O horror cósmico e os monstros de Lovecraft: os mitos de Cthulhu traduzidos para o cinema do século XXI

Carregando...
Imagem de Miniatura

Data

2018-08-15

Autores

Ribeiro, Emilio Soares

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

O presente trabalho investiga como filmes lançados no século XXI traduzem o outro monstruoso de contos de H. P. Lovecraft que compõem os Mitos de Cthulhu. Primeiramente, o trabalho discute a adaptação fílmica em seu caráter tradutório, com ênfase nas mudanças pelas quais os sentidos passam ao serem representados em outras formas e por outra mídia. Pautado em teóricos como Julie Sanders (2006), Linda Hutcheon (2006), Thomas Leitch (2007) e Deborah Cartmell (2015), o estudo propõe um olhar sobre as adaptações fílmicas enquanto obras autônomas e produções que não se resumem a referendar os enredos literários. Em seguida, com base em autores como Botting (1996), Carroll (1990), Cohen (1996), Hutchings (2008), Messias (2016) e Punter e Byron (2004), traça-se um panorama da literatura e do cinema góticos a partir de uma discussão acerca da figura do monstro, ressaltando a importância de obras específicas para o desenvolvimento do estilo em cada década. Também analisam-se os Mitos de Cthulhu na obra de Lovecraft e discute-se como seus monstros se associam ao medo cósmico e a aspectos como o abjeto, o uncanny e o insólito. Por último, considerando a complexidade e performatividade do cinema e as associações que o intérprete mais fortemente é levado a fazer, analisa-se como os filmes O chamado de Cthulhu (2005), Cthulhu (2007) e Dagon: a seita do mar (2001) adaptam os contos “O chamado de Cthulhu” (1926) e “A sombra sobre Innsmouth” (1931), de Lovecraft. As análises mostram como as adaptações optam pela representação dos medos em face às manifestações monstruosas ou diante de ameaças à vida e à identidade. Em O chamado de Cthulhu (2005), as imagens são construídas de modo a excitar, no espectador, o medo vivido pelos personagens. A adaptação Cthulhu (2007) traduz o uncanny que caracteriza os efeitos das monstruosidades no protagonista em uma narrativa que se volta para a representação do medo diante das ameaças promovidas pelas tentativas de imposição de um padrão religioso e sexual. O filme Dagon (2001), por sua vez, é uma produção que enfoca na caracterização do medo do protagonista e na recusa de sua condição monstruosa.
The current work investigates how films released in the 21st century translate the monstrous other from H. P. Lovecraft’s tales that integrate the Cthulhu Mythos. First, the work discusses film adaptation in its translational character, focusing on the changes the senses suffer while being represented in other forms and by other media. Based on theorists such as Julie Sanders (2006), Linda Hutcheon (2006), Thomas Leitch (2007) and Deborah Cartmell (2015), the study proposes a look at film adaptations as autonomous works and productions that are not restricted to the testament of the literary plots. Then, based on authors such as Botting (1996), Carroll (1990), Cohen (1996), Hutchings (2008), Messias (2016) and Punter e Byron (2004), the work traces a panorama of gothic literature and cinema through discussions about the figure of the monster, emphasizing the importance of specific works for the development of the style in each decade. It also analyzes the construction of the Cthulhu Mythos in Lovecraft's work and discusses how their monsters are associated with cosmic fear and aspects such as the abject, the uncanny and the unusual. Finally, considering the complexity and performativity of the cinema and the associations that the interpreter is most strongly led to do, the work analyzes how the films Dagon: a seita do mar (2001), The Call of Cthulhu (2005) and Cthulhu (2007) adapt the tales “The Call of Cthulhu” (1926) and “The Shadow on Innsmouth” (1931), written by Lovecraft. The analyses show how the three film adaptations choose to represent the fears due to monstrous manifestations or in the face of threats to life and identity. In The call of Cthulhu (2005), the images are constructed so as to excite, in the spectator, the fear experienced by the characters. The adaptation Cthulhu (2007) translates the uncanny that characterizes the effects of monstrosities on the protagonist in a narrative that turns to the representation of fear in the face of the threats brought about by the attempts of imposing a religious and sexual pattern. The film Dagon: la secta del mar (2001), in turn, is a production that focuses on the characterization of the protagonist’s fear and on the refusal of his monstrous condition.
El presente trabajo investiga como películas lanzadas en el siglo XXI traducen el otro monstruoso de cuentos de H. P. Lovecraft que componen los Mitos de Cthulhu. En primer lugar, el trabajo discute la adaptación fílmica en su carácter traductor, con énfasis en los cambios por los cuales los sentidos pasan al ser representados en otras formas y por otros medios. Basado en teóricos como Julie Sanders (2006), Linda Hutcheon (2006), Thomas Leitch (2007) y Deborah Cartmell (2015), el estudio propone una mirada sobre las adaptaciones fílmicas como obras autónomas y producciones que no se resumen a referéndum de los enredos literarios. A continuación, basado en autores como Botting (1996), Carroll (1990), Cohen (1996), Hutchings (2008), Messias (2016) y Punter y Byron (2004), se traza un panorama de la literatura y el cine góticos a partir de una discusión acerca de la figura del monstruo, resaltando la importancia de obras específicas para el desarrollo del estilo en cada década. También se analizan los Mitos de Cthulhu en la obra de Lovecraft y se discute cómo sus monstruos se asocian al miedo cósmico ya aspectos como el abyecto, el uncanny y el insólito. Por último, teniendo en cuenta la complejidad y la performatividad del cine y las asociaciones que el intérprete más fuertemente se lleva a cabo, se analiza como las películas El llamado de Cthulhu (2005), Cthulhu (2007) y Dagón: la secta del mar (2001) adaptan los cuentos “La llamada de Cthulhu” (1926) y “La sombra sobre Innsmouth” (1931), de Lovecraft. Los análisis muestran cómo las adaptaciones optan por la representación de los miedos frente a las manifestaciones monstruosas o ante amenazas a la vida ya la identidad. En el llamado de Cthulhu (2005), las imágenes se construyen para excitar, en el espectador, el miedo vivido por los personajes. La adaptación Cthulhu (2007) traduce el uncanny que caracteriza los efectos de las monstruosidades en el protagonista en una narrativa que se vuelve hacia la representación del miedo ante las amenazas promovidas por los intentos de imposición de un patrón religioso y sexual. La película Dagon (2001), a su vez, es una producción que se enfoca en la caracterización del miedo del protagonista y en la negativa de su condición monstruosa.

Descrição

Palavras-chave

Gótico, Monstro, Lovecraft, Mitos de Cthulhu, Cinema, Século XXI, Gothic, Monster, Cthulhu Mythos, 21st century, Monstruo, Cine, Siglo XXI

Como citar