"És o que fomos, serás o que somos": o processo de ressignificação dos espaços cemiteriais e das práticas funerárias

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Data

2019-03-27

Autores

Melo, Árife Amaral [UNESP]

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

A presente tese pretende interpretar os espaços cemiteriais e as práticas funerárias a eles relacionados, visando compreender a existência de um processo de ressignificação relacionado a ambos. Esse processo se dá a partir do que pode ser observado na maioria dos cemitérios tradicionais: visualmente, é possível observar que nesses cemitérios existe um contraste estético, no qual os jazigos mais antigos apresentam diversos elementos simbólicos e alegóricos relacionados a valores religiosos, ao passo que em jazigos mais novos esses elementos são cada vez mais raros ou simplesmente inexistem. Coube à pesquisa, através de visitas a alguns cemitérios em cidades do Estado de São Paulo e do Paraná, observar e identificar os elementos que permeiam esse contraste. Observou-se que não somente os espaços cemiteriais, mas também as práticas funerárias vinculadas a eles se encontram em constante mudança. Essas mudanças, impulsionadas pela secularização e pela racionalização, afetaram o significado do espaço cemiterial e das atitudes perante a morte, haja vista que até mesmo a visão que se possuía sobre a morte, antes norteada por valores religiosos, aos poucos é subjugada por uma visão de mundo racionalizada. Nesse sentido, surgem “cemitérios de novo tipo”, cuja configuração, de caráter tecnicista e racional, se estende às práticas funerárias, nas quais seu tecnicismo se aprofundou em detrimento dos aspectos ritualísticos religiosos. Como incremento a esse processo, existe a mercantilização das práticas funerárias, que aprofunda as formas de distinção social já existentes anteriormente, criando constantemente produtos e serviços direcionados aos enlutados, tratando-os como consumidores. Essa mercantilização, que se apropria da racionalidade da execução das práticas funerárias, uma vez comercializadas e terceirizadas, passam a coexistir com a religiosidade no que se refere à atenuação da dor da perda.
The present thesis intends to interpret the cemiterial spaces and the funeral practices related to them, in order to understand the existence of a process of resignification related to both. This process is based on what can be observed in most traditional cemeteries: visually, it is possible to observe that in these cemeteries there is an aesthetic contrast, in which the oldest deposits present various symbolic and allegorical elements related to religious values, in newer deposits these elements are increasingly rare or simply non-existent. It was the research, through visits to some cemeteries in cities of the State of São Paulo and Paraná, to observe and identify the elements that permeate this contrast. It was observed that not only the cemetery sites, but also the funeral practices linked to them are constantly changing. These changes, driven by secularization and rationalization, have affected the meaning of the cemetery space and attitudes towards death, since even the view of death, once guided by religious values, is gradually subjugated by a vision of the rationalized world. In this sense, "cemeteries of a new type" arise, whose configuration, of a technical and rational character, extends to funeral practices, in which its technicality has deepened to the detriment of religious ritualistic aspects. As an increment to this process, there is the commercialization of funeral practices, which deepens the forms of social distinction already existing, constantly creating products and services directed to the bereaved, treating them as consumers. This mercantilization, which appropriates the rationality of the execution of funerary practices, once marketed and outsourced, come to coexist with religiosity regarding the attenuation of the pain of loss.

Descrição

Palavras-chave

Ressignificação, Cemitérios, Práticas funerárias, Racionalização, Re-signification, Cemeteries, Funeral practices, Rationalization

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