Dissertações - Ciências Biológicas (Biologia Vegetal) - IBRC

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  • ItemDissertação de mestrado
    Chave interativa de espécies lenhosas da Reserva Prof. Dr. Karl Arens, Corumbataí, SP
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-11-05) Santos, Lilian Silva [UNESP]; Moraes, Pedro Luís Rodrigues de [UNESP]; Saka, Mariana Naomi; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    As chaves de identificação são o principal instrumento na identificação taxonômica, sendo as dicotômicas as mais conhecidas e utilizadas. Apesar disso, as chaves interativas compostas por um software e uma matriz de dados com táxons e caracteres são mais flexíveis e intuitivas. Este estudo foi realizado na reserva Prof. Dr. Karl Arens, Corumbataí (SP), que é um remanescente de Cerrado protegido e sem registros de fogo desde 1962, e que atualmente apresenta o cerradão como fitofisionomia predominante. Apesar dos estudos já desenvolvidos na área, foi notada a ausência de materiais testemunho em herbário, relação dos vouchers nas publicações e de uma chave de identificação para a reserva, que também serve no desenvolvimento de aulas práticas com graduandos. Sendo assim, esse trabalho teve por objetivo a elaboração de uma chave interativa de múltiplas entradas para identificação de espécies lenhosas da reserva, por meio de levantamento florístico e de espécimes depositados em herbário. Através do levantamento realizado na coleção do Herbário Rioclarense (HRCB), foram obtidas 510 exsicatas pertencentes a 160 espécies de 44 famílias. Ao longo de 24 saídas de campo entre 2019 e 2021 foram coletadas 116 espécies de 39 famílias. Ao total, 191 espécies foram consideradas para a reserva de Corumbataí. Espécies como Copaifera langsdorffii e Myrcia neoclusiifolia já tinham sido citadas para a área, mas não possuíam voucher em herbário, até então. Novos registros foram feitos para a reserva, a exemplo de Machaerium nyctitans e Alchornea glandulosa. Fabaceae, Asteraceae, Myrtaceae, Melastomataceae e Rubiaceae foram as famílias com maior diversidade em espécie. A chave interativa foi construída com o software Lucid® e, utilizando características vegetativas e reprodutivas dos espécimes da reserva, a chave foi elaborada com 105 caracteres e 325 estados de caráter associados aos 191 táxons. A chave que está em versão preliminar, apresenta ilustrações para a maioria das espécies. Espera-se que a mesma possa facilitar a identificação das espécies, assim como contribuir no ensino e aprendizagem dos estudantes em aulas práticas. Devido ao livre acesso e possibilidade de contínua atualização, espera-se também que a chave possa servir de subsídio taxonômico a um público amplo.
  • ItemDissertação de mestrado
    Desenvolvimento de recursos genômicos e transcricionais em Quillaja brasiliensis
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-11-29) Barros, Gian Carlos Costa; Domingues, Douglas Silva [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    A Família Quillajaceae pertence à ordem Fabales e é composta por duas espécies: Quillaja saponaria e Quillaja brasiliensis, ambas nativas da América do Sul. Esse gênero é conhecido, do ponto de vista biotecnológico, pela produção de saponinas triterpênicas com uso na indústria farmacêutica como imunoestimulante. A despeito do potencial biotecnológico da espécie, Q. brasiliensis não possui dados genômicos ou transcricionais públicos que permitiriam maiores avanços no desenvolvimento de ferramentas biotecnológicas. Nesse contexto, o presente estudo teve por objetivo o desenvolvimento de recursos genômicos e transcricionais para Quillaja brasiliensis. Foram desenvolvidos recursos genômicos por meio da plataforma Illumina de sequenciamento, e recursos transcricionais por meio das plataformas PacBio e Illumina, com avaliação de folhas e culturas celulares. A partir dos dados genômicos, foi montado o genoma cloroplastidial de Q. brasiliensis, que apresenta 160528 pares de base. Com ele, foram realizados estudos filogenéticos comparativos, incluindo-se dados plastidiais de espécies das famílias Quillajaceae, Surianaceae e Polygalaceae. Com base nos recursos transcricionais PacBio, foi montado um transcriptoma de referência para Q. brasiliensis. Com base nessa referência, identificamos por sequenciamento Illumina 588 genes com estabilidade potencial para uso como normalizadores, dos quais 13 foram selecionados para testes iniciais por PCR. Três deles foram selecionados para teste em RT-qPCR: Heat shock protein Hsp90 (HSP), Cyclophilin-like domain (CYP) e Ubiquitin (UBQ). Estes genes tiveram sua estabilidade em folhas, caule e raízes. HSP foi o gene que apresentou os resultados mais consistentes de estabilidade considerando-se os três tecidos avaliados. Nas análises individuais em cada tecido, CYP foi o gene normalizador mais bem ranqueado para folha e raiz e HSP o mais bem ranqueado em caule. Com isso, o presente estudo estabelece recursos moleculares iniciais em Q. brasiliensis, que podem ser utilizados tanto para o estudo do genoma e análises filogenéticas bem como para a descoberta de genes candidatos à produção de saponinas triterpênicas.
  • ItemDissertação de mestrado
    Morfo-anatomia da flor do cacto epífito Schlumbergera truncata (Haw.) Moran (Rhipsalidae: Cactaceae), com ênfase na ontogenia do nectário floral.
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-04-29) Apolonio, Veronica Rubim; Almeida, Odair José Garcia de [UNESP]; Coan, Alessandra Ike [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Schlumbergera é um gênero composto por seis espécies de cactos epífitos, nativo do sudeste brasileiro. Possui interesse ornamental e por esta razão é cultivada em muitas partes do mundo. As flores de Schlumbergera truncata são adaptadas à ornitofilia e possuem nectários de morfologia conspícua dentro da família. Buxbaum descreveu três tipos morfológicos de nectários para Cactaceae, sendo (1) em fenda, (2) em disco (anelar) e (3) em câmara. Há apenas dois trabalhos relacionados à arquitetura do nectário floral de Schlumbergera e nenhum deles é conclusivo sobre a sua natureza. Neste trabalho buscou-se estudar a morfologia floral enfatizando a ontogenia do nectário em S. truncata. Para tal, usamos técnicas de histologia vegetal e imagens de microscopia eletrônica de varredura, desde os estágios iniciais de desenvolvimento até a antese. O nectário se forma a partir de células meristemáticas, no tubo floral, entre o primeiro ciclo de estames e a base do estilete. A cobertura sobre o nectário, que o torna excêntrico, é formada por apêndices encontrados na base do filete, que também têm origem no tubo floral. O nectário com a estrutura de cobertura evita que a água do néctar evapore para o ambiente, fazendo com que o néctar fique menos viscoso por mais tempo. Estudos com beija-flores apontam que esses animais preferem estas configurações de néctar. Além das novidades ontogenéticas, as informações presentes neste trabalho contribuem para elucidar outros estudos morfológicos e sistemáticos dentro de Rhipsalideae.
  • ItemDissertação de mestrado
    Atributos morfológicos relacionados ao fogo em espécies arbóreas jovens de Fabaceae do Cerrado
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-12-02) Carneiro, Tainah Eduarda Boian; Martins, Aline Redondo [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    O fogo é um evento natural cíclico do planeta desde o Siluriano e vem moldando as comunidades como um agente de seleção natural em diversos ecossistemas. Diversas são as adaptações das espécies vegetais para sobreviver a esses eventos. No Brasil o Cerrado é um bioma em que o fogo faz parte dos ciclos naturais do ecossistema e apresenta grande variedade de espécies da família Fabaceae, constituída por vários gêneros, tendo alguns destes a capacidade de rebrotar após a passagem do fogo. Sendo assim, nosso objetivo foi analisar a sobrevivência ao fogo de plântulas de espécies lenhosas de Fabaceae do Cerrado e avaliar as características morfológicas, anatômicas e de reserva de tais indivíduos. Para tanto, cultivamos mudas em casa de vegetação por 6 meses, quando então realizamos o experimento do fogo em campo. Após experimento os indivíduos foram novamente conduzidos para a casa de vegetação, onde ficaram por mais 6 meses. As análises anatômicas das estruturas subterrâneas foram feitas empregando técnicas usuais de anatomia, realizadas antes do fogo e após seis meses de acompanhamento das plantas pós-fogo em casa de vegetação. Os atributos morfológicos foram acompanhados ao longo de todo experimento. Todas as espécies estudadas apresentaram rebrotamento após o fogo e quatro espécies sobreviveram e se desenvovleram ao longo de seis meses. Das quatro espécies que sobreviveram ao fogo, duas (E. contortisiliquum e Erythrina spp.) apresentaram taxa de sucesso superior a 50% e duas (A. cearensis e S. alata) taxa de sucesso inferior a 50%. A maioria das espécies estudadas tiveram rebrotamento do colo da raiz (root-crown) de gemas já presentes nas espécies aos seis meses de idade, variando no grau e proteção dessas em relação à casca. O fogo altera à arquitetura das espécies. As espécies estudadas armazenam principalmente amido em raízes tuberosas. Dessa forma concluiu-se que plantas jovens com seis meses de algumas espécies da família Fabaceae possuem a capacidade de rebrotar após o fogo, a partir de gemas já presentes aos seis meses de idade, utilizando fonte de carboidratos presentes nas estruturas subterrâneas dessas espécies.
  • ItemDissertação de mestrado
    Atributos morfológicos de sementes de espécies de Cerrado relacionados ao fogo
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-03-30) Bailon, Ramon Monteiro; Martins, Aline Redondo [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    No Brasil há uma considerável área de ecossistemas propensos ao fogo que exibem uma vegetação lenhosa esparsa com predominância de espécies herbáceas. São pertencentes majoritariamente ao domínio Cerrado. Os vegetais presentes certamente passaram por um processo de seleção natural para conseguirem suportar uma condição tão adversa. A adaptação gira em torno de estratégias vegetativas, com órgãos resistentes, protegidos e podendo apresentar gemas, e estratégias reprodutivas, como a floração pós-fogo, deiscência de frutos em função das chamas e produção de sementes cuja germinação responde positivamente ao fogo e/ou à fumaça. Este trabalho avaliou a anatomia de sementes de 18 espécies do estrato rasteiro em três famílias (Melastomataceae, Velloziaceae e Xyridaceae). Espécies responsivas ou não aos tratamentos com choque térmico e fumaça. O objetivo foi avaliar, com microscopia ótica e eletrônica, atributos teciduais que podem nortear o tipo de resposta. O estudo morfológico mostrou que há características peculiares em relação à forma da semente e ornamentação do tegumento, mas não revelou grandes diferenças entre espécies responsivas ou não responsivas a fumaça. A histoquímica revelou para família Melastomataceae que não há amido como substância de reserva, ao contrário de Vellozia, onde o mesmo teste acusou grande quantidade de amido. Para lipídios o resultado variou entre as espécies. Para as espécies de Xyris foi identificado o amido, já os lipídios ficaram restritos a membrana das células embrionárias. Com relação às análises fisiológicas em Melastomataceae não foi possível quantificar amido extraído enfatizando o que foi amostrado nos testes histoquímicos. Já as espécies de Vellozia tiveram altos índices de amido nas análises fisiológicas corroborando com o que foi observado nos testes histoquímicos, com exceção de V. albiliflora que não apresentou amido nas análises fisiológicas, porém grãos de amido foram verificados nos testes histoquímicos. Aparentemente não foi observada correlação direta entre espécies que respondem positivamente à fumaça com a presença ou não de amido, uma vez que há espécies com tal tipo de reserva que apresentam resposta positiva na germinação quando tratadas com a fumaça. O mesmo pode ser aplicado para lipídios e proteínas.
  • ItemTese de doutorado
    Plântulas de espécies arbóreas de Mata Atlântica: ecologia, morfofuncionalidade e manual de identificação
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2004-11-08) Pereira, Kaila de Assis Ressel; Paoli, Adelita Aparecida Sartori [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    O estudo foi realizado em duas unidades de conservação da Mata Atlântica, no Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleos de Picinguaba e Santa Virgínia, e no Parque Estadual de Intervales, Base de Saibadela. Oitenta e três espécies tiveram suas plântulas descritas e classificadas morfologicamente. No primeiro capítulo, realizou-se um estudo ecológico e morfofuncional das plântulas, baseado em características cotiledonares de posição, consistência e exposição. O estudo objetivou: (a) verificar se as espécies estudadas enquadravam-se no sistema de classificação utilizado e (b) se existiria relação entre os tipos morfofuncionais de plântulas e os grupos sucessionais, tipos de dispersão, peso das sementes, velocidade de formação de plântulas, alocação de biomassa de raízes e partes aéreas e taxas de crescimento relativo. As espécies foram incluídas em cinco categorias, sendo 42 espécies do tipo fanero-epígeo-foliáceo (PEF), 8 fanero-epígeo-armazenador (PER), 5 fanerohipógeo-armazenador (PHR), 26 cripto-hipógeo-armazenador (CHR) e 2 espécies do tipo cripto-epígeo-armazenador (CER). A classificação morfofuncional mostrou-se eficaz, representando todas as espécies. Não houve associações significativas dos tipos morfofuncionais de plântulas com os tipos de dispersão. Por outro lado, foi possível associá-los aos grupos sucessionais, peso das sementes, e velocidade de formação de plântulas. Os resultados demonstraram que, pelo menos no estádio inicial, a morfologia desempenha funções determinantes nos processos de desenvolvimento e estabelecimento das plântulas de espécies arbóreas. No segundo capítulo, confeccionou-se um manual de identificação de plântulas, acompanhado de chave de identificação e ilustrações fotográficas.
  • ItemDissertação de mestrado
    Crescimento e distribuição de duas espécies de macrófitas aquáticas submersas em diferentes condições ambientais
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-01-28) Taveira, Renan; Camargo, Antonio Fernando Monteiro [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    A distribuição de espécies vegetais é um tema frequente nos estudos ecológicos de comunidades. Podemos relacionar os padrões de distribuição com diversas variáveis bióticas e abióticas. Em ambientes costeiros do Estado de São Paulo, que possui clima e regime de chuva homogêneos, características geológicas e geomorfológicas distintas, além de diversos tipos de uso e ocupação do solo, encontramos uma grande riqueza de espécies vegetais que respondem a estas diferentes características, inclusive de espécies de macrófitas aquáticas. Neste estudo verificamos a porcentagem de ocorrência de Egeria densa Planch. e Cabomba furcata Schultz. e Schultz., espécies de macrófitas aquáticas submersas, em um trecho do rio Branco, na bacia do rio Itanhaém, litoral sul do Estado de São Paulo, e verificamos como a pluviosidade pode influenciar temporalmente e espacialmente na ocorrência delas neste trecho. Também analisamos como diferentes níveis de radiação fotossinteticamente ativa (Photosynthetically Active Radiation – PAR) podem influenciar no crescimento e desenvolvimento destas duas espécies. Escolhemos o rio Branco para coletar nossos dados pois verificamos variações constantes na distribuição destas espécies neste trecho do rio ao longo do tempo. A coleta dos dados de presença de bancos das duas espécies foi realizada entre os anos de 2012 e 2020 e, em seguida, calculamos a porcentagem de ocorrência de cada uma. Coletamos os dados de pluviosidade acumulada de dias anteriores a cada coleta pela estação pluviométrica do Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE). Plotamos os dados de ocorrência e pluviosidade em gráficos boxplot para verificarmos a existência destes padrões temporais e espaciais. Em seguida verificamos a significância de cada variável testada e a estimativa que cada uma das variáveis representa através de Análises de Variância (ANOVA fatorial) e Modelos Lineares Generalizados (Generalized Linear Models – GLM). Para verificar o efeito da PAR no crescimento de E. densa e C. furcata, montamos um experimento aleatorizado, com quatro tratamentos de diferentes níveis de luminosidade e dez réplicas de indivíduos de E. densa e C. furcata cada. O experimento teve duração de 30 dias e medimos o comprimento dos rametes a cada dois dias. Calculamos então a biomassa e o ganho de biomassa através de uma regressão linear simples. Aos dados de biomassa, ajustamos as retas de crescimento e obtivemos os coeficientes de inclinação das retas, e aos dados de ganho de biomassa aplicamos uma ANOVA unidirecional para verificar diferenças significativas entre os tratamentos. Nossos resultados mostraram que E. densa e C. furcata tem maior chance de ocorrência no subtrecho superior do que no inferior, apresentando também uma variação temporal, porém sem padrão sazonal e sem influência da pluviosidade nesta distribuição. E. densa apresentou maior crescimento no tratamento com maior luminosidade, enquanto C. furcata se desenvolveu mais no tratamento com menor luminosidade. Nossos resultados apontam que as duas espécies têm diferentes preferências quanto a disponibilidade de luz, que pode influenciar na ocorrência destas espécies nos ambientes aquáticos, porém mais estudos são necessários para tentar entender quais variáveis influenciam na distribuição destas espécies na bacia do rio Itanhaém.
  • ItemDissertação de mestrado
    Termotolerância foliar em espécies de formações savânicas e florestais
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-06-01) da Silva, Bianca Helena Porfírio [UNESP]; Rossatto, Davi Rodrigo [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    O aumento da temperatura causado pelas recentes mudanças climáticas vem afetando a estrutura e o funcionamento de ecossistemas tropicais segundo dados do IPCC. O aumento da temperatura média dos trópicos demonstra que plantas desses sistemas serão expostas a temperaturas acima da faixa ótima para certas funções fisiológicas, especialmente as taxas fotossintéticas, acarretando assim danos às espécies que não possuem características que confiram termotolerância. O Cerrado é um ecossistema tropical savânico extremamente diverso, que tem passado por dinâmicas sucessionais, como a invasão de espécies típicas de formações florestais, que são favorecidas na ausência de episódios de fogo. Em áreas no interior do estado de São Paulo frequentemente encontramos transições entre formações florestais da Mata Atlântica (floresta estacional semidecidual) e de Cerrado (cerradão) dividindo a paisagem com formações savânicas. Diante do novo cenário ambiental de aquecimento global e levando em consideração as projeções futuras, espécies florestais podem estar sendo desfavorecidas pelo aumento da temperatura, já que em períodos quentes e secos espécies florestais não são capazes de avançar sobre sobre áreas savânicas. O presente estudo objetivou comparar a termotolerância de espécies arbóreas do cerrado típico e de duas formações florestais (cerradão e floresta estacional semidecidual) expostas à altas temperaturas e quais aspectos morfológicos e fenológicos (perenes x decíduas) dessas espécies poderiam estar relacionados a termotolerância, testando se espécies típicas de savanas seriam mais termotolerantes que as espécies presentes em formações florestais, o que ajudaria a conter a expansão florestal dentro de ambientes savânicos. Os resultados obtidos evidenciaram que espécies de formações de cerrado típico e de cerradão não diferem na sua capacidade de termotolerância (49,80±0,49°C e 49,71±0,71°C, respectivamente), porém o hábito foliar está fortemente relacionado a capacidade de tolerar altas temperaturas. Espécies perenes, independentemente de sua origem (cerrado típico x cerradão), se mostraram mais termotolerantes que as espécies decíduas. As espécies tropicais de floresta estacional apresentaram a mesma termotolerância que espécies de cerrado típico (47,78±0,51°C e 49,36±0,59°C, respectivamente), indicando que somente a temperatura não afetará as dinâmicas de fronteira desses dois ecossistemas. Os resultados obtidos neste estudo fornecem informações importantes sobre a ecofisiologia de espécies do sistema savânico e florestais frente às elevações na temperatura média global impostas pelo aquecimento global.
  • ItemDissertação de mestrado
    Vegetative morphoanatomical traits of Fabaceae from open savanna ‘campo sujo’
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-01-19) Leal, Alice Souza; Martins, Aline Redondo [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Contexto e objetivo: O fogo é um distúrbio essencial para a ecologia de vários ecossistemas no mundo, tais como o Cerrado. O Cerrado do Brasil Central caracteriza-se como uma savana mésica, com clima marcado por uma longa estação seca. Plantas que vivem nesses ambientes necessitam de atributos de sobrevivência para lidar com filtros ambientais característicos desses ambientes, como o fogo, a seca e a herbivoria. Tais atributos estão presentes em órgãos aéreos e subterrâneos. Algumas plantas, por exemplo, possuem características xeromórficas ou mesomórficas em seus órgãos aéreos. Além disso, muitas espécies da família Fabaceae tem capacidade de rebrotar depois do fogo, pois possuem órgãos subterrâneos com capacidade de acumular recursos que podem ser realocados para a regeneração de suas partes aéreas, demonstrando adaptação ao fogo. Com isso, esse estudo teve como objetivo avaliar e descrever características morfoanatômicas e funcionais de órgãos vegetativos de oito Fabaceae do campo sujo. Métodos: Foram coletadas três plantas adultas inteiras de cada espécie para análise morfoanatômica, histoquímica e ultra estrutural de caules, folhas e órgãos subterrâneos. Resultados principais: De acordo com as análises morfoanatômicas dos órgãos aéreos, foram encontradas características mesomórficas e xeromórficas. Tais características tem a função de proteção contra as altas temperaturas do fogo, herbivoria e também evitam a perda de água. Além disso, muitas plantas apresentaram nectários extraflorais, os quais viabilizam relações mutualísticas das plantas com insetos. Os órgãos subterrâneos analisados foram classificados como raízes tuberosas e xilopódios. Todos os xilopódios apresentaram gemas visíveis em sua porção superior e estavam associados a raízes tuberosas. Além disso, em algumas espécies, essas raízes tuberosas foram classificadas também como raízes gemíferas. A combinação de raízes gemíferas com xilopódio confere a tais espécies vantagem de persistência, pois estas plantas tem a capacidade de rebrotar através do xilopódio, bem como podem propagar-se lateralmente por crescimento clonal através de raízes gemíferas. Além disso, todos os xilopódios apresentaram grandes quantidades de tecido lignificado, compostos de defesa contra herbívoros (compostos fenólicos e substâncias lipídicas), e substâncias de reserva (amido). Conclusões: É interessante relatar que espécies de Fabaceae rebrotadoras têm diversas características morfológicas e anatômicas importantes em órgãos vegetativos aéreos e subterrâneos. Estas características permitem que essas espécies sobrevivam aos distúrbios ambientais nesses tipos de ecossistemas. Além disso, essas espécies podem armazenar reservas, rebrotar, e propagar-se lateralmente. O que proporciona a persistência das mesmas nesses tipos de ecossistemas e sua alta longevidade.
  • ItemDissertação de mestrado
    Proteção de gemas e produção de casca: persistência pós-fogo em um gradiente de savanas e florestas do Cerrado
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2020-10-29) Chiminazzo, Marco Antonio; Fidelis, Alessandra [UNESP]; Bombo, Aline Bertolosi; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    O fogo é um distúrbio em diversas partes do mundo, controlando a distribuição de biomas e atuando como modelador de diferentes tipos de vegetação. No Cerrado, o fogo é um importante fator ecológico e evolutivo, sendo responsável por selecionar espécies que sejam capazes de sobreviver ao distúrbio e influenciando na delimitação de áreas de floresta e de savana. Após a passagem do fogo, as espécies têm sua biomassa aérea consumida pelas chamas ou danificadas pelo calor, fazendo com que seja necessário o rebrote de novos ramos para que persistam no ambiente. Entretanto, para que o rebrote seja possível, as estruturas responsáveis por formar os novos ramos (as gemas) devem estar protegidas a ponto de sobrevirem aos danos causados pelas chamas. Dessa forma, o trabalho teve como objetivo geral avaliar as diferentes características e estratégias que plantas lenhosas possuem para superar e persistir em ambientes com fogo. Logo, têm-se as seguintes perguntas: como os atributos funcionais relativos às gemas aéreas são distribuídos em espécies florestais e savânicas? Quais atributos funcionais e formas de crescimento podem ser relacionados às respostas pós-fogo dessas vegetações? A fim de explorar essas questões foram amostradas espécies em um gradiente vegetacional entre savanas e florestas, considerando as diferentes frequências de fogo entre elas. Para cada espécie amostrada, indivíduos foram coletados para analisar a presença de quatro atributos funcionais relativos à persistência de espécies lenhosas: proteção de gemas aéreas pela casca, a presença de tricomas nas gemas protegendo os ápices meristemáticos, a presença de gemas acessórias e a taxa de produção de casca por unidade de tempo. Também foram avaliadas as respostas pós-fogo das espécies lenhosas levando em consideração a proteção das gemas, a posição de rebrota dos novos ramos e a altura dos indivíduos. O estudo evidenciou que espécies que melhor protegem suas gemas e produzem maior quantidade de casca estão relacionadas às áreas savânicas cujo fogo se faz presente. A presença de tricomas nas gemas também se relacionou às espécies de áreas savânicas, sugerindo uma possível função similar à casca em proteger as gemas aéreas. Da mesma forma, gemas acessórias também foram mais presentes nas espécies de savana, indicando a maior capacidade de rebrote aéreo quando comparadas às espécies florestais. Por fim, espécies que melhor protegeram suas gemas também produziram mais casca por unidade tempo. Quanto às respostas pós-fogo das espécies, aquelas que apresentaram maiores proteção de gemas também apresentaram maior capacidade de rebrotar a partir de gemas aéreas, mas, também foram capazes de rebrotar de estruturas basais. Algumas espécies foram capazes de rebrotar de estruturas aéreas mesmo com pouca proteção de gemas. Contudo, a maioria dessas espécies apresentou tricomas. Em função da distribuição desses atributos, o estudo evidenciou a grande adaptação e resiliência que as espécies lenhosas do cerrado possuem para resistir e persistir aos eventos de fogo, indicando que a presença de fogo é um fenômeno intrínseco aos ecossistemas savânicos.
  • ItemDissertação de mestrado
    Polinizadores e os sistemas de polinização no campo rupestre: revisão e implicações para a conservação de serviços ecossistêmicos
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2020-08-31) Monteiro, Beatriz Lopes [UNESP]; Morellato, Leonor Patricia Cerdeira [UNESP]; Camargo, Maria Gabriela Gutierrez de [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Ações antrópicas têm mudado os ecossistemas de forma extensiva causando o declínio da biodiversidade e gerando impactos a um importante serviço ecossistêmico, a polinização. A interação entre as espécies no processo de polinização pode ser interpretada como uma rede de interações. Dessa forma, o uso desta abordagem permite ampliar o entendimento das dinâmicas de comunidade e avaliar prioridades de conservação de acordo com o papel das espécies. O campo rupestre é uma vegetação distribuída em mosaicos associada a elevadas altitudes e que concentra alto endemismo e biodiversidade. É uma vegetação descrita como um OCBIL (Old, Climatically-Buffered Infertile Landscape), ou um sistema antigo, tamponado climaticamente, numa paisagem infértil ou empobrecida, o que explicaria os sua alta biodiversidade, endemismo e traços funcionais. Com isso, encontramos uma flora com populações localmente restritas, sendo previsto, de acordo com a teoria OCBIL, que voadores que alçam voos de maiores distâncias são essenciais para conectar a paisagem promovendo o fluxo gênico. Por ser uma vegetação diversa, mas também ameaçada, a partir do levantamento de seus polinizadores, caracterização dos sistemas de polinização e distribuição na paisagem, buscamos testar a hipótese proposta para os OCBILs de que polinizadores de longa distância seriam os principais vetores de polinização. Em seguida, com os dados de interação de uma comunidade de campo rupestre, buscamos caracterizar como esta rede de interações está estruturada, o papel das espécies de acordo com a sua posição na rede, buscando subsidiar estratégias de conservação. Reunimos 413 espécies de polinizadores, sendo a maioria abelhas (220 espécies) e moscas (69). Entre as 636 espécies de plantas avaliadas encontramos que o principal sistema de polinização é por abelhas (56%), seguido pelo vento (14%) e por beija-flores (10%). Vimos que a polinização pelo vento, abelhas pequenas e moscas aumenta com a altitude, enquanto a polinização por abelhas grandes e beija-flores não se altera na altitude. Os sistemas de polinização relacionados aos voadores de longa distância também são mais frequentes nos afloramentos rochosos, que é a tipologia de vegetação mais isolada. Em relação a rede de interações, encontramos uma meta rede aninhada e modular. Porém, esta modularidade é perdida ao simularmos a retirada da abelha exótica Apis mellifera. Abelhas grandes ocupam papéis importantes na rede, com destaque para a nativa Bombus pauloensis. Plantas polinizadas por abelhas, mas que são amplamente visitadas por outros grupos taxonômicos, também têm papéis centrais na rede. Nossos resultados corroboram a hipótese de OCBIL ao confirmarmos a importância de sistemas de polinização relacionados a voadores de longa distância no gradiente de altitude e sua prevalência nos afloramentos rochosos do campo rupestre. Além de analisar a importância dos principais sistemas de polinização do campo rupestre, apresentamos o papel das plantas e polinizadores para a manutenção da estrutura da rede de interações, considerando o seu grau de ameaça e endemismo. Estes resultados, juntamente com a base de dados inédita de interações entre plantas e polinizadores, concentram informações chave para o conhecimento da evolução, dinâmica das comunidades e para a definição de estratégias de conservação da biodiversidade e serviços ecossistêmicos do campo rupestre.
  • ItemDissertação de mestrado
    Micromorfologia e anatomia foliar de espécies de Goeppertia Nees (Marantaceae) da Mata Atlântica: caracterização e implicações taxonômicas
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2020-08-31) Araújo, Giselle Bezerra de; Coan, Alessandra Ike [UNESP]; Saka, Mariana Naomi; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Goeppertia é o gênero mais diverso de Marantaceae e compreende ca. 250 espécies, previamente incluídas em Calathea. Pelo fato das classificações infragenéricas de Goeppertia ainda não terem sido publicadas, os seus grupos informais refletem os seis clados propostos em sua filogenia molecular e as divisões taxonômicas de Calathea. O clado “Breviscapus” é o mais heterogêneo morfologicamente e reúne cerca de 70 espécies, com elevada representatividade na Mata Atlântica. Considerando o grande número de espécies e a diversidade do gênero Goeppertia, bem como a variabilidade encontrada no clado “Breviscapus” e a importância do levantamento de caracteres anatômicos foliares, o objetivo deste estudo é descrever a micromorfologia e anatomia foliar das espécies de Goeppertia ocorrentes na Mata Atlântica, caracterizando-as e discutindo possíveis implicações taxonômicas para o gênero. Para o levantamento e análise dos caracteres, foram utilizadas técnicas usuais de microscopias eletrônica de varredura e de luz. Foram analisadas dezenove espécies, sendo dezessete endêmicas da Mata Atlântica – ca. 40% da diversidade de espécies nessa formação. Dos 131 caracteres micromorfológicos e anatômicos foliares analisados, 80 são homogêneos entre os táxons estudados, independente se exclusivos da Mata Atlântica ou ocorrentes no Cerrado. Os demais caracteres variaram, podendo ser úteis na caracterização específica, como: tricomas malpighiáceos na face abaxial da lâmina foliar de G. fatimae; células papilosas na face adaxial da lâmina foliar de G. zebrina; bordo foliar obtuso de G. bachemiana; formato convexo-convexo da nervura central de G. applicata; células com parede periclinal externa convexa em ambas as faces do pulvino de G. zebrina; formato côncavo-convexo com expansões laterais no pecíolo de G. applicata; hipoderme adaxial bisseriada e cilindro vascular delimitado por calota contínua de fibras, com estegmatas, no pecíolo de G. bachemiana. Os resultados levantados são importantes para o conhecimento anatômico das espécies de Goeppertia na Mata Atlântica, bem como para o gênero como um todo em Marantaceae.
  • ItemDissertação de mestrado
    Quantas vezes devemos queimar o Cerrado? O efeito da frequência do fogo em comunidades vegetais de campo sujo de Cerrado
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2019-11-29) Rodrigues, Cassy Anne dos Santos [UNESP]; Fidelis, Alessandra Tomaselli [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    O Cerrado é formado por fisionomias campestres e savânicas, evoluiu na presença do fogo e depende dele para manter suas fisionomias e biodiversidade. O regime de fogo influencia diretamente na montagem da comunidade vegetal, na regeneração e nas habilidades competitivas das plantas. A frequência é um dos fatores do regime de fogo e alterações nela podem ser prejudiciais até mesmo para plantas e comunidades adaptadas ao fogo. Portanto, este estudo busca compreender os efeitos de diferentes frequências de fogo em comunidades de campo sujo de Cerrado. Para isso, foram realizados levantamentos da vegetação e coleta de biomassa em áreas com diferentes históricos de fogo (excluído do fogo, queimadas anualmente e bienalmente), o que forneceu os dados de composição e produtividade da comunidade. Os levantamentos, incluindo a cobertura (%) por espécie, foram realizados em 10 subparcelas de 1x1m por tratamento (10 subparcelas/tratamento,3 tratamentos, 4 parcelas/tratamento). Avaliamos também através da taxa de propagação (m.s-1), eficiência de queima (%) e intensidade (kW.m-1) entre outros parâmetros do fogo, os efeitos de diferentes frequências no comportamento do fogo. Nossos resultados mostraram que a riqueza de espécies das comunidades vegetais foi maior nas áreas com frequência anual de fogo do que nas excluídas, 6 meses após o fogo e maior para as bienais do que as excluídas 12 meses após o fogo. O índice de diversidade foi maior no tratamento anual de queima antes e 12 meses após as queimas. Quanto ao número de espécies por grupo funcional, apenas as herbáceas apresentaram aumento e apenas nas parcelas com queimas. Além disso, encontramos diferenças na porcentagem de cobertura de acordo com a forma de crescimento, apenas as herbáceas entre os tratamentos de queima e as parcelas de exclusão. Em relação à cobertura, são as porcentagens de biomassa morta e solo nu que variam entre os históricos de fogo. As parcelas com menor frequência de queima apresentaram cerca de 7 vezes mais cobertura de biomassa morta do que os outros tratamentos. Estes resultados sugerem que 6 anos de exclusão de fogo começam a causar perda e mudanças no padrão de cobertura das espécies. Quanto ao comportamento do fogo encontramos para as comunidades com queimas anuais menos biomassa morta e total e porcentagens mais altas de solo nu do que com queimas bienais. Quanto aos parâmetros de queima, a intensidade, altura da chama, temperaturas máximas e tempo de permanência foram menores nas parcelas anuais. Maior frequência de fogo mudou a estrutura da vegetação e os parâmetros de queima responderam a essas mudanças. Concluímos que a frequência da queima influencia o comportamento do fogo, afetando o aumento da biomassa morta. As comunidades vegetais sob queimas anuais não acumularam a mesma quantidade de biomassa morta que as bienais e, portanto, elas têm porcentagens mais altas de solo nu. Essa combinação afeta o comportamento do fogo devido a uma diminuição e descontinuidade da carga de combustível disponível, o que dificulta a sustentação e a propagação do fogo. Assim, buscou-se através deste estudo compreender a influência e importância da frequência do fogo na dinâmica e montagem de comunidades vegetais de Cerrado, bem como no comportamento do fogo. O que deve contribuir com o desenvolvimento de estratégias de manejo de fogo para conservação deste ecossistema.
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    Padrões de cores de flores e a polinização em vegetações sazonais
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2019-10-14) Martins, Amanda Eburneo; Morellato, Leonor Patricia Cerdeira [UNESP]; Camargo, Maria Gabriela Gutierrez de [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    A visão é o principal sentido utilizado pelos polinizadores para forragear, no qual a cor das flores é a primeira característica de atração. A percepção dos sinais de cores depende da coloração do segundo plano das flores, composto principalmente pelas folhas. Diferenças na composição das espécies e na estrutura da vegetação, e também na sazonalidade climática, podem interferir na cor do segundo plano de folhas em diferentes vegetações e estações, interferindo como os polinizadores percebem a flor. Portanto, a diversidade de cores das flores e os padrões de floração de uma comunidade podem estar relacionados com a composição de polinizadores e condições ambientais. Desta maneira, utilizando comunidades vegetais e considerando o sistema visual das abelhas, nós descrevemos e comparamos a diversidade de cores das flores e seus sinais, dando importância para a cor do segundo plano de folhas em duas vegetações sazonais tropicais e uma vegetação sazonal temperada. Em seguida, para vincular os sinais florais com a sazonalidade, nós analisamos a importância das síndromes de polinização levantadas, o padrão de floração, a influência da cor do segundo plano de folhas no padrão de cor das flores entre as estações. Nós encontramos diferenças na diversidade de cores das flores e confirmamos a influência da coloração do segundo plano de folhas, juntamente com a estrutura da vegetação e a intensidade da sazonalidade nos sinais florais exibidos em diferentes vegetações sazonais, de acordo com a visão das abelhas. Altos valores dos sinais cromáticos foram encontrados na vegetação temperada e na estação seca da comunidade tropical sazonal, enquanto os valores mais altos de sinais acromáticos, foram encontrados nas vegetações tropicais e na estação chuvosa da comunidade tropical sazonal. As abelhas foram o principal polinizador da comunidade estudada, porém outros animais também contribuem para a polinização, caracterizando a comunidade com padrão generalista de polinização. Amarelo e bluegreen foram as cores predominantes de flores, de acordo com a visão humana e das abelhas, respectivamente. Apesar destas cores geralmente estarem relacionadas com a melitofilia, nós não encontramos uma clara relação entre cores das flores e síndromes de polinização. Por fim, a sazonalidade molda os padrões de floração e a diversidade de cores e sinais florais, promovendo sinais distintos ao longo do ano e maximizando a detecção de flores pelos polinizadores ao longo das estações. Nós oferecemos novas perspectivas na área da ecologia sensorial, reforçando a importância de considerar a cor do segundo plano e o sistema visual das abelhas.
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    Aspectos taxonômicos e morfo-anatômicos das Bougainvillea Comm. ex Juss. (Nyctaginaceae)
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2019-07-31) Cidrão, Bruno Bravos; Kolb, Rosana Marta [UNESP]; Udulutsch, Renata Giassi [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    O gênero Bougainvillea Comm. ex Juss., pertencente a família Nyctaginaceae, é nativo da América Latina e é atualmente cultivado em vários outros países de clima tropical ou temperado. Suas espécies possuem brácteas coloridas que envolvem as inflorescências, atraem os polinizadores e ainda auxiliam na dispersão do fruto depois de seco. Possuem um antocarpo estriado e em forma de haste, diferente do restante dos membros da família, que possui antocarpos maiores ou ausentes. Das espécies de Bougainvillea, B. spectabilis e B. glabra são as mais citadas na literatura. Boa parte dos trabalhos com Bougainvillea é relacionada à anatomia do crescimento secundário diferenciado do gênero ou a estudos fitoquímicos. A anatomia, como ferramenta para estudos taxonômicos, tem sido empregada há muito tempo e tem auxiliado na distinção de espécies morfologicamente semelhantes. Neste trabalho, foi realizado um estudo da anatomia foliar das Bougainvillea com o intuito de obter dados que auxiliem na identificação das mesmas, além dos já citados na literatura; associado a uma monografia do gênero que visou esclarecer as divergências taxonômicas existentes entre as espécies. O estudo anatômico mostrou que elas têm em comum cutícula delgada, epiderme unisseriada, idioblastos contendo cristais na forma de ráfides e prismas, e tricomas tectores unisseriados; mas diferem no formato das células da epiderme, localização dos estômatos, tipo de mesofilo e formato das células que compõem os tricomas. São sugeridos sinônimos novos para as espécies B. glabra, B. praecox e B. spectabilis, assim como eleição de lectótipo para B. campanulata. O estudo anatômico auxiliou na distinção das espécies, mas convém realizar estudos de caráter filogenético para elucidar a relação entre as espécies B. glabra e B. spectabilis.
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    O meio de cultura sólido diminui a exsudação de ácidos orgânicos em raízes de plantas expostas ao alumínio em relação à solução nutritiva?
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2019-07-29) Silva, Marcela Paula [UNESP]; Habermann, Gustavo [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    O alumínio (Al) é um dos componentes mais abundantes da crosta terrestre e é tóxico à maioria das plantas, sendo o seu primeiro sintoma de toxicidade a redução no crescimento radicular. Algumas plantas desenvolveram mecanismos para tolerar a presença do Al por meio da formação de complexos de ácidos orgânicos (AOs) com Al, internamente (no simplasto da folha ou das raízes) ou fora da raiz (apoplasto da raiz ou rizosfera). Neste trabalho, plantas de Titricum aestivum L. (Poaceae) (trigo) de cultivar sensível ao Al (ANAHUC75) e tolerante ao Al (JAC5) foram cultivados em diferentes concentrações de Al, variando o estado físico do meio, sendo estes sólido e líquido. Foram encontrados o ácido oxálico e succínico exsudados pelas raízes e acumulados no meio de cultura. Estes foram qualificados e quantificados por Cromatografia Gasosa por Espectrofotometria de Massas (GC-MS) e analisados por métodos estatísticos (ANOVA, teste de Kruskal-Wallis e PCA). Assim, foi possível verificar que o estado físico do meio de cultura gera diferenças significativas nas concentrações de exsudados pela raiz quando cultivadas nas mesmas concentrações de Al, visto que para o ácido succínico em ambas as cultivares e em todos os tratamentos e o ácido oxálico na cultivar tolerante apresentaram disparidade em relação aos teores exsudados.
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    O ácido hexanoico pode modular o metabolismo antioxidante e o metabolismo nitrosativo em cafeeiro
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2019-04-24) Calzado, Natália Fermino [UNESP]; Domingues, Douglas Silva [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    As plantas em seu ambiente respondem a uma infinidade complexa de fatores que podem romper sua homeostase fisiológica. Com relação aos estresses abióticos, a capacidade de organismos vegetais responderem a esses estresses é flexível e depende do balanceamento da interação entre moléculas de sinalização. Destacam-se entre as moleculas sinalizadora em plantas as espécies reativas de oxigênio (EROs) e espécies reativas de nitrogênio (ERNs), que estão envolvidos na aclimatação a estresses abióticos. O transporte, a biossíntese e o metabolismo de EROs e ERNs influenciam os mecanismos de resposta das plantas ao ambiente. Um elemento chave na geração de EROs em plantas são a NADPH oxidases, que são enzimas codificadas por uma família gênica em plantas, pouco estudada do ponto de vista evolutivo. Já um elemento regulador importante da homeostase de ERNs em plantas são as S-nitrosoglutationa redutases, enzimas também pouco estudadas do ponto de vista evolutivo. Nos últimos anos, diversos trabalhos sugerem que as plantas podem ser elicitadas por compostos químicos para melhor tolerar estresses abióticos. No entanto, os mecanismos de reprogramação fisiológica e transcricional por trás destes sinalizadores ainda são pouco conhecidos. O ácido hexanoico é um ácido carboxílico que, em baixas concentrações, possui um efeito indutor de resistência e modulador do metabolismo em diversos sistemas vegetais. No entanto, o impacto do ácido hexanoico na geração de EROs e de ERNs nunca foi avaliado. Neste projeto, testamos a hipótese de que o ácido hexanoico pode induzir a produção de EROs e ERNs em sistemas vegetais, por meio de sua aplicação em cafeeiro (Coffea arabica L.). C. arabica é um sistema vegetal tetraploide que, a despeito de sua importância econômica e social no Brasil e em países em desenvolvimento, carece de estudos bioquímicos e moleculares com impacto em sua fisiologia. Identificamos in silico genes codificantes para enzimas chave no processo de formação de EROs e ERNs, Rboh e GSNOR, para as espécies Coffea canephora, Coffea arabica, Coffea eugenioides e outras 24 espécies vegetais. Para todas as espécies foi investigado o perfil de seleção evolutiva para estes genes, assim como os perfis transcricionais em espécies selecionadas. Também avaliamos o efeito da aplicação de ácido hexanoico em solução nutritiva no metabolismo oxidativo e nitrosativo, bem como avaliamos transcricionalmente genes-chave na modulação destes processos. Observamos que a aplicação de ácido hexanoico em solução nutritiva induz a formação de peróxido de hidrogênio e S-nitrosotiois, bem promove a modulação diferencial de genes-chave em função do subgenoma ao qual pertencem. Com isso, o presente trabalho traz importantes subsídios para a compreensão da dinâmica molecular de eventos associados à aclimatação ao estresse mediados por eliciadores químicos.
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    O efeito do histórico do fogo na fenologia reprodutiva e atributos de sementes e germinação em espécies de Cerrado
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2019-06-26) Zirondi, Heloiza Lourenço; Fidelis, Alessandra [UNESP]; Ooi, Mark; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    No Cerrado, um dos fatores abióticos que influenciam na fenologia das plantas é o fogo, o qual é um distúrbio natural que interfere em diversos ecossistemas do mundo. O fogo altera as condições do habitat podendo afetar a floração, frutificação, atributos das sementes e germinação. Portanto, esse projeto visou compreender o efeito do fogo na fenologia reprodutiva e nos atributos de semente e germinação da comunidade do Cerrado. Para isso, foram realizadas a contagem do número de ramos (vegetativos e reprodutivos) por espécie, realizados em 30 subparcelas de 1x1m em áreas com diferentes históricos de fogo (C=6 anos sem queima e FB=recentemente queimada). Também foram marcados indivíduos de diferentes espécies dominantes em ambas as áreas. A comunidade e os indivíduos tiveram sua floração acompanhados a cada 15 dias durante 3 meses após a queima e então aos 6, 9 e 12 meses. Os seguintes atributos das sementes e germinação foram medidos: forma e peso da semente, teor de água, germinabilidade, tempo médio de germinação e sincronia. Nossos resultados mostraram que o fogo aumentou a floração nas áreas queimadas. Já nos primeiros 30 dias até 3 meses após a queima houve até 2 vezes mais espécies que floresceram nas áreas FB comparados a C. Também houve um aumento significativo na proporção de ramos reprodutivos aos 3 meses pós-fogo na comunidade, mostrando que a profusão reprodutiva ocorre nos primeiros meses após queima. Dentre as espécies da comunidade 66,39% podem ser consideradas estimuladas pelo fogo. Os atributos de semente e germinação foram afetados pela frequência de fogo, resultados mostraram que 67% das espécies apresentaram pelo menos uma de seus atributos de germinação alterados na área FB quando comparadas à área C. Algumas espécies mostraram um aumento e outras uma diminuição na germinação no FB. No entanto, a viabilidade foi menor e a germinação mais rápida nas sementes das áreas FB. Atributos das sementes (peso, forma e conteúdo de água) de oito espécies também diferiram entre as áreas. Dentre essas espécies, a maioria apresentava sementes menores com maior teor de água nas áreas FB em relação a C. Portanto, o fogo não somente altera a fenologia reprodutiva, principalmente, estimulando a floração e frutificação de muitas espécies como também a frequência de fogo pode levar a mudanças rápidas nos atributos de germinação e sementes. Isso fornece alguns indicativos sobre a evolução dos atributos das plantas do Cerrado frente ao fogo.
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    A presença de pinus spp. torna o ambiente mais susceptível à invasão?
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2018-10-31) Chiari, Giovana Leticia [UNESP]; Fidelis, Alessandra Tomaselli [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Espécies invasoras são problemáticas em grande parte dos países do mundo. Elas possuem a capacidade de alterar o ambiente, de forma a modificar a disponibilidade de recursos de uma comunidade, o que ameaça a biodiversidade dessa área. O processo de invasão biológica é influenciado pela invasividade (atributos da espécie invasora) e pela invasibilidade (atributos do ambiente). Dessa forma, a susceptibilidade do ambiente à invasão é um importante fator a ser conhecido. Plantas invasoras podem deixar um legado no ambiente mesmo após a sua remoção, alterando características do solo. Somando esse legado a relação entre espécies invasoras (invasional meltdown), o presente estudo teve como objetivos descobrir se o legado de invasão deixado por Pinus spp. em áreas de Cerrado interferem na germinação, crescimento e competição de espécies de gramíneas invasoras e nativas. Foram utilizadas quatro áreas com diferentes históricos de remoção de Pinus, todas inseridas na Estação Ecológica e Experimental de Itirapina, sendo elas: área de Cerrado, onde nunca houve plantio de Pinus spp., área onde o plantio de Pinus spp. foi removido em 1998, área onde o plantio de Pinus spp. foi removido em 2010 e área onde ainda existe o plantio de Pinus spp. No primeiro capítulo, são apresentados resultados de experimentos de germinação de quatro espécies de gramíneas: Urochloa brizantha, Melinis minutiflora (invasoras), Aristida riparia e Aristida megapotamica (nativas) e experimentos de crescimento com A. megapotamica e M. minutiflora, em solos coletados nas áreas de legado de Pinus. No segundo capítulo, são apresentados os resultados do experimento de competição entre A. megapotamica e M. minutiflora. O conhecimento sobre o processo de invasão dessas áreas é fundamental para que, após a retirada do plantio de Pinus, as áreas possam ser corretamente manejadas, de forma a evitar novas invasões e garantir a regeneração de espécies nativas do Cerrado.
  • ItemDissertação de mestrado
    O alumínio influencia na expressão de três aquaporinas da subfamília PIP nas raízes de Citrus limonia?
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2018-08-31) Cavalheiro, Mariana Feitosa [UNESP]; Habermann, Gustavo [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    O Alumínio (Al) é um dos elementos mais abundantes na crosta terrestre. Solos ácidos (pH < 5.0) compreendem cerca de 40% das terras agriculturáveis no mundo, e sob essas condições, o Al se encontra na forma de Al3+, que é tóxico para a maioria das plantas. Na presença de Al, observa-se uma redução nos parâmetros de trocas gasosas e de hidratação foliar, que podem estar diretamente relacionadas com a diminuição no transporte de água radicular. Aquaporinas são proteínas integrais da membrana plasmática que facilitam o transporte de água transmembranar e, nas raízes, estas podem contribuir com mais de 50% na condutividade hidráulica. Portanto, uma diminuição na abundância de aquaporinas poderia acarretar em um menor transporte de água até a folha. No presente estudo, cultivamos plantas de limoeiro ‘Cravo’ (Citrus limonia), durante 90 dias em solução nutritiva com Al. Em seis épocas, coletamos dados de trocas gasosas, potencial hídrico, conteúdo relativo de água na folha e verificamos a expressão de três genes de aquaporinas nas raízes: PIP1-1, PIP1-2 e PIP2. Confirmamos uma menor hidratação da folha pela redução do conteúdo relativo da água (CRA) e potencial hídrico (w), bem como diminuição na assimilação de CO2 (A), condutância estomática (gs), transpiração (E) e condutividade hidráulica estimada da raiz até a folha (KL) em plantas expostas ao Al. Além disso, plantas submetidas ao Al apresentam uma atenuação no perfil transcricional de PIP1-1 e PIP2 e um aumento na expressão de PIP1-2, das quais apenas PIP1-1 apresentou correlação com A e gs no tratamento com Al. Nossos dados sugerem que a atenuação no perfil transcricional de PIP1-1 está associada à menor hidratação da folha em plantas expostas ao Al.