A representação do modelo de herói clássico na personagem feminina Katniss Everdeen, de “Jogos vorazes”

Carregando...
Imagem de Miniatura

Data

2018-02-06

Autores

Morais, Guilherme Augusto Louzada Ferreira de

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

Estudamos a série de livros “Jogos vorazes” (2010-2011) com o objetivo de demonstrar como se dá a permanência e a representação do modelo heroico da Antiguidade Clássica na Contemporaneidade por meio da análise da caracterização da personagem feminina Katniss Everdeen. Para tanto, enfocamos a personagem criada por Collins e as características que a definem como heroína, comparando-a ao modelo heroico clássico descrito por tantos autores da Grécia e Roma, como, por exemplo, Homero, Hesíodo, Vergílio, etc., e considerando também as reflexões sobre o herói tecidas por Campbell em O herói de mil faces (1997), dentre outros títulos e autores que embasam nossos estudos. Percebemos que há, na série, uma mudança na representação de arquétipos literários, a saber, herói clássico versus donzela clássica, visto que Katniss Everdeen assume o papel de herói e Peeta Mellark, tributo masculino, assume o papel de donzela, pois, em grande parte do enredo, é salvo por ela. Dessa forma, buscamos verificar o que desvia a trama em estudo dos moldes então estabelecidos pelos Clássicos, ou seja, como Collins redefine os padrões da Literatura Clássica greco-romana, nos quais o homem era guerreiro e a mulher era dona de casa. Para isso, iniciamos nossas considerações a partir de Jung (2002), porque autores como Randazzo (1996), Vogler (2006) e Meletínski (1998), dentre outros, partem das postulações do psicanalista suíço para discutirem a respeito de arquétipos encontrados na publicidade, literatura e cinema. No percurso do estudo da heroína, realizamos uma breve comparação entre Katniss, outrora escravazida pela Capital (em uma espécie de escravidão velada), que se torna heroína e símbolo de toda uma revolução, e o herói masculino de outra obra, Espártaco, escravo e gladiador da Trácia, que foi líder de uma revolução conhecida por Guerra dos Escravos, conforme se pode comprovar no romance Espártaco, de Howard Fast (1981), publicado originalmente em inglês em 1951, e no filme baseado nesta obra literária, de Stanley Kubrick (1960), com a finalidade principal de comprovar a mudança no tratamento dos arquétipos e averiguar a presença de elementos ligados à cultura romana na série escrita por Collins. Enfim, buscamos verificar de que modo o modelo de Herói Clássico, seja na figura dos heróis mitológicos, seja na personagem histórica de Espártaco, é representado na caracterização da protagonista feminina de “Jogos vorazes” e quais significados tais representações acrescentam à interpretação da série.
The present study aims at analyzing the series titled “The Hunger Games” to demonstrate, by observing the characterization of the female character Katniss Everdeen, how the representation of the heroic model from Classical Antiquity persists in Contemporary Literature. In order to do so, we have focused on the character created by Collins and the features that define her as a heroine, comparing her to the classical heroic model described by several authors in Greece and Rome, such as Homer, Hesiod, Vergil, etc., as well as to specifications about the hero character presented in “The Hero with a Thousand Faces” (1997), by Joseph Campbell, along with additional information on the topic provided by other authors. We have observed a change, in Collins’ novels, regarding the representation of literary archetypes, namely the classical Hero versus the classical Maiden, as Katniss Everdeen takes the role of the Hero and Peeta Mellark, the male tribute, plays the role of the Maiden, for throughout a large part of the plot he is saved by her. Therefore, we seeked to verify what deviates the plot in study from the patterns once established by Classical tradition, or, in other words, to observe how Collins redefines the standards of the Greco-Roman Classical Literature, in which the man was a warrior and the woman was a housewife. Our study is based on Jung (2002) because authors such as Randazzo (1996), Vogler (2006) and Meletínski (1998), among others, consider the postulates of the Swiss psychoanalyst to discuss archetypes found in advertising, literature and cinema. In the course of the study of the heroine, for the purpose of proving the change in the treatment of archetypes and ascertaining the presence of elements related to the Roman culture in the series written by Collins, we made a brief comparison between Katniss, once slaved by the Capitol (in a kind of veiled slavery), who becomes a heroine and a symbol of an entire revolution, and the male hero of another artwork, Spartacus, a slave and gladiator from Thrace who was the leader of a revolution known as the “War of the Slaves,” as it can be seen in Howard Fast’s (1981) novel Spartacus, originally published in English in 1951, and in the film based on this literary work, directed by Stanley Kubrick (1960). Finally, our study demonstrates that the Classical Hero model, whether taken from mythological heroes or from the historical character of Spartacus, plays an important role in the characterization of the female protagonist of “The Hunger Games,” adding different meanings to the interpretation of the series.

Descrição

Palavras-chave

Jogos Vorazes, Suzanne Collins, Literatura norte-americana contemporânea, Representação do herói clássico, Mitologia greco-romana, The Hunger Games, Contemporary north-american literature, Representation of the classical hero, Greco-roman mythology

Como citar