migração para as áreas de invernada no Sul da América do Sul, quanto durante a migração de volta às áreas de procriação, além da serem local de ocorrência de duas espécies residentes: Charadrius semipalmatus e Haematopus palliatus, sendo a última ameaçada de extinção no Estado de São Paulo. Entre os setores analisados, destacou-se a “Praia do Tanigwá” como o trecho com maior abundância e diversidade de espécies. Esse setor da praia é utilizado pelas aves principalmete quando todos os outros setores estão sob forte pressão antrópica, por ocasião das férias escolares, feriados e finais de semana. Contudo, mais estudos são necessários para avaliar os impactos da presença humana, de cães e de veículos nos três setores analisados, a fim de que se possa realizar uma melhor gestão de praias nos dois municípios. Por possui maior diversidade e abundância entre as praias analisadas, a “Praia do Tanigwá” funciona como “zona tampão” e necessida da implementação de sinais informativos que poderão promover a coexistência das aves e o turismo, de forma a minimizar os impactos sobre as aves. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 49 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br 7. 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Família Nome popular Nome científico Status Categoria Anatidae Pé-vermelho Amazonetta brasiliensis R Spheniscidae Pinguim-de- Magalhães Spheniscus magellanicus M Fregatidae Tesourão Fregata magnificens R Sulidae Atobá Sula leucogaster R Phalacrocoracidae Biguá Nannopterum brasilianus R Ardeidae Socozinho Butorides striata R Garça- vaqueira Bubulcus ibis R Socó- dorminhoco Nycticorax nycticorax R Savacu-de- coroa Nyctanassa violacea R Garça-moura Ardea cocoi R Garça-branca Ardea alba R Garça-branca- pequena Egretta thula R Garça-azul Egretta caerulea R UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 56 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br Threskiornithidae Guará Eudocimus ruber R Tapicurú Phimosus infuscatus R Curicaca Theristicus caudatus R Colhereiro Platalea ajaja R Cathartidae Urubu-de- cabeça-vermelha Cathartes aura R Urubu Coragyps atratus R Accipitridae Gavião-carijó Rupornis magnirostris R Aramidae Carão Aramus guarauna R Rallidae Saracura-três- potes Aramides cajanea R Saracura-do- mato Aramides saracura R frango- d'água-azul Porphyrio martinicus R Charadriidae Quero-quero Vanellus chilensis R Batuiruçu Pluvialis dominica VN QA Batuíra-de- bando Charadrius semipalmatus VN Batuíra-de- coleira Charadrius collaris R Batuíra-de- peito-tijolo Charadrius modestus VS Haematopodidae Piru-piru Haematopus palliatus R EN (SP) UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 57 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br Recurvirostridae Pernilongo- de-costas-brancas Himantopus melanurus R Scolopacidae Maçarico-de- bico-virado Limosa haemastica VN Maçarico-de- bico-torto Numenius hudsonicus VN Maçarico-do- campo Bartramia longicauda VN VU (SP) Maçarico- pintado Actitis macularius VN Maçarico- grande-de-perna- amarela Tringa melanoleuca VN Maçarico-de- perna-amarela Tringa flavipes VN Vira-pedras Arenaria interpres VN QA (SP) Maçarico- branco Calidris alba VN Maçarico- rasteirinho Calidris pusilla VN EN Maçariquinho Calidris minutilla VN Maçarico-de- sobre-branco Calidris fuscicollis VN Maçarico-de- bico-fino Calidris bairdii VN DD Maçarico-de- coleta Calidris melanotos VN Maçarico- pernilongo Calidris himantopus VN Maçarico- acanelado Calidris subruficollis VN VU UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 58 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br Pisa-n'água Phalaropus tricolor VN Laridae gaivota-de- cabeça-cinza Chroicocephalus cirrocephalus VS Gaivotão Larus dominicanus R Sternidae Trinta-réis- pequeno Sternula superciliaris R EN (SP) Trinta-réis- grande Phaetusa simplex R VU (SP) Trinta-réis- boreal Sterna hirundo R Trinta-réis- de-coroa-branca Sterna trudeaui R Trinta-réis- de-bando Thalasseus acuflavidus R VU Trinta-réis- real Thalasseus maximus R EN Rynchopidae Talha-mar Rynchops niger R Columbidae Rolinha- caldo-de-feijão Columbina talpacoti R Pombo- doméstico Columba livia R Asa-branca Patagioenas picazuro R Jjuriti-de- testa-branca Leptotila rufaxilla R Cuculidae Alma-de-gato Piaya cayana R Anu-preto Crotophaga ani R Anu-branco Guira guira R Saci Tapera naevia R UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 59 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br Caprimulgidae Bacurau Nyctidromus albicollis R Corucão Podager nacunda R Urutau Nyctibius griseus Apodidae Taperuçu- preto Cypseloides fumigatus R Taperuçu-de- coleira-branca Streptoprocne zonaris R Andorinhão- de-sobre-cinzento Chaetura cinereiventris R Andorinhão- do-temporal Chaetura meridionalis R Trochilidae Beija-flor-de- garganta-verde Amazilia fimbriata R Ramphastidae Tucanuçu Ramphastos toco R Picidae Picapauzinho- de-coleira Picumnus temminckii R Pica-pau-do- campo Colaptes campestris R Falconidae Carcará Caracara plancus R Carrapateiro Milvago chimachima R Acauã Herpetotheres cachinnans R Falcão-de- coleira Falco femoralis R Psittacidae Tuim Forpus xanthopterygius R UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 60 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br Thamnophilidae Choca-da- mata Thamnophilus caerulescens R Furnariidae João-de-barro Furnarius rufus R João-teneném Synallaxis spixi R Rhynchocyclidae Ferreirinho- relógio Todirostrum cinereum R Tachuri- campainha Hemitriccus nidipendulus R Tyrannidae Risadinha Camptostoma obsoletum R Guaracava- de-barriga-amarela Elaenia flavogaster R Tucão Elaenia obscura R Maria- cavaleira Myiarchus ferox R Bem-te-vi Pitangus sulphuratus R Suiriri- cavaleiro Machetornis rixosa R Suiriri Tyrannus melancholicus R Tesourinha Tyrannus savana R Filipe Myiophobus fasciatus R Príncipe Pyrocephalus rubinus R Lavadeira- mascarada Fluvicola nengeta R UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 61 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br Viuvinha-de- óculos Hymenops perspicillatus VS Vireonidae Juruviara Vireo chivi R Hirundinidae Andorinha- pequena-de-casa Pygochelidon cyanoleuca R Andorinha- de-bando Hirundo rustica VN Troglodytidae Corruíra Troglodytes musculus R Garrinchão- de-bico-grande Cantorchilus longirostris R Turdidae Sabiá-poca Turdus amaurochalinus R Sabiá- laranjeira Turdus rufiventris R Mimidae Sabiá-do- campo Mimus saturninus Calhandra-de- três-rabos Mimus triurus VS Motacillidae Caminheiro- zumbidor Anthus lutescens R Parulidae Mariquita Setophaga pitiayumi R Pia-cobra Geothlypis aequinoctialis R Icteridae Chupim Molothrus bonariensis R Thraupidae Sanhaçu- cinzento Tangara sayaca Saíra- sapucaia Stilpinia peruviana R Papa-taoca- do-sul Pyriglena leucoptera R UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Instituto de Biociências Campus do Litoral Paulista 62 Instituto de Biociências - Campus do Litoral Paulista Praça Infante D. Henrique s/nº - CEP 11330-900 - São Vicente/SP - Brasil Tel. (13) 3569-7100 - coordenadoria@clp.unesp.br Tiê-sangue Ramphocelus bresilius R Cambacica Coereba flaveola R Estrildidae Bico-de-lacre Estrilda astrild R Passeridae Pardal Passer domesticus R