Por uma autobiografia para além do texto: o corpo e a palavra no teatro de Angélica Liddell

Carregando...
Imagem de Miniatura

Data

2020-12-01

Autores

Paiva, Giovanna Galisi

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

A afirmação do real tem sido um campo de debate nas artes da cena que trabalha com aspectos performativos. Dentre os diversos modos de se trabalhar o real, observa-se em profusão um tipo de teatro que se utiliza do material autobiográfico do artista para criação de peças teatrais. O presente trabalho se trata de uma reflexão dessas práticas cênicas autobiográficas, tendo em vista a grande visibilidade que elas vêm adquirindo na cena contemporânea nos últimos anos. A autora analisa como a motivação de artistas pela autobiografia está relacionada com o impulso de elaboração de traumas individuais que dialogam com questões de interesse coletivo. Em um primeiro momento, o presente trabalho se propõe a realizar uma análise histórica da consolidação da autobiografia como gênero literário, que se define, segundo Philippe Lejeune como “a narrativa retrospectiva em prosa que alguém faz se sua própria existência” (LEJEUNE, 2014, p.14), e, a partir dessa definição, a autora percorre os paradigmas que envolvem a discussão do gênero autobiográfico na literatura e sua transposição para o teatro. Usando como base um estudo de caso do teatro de Angélica Liddell, reconhecida pelos seus trabalhos de alto teor confessional, a autora analisa a relação palavra e corpo no teatro liddelliano, a fim de propor que a base autorreferencial para os teatros autobiográficos se afirme não apenas pelas palavras, no que diz respeito à dramaturgia, mas pelo próprio corpo do ator em experiência. O trabalho defende que a presença da autobiografia no teatro não se dê apenas pela dramaturgia, como narrativa retrospectiva de uma memória do sujeito, mas na presença do corpo do ator como afirmação de uma memória física. A cicatriz torna-se o paradigma de um trauma sofrido pelo corpo e que não precisa da palavra como único intermediário artístico.
The affirmation of the real has been a field of debate in the in the theater that work with performative aspects. Among the different ways of working with the real, there is a profusion of a type of theater that uses the artist's autobiographical material to create plays. The present work reflects these autobiographical scenic practices, in view of the high visibility that they have acquired in the contemporary scene in recent years. The author analyzes how the motivation of artists by autobiography is related to the impulse to elaborate individual traumas that dialogue with issues of collective interest. At first, the present work proposes to perform a historical analysis of the consolidation of autobiography as a literary genre, which defines itself, according to Philippe Lejeune as "the retrospective prose narrative that someone makes if its own existence" (LEJEUNE, 2008, p.14), and, from this definition, the author goes through the paradigms that involve the discussion of the autobiographical genre in literature and its transposition into theater. Using as a basis a case study of the theater of Angelica Liddell, recognized for her works of high confessional content, the author analyzes the relationship word and body in the Liddellian theater, to propose that the self-referential basis for autobiographical theaters is firmed not only by words, about dramaturgy, but by the body of the actor in experience. The work argues that the presence of autobiography in theater is not only due to dramaturgy, as a retrospective narrative of a memory of the subject, but in the presence of the actor's body as an affirmation of a physical memory. The scar becomes the paradigm of a trauma suffered by the body and does not need the word as the only artistic intermediary.

Descrição

Palavras-chave

Autobiografia, Angélica Liddell, Teatro, Performance (Arte), Narrativas pessoais

Como citar