Sur o no Sur: cultura na formação de professores de línguas em contextos ibero-americanos

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Data

2020-04-29

Autores

Tonelli, Fernanda [UNESP]

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

Esta pesquisa teve como objetivo discutir o tratamento da cultura na formação de professores de línguas estrangeiras e os desafios e caminhos para a interculturalidade crítica decolonial na formação docente. Por meio de pesquisa qualitativa interpretativista do tipo estudo de casos múltiplos latitudinal, analisou-se como o componente cultural se apresenta em cursos de formação de professores de línguas próximas de contextos do Sul e Norte globais. Especificamente, foram objeto de estudo quatro cursos universitários de formação de professores, sendo dois de formação de professores de espanhol — um no Brasil e um em Portugal — e dois de formação de professores de português — um na Argentina e um na Espanha. Foram analisados documentos pedagógicos de tais cursos, entrevistas com seus professores formadores, notas de campo, questionários e grupos de interação composto por estudantes em formação. A análise dos dados se fundamentou teoricamente na discussão sobre diferentes noções de cultura (CUCHE, 1996; GEERTZ, 1973; KRAMSCH, 2017), as definições de multiculturalismo, interculturalidade e interculturalidade crítica, com base nos trabalhos de Maher (2007), Candau (2008a, 2009), Guilherme (2019a) e Walsh (2010), a noção de colonialidade e pensamento decolonial (QUIJANO, 2001; DUSSEL, 1968, 2005; GROSFOGUEL, 2008) e reflexões sobre a formação do professor de línguas para a interculturalidade crítica decolonial, com base nos trabalhos de Candau (2008a, 2009), Daher e Sant’Anna (2010), Baptista (2017) e Rajagopalan (2003). Os resultados indicaram que em todos os casos analisados persiste uma matriz colonialista na formação do docente de línguas. Essa matriz se expressa em maior ou menor grau sobretudo por meio de uma perspectiva essencialista de cultura nos cursos, de uma suposta neutralidade linguística e cultural — que contribui para a invisibilidade de identidades linguístico-culturais que se encontram abaixo da linha abissal (SANTOS, 2007) — e do processo de subalternização epistêmica, que reforça formas de ser e saber hegemônicas. Como encaminhamentos para o desenvolvimento da interculturalidade crítica decolonial, foram apresentadas algumas práticas relatadas pelos participantes da pesquisa, como a inserção do componente intercultural crítico no curso de formação, da prática docente reflexiva sensível à articulação entre conteúdos teóricos e práticos e a visibilidade de variedades linguísticas e culturais na formação docente. Os resultados desta pesquisa contribuem para o desenvolvimento de teorias no campo de estudos da Linguística Aplicada, bem como de metodologias, propostas pedagógicas e políticas linguísticas que tratam do componente cultural na formação docente. Nestes casos, o enfoque está na interculturalidade crítica decolonial e no diálogo entre saberes do Sul e do Norte, com especial atenção para a visibilidade de seres e saberes vindos do Sul.
This research aimed to discuss the treatment of culture in foreign language teacher education and the challenges and paths for critical decolonial interculturality in teacher training. Through qualitative interpretive and latitudinal multiple case study research, it was analyzed how the cultural component presents itself in language teacher education courses for close language in the global South and North contexts. Specifically, four university teacher education courses were studied, two of which are Spanish teacher training — one in Brazil and one in Portugal — and two of Portuguese teacher training — one in Argentina and one in Spain. Pedagogical documents of such courses, interviews with their teacher teachers, field notes, questionnaires and interaction groups composed of students in training were analyzed. The data analysis was theoretically based on the discussion about different notions of culture (CUCHE, 1996; GEERTZ, 1973; KRAMSCH, 2017), the definitions of multiculturalism, interculturality and critical interculturality, based on the works of Maher (2007), Candau (2008a, 2009), Guilherme (2019a) and Walsh (2010), the notion of coloniality and decolonial thinking (QUIJANO, 2001; DUSSEL, 1968, 2005; GROSFOGUEL, 2008) and reflections on the education of the critical intercultural teacher and the decoloniality, based on the works of Candau (2008a, 2009), Daher and Sant’Anna (2010), Baptista (2017) and Rajagopalan (2003). The results indicated that in all cases analyzed, a colonialist matrix persists in the training of language teachers. This matrix is ​​expressed to a greater or lesser extent mainly through the presence of an essentialist perspective of culture in the courses, of a supposed linguistic and cultural neutrality — which contributes to the invisibility of linguistic-cultural identities that are below the abyssal line (SANTOS, 2007) — and the process of epistemic subordination, which reinforces hegemonic ways of being and knowing. As guidelines for the development of decolonial critical interculturality, some practices verified in the courses were presented, such as the insertion of the critical intercultural component within the training course, reflective teaching practice sensitive to the articulation between theoretical and practical contents and the visibility of linguistic and cultural varieties in teacher education. The results of this research contribute to the development of theories in the field of Applied Linguistics studies, as well as methodologies, pedagogical proposals and language policies that deal with the cultural component in teacher training and whose focus is on decolonial critical interculturality and the dialogue between knowledge from the South and the North, with special attention to the visibility of beings and knowledge coming from the South.
Esta investigación tuvo como objetivo discutir el tratamiento de la cultura en la formación de profesores de lenguas extranjeras y los retos y caminos para la interculturalidad crítica decolonial en la formación docente. Por medio de una investigación interpretativa cualitativa que consistió en un estudio de caso múltiple y latitudinal, se analizó cómo se presenta el componente cultural en los cursos de capacitación de docentes para la enseñanza-aprendizaje de lenguas próximas en los contextos Sur y Norte globales. Específicamente, se estudiaron cuatro carreras de formación de profesores universitarios: dos de español en Brasil y Portugal; y dos de portugués en Argentina y España. Con esa finalidad, se analizaron los documentos pedagógicos de dichas carreras, las entrevistas realizadas con sus formadores docentes, las notas de campo, los cuestionarios y los grupos de interacción compuestos por estudiantes en formación. El análisis de datos se basó en la discusión sobre diferentes nociones de cultura (CUCHE, 1996; GEERTZ, 1973; KRAMSCH, 2017); las definiciones de multiculturalismo, interculturalidad e interculturalidad crítica, basadas en los trabajos de Maher (2007), Candau (2008a, 2009), Guilherme (2019a) y Walsh (2010); la noción de colonialidad y pensamiento decolonial (QUIJANO, 2001; DUSSEL, 1968, 2005; GROSFOGUEL, 2008); y las reflexiones sobre la formación del profesor de lenguas para la interculturalidad crítica decolonial, basado en los trabajos de Candau (2008a, 2009), Daher y Sant’Anna (2010), Baptista (2017) y Rajagopalan (2003). Los resultados indicaron que en todos los casos analizados persiste una matriz colonialista en la formación de profesores de lenguas. Esa matriz se expresa, en mayor o menor medida, principalmente a través de una perspectiva esencialista de la cultura en las carreras, de una supuesta neutralidad lingüística y cultural — lo que contribuye a la invisibilidad de las identidades lingüístico-culturales que están por debajo de la línea abisal (SANTOS, 2007) — y el proceso de subalternización epistémica, que refuerza las formas hegemónicas de ser y conocer. Como pautas para el desarrollo de la interculturalidad crítica decolonial, se presentaron algunas prácticas relatadas por los participantes de la investigación, como la inserción del componente intercultural crítico dentro de la carrera de formación docente; la práctica docente reflexiva, sensible a la articulación entre los contenidos teóricos y prácticos; y la visibilidad de las variedades lingüísticas y culturales en la formación del profesorado. Los resultados de esta investigación contribuyen al desarrollo de teorías en el campo de los estudios de Lingüística Aplicada, así como de metodologías, propuestas pedagógicas y políticas lingüísticas que abordan el componente cultural en la formación del profesorado. En estos casos, el enfoque está en la interculturalidad crítica decolonial y el diálogo entre el conocimiento del Sur y el Norte, con especial atención a la visibilidad de los seres y saberes provenientes del Sur.

Descrição

Palavras-chave

Formação de professores, Cultura, Interculturalidade crítica, Decolonialidade, Ibero-América, Teacher training, Culture, Critical interculturality, Decoloniality, Ibero-America, Formación de profesores, Interculturalidad crítica, Decolonialidad, Iberoamérica

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