Nomear, classificar, existir: um estudo das práticas discursivas como contribuição para a organização do conhecimento produzido por comunidades LGBTQIAP+

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Data

2021-05-14

Autores

Nascimento, Francisco Arrais

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

Ao adentrar ao campo dos estudos de Gênero, se pode vislumbrar ao firmar-se sob o viés dos “desvios” da norma, situando-se no domínio das dissidências sexuais e de gênero, se pode vislumbrar um cenário multifacetado, complexo e hipersegmentado. Seguindo a perspectiva de Hjørland (HJØRLAND; ALBRECHTSEN, 1995; HJØRLAND, 1997), em função da diversidade de comunidades discursivas e estratos sociais que compõem tal domínio, este domínio pode ser compreendido enquanto polimorfo, devido a múltiplas formas de vivência e experiências encontradas. Logo, tendo-se a linguagem enquanto prática de significação, permeando todo e qualquer sistema de representação que subsidia formas de resistência e linhas de fuga (FOUCAULT, 2000), tem-se a possibilidade de visualizar os processos pelos quais a identidade dos sujeitos é construída e adquire sentido (SILVA, 2000), levando-se a pensar a performatividade (DERRIDA, 1991). Assim, objetivou-se identificar os termos êmicos utilizados no domínio das dissidências sexuais e de gênero, sob o recorte das comunidades discursivas LGBTQIAP+ que podem fundamentar de forma ética e atuar como garantia autopoiética na prática de organização do conhecimento, para além de, colaborar para a criação de sistemas de organização e representação do conhecimento mais eficientes acerca de tal domínio. Para tanto, elegeu-se a Análise de Domínio (AD) como metodologia, alicerçada em dois recursos de metodológicos que atuaram de forma colaborativa para alcançar o resultado aqui apresentado, a saber Etnografia e Observação (SILVERMAN, 2009; FLICK, 2009) e Cartografia (Cartografia de documentos e Cartografia de sentimentos) (ROLNIK, 2016). Assim, ao vislumbrar os sistemas de saber/poder e patriarcal nos quais está inscrito toda a engenharia social de controle dos corpos, engendrada em uma interseccionalidade das relações de poder, raça, gênero e sexualidade que incidem sobre os corpos de modo a controlar suas práticas em uma produção serializada de sujeitos dóceis e economicamente viáveis sob a perspectiva do biopoder e consequentemente do capital. Diante disso, ao visualizar, compreender os usos e práticas, organizar e dar espaço ao discurso não hegemônico, viabilizou-se a construção de diálogos profícuos que possibilitem uma representação verossimilhante, eficiente e eficaz no âmbito dos sistemas de organização da informação e do conhecimento, uma vez que, as linguagem documentárias e os sistemas de classificação devem atuar de forma a auferir um acesso universal, ou seja, uma recuperação eficiente além de uma representação verossimilhante do objeto representado/buscado de modo a satisfazer as necessidades de busca e representação não apenas do usuário, mas também das comunidades discursivas que interagem com os mesmos.
When entering the field of gender studies, under the bias of the “deviations” from the norm, standing in the domain of sexual and gender dissidences, one can see a multifaceted, complex and hypersegmented scenario. Following Hjørland's perspective (HJØRLAND; ALBRECHTSEN, 1995; HJØRLAND, 1997), due to the diversity of discursive communities and social strata that make up this domain, it can be understood as a polymorph domain, due to multiple forms of living and experiences found. Therefore, considering language as a practice of signification that permeates any and all representation systems that support forms of resistance and lines of flight (FOUCAULT, 2000), it is possible to visualize the processes by which the subjects' identities are constructed and acquire meaning (SILVA, 2000), leading to the question of performativity (DERRIDA, 1991). Thus, the aim of this thesis is to identify the emic terms used in the domain of sexual and gender dissidences and focusing on the LGBTQIAP + discursive communities that can ethically base and act as an autopoietic warrant in the practice of knowledge organization, in addition to contributing to the creation of more efficient knowledge organization systems on this domain. To this end, Domain Analysis (DA) was chosen as a methodology, based on two methodological resources that worked collaboratively to achieve the results presented here, namely Ethnography and Observation (SILVERMAN, 2009; FLICK, 2009) and Cartography (Cartography of documents and Cartography of feelings) (ROLNIK, 2016). Thus, when looking at the knowledge/power and patriarchal systems in which all the social engineering of the control of bodies is inserted, engendered in an intersectionality of relations of power, race, gender, and sexuality that affect the bodies to control their practices in a serialized production of docile and economically viable subjects from the perspective of biopower and consequently of capital. In view of this, when visualizing, understanding the uses and practices, organizing and giving space to the non-hegemonic discourse, it was possible to created fruitful dialogues that enable a credible, efficient, and effective representation within the context of information and knowledge organization systems, since, documentary languages and classification systems must act in order to obtain universal access, that is, an efficient recovery in addition to a verisimilar representation of the object represented/searched in order to meet the search and representation needs not only of the user, but also of the discursive communities that interact with them.

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Palavras-chave

Comunidades discursivas, Práticas discursivas, LGBTQIAP+, Terminologia, Organização do conhecimento, Discursive communities, Discursive practices, Terminology, Knowledge organization

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