Da brincadeira e do sonho: a construção de uma nova realidade ambiental

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Data

2001

Autores

Lima, Solange Terezinha de [UNESP]

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

Os trabalhos realizados pelo Grupo de Educação Ambiental do CEA/UNESP, são desenvolvidos através de atividades de educação ambiental informal, sendo realizados em áreas de patrimônio natural ou construído de instituições públicas e particulares. Estas atividades compreendem programas lúdico-educativos, explorando diferentes níveis de percepção, sensibilização e conscientização ambiental, compreendendo palestras, trilhas interpretativas da natureza e do meio urbano, oficinas ecológicas, jogos e brincadeiras. Ainda, desenvolvemos programas de treinamento e capacitação de recursos humanos , no caso , monitores para áreas de parques e educadores ambientais, além de pesquisas na área da percepção ambiental e elaboração de materiais. Estes programas são destinados a todos os segmentos da comunidade, sendo que atualmente, estamos com trabalhos em cooperação com algumas áreas do Instituto Florestal de São Paulo, Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto e SENAI (Divisão Regional /SP e algumas escolas). Também encontram-se em andamento trabalhos com prefeituras, visando reciclagem de professores, sensibilização de comunidades diante da implantação de novos programas de conservação ambiental e desenvolvimento sustentável. Outros projetos estão em fase de desenvolvimento, tais como um destinado a deficientes físicos que deverá ser testado em uma instituição pública da capital, envolvendo pessoas cegas ; outros programas deverão abranger terceira idade, crianças portadoras de cancer em clínicas de tratamento intensivo., e crianças com dificuldades de adaptação psico-social. Nosso trabalho enquadra-se no contexto da educação ambiental informal, não se prendendo às práticas ou orientações das grades curriculares do ensino de primeiro e segundo graus. Apresenta-se de modo interdisciplinar, tanto em relação aos fundamentos teórico-metodológicos, quanto ao exercício das práticas. Mais do que incentivar ações conservacionistas e valores ecológicos apenas, pretendemos resgatar valores humanitários, formadores de uma cidadania consciente e responsáveis por uma educação para a sustentabilidade. Os elementos favoráveis estão relacionados à sinergia existente entre o grupo , onde cada iniciativa deve ser encontrada no sonho de cada um , respectivo às transformações das atitudes e condutas que permeiam as relações entre Natureza e Sociedade. Cada novo membro é convidado a criar um projeto que tenha a sua marca especial. Os integrantes mais antigos "treinam" e são co-responsáveis pelos iniciantes junto com a coordenação, numa somatória de experiências, adaptações, trocas de informações entre áreas do conhecimento e, sobretudo, companheirismo e saudável cumplicidade nesta conspiração a favor da Terra. Outro ponto favorável : perceber o aluno como "profissional em formação", torna-se uma atitude mágica, onde o que há de melhor é externado nas atitudes e condutas, porque há valorização da pessoa --- o coordenador é um "trilheiro"como ele, somente que já conhece o caminho e seus atalhos, mais as normas de segurança de campo. Assim, o respeito flui naturalmente, a execução de tarefas também, porque cada um faz aquilo que mais gosta no contexto das programações e, portanto, os trabalhos estão sendo realizados da melhor forma, a despeito de todos os obstáculos . Os pontos desfavoráveis estão relacionados à carência de recursos materiais e financeiros, à incompreensão de alguns profissionais no âmbito da própria UNESP , e às questões pertinentes às normas de afastamentos de docentes para o exterior ( trâmite burocrático gerando perdas devido à grande antecedência dos pedidos, inviabilizando determinados convites). Os trabalhos estão fundamentados nos estudos sobre Percepção Ambiental, sob uma visão humanista, fenomenológica, integrando diferentes áreas do conhecimento, isto é, buscando a inter e multidisciplinaridade, e um caráter holístico como marca. A elaboração dos programas se faz de acordo com as demandas existentes, onde cada aspecto é discutido em um primeiro momento, tendo em vista, adaptações no sentido de atender segmentos específicos da sociedade, adequando-se às faixas etárias, sócio-econômicas, grupo étnico, paisagem vivida, valores culturais, etc... Ao analisarmos estes tres anos de trabalhos sobre Educação Ambiental no CEA, queremos enfatizar que "quem recebe primeiro a água é o copo", ou seja, a própria Universidade é quem recebe em primeiro lugar o benefício, através da projeção do seu nome enquanto instituição diante da Sociedade, através da realização de um trabalho que apesar de sério, tem gosto de brincadeira e, por isto, cativa, envolve. É uma atividade simples, mas tem tocado seres humanos no sentido de cooperar, e deste modo, mediante a somatória de pequenas ações, alcançado segmentos de população, apresentando em um mundo de relações virtuais e parcialidades , a riqueza e a emoção das relações face a face, da experiência direta, da vivência e das trocas afetivas entre Homem e Terra. Mas sobretudo, os benefícios à Sociedade, encontram-se nas mudanças e transformações de antigos "hábitos predadores" para novos hábitos concernentes à preservação e conservação do patrimônio natural e construído. E que estes, marcados pela criatividade, apesar de todos os obstáculos materiais, econômicos, humanos, sejam educativos no sentido de conduzir o Homem no sentido da redescoberta de si mesmo enquanto um ecossistema único para depois, abranger, naturalmente, a Terra e toda a sua diversidade , como extensão do próprio corpo, do próprio espírito humano, e enquanto substrato de todos os movimentos da Vida. Realizamos nosso sonho de educadores em um meio árido, como tem sido a realidade da universidade em nosso país. Capacitamos nossos alunos para serem melhores profissionais e, em troca, eles devolverão à Sociedade um tributo de cooperativismo, influenciando direta e indiretamente, o estabelecimento das diretrizes de um desenvolvimento sustentável e o despertar de uma nova consciência ambiental.

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