A prática de educadores sociais de um estabelecimento de assistência a criança e ao adolescente em situação de risco pessoal e social

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Data

2003

Autores

Lima, Marina Bevilacqua Alves de [UNESP]
Cruz, Soraia Georgina Ferreira de Paiva [UNESP]
Tebaldi, Danilo Lima [UNESP]
Uesono, Juliana [UNESP]
Fiochi, Paula Ione da Costa Quinterno [UNESP]

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

A presente pesquisa/intervenção está inserida numa temática mais ampla que é a Análise Institucional de um estabelecimento de assistência à infância e adolescência no interior paulista. No ano de 2002 fomos chamados a intervir neste estabelecimento. Marcamos reunião com a diretoria e coordenadores para ouvir a demanda. Essa se apresentou na queixa da necessidade dos coordenadores terem supervisão de psicólogos para poderem lidar com os problemas apresentados pelas crianças e adolescentes, além de uma multiplicidade de outras problemáticas. Com o referencial teórico/prático da Análise Institucional percebemos que não poderíamos estar privilegiando um grupo do estabelecimento e sim procedendo a uma leitura do modo de funcionamento das relações na organização deste e somente assim intervindo. Para acionarmos o dispositivo grupal procedemos ao método de entrevistas abertas com vinte e três funcionários, dez pais e dez adolescentes. Estas foram gravadas com o consentimento dos sujeitos. Posteriormente transcrevemos a gravação e precedemos à análise dos discursos veiculados pelos agentes institucionais. Através deste procedimento, detectamos que aqueles funcionários que se colocavam como "educadores", apresentavam um discurso muitas vezes incompreensível; palavras desconectadas, falas interrompidas, colocando-se assim, num lugar de saber/poder na instituição, criticando por exemplo a parte operacional (cozinheira, caseiro, serventes) e dizendo que estes não atuavam como educadores. Seus discursos deram visibilidade ao fato de não saberem o significado de ser educador, remetendo o conceito à questões como cumprir horário, oferecer oficinas de marcenaria e bordado entre outras. Explicitou-se também um estabelecimento acéfalo, onde a diretoria se diz cansada de lidar com crianças e adolescentes, e os presidentes se encontram totalmente descomprometidos. Nessas relações com crianças e adolescentes o instituído aparece cristalizado e psicologizado como surge na fala de um dos funcionários: "40% têm problemas de aprendizagem e 60% têm problemas psicológicos". As relações são tensas entre funcionários "educadores" e isso recai sobre a população que freqüenta o estabelecimento. Deste modo, sem um plano pedagógico coletivo, as práticas e os saberes com a criança e o adolescente tornam-se tão burocratizadas e reprodutivistas a ponto desta instituição se orgulhar de estar atendendo a terceira geração da comunidade. As concepções de criança e adolescente que norteiam as práticas dos "educadores" passam pela moral e pelo julgamento através de discursos como: "são miseráveis", "se não estivessem aqui estariam pelas ruas, furtando, roubando e se drogando". As práticas dos educadores em função destes conceitos, são portanto controladoras e disciplinarizadoras. Práticas essas que constituirão os sujeitos enquanto corpos tutelados.

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