Campus de Araçatuba ISABELA DORNELAS NEVES Efeito da erosão ácida in situ nas propriedades estruturais e óptica de resina bisacrílica nanoparticulada, não polida e polida com diferentes tratamentos de superfície Araçatuba - SP 2022 ISABELA DORNELAS NEVES Efeito da erosão ácida in situ nas propriedades estruturais e óptica de resina bisacrílica nanoparticulada, não polida e polida com diferentes tratamentos de superfície Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Odontologia de Araçatuba da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Cirugião-Dentista. Orientador: Prof. Assoc. Aldiéris Alves Pesqueira Araçatuba - SP 2022 Dedicatória Aos meus pais, Sérgio Pereira das Neves e Silvia Saraiva Dornelas das Neves, com amor e gratidão dedico este trabalho e todos os méritos alcançados até aqui. Agradeço todos os esforços diários, dedicação e oportunidades que me deram para que a realização desse sonho se concretizasse. Vocês são minha base, esteio e alicerce. Agradecimentos Agradeço primeiramente a Deus, por ser zeloso comigo até mesmo nos mínimos detalhes. Tornou possível meu sonho desde a infância de cursar Odontologia na Faculdade de Odontologia de Araçatuba, e em todo esse processo colocou pessoas maravilhosas, amigos e professores excelentes para que eu não somente me formasse, mas tivesse experiencias e sentimentos que farão parte de mim por toda a vida. À Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, na pessoa do diretor da Faculdade de Odontologia de Araçatuba Prof. Tit. Glauco Issamu Miyahara e do vice-diretor Prof. Tit. Alberto Carlos Botazzo Delbem. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pela concessão de bolsa de iniciação científica através do Processo nº 2021/08186-2. Aos meus pais, Sérgio e Silvia, por tudo o que me proporcionaram ao longo da vida. Por todo o amor, cuidado, carinho, suporte e oportunidades que sempre me ofereceram. Me transmitiram os valores mais lindos que alguém poderia ter. Obrigada por nunca terem medido esforços para que eu tivesse o melhor estudo e a melhor vida possível. Não há palavras que possam ser escritas ou ditas a ponto de expressar minha eterna gratidão por tudo o que são em minha vida. Ao meu irmão, Daniel, por seu companheirismo e sua eterna amizade. Obrigada por sempre acreditar em mim e por todo o cuidado e zelo, que mesmo sendo o mais novo, faz questão de ter por mim. Ao meu namorado, Bruno, por todo o amor e carinho que sempre teve comigo. Agradeço pelo suporte, incentivo e apoio tão importantes em todos os momentos. Não esteve comigo em todos os anos da graduação, mas a partir do momento que se fez presente foi então meu maior motivador. Ao meu orientador, Prof. Assoc. Aldiéris Alves Pesqueira, por ter me dado a oportunidade de viver essa experiência tão enriquecedora e encantadora na área científica. Me fez enxergar a área acadêmica de outra forma e entender a necessidade disso na vida de um profissional de excelência. Se tornou para mim exemplo de profissionalismo, gentileza, educação e disciplina. Pude ver como se faz ciência de excelência e alto nível sem deixar a simplicidade da vida de lado. Obrigado por toda paciência, por todos os ensinamentos passados e por todas as oportunidades. Sou muito privilegiada e honrada de poder ter o senhor como meu orientador e um grande amigo. Agradecimentos Ao João Pedro Justino de Oliveira Limírio, por todo o suporte que me deu, com prontidão, em todos os momentos que precisei. Sou grata por sua paciência, compreensão e aptidão em ensinar ciência, que foram primordiais. Obrigada por ter me orientado tão bem junto ao professor, por sempre se mostrar solícito e por ter sido extremamente receptivo comigo. Sinceridade e um coração gigante são visíveis em você. Agradeço a amizade e cumplicidade que levarei comigo por toda a vida. Ao professor Leonardo Perez Faverani, por ser este excelente profissional que, além de ter muito conhecimento e saber exatamente como passa-los a diante, tem um coração gigante e sabe enxergar o aluno de forma pessoal, um a um. O “Professor Léo”, assim como costumamos o chamar, demonstra pra mim o maior exemplo de profissionalismo sem perder a humanidade. Envolvido em praticamente tudo o que a faculdade fornece aos alunos, se mostra em todos os momentos grato por tantas responsabilidades quando na verdade a gratidão é toda nossa por tê- lo e ter o privilégio de aprender com você. Obrigada por todos os ensinamentos e por ter agregado tanto em minha caminhada na graduação. Aos amigos do grupo de pesquisa, em especial Victor Alves, Lorena Scaion, Kevin Cruz, Gabriel Sampaio e Thiago Foltran pela amizade construída e pelo trabalho em equipe em que se dedicaram tanto para que fosse possível a realização desse trabalho. Sozinhos não chegamos a lugar nenhum, vocês foram essenciais para o alcance de todas essas etapas Agradeço a todas as amizades que fiz durante a graduação, que foram tão importantes para deixar tudo ainda mais especial e mais leve. Em especial, sou grata aos meus amigos, Michael Rodrigues, Vitor Hugo Sampaio, Lorena Louise, Thales Oliveira, Bruno Urzedo, Gustavo Simionato, Júlia Moro, Flávia Liro e Gisele Fridirich, por todo o apoio e incentivo em todos os momentos. São amizades que a universidade me proporcionou para a vida inteira. Epígrafe “Que todos os nossos esforços estejam sempre focados no desafio à impossibilidade. Todas as grandes conquistas humanas vieram daquilo que parecia impossível.” Charles Chaplin Resumo Neves, I.D Efeito da erosão ácida in situ nas propriedades estruturais e óptica de resina bisacrílica nanoparticulada, não polida e polida com diferentes tratamentos de superfície. 2022. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Faculdade de Odontologia, Universidade Estadual Paulista, Araçatuba, 2022. RESUMO O objetivo do presente estudo foi avaliar a influência da erosão ácida in situ nas propriedades estruturais e óptica de resina bisacrílica nanoparticulada, não polida e polida com diferentes tratamentos de superfície, avaliando rugosidade de superficie (Ra), microdureza knoop (MK) e alteração de cor (ΔE00). Foram confeccionados 80 espécimes (n=10 por grupo) (5×5×1,5 mm) e os seguintes tratamentos de superfícies: NP - não polidos (limpos com uma gaze umedecida em álcool); PA - polimento com pontas de borracha Astropol (Ivoclar); SB - selante de superfície Biscover LV (Bisco) e SP - Selante de superfície Palaseal (kulzer). Para o experimento in situ, foram selecionados 10 voluntários, cada voluntário usou um aparelho intraoral contendo oito espécimes (dois espécimes por grupo experimental), sendo que apenas um espécime de cada grupo experimental foi submetido ao processo de erosão ácida. A erosão ácida consistiu na imersão dos espécimes em 150 ml de refrigerante à base de cola (Coca-Cola, pH = 2,3), 4 x 5 min/dia (8:00, 12:00, 16:00 e 20:00) por 14 dias consecutivos. As análises foram realizadas após os tratamentos de superfície (T1) e após experimento in situ (T2). Os dados obtidos foram submetidos ao teste de normalidade e posteriormente ao teste T de medidas repetidas para análise estatística de Ra e MK e ao ANOVA para alteração de cor, ambos com nível de significância de 5%. Em todos os períodos os grupos SB e SP apresentaram os menores valores de Ra (p<0,05). Entretanto, não houve alteração significativa na comparação entre sem e com erosão ácida (p<0,05). O grupo SB obteve em todos os períodos os maiores valores de MK e NP os menores (p<0,05). De igual modo, sem alteração significativa na comparação entre sem e com erosão ácida (p<0,05). O grupo SP apresentou os maiores valores de ΔE00 (p<0,05). Também não houve diferença significativa de ΔE00 entre os grupos sem e com erosão ácida (p<0,05). Portanto, os selantes de superfície foram capazes de melhorar a rugosidade de superfície e a microdureza da resina bisacrílica, todavia o selante Palaseal gera alteração de cor inaceitável. A erosão ácida não influenciou significativamente na rugosidade, microdureza e cor da resina bisacrílica, independente do tratamento de superficie realizado. Palavras-chave: Resina Bisacrílica; Erosão ácida; Polimento dentário Abstract Neves, I.D. Effect of in situ acid erosion on the structural and optical properties of nanoparticulate, unpolished and polished bisacrylic resin with different surface treatments. 2022. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Faculdade de Odontologia, Universidade Estadual Paulista, Araçatuba, 2022. ABSTRACT The aim of this study was to evaluate the influence of acid erosion in situ on the structural and optical properties of non-polished and polished nanoparticulate bisacrylic resin with different surface treatments, evaluating surface roughness (SR), knoop microhardness (MK) and stainability of color (ΔE00). Eighty specimens were made (n=10 per group) (5×5×1.5 mm) and the surface treatments were applied: NP - unpolished (cleaned with a gauze moistened with alcohol); PA - polishing with Astropol rubber tips (Ivoclar); SB - Biscover LV surface sealant (Bisco) and SP - Palaseal surface sealant (kulzer). For the in situ experiment, 10 volunteers were selected, each volunteer used an intraoral appliance containing eight specimens (two specimens per experimental group), and only one specimen from each experimental group was subjected to the acid erosion. Acid erosion consisted of immersing the specimens in 150 ml of cola-based soft drink (Coca-Cola, pH = 2.3), 4 x 5 min/day (8:00, 12:00, 16:00 and 20:00). 00) for 14 consecutive days. The analyzes were performed after the surface treatments (T1) and after the in situ experiment (T2). The data obtained were submitted to the normality test and later to the T test of repeated measures for statistical analysis of SR and MK and to ANOVA for ΔE00, both with a significance level of 5%. In all periods, the SB and SP groups presented the lowest SR values (p<0,05). However, there was no significant change in the comparison between without and with acid erosion (p<0,05). The SB group obtained in all periods the highest values of MK and NP the lowest, (p<0,05). Likewise, there was no significant change in the comparison between without and with acid erosion (p<0,05). The SP group presented the highest values of ΔE00, (p<0,05). There was also no significant difference in ΔE00 between the groups without and with acid erosion (p<0,05). Therefore, the surface sealants were able to improve the surface roughness and microhardness of the bisacrylic resin, however the PA sealant generates unacceptable color change. Acid erosion did not significantly influence the roughness, microhardness and color of the bisacrylic resin, regardless of the surface treatment. Keywords: Bys-acril resin; acid erosion; tooth polish Listas e Sumários LISTA DE FIGURAS Figura 1 Fluxograma contendo a divisão dos grupos de acordo os tratamentos de superfície realizados e experimento in situ (com e sem erosão ácida) 15 Figura 2 Esquema da matriz metálica 16 Figura 3 Desenho esquemático do dispositivo intraoral palatino com espécimes em posição para as análises in situ 20 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Média e desvio padrão da Ra (nm) inicial, sem e com erosão ácida. 23 Gráfico 2 Gráfico 3 Gráfico 4 Média e desvio padrão da MK inicial, sem e com erosão ácida. Média e desvio padrão do ΔE00 sem e com erosão ácida. Diferença da alteração de cor (Δ) entre com erosão ácida (C/ EA) e sem erosão ácida (S/ EA). 24 25 26 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Materiais utilizados no presente estudo 16 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS DRGE Doença do refluxo gastroesofágico Ra Rugosidade de superfície MK Microdurza knoop ΔE00 Alteração de cor NP Não polidos PA Polimento com pontas de borracha Astropol SB Selante de superfície Biscover LV SP Selante de superfície Palaseal CEP Comitê de Ética em Pesquisa Humana C/ EA Com erosão ácida S/ EA Sem erosão ácida PC Perceptibilidade clínica AC Aceitabilidade clínica SUMÁRIO 1 Introdução 11 2 Objetivos 14 3 Materiais e métodos 15 4 Resultados 23 5 Discussão 27 6 7 Conclusão Referencias 30 31 11 Introdução 1. Introdução As restaurações provisórias representam estágio fundamental no processo de reabilitação e são cruciais para alcançar o sucesso clínico da prótese fixa1, promovem proteção pulpar e periodontal, isolamento térmico, estabilidade oclusal, função mastigatória e estética satisfatória1-4. Além disso, as restaurações provisórias são usadas para fins de diagnóstico e planejamento do tratamento, permitindo a visualização do resultado esperado5. Com os avanços tecnológicos e com o desenvolvimento de novos materiais odontológicos, os profissionais dispõem de novas opções para confecção das restaurações provisórias, com destaque para as resinas bisacrílicas cada vez mais aceitas e utilizadas6-8. Sua composição de resina orgânica, cargas inorgânicas e monômeros confere as características de resistência e estética semelhantes às resinas compostas6. Ainda, as resinas bisacrílicas podem ser usadas para praticamente todos os tipos de restaurações provisórias11. No entanto, outros estudos11-14, apresentam como desvantagens das resinas bisacrílicas seu maior custo e baixa resistência à deformação. Os compostos bisacrílicos são fabricados a partir de monômeros de dimetacrilatos, altamente reticulados que tendem a ser mais frágeis que os PMMA, apesar de possuírem cargas que fornecem qualidades semelhantes às resinas compostas, estes podem variar de tamanho ou geometria, alterando as propriedades de sua matriz polimérica14. Devido essa heterogeneidade, as resinas bisacrílicas são mais suscetíveis à mudança de cor quando em contato com soluções corantes15. Além disso, a maioria das resinas bisacrílicas são mais polares do que a resina acrílica de PMMA convencional, promovendo maior absorção de substâncias corantes, interferindo na sua estabilidade de cor2,9,12,16. Em reabilitações complexas, tais como terapia com implantes dentários, as restaurações provisórias são utilizadas por períodos prolongados, essas devem preservar suas características mecânicas e estéticas durante o uso clínico7,17. Diversos fatores irão influenciar na durabilidade das restaurações provisórias, tais como: polimerização incompleta, higiene oral, sorção de água e ingestão de bebidas ácidas/corantes1,2,12,18. Todos esses fatores possuem relação direta com a qualidade de superfície do material12,19, diante disso, várias técnicas foram desenvolvidas para o polimento de materiais provisórios, normalmente, são utilizadas pedras abrasivas com granulação em ordem decrescente, associadas ou não a pasta de óxido de alumínio12,19,20. 12 Introdução Recentemente, os selantes de superfície estão sendo usados para polir, preservar ou melhorar as propriedades mecânicas e estéticas dos materiais restauradores, foram introduzidos para minimizar a porosidade da superfície e obter superfícies lisas, aumentar resistência mecânica e melhorar a resistência a manchas12,21. No entanto, a eficácia dos selantes em melhorar a qualidade das superfícies dos materiais provisórios a longo prazo ainda é controversa e incerto, uma vez que foram relatados problemas como baixa resistência a abrasão, formação de camada não uniforme, fraca retenção ao material subjacente, apresentando descolamento do material e criando assim textura rugosa, vulnerável a manchas e a descoloração12. Ainda, as variações de temperatura podem levar a formações de microfissuras e a remoção de partículas de superfície não aderidas dos selantes22. Atualmente, há aumento significativo na prevalência da erosão dentária, 23, definida como a “perda de estrutura dentária devido a causas químicas não bacterianas”. 24. Os ácidos erosivos podem ser de origem intrínseca como no ácido estomacal (doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), transtornos alimentares (anorexia e bulimia nervosa)25,26, ou extrínsecos em bebidas e alimentos ácidos27. A reabilitação protética pode ser bastante desafiadora, já que, os materiais restauradores também sofrem erosão com a exposição a diferentes ácidos28-31. As resinas compostas podem apresentar degradação da matriz da resina e do agente de acoplamento de silano, com perda de partículas de enchimento30. A microdureza de compósitos também é reduzida após imersão em refrigerante à base de cola32. Além disso, a cor e a translucidez de materiais restauradores podem ser afetadas negativamente pela adsorção de corantes presentes em bebidas com potenciais erosivos variados, disponíveis comercialmente, como refrigerantes à base de cola, café e vinho tinto28,33,34. A maioria dos estudos in vitro não conseguem reproduzir totalmente a situação clínica. Diante disso, no presente estudo, um modelo in situ foi usado para simular o desafio ácido intraoralmente28,35. O refrigerante à base de cola foi escolhido devido à sua popularidade e alto potencial erosivo30. Além disso, devido à presença de pigmento caramelo no refrigerante à base de cola, seus efeitos sobre as propriedades ópticas dos materiais restauradores têm sido amplamente estudados36. Embora existam várias pesquisas publicadas sobre as propriedades mecânicas e ópticas das resinas bisacrílicas, pouco é conhecido sobre seu comportamento frente a erosão ácida. Além disso, nenhum estudo in situ foi realizado para avaliar o efeito da erosão 13 Introdução ácida nas propriedades mecânicas e óptica de resinas bisacrílicas submetidas a tratamentos de superfícies com pontas de polimento ou selante de superfície. 14 Objetivo 2. Objetivo O objetivo do presente estudo foi avaliar a influência da erosão ácida in situ nas propriedades estruturais e óptica de resina bisacrílica nanoparticulada, não polida (gaze umedecida em álcool) e polida com diferentes tratamentos de superfície (ponta de borracha de silicone com partículas de carboneto de silício (Astropol - Ivoclar Vivadent ) e 02 selantes de superfície (Biscover LV - Bisco e Palaseal - Kulzer). A hipótese nula testada foi de que a erosão ácida in situ não promoveria alterações nas propriedades estruturais e óptica de resina bisacrílica nanoparticulada, independentemente do tratamento de superfície realizado. 15 Materiais e métodos 3. Materiais e métodos 3.1.Delineamento experimental O delineamento experimental do estudo encontra-se demonstrado na Figura 1. Figura 1. Fluxograma contendo a divisão dos grupos de acordo os tratamentos de superfície realizados e experimento in situ (com e sem erosão ácida) 3.2 Formação dos grupos Foram confeccionados 80 espécimes com dimensões de 5×5×1,5 mm37, esses foram divididos em grupos (n=10) de acordo com os tratamentos de superfície experimento in situ (com e sem erosão ácida), conforme o delineamento experimental (Figura 1). Os materiais utilizados no presente estudo estão descritos na Tabela 1. 16 Materiais e métodos Tabela 1. Materiais utilizados no presente estudo Material Composição Marca Comercial Fabricante Resina bisacrílica nanoparticulada Ésteres de metacrilato multi- funcionais,TEGDMA, nanoparticulado Protemp4 3M ESPE Dental Products, MN, EUA Ponta de borracha de silicone com partículas de carboneto de silício Óxido de alumínio, partículas de carboneto de silício, partículas de diamante, dióxido de titânio e óxido de ferro. Ponta verde 45µm, cinza 1µm e rosa 03 µm Astropol F, P e H Ivoclar Vivadent, Schaan, tenstein Selante de superfície Dimetacrilato de etoxilato de bisfenol,acrilato de éster de uretano, polietilenoglicol acrilato BisCover LV Bisco Inc., Schaumburg, IL, EUA Selante de superfície MMA, THEICTA, oligômero epóxiacrilizado e polissiloxano Palaseal Kulzer, Hanau, Alemanha 3.3 Fabricação dos espécimes 3.3.1. Matriz metálica utilizada para confecção dos espécimes Para obtenção dos espécimes foi utilizada uma matriz metálica inoxidável com dimensões de 80x40x1,5 mm com 10 perfurações de 5×5×1,5 mm (Figura 2). Figura 2. Esquema da matriz metálica 17 Materiais e métodos 3.3.2. Fabricação dos espécimes Para confecção dos espécimes, a matriz metálica foi fixada com cera PK opaca branca (Kota) sobre uma lâmina de vidro retangular (100x60x10 mm), todo o conjunto fui lubrificado utilizando gel (Gel lubrificante ky, Johnson). Posteriormente, o interior das perfurações da matriz foi preenchido com resina bisacrílica (Protemp 4, 3M ESPE Dental Products, MN, EUA). Em seguida, pressionada sobre a matriz uma segunda placa de vidro, com intuito de obter uma superfície plana e regular. Foi aguardado o tempo de polimerização da resina (4 minutos) e os espécimes foram removidos cuidadosamente do interior da matriz. 3.3.3. Acabamento e polimento dos espécimes Os espécimes foram submetidos ao acabamento para remoção das irregularidades das bordas e/ou os excessos de resina, com auxílio de um micromotor (Kavo, Joinville, SC, Brasil) e broca minicut (Edenta, Hauptstrasse, Suiça). Foram realizadas três mensurações da altura e do diâmetro dos espécimes com um paquímetro digital (Paquímetro Digital Digimatic, Mitutoyo Sul Americana Ltda, Santo Amaro, SP, Brasil). Posteriormente, os espécimes foram limpos com uma gaze umedecida em álcool e armazenada em água destilada por 24 horas em estufa a 37°C para completar a polimerização. Na sequência, foram separados os espécimes de acordo com cada grupo delineado: NP – Não polidos: os espécimes foram limpos com uma gaze umedecida em álcool. PA - Polimento com pontas de borracha Astropol: foi realizado o polimento com a sequência de pontas de borracha de silicone com partículas de carboneto de silício (Astropol F, 18 Materiais e métodos P e HP) nos espécimes, conforme a sequência: Passo 1 - acabamento com Astropol F (cinza); Passo 2 - polimento com Astropol P (verde) e Passo 3 - polimento com Astropol HP (rosa). Cada disco foi aplicado sobre a superfície do espécime por 20 segundos com pressão intermitente, com movimentos ligeiramente rotativos. SB - Selante de superfície Biscover LV: o selante Biscover LV foi dispensado em um pote dappen, com ajuda de um pincel fino e macio, foi mergulhado no conteúdo e removido os excessos, sendo aplicado em uma só direção com toque suave, para que apenas uma camada fina e homogênea ficasse sobre a superfície do espécime. Depois, foi aguardado o tempo de 20 segundos para o início da fotopolimerização com lâmpada de LED (Grand Valo, Ultradent) por 30 segundos a uma curta distância (0-2mm). SP - Selante de superfície Palaseal: o selante Palaseal foi dispensado em um pote dappen, com ajuda de um pincel fino e macio, foi mergulhado no conteúdo e removido os excessos, sendo aplicado em uma só direção com toque suave, para que apenas uma camada fina e homogênea ficasse sobre a superfície do espécime. Depois, foi aguardado o tempo de exposição de aproximadamente 20 segundos para o início de uma fotopolimerização com lâmpada de LED (Grand Valo, Ultradent) por 90 segundos a uma curta distância (0-2mm). Para padronizar os tratamentos de superfícies, todos os polimentos foram realizados pelo mesmo operador e feitos de acordo com as instruções de cada fabricante. Todos os tratamentos de superfície foram aplicados em um lado do espécime, e o outro lado deixado sem tratamento. Então, após o polimento os espécimes foram limpos com água destilada em lavadora ultrassônica (Unique USC 2850, São Paulo, Brasil) por 10 minutos5,28. 19 Materiais e métodos 3.4 Experimento in situ Este estudo foi aprovado pelo CEP (Comitê de Ética em Pesquisa Humana) da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP (CAAE: 52339021.1.0000.5420). 3.4.1. Seleção dos voluntários Foram selecionados dez (10) voluntários de ambos os sexos, com idade entre 18 e 30 anos e boa saúde geral e bucal e com fluxo salivar normal, que receberam as informações correspondentes à execução da pesquisa, e posteriormente, foram submetidos à anamnese e exame clínico. Todos os voluntários são alunos da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – FOA/UNESP. 3.4.2. Confecção dos dispositivos intraorais Inicialmente, foram confeccionados dispositivos intraorais para a arcada superior com 08 nichos independentes na área palatina, onde foram posicionados os espécimes. Para isso, os arcos superiores dos voluntários foram moldados com hidrocolóide irreversível Alginato (Hydrogum 5, Zhermack SpA, Badia Polesine, Rovigo, Itália) e os modelos de trabalho obtidos em gesso especial tipo IV (Durone, Dentsply Ind e Com Ltda, Petrópolis, Brasil). Em seguida, os dispositivos palatinos confeccionados em resina acrílica ativada quimicamente (Jet, Clássico Ind. E Com., São Paulo, Brasil) contendo os 08 nichos de 5x5x1,5 mm, destinados à fixação dos espécimes com auxílio de cera pegajosa (Kota, São Paulo, Brasil) (Figura 3), permitindo à exposição dos espécimes as condições intraorais38. 20 Materiais e métodos Figura 3. Desenho esquemático do dispositivo intraoral palatino com espécimes em posição para as análises in situ 3.4.3. Erosão ácida Cada voluntário fez uso de um aparelho intraoral contendo oito espécimes (dois espécimes por grupo experimental), sendo que apenas um espécime de cada grupo experimental foi submetido ao processo de erosão ácida (Figura 1). A erosão ácida consistiu na imersão dos espécimes em 150 ml de refrigerante à base de cola recém-aberto (Coca-Cola, pH = 2,3), durante 5 min, 4 vezes por dia (8:00, 12:00, 16:00 e 20:00) por 14 dias consecutivos. Após cada período de erosão ácida, os voluntários enxaguaram o aparelho com água destilada por 10s e recolocaram na boca28,35. Os voluntários receberam instruções para usar os aparelhos continuamente durante 24 horas ao longo do período experimental, só remover o aparelho intraoral durante as refeições e a higiene bucal de rotina. Os voluntários foram orientados a escovar os dentes sem o dispositivo palatino na cavidade oral e realizar a higiene apenas da parte correspondente ao palato do dispositivo. O regime de escovação foi de 3 vezes ao dia, após as principais refeições do dia. 21 Materiais e métodos 3.5. Variáveis respostas 3.5.1. Rugosidade de superfície (Ra) A rugosidade de superfície (Ra - média aritmética) foi mensurada por meio de um rugosímetro perfilômetro portátil SJ-410 (Mitutoyo Kanagawa, Japão), sendo obtidos o Ra, que representa a média aritmética entre os picos e vales registrados. Foi utilizado um deslocamento (cut-off) de 0,25mm, necessário para maximizar a filtragem da ondulação superficial, com carga de estática de 5N e velocidade de 0,05mm/s. Foram efetuadas três leituras em diferentes posições, equidistantes entre si em cada espécime, para o cálculo da média aritmética. 3.5.2. Microdureza Knoop (MK) Para a análise da microdureza Knoop (MK), os espécimes foram submetidos a leituras em microdurômetro (HMV 2000 Shimadzu, Tokyo, Japão), com carga estática de 98.07mN por 15 segundos. Em cada tempo de análise, foram realizadas três endentações na região central do espécime com distância de 100 μm entre cada endentação e o valor da MK de cada espécime estipulado pela média destes valores. 3.5.3. Alteração de cor (ΔE00) O sistema CIEDE2000 (ΔE00) foi criado com intuito de aprimorar a avaliação de cor, tendo como base o sistema CIELab (parâmetros L*, a* e b*). Apresenta fórmulas com maior complexidade, sendo considerado clinicamente superior para mensurar alterações de cor, apresenta melhor correlação entre os limiares de perceptibilidade e aceitabilidade. As leituras 22 das propriedades ópticas dos espécimes foram realizadas por espectrofotometria de reflexão ultravioleta visível, modelo UV-2450 (Shimadzu, Kyoto, Japão) em fundo preto. Materiais e métodos As alterações de cor foram calculadas por meio do Sistema CIEDE 2000 (ΔE00), seguindo a fórmula33. Onde, ΔL, ΔC e ΔH eram as diferenças de luminosidade (L), croma/saturação (C) e matiz/tonalidade (H). SL, SC e SH são as funções de pesagem para os componentes de luminosidade, croma e matiz, respectivamente. Os fatores KL, KC e KH foram definidos como 1 para ajuste da fórmula ΔE0033. Foi considerado ΔE00=1,30 como limite de perceptibilidade e ΔE00=2,25, de aceitabilidade clínica39. 3.6. Períodos de análise As análises foram realizadas após os tratamentos de superfície (T1) e após experimento in situ (T2). 3.7. Análise estatística Os dados obtidos nas análises de rugosidade superficial (Ra) e microdureza knoop (MK) foram submetidos ao Teste T de medidas repetidas e teste de Bonrrefoni com nível de 23 significância de 5%. Os dados obtidos na análise de alteração de cor foram submetidos ao ANOVA um fator seguido e teste de Bonrrefoni com nível de significância de 5%. Resultados 4. Resultados 4.1. Rugosidade Superficial (Ra) Em todos os períodos os grupos SB e SP apresentaram os menores valores de Ra, com diferença significativa dos demais (p<0,05) e sem diferença significativa entre eles (p>0,05). O grupo PA obteve os maiores valores de Ra em todos os períodos, com diferença significativa dos outros grupos (p<0,05). Após experimento in situ sem erosão ácida ocorreu aumento significativo da Ra nos grupos NP e PA (p<0,05). Já após a erosão ácida houve aumento significativo da Ra nos grupos NP, PA e SP (p<0,05) em comparação com o período inicial. Em todos os grupos não houve alteração significativa na comparação entre sem e com erosão ácida (p>0,05). Gráfico 1. Média e desvio padrão da Ra (nm) inicial, sem e com erosão ácida. 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 SEM EROSÃO ÁCIDA COM EROSÃO ÁCIDA INICIAL IN SITU Rugosidade de superfície (Ra) NP PA SB SP Aa Ba Ca Ca Ab Bb Ba Cb a Ca Ca Ab Bb Ba Cab Ca ACb 24 Diferentes letras maiúsculas significam diferença estatística dos diferentes tratamentos de superfície dentro do mesmo período. Diferentes letras minúsculas significam diferença estatística do mesmo tratamento de superfície em diferentes períodos (P<0,05). Resultados 4.2. Microdureza Knoop (MK) Em todos os períodos o grupo SB obteve os maiores valores de MK e NP os menores, com diferença significativa dos demais (p<0,05). Após experimento in situ sem erosão ácida ocorreu redução significativa da MK nos grupos SB e SP (p<0,05) e aumento significativo no grupo NP e PA (p<0,05). Já após a erosão ácida houve redução significativa da MK nos grupos SB e SP (p<0,05) em comparação com o período inicial. Em todos os grupos não houve alteração significativa na comparação entre sem e com erosão ácida (p>0,05). Grafico 2. Média e desvio padrão da MK inicial, sem e com erosão ácida. 0 5 10 15 20 25 30 SEM EROSÃO ÁCIDA COM EROSÃO ÁCIDA INICIAL IN SITU Microdureza Knoop (MK) NP PA SB SP Aa Ba Ca Da Ab Bb Cb Bb Ab Bb Cb Bb 25 Diferentes letras maiúsculas significam diferença estatística dos diferentes tratamentos de superfície dentro do mesmo período. Diferentes letras minúsculas significam diferença estatística do mesmo tratamento de superfície em diferentes períodos (P<0,05). Resultados 4.3. Alteração de cor (ΔE00) O grupo SP apresentou os maiores valores de ΔE00, sendo o único com diferença significativa dos demais (p<0,05). Não houve alteração significativa de ΔE00 entre os grupos sem e com erosão ácida, independente do tratamento de superfície (p>0,05). Grafico 3. Média e desvio padrão do ΔE00 sem e com erosão ácida. Diferentes letras maiúsculas significam diferença estatística dos diferentes tratamentos de superfície dentro do mesmo período. Diferentes letras minúsculas significam diferença estatística do mesmo tratamento de superfície em diferentes períodos (P<0,05). 4.3.1. Variação da Alteração de cor (ΔE00) 0 1 2 3 4 5 6 7 SEM EROSÃO ÁCIDA COM EROSÃO ÁCIDA Alteração de cor (∆E00) NP PA SB SP Aa Aa Ba Aa Aa Aa Ba Aa 26 Os grupos que receberam os selantes de superfície SB e SP apresentaram menor alteração de cor quando submetidos a erosão ácida, respectivamente: 0,09 e 0. Resultados Gráfico 4. Diferença da alteração de cor (Δ) entre com erosão ácida (C/ EA) e sem erosão ácida (S/ EA). 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 NP PA SB SP Tratamentos de Superfície Variações de alteração de cor (∆E00) ∆ C/EA - S/EA 27 Discussão 4. Discussão Os efeitos da erosão ácida são amplamente reportados na literatura sobre as propriedades estruturais, mecânicas e óptica dos materiais restauradores 26, 28-32, sendo que no presente estudo in situ os efeitos da erosão ácida sobre a rugosidade de superfície e microdureza Knoop também foram observados. Portanto, a hipótese nula de que a erosão ácida in situ não promove alterações nas propriedades estruturais e óptica de resina bisacrílica nanoparticulada, independentemente do tratamento de superfície realizado, foi rejeitada. No presente estudo observou-se menores valores de Ra para os grupos polidos com selantes de superfície, o que pode ser justificado devido aos selantes de superfície serem materiais feitos de resinas fluídas, com pouca ou nenhuma carga, com a capacidade de preencher as irregularidades (microfissuras e microdefeitos) e, consequentemente, promover melhor lisura de superfície22, 41-45. Os fabricantes das resinas bisacrílicas nanoparticuladas (Por exemplo: Protemp 4 - 3M e Structur 3 - Voco) afirmam que não é necessário polir o material para obter uma superfície altamente brilhante, sugerindo apenas limpar a superfície com álcool. No presente estudo o grupo não polido-NP (álcool), apresentou diferença significativa comparado aos demais grupos, porém, com valor de Ra próximo aos grupos com selantes, com valores menores de Ra, e com maior diferença do grupo PA, acreditamos que esses valores de Ra pode estar relacionados ao fato da superfície das resinas bisacrílicas terem sido polimerizadas contra a superfície lisa da matriz sobre a placa de vidro e limpas com álcool 70%, o que está de acordo com estudos anteriores 47,48. Corroborando com o estudo de Augusto et. al5, 2020, que analisaram a rugosidade da superfície (Ra), brilho e alteração de cor (ΔE) de materiais provisórios (resina acrílica (Duralay) e 3 resinas bisacrílicas (Structur 3, Systemp C&B e Proviplast) polidos (lixas abrasivas de carbureto de silício de P1200, P2400 e P4000) e não polidos (álcool) antes e após 14 dias de imersão em um caldo de coloração artificial. Mostraram que embora o fabricante recomende que a etapa de polimento possa ser suprimida para a resina bisacrílica nanoparticulada, as superfícies que foram polidas estavam mais lisas e brilhantes em 28 todos os materiais testados. Ainda, o polimento reduziu o ΔE das resinas bisacrílicas Systemp C&B e Proviplast (P <0,001). Visto que, no presente estudo, a aplicação de selantes de superfície foi extremamente benéfica, no entanto, o polimento com pontas de silicone particuladas com granulação em ordem decrescente (PA), obteve maior Ra com diferença Discussão significativa quando comparado aos demais, o que corrobora com o estudo de Gantz et al10, 2021, em que avaliou a rugosidade e morfologia da superfície de 6 resinas bisacrílicas e 2 resinas de polimetilmetacrilato para restaurações dentárias provisórias, tanto antes como após o polimento com pontas de silicone particuladas, obtendo como resultado que o polimento com pontas de silicone particuladas apresentam abrasividade devido as partículas de óxido de alumínio, como as usadas no presente estudo, que acarretaram no aumento da Ra das resinas testadas. O aumento dos valores de Ra após o experimento in situ está relacionado ao envelhecimento causado pelo uso intrabucal desse material, em que as diversas situações clínicas, como o PH da saliva e temperatura bucal podem influenciar nas propriedades estruturais dos materiais restauradores e consequentemente dos seus diferentes polimentos 28,34,35. A microdureza é um indicador do grau de polimerização e pode ser usado como preditor da resistência ao desgaste dos materiais dentários41,44,45. Os selantes de superfície tendem a aumentar a microdureza inicial dos materiais restauradores13, assim como polimentos mecânicos13, o que está de acordo com os resultados do presente estudo. Geralmente, com o passar do tempo de uso, a microdureza tende a diminuir, Diaz-Arnold et al, 2008 mediram a microdureza de 3 materiais intermediários de bisacrilicas e 2 de PMMA. Os autores descobriram que para 3 dos 5 materiais pesquisados, a microdureza diminuiu ao longo do tempo, e os bisacrílicos foram superiores aos metacrilatos após armazenamento em saliva artificial por 14 dias, o que também corrobora com os dados encontrados no presente estudo para os grupos SB e SP. Ainda que, o aumento significativo presente nos grupos NP e PA, após experimento in situ, pode estar relacionado a polimerização tardia desse material 13. Em relação a análise de alteração de cor, sabe-se que a perceptibilidade clínica (PC) e a aceitabilidade clínica (AC), Δ E 00 = 1,30 e 2,25, respectivamente, são atualmente relevantes na clínica odontológica e na pesquisa odontológica22. O PC indica a diferença de cor mínima que pode ser identificada por um observador, enquanto o AC refere-se à menor diferença de cor 29 que pode ser aceitável por um observador22. A diferença entre esses limiares indica o quão longe da diferença perceptível é possível ir e ainda obter uma correspondência de cores aceitável22. Diante disso, observa-se que os grupos mais próximos dos valores aceitos de PC e AC são os grupos NP, PA e SB, já o grupo SP, apresentou diferença estatística quando comparado aos Discussão demais, com maior alteração de cor. Sabe-se que a descoloração precoce dos materiais está associada aos procedimentos de acabamento, polimento e revestimento12, ou ainda pode estar relacionado à composição do selante que sobre a resina bisacrílica pode ter causado alteração de cor, porém, torna-se importante ressaltar sua estabilidade diante da erosão ácida. Na diferença da alteração de cor (Δ) entre com erosão ácida (C/ EA) e sem erosão ácida (S/ EA), há uma superioridade dos grupos com aplicação de selante de superfície, ou seja, esses grupos mantiveram-se mais estáveis diante da erosão ácida em solução pigmentante. Esses dados corroboram com estudos em que relatam que os selantes de superfície foram introduzidos para minimizar a porosidade da superfície e obter superfícies lisas, preenchendo os defeitos e irregularidades da superfície, também prevenindo a microinfiltração, melhorando a vedação marginal, aumentando resistência mecânica e melhorando a resistência a manchas12,40,49. A erosão ácida não influenciou nas variáveis do presente estudo (Ra, MK e ΔE00) durante experimento in situ, tal resultado pode estar relacionada ao tempo de 14 dias definido, o tempo total de erosão foi de 280 min, a duração do estudo foi definida para garantir a adesão dos voluntários, proteger os dentes dos voluntários (mantendo o risco de desgaste dentário erosivo o mais baixo possível) e tornar os resultados atuais comparáveis aos de estudos anteriores 35,50, 51. Todas as questões acima mencionadas foram consideradas para produzir um modelo de estudo clinicamente relevante. Atualmente, os provisórios de resina bisacrílica têm sido cada dia mais utilizados, em região anterior e até mesmo prótese múltipla posterior. Sendo o material de escolha quando se utiliza o guia do enceramento diagnóstico para confecção dos provisórios. Desse modo, o tempo de uso clínico desse tipo de restauração provisória tem aumentado consideravelmente, o que torna ainda mais relevante, a busca por alternativas de tratamento que protejam e diminuam a degradação esses materiais no meio bucal. Portanto, a aplicação dos selantes de superfícies avaliados no presente estudo, sobre as restaurações provisórias de resina bisacrílica é uma 30 alternativa viável, fácil e com influência positiva sobre sua rugosidade, microdureza e alteração de cor (Biscover LV). Conclusão 5. Conclusão Dentro das limitações desse estudo in situ, pode-se concluir que: 1. Os selantes de superfície foram capazes de melhorar a rugosidade de superfície e a microdureza da resina bisacrílica. 2. O selante Palaseal gera alteração de cor inaceitável clinicamente. 3. A erosão ácida não influenciou significativamente na rugosidade, microdureza e cor da resina bisacrílica, independente do tratamento de superficie realizado. 31 Referências 6. Referências 1. CAKAN, Umut; KARA, Haluk Baris. Effect of liquid polishing materials on the stainability of bis-acryl interim restorative material in vitro. The Journal of prosthetic dentistry, v. 113, n. 5, p. 475-479, 2015. 2. BASTOS, Natália A. et al. Effect of different beverages and storage period on bis‐acryl color stability using two assessment methods. Journal of Esthetic and Restorative Dentistry, v. 32, n. 6, p. 575-580, 2020. 3. ASTUDILLO-RUBIO, Daniela et al. Mechanical properties of provisional dental materials: A systematic review and meta-analysis. PLoS One, v. 13, n. 2, p. e0193162, 2018. 4. SCHWANTZ, Júlia K. et al. Characterization of bis-acryl composite resins for provisional restorations. 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