A produção da diferenciação socioespacial em Catanduva e São José do Rio Preto - SP: uma análise a partir do cotidiano de moradores de espaços residenciais fechados

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Data

2016-12-07

Autores

Milani, Patricia Helena [UNESP]

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

A produção da diferenciação socioespacial é analisada levando em conta suas dimensões objetivas e subjetivas, a partir da comparação entre duas cidades médias com diferentes níveis de complexidades, Catanduva e São José do Rio Preto-SP. O cotidiano, enquanto unidade de espaço e tempo, é nossa dimensão de análise, tendo as práticas espaciais dos sujeitos sociais pesquisados, enquanto plano analítico, o que nos permitiu identificar como o processo de fragmentação socioespacial se expressa na produção do espaço urbano, sobretudo a partir dos espaços vividos, conferindo sentidos e significados às práticas, que envolvem relações contraditórias entre dentro e fora, antes e depois, mudança e permanência, espaço e tempo. Com base na realização de 22 entrevistas e em observações de campo, a pesquisa revelou que, sob o discurso da busca por segurança, os sujeitos pesquisados, moradores de espaços residenciais fechados de classe média e elite, valorizam e produzem estratégias de distinção socioespacial, nas quais o espaço é dimensão estratégica que não se limita ao âmbito do morar. Tal busca modifica as maneiras como esses sujeitos sociais vivenciam o urbano e aquilo que lhe é inerente, sendo a cidade cada vez mais vivida e representada em fragmentos. Essa tendência à separação, presente nas duas cidades pesquisadas, estende-se também para as práticas de consumo, evidenciando-se de maneira mais significativa em São José do Rio Preto, cidade na qual há maior presença de espaços fechados de moradia e consumo, amplamente valorizados. Em Catanduva, ainda há permanências das práticas tradicionais de consumo, no centro principal da cidade. Porém, quando operamos a partir do processo de articulação escalar, levando em conta as práticas de consumo dos entrevistados de Catanduva que frequentam certos shopping centers de São José do Rio Preto, verifica-se que a produção da diferenciação socioespacial se efetiva, mas exige uma transposição da escala intraurbana para ser apreendido no contexto de cidades não metropolitanas, sobretudo cidades médias nos limiares. Concluímos, assim, que não se trata de medir em que cidade a diferenciação ocorre com maior ou menor intensidade, mas de identificar as lógicas que guiam os processos de urbanização no período contemporâneo.
The production of socio-spatial differentiation is analyzed in this paper considering its objective and subjective dimensions, through the comparison of two midsize cities with different complexity levels, Catanduva and São José do Rio Preto. The daily life, understood as a space-time unity, is our analysis dimension, and the spatial practices of the researched subjects are our analytical plan, which allowed us to identify how the social and spatial fragmentation process is expressed in the production of the urban space. This occurs mainly in relation to the lived spaces, which attributes meaning and significance to the practices that involve contradictory relations between the inside and the outside, the before and the after, the transformation and the continuity, space and time. We conduct our research through 22 interviews and field observations, which revealed that the researched subjects – middle class and elite residents of gate communities -, under the speech of search for security, value and produce strategies of social and spatial distinction, in which the space is a strategic dimension that is not restricted to the scope of inhabiting. This quest modifies the ways these social subjects experience the urbane, with all the things that are connected to it, and in this manner the city is progressively lived and represented in fragments. This tendency to separation, observed in the two researched cities, also reaches the purchasing practices, despite being more significant in São José do Rio Preto, because there are more gated spaces of residence and purchase in this city. In Catanduva, there still are traditional practices of purchasing in the center of the city. However, when we operate in the scale articulation process, considering the purchasing practices of the interviewed subjects that live in Catanduva but attend the shopping centers of São José do Rio Preto, we observe the existence of the differentiation process as well. The difference is that this process requires a transposition of the intra-urban scale in order to be apprehended in the context of non-metropolitan cities, mainly in the case of threshold midsize cities. Our conclusion is that we should not consider the size of the city in order to analyze the process, but to identify the logics that drive the urbanization processes in the contemporary period.
La production de la différenciation socio-spatiale est analysée, en tenant compte de leurs dimensions objectives et subjectives, à partir de la comparaison entre deux villes de taille moyenne avec de différents niveaux de complexités, Catanduva et São José do Rio Preto. Le quotidien, tandis qu’une unité de l'espace et de temps est notre dimension de l’analyse, en ayant les pratiques spatiales des sujets sociaux étudiés, alors que le plan analytique, qui nous a permis d'identifier la façon dont le processus de fragmentation socio-spatiale s’exprime dans la production de l'espace urbain, surtout à partir des espaces vécus, donnant du sens et de la signification à des pratiques, qui entourent des relations contradictoires entre l'intérieur et à l'extérieur, avant et après, le changement et la permanence, l'espace et le temps. Sur la base de la réalisation de 22 entretiens et des observations sur le terrain, la recherche a révélé que, dans le discours d'une recherche de sécurité, les personnes interrogées, des habitants des espaces résidentiels fermés de classe moyenne et de l'élite, valorisent et produisent des stratégies de distinction socio-spaciale, auxquelles l'espace est dimension stratégique qui ne se limite pas au cadre d’habiter. Telle recherche modifie les façons de comme ces sujets sociaux connaissent l’urbain et ce qui lui est inhérente, étant la ville de plus en plus vécue et représentée dans les fragments. Cette tendance à la séparation, présente dans les deux villes étudiées, étend également aux pratiques de consommation, ce qui démontre de manière plus significative à São José do Rio Preto, une ville où il y a une plus grande présence de espaces fermés, d’ habitation et de consommation, largement valorisés par les segments de la classe moyenne et de l’élite. À Catanduva, il reste encore des pratiques de consommation «traditionnelles», dans le centre-ville traditionnel. Cependant, quand nous opérons à partir du processus de mise à l'échelle commune, en tenant compte les pratiques des consommations des interviewés de Catanduva qui fréquentent certains centres commerciaux de Sao Jose do Rio Preto, on vérifie que la production de la différenciation socio-spatiale est efficace, mais il exige une transposition de l'échelle intra-urbaine à être considérée dans le contexte des villes non métropolitaines. Nous concluons qu'il ne traite pas de mesurer dans quelle ville le processus se produit avec plus ou moins d'intensité, mais d'identifier les logiques qui guident les processus d'urbanisation dans la période contemporaine.

Descrição

Palavras-chave

Produção do espaço urbano, Diferenciação socioespacial, Fragmentação socioespacial, Práticas espaciais, Espaços residenciais fechados, Shopping centers, Catanduva e São José do Rio Preto-SP, Urban space constitution, Social and spatial differentiation, Social and spatial fragmentation, Spatial practices, Gated communities, La production de l’espace urbain, Différenciation socio-spatiale, Fragmentation socio-spatiale, Pratiques spatiales, Espaces résidentiels fermés, Centres commerciaux

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