Silenciosos gritos por entre as grades e as ruas: escrita e invenções de si no centro de ressocialização masculino de Rio Claro

Carregando...
Imagem de Miniatura

Data

2017-08-22

Autores

Nascimento, Rafael Caetano do [UNESP]

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

A presente pesquisa investiga as possibilidades e potências da prática da escrita realizada em um contexto de privação da liberdade. Entende-se essa escrita como um modo de produção de si mesmo por entre os poderes institucionais, portanto, na experiência do escrever, uma subjetividade em formação constante que produz sentidos enquanto narra a vida. O objetivo é acompanhar, fazer aparecer e apresentar movimentos de singularidades, resistência e formação de subjetividades pela experiência da escrita com reeducandos do Centro de Ressocialização Masculino de Rio Claro (CR). Para isso são utilizados os procedimentos metodológicos da cartografia. Tendo como horizonte teórico as contribuições de Baratta, Bauman, Foucault e Wacquant, é feita uma contextualização do sistema prisional como local de aprisionamento da pobreza, da disciplina ostensiva e reformativa sobre o indivíduo, em um cenário marcado pela globalização, assim como o lugar que o CR ocupa em tudo isso. Para uma perspectiva da escrita há contribuições teóricas na linha de autores como Deleuze e Foucault. Para produção e captação do material de pesquisa, foram realizadas oficinas com encontros semanais de duas horas de duração dentro do CR de modo a permitir um momento de troca de escritas, experiências e pensamentos em torno da vida encarcerada e da escrita. As oficinas se constituiram como momentos de conversa onde o mundo de fora e o de dentro estabeleceram interlocuções e momentos de criações. A escrita aparece como uma prática que abre a vida sufocada pelo poder institucional. Em seu fazer, cria momentos de invenção consigo por entre o tempo gradeado da prisão e permite, por vezes, a fuga ao poder disciplinar e, quase sempre, a resistência.
This research investigates the possibilities and potencies of the writing practice in a context of liberty deprivation. This writing is understood as a way of self-production throughout the institutional powers, therefore, in the writing experience, a subjectivity in constant formation that produces meanings while narrating life. The objective is to perceive, accompany and make appear movements of singularities, resistance and subjectivity formation by the writing experience with prisioners of the Center of Masculine Resocialization of Rio Claro (CR). For this, the methodological procedures of cartography are used. Taking as a theoretical horizon the contributions of Baratta, Bauman, Foucault and Wacquant, a contextualisation of the prison system is made as a place of imprisonment of poverty and of ostensive and reformative discipline over the individual, in a scenario marked by globalization, as well as the place where the CR occupies in all of this. For a perspective of writing there are theoretical contributions in the line of authors as Deleuze and Foucault. For the production and capitation of the research material, workshops were held with weekly meetings of two hours duration within the CR to allow a moment of exchange of writings, experiences and thoughts around the imprisionment life and writing. The workshops constituted moments of conversation where the outside and the inside world established interlocutions and moments of creation. Writing appears as a practice that opens up life stifled by institutional power. In its doing, it creates moments of invention with itself through the barred time of the prison.

Descrição

Palavras-chave

Prisão, Experiência, Processos de subjetivação, Cartografia, Prison, Experience, Subjectivation process, Cartography

Como citar