Efeito do regime de predação sobre o tamanho e a forma do gonopódio de Poecilia vivipara (Cyprinodontiformes, Poeciliidae)

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Data

2021-02-25

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Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

A predação é um fator que só recentemente foi considerado relevante para a diversificação morfológica da genitália masculina. As hipóteses deste trabalho baseiam-se no fato de que o risco de predação atuaria como um fator significativo para a diferenciação morfológica da genitália, pois o risco de predação poderia interferir no comportamento sexual dos indivíduos na presença de predadores, selecionando genitálias com morfologia que desempenhe a cópula mais eficientemente. Utilizando populações de Poecilia vivipara coletadas no sistema de lagoas do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, estado do Rio de Janeiro, que habitam lagoas cuja presença e abundância de peixes piscívoros variam, testamos se (i) machos de populações que habitam lagoas com baixo risco de predação apresentam genitálias com comprimentos menores; (ii) as genitálias dos machos não apresentam diferenças em suas áreas, independente do risco de predação; e (iii) machos de populações sujeitas a um alto risco de predação, apresentam a ponta da genitália com forma mais fina e alongada em relação aos machos de lagoas que apresentam um baixo risco de predação. Observamos que machos de ambientes com baixo risco de predação apresentaram genitálias com área maior em relação a machos de ambientes com alto risco de predação. O comprimento da genitália e a forma da ponta distal da genitália não variaram significativamente entre as lagoas independente do risco de predação, ainda que tenha sido possível observar uma tendência de pontas da genitália mais finas e alongadas em machos de ambientes com alto risco de predação. As populações, apesar de independentes entre si, podem não estar isoladas tempo o suficiente para a diversificação das genitálias masculinas. Mesmo em se tratando de um sistema de acasalamento furtivo, é possível que as fêmeas exerçam preferência por determinados machos, influenciando a morfologia de sua genitália.
Predation has only recently been considered relevant in understanding the morphological divergence in male genitalia. We hypothesized that predation risk would act as a significant factor for the morphological divergence in male genitalia, because predators could interfere in the sexual behavior of individuals, resulting in the selection of a genitalia morphology that performs copulation more efficiently. We studied populations of Poecilia vivipara collected in the coastal lagoons of the Restinga de Jurubatiba National Park, in the state of Rio de Janeiro, where the presence and abundance of piscivores vary, to test whether (i) males that live in low predation risk lagoons would present shorter genitalia; (ii) the males’ genitalia would show no differences in their areas, regardless of predation risk; and (iii) males in lagoons with high predation risk would present the distal tip of the genitalia with a thinner and more elongate shape when compared to males in low predation risk lagoons. We observed that males in low predation lagoons presented genitalia with larger areas than males in high predation lagoons. Genitalia length and the shape of the distal tip of the genitalia did not vary significantly among lagoons with divergent predation risk, although we observed a trend of thinner and more elongate tips of the genitalia of males in high predation lagoons. Despite of being independent, the studied populations may not be isolated long enough for a significant morphological divergence in male genitalia. In addition, even in a furtive mating system, females may prefer to mate with certain males, influencing male genitalia morphology.

Descrição

Palavras-chave

Ecologia animal, Predação (Biologia), Morfologia (Biologia), Evolução da genitália, Gonopódio, Lagoas costeiras, Risco de predação, Coastal lagoons, Genital evolution, Gonopodium, Predation risk

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