Os discursos homogeneizantes (re)produzindo a marginalização e a criminalização da pobreza através da criação da figura de crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social: análise de um estabelecimento

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Data

2003

Autores

Fiochi, Paula Ione da Costa Quinterno [UNESP]
Tebaldi, Danilo Lima [UNESP]
Uesono, Juliana [UNESP]
Lima, Marina Bevilacqua Alves de [UNESP]
Cruz, Soraia Georgina Ferreira de Paiva [UNESP]

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

A presente análise está pautada numa pesquisa/intervenção que estamos desenvolvendo junto a um estabelecimento de assistência à infância e adolescência em situação de risco pessoal e social, numa pequena cidade do interior do Estado de São Paulo. Para tanto, com o consentimento dos sujeitos, entrevistamos os funcionários, pais e adolescentes. As entrevistas foram abertas, porém, buscamos assegurar alguns temas específicos como: a concepção de criança e adolescente, o que é ser educador, o histórico do estabelecimento e as mudanças que gostariam que ocorressem nesse lugar. Os discursos obtidos dos diferentes segmentos mostraram-se homogeneizados, podendo-se afirmar que não houve diferença entre a fala dos funcionários, dos pais e dos adolescentes, ou seja, as idéias estavam coladas às concepções de criança e adolescente associadas a de miséria, caridade, marginalização e criminalidade. Essas concepções coladas em seus imaginários são responsáveis pelo processo de guetificação e exclusão social que reafirmam o lugar de criança e adolescente como de risco pessoal e social construindo estigmas e preconceitos. Como por exemplo, a fala que aparece nos três segmentos, quando indagados sobre porque consideram o estabelecimento importante: "eles não ficam na rua", "tira as pessoas do mau caminho", "dão alimentação", etc. Assim sendo, o estabelecimento petrifica se e perpetualiza um ritual de produção e afirmação dos lugares de pobreza e marginalização, pois os questionamentos não ganham visibilidade, as forças que aparecem são repetitivas e cristalizadas. Os funcionários falam com orgulho de já estarem atendendo a terceira geração de assistidos, ou seja, o avô, o pai e o filho passaram por esse estabelecimento, mostrando a necessidade do mesmo de manter no corpo social as forças de dominação, expropriação e mistificação. Portanto, nosso objetivo nesse estabelecimento é mostrar que o fato citado tem que ser problematizado. É necessário dizer que muitas outras práticas desse estabelecimento deverão ser rompidas e outras construídas. A ruptura/critica também se fará ao lugar dos especialistas (psicólogo, psicopedagogo, pedagogo) que de 1998 até agora tem produzido práticas psicologizantes e consequentemente demandas terapêuticas (já que o discurso oficial é que 60% das crianças e adolescentes têm problemas psicológicos e 40% têm problemas de aprendizagem). Desconstruir as práticas/discursos que constituem os sujeitos como de risco pessoal e social, será a nossa tarefa, como analistas institucionais, junto aos funcionários, pais, e adolescentes. Para tanto formaremos grupos separados de funcionários, pais e adolescentes e posteriormente promoveremos assembléias, onde problematizaremos as questões descritas acima.

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