A ressonância de Odes et Ballades (1826), de Victor Hugo, no Romantismo Brasileiro: diálogos entre Victor Hugo, Álvares de Azevedo e Bernardo Guimarães.

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Data

2022-02-04

Autores

Guimarães, Isabelle dos Santos

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

A pesquisa tem como objetivo analisar o diálogo entre as ballades de Victor Hugo e poemas da segunda geração romântica brasileira afiliados ao gênero da balada, em particular composições de Álvares de Azevedo e Bernardo Guimarães. Os poemas que constituem o corpus pertencem à obra Odes et Ballades (1826), de Victor Hugo, Lira dos Vinte Anos (1853), de Álvares de Azevedo e Poesias (1865), de Bernardo Guimarães, tendo sido adotada a perspectiva comparatista para o estudo proposto dos desdobramentos da balada entre a obra de Hugo e a dos poetas brasileiros aqui considerados. A balada, como gênero híbrido, flexível e de origem medieval (D’ONOFRIO,1995) ressurge no romantismo francês como uma forma de contestação dos modelos da poesia neoclássica. Com efeito, a teoria dos contrastes tratada pelo Prefácio a Cromwell (1827), de Hugo, como traço que distingue a sensibilidade dos românticos daquela cultivada pela arte dos antigos, é contemporânea ao lançamento das ballades. Assim, assinala o questionamento do modelo clássico por constituir elemento importante do projeto estético que orienta Odes et Ballades. As baladas permitem a Hugo flexibilizar as regras de verossimilhança e temas canonizados pela perspectiva clássica, bem como o decoro imposto aos gêneros, para o cultivo ritmos inventivos cujas modulações geram atmosfera propícia ao desenvolvimento de um universo poético onírico e fantástico. Essa parece ser a referência deixada por Odes et ballades a Álvares de Azevedo e Bernardo Guimarães, que criaram poemas tributários ao gênero da balada a partir de imagens e procedimentos que atestam a linhagem hugoana, porém, desenvolvidas de acordo com as disposições próprias de seus projetos estéticos, o que resulta em variações temáticas e procedimentais que demonstram o caráter flexível da balada. Em nosso trabalho, consideraremos a circulação e a recepção de Odes et Ballades, de Hugo junto aos românticos brasileiros a partir de trabalhos como o de Carneiro Leão em Victor Hugo no Brasil (1960), que permite considerar o caráter inovador, representado para o romantismo brasileiro, pela poesia de Victor Hugo. Presença frequente em periódicos brasileiros e estrangeiros, sobretudo portugueses e franceses, que circulavam entre nós, a obra de Victor Hugo marca o ambiente letrado brasileiro até o final do século XIX. Considerando, pois, essas circunstâncias, a pesquisa busca discutir as inovações representadas por Odes et Ballades para o romantismo, o diálogo estabelecido pelas obras de Álvares de Azevedo e Bernardo Guimarães com essa coletânea de poemas de Hugo, em particular no que concerne ao ideário estético partilhado por Odes et Ballades e algumas criações de nossos românticos. Tal perspectiva orientará o estudo comparado entre baladas de Hugo e composições de Álvares de Azevedo e Bernardo Guimarães. No diálogo das baladas de Hugo e Álvares de Azevedo, grosso modo, constata-se que os motivos hugoanos são vertidos nos poemas de Lira dos vinte anos sob uma espécie de adensamento da atmosfera subjetiva e aproximação da realidade íntima a partir do cultivo da estética dos contrastes. Já em Bernardo Guimarães, o diálogo com as baladas de Hugo é sobretudo paródico e permite a aclimatação de motivos tradicionais do romantismo a sugestões da realidade brasileira, bem como a exploração da estética dos contrastes como plataforma para o experimentalismo estético que atesta a consciência dos lugares-comuns cristalizados pelo romantismo.
La recherche vise à analyser le dialogue entre les ballades de Victor Hugo et les poèmes de la deuxième génération romantique brésilienne affiliée au genre de la ballade, en particulier les compositions d'Álvares de Azevedo et Bernardo Guimarães. Les poèmes qui composent le corpus appartiennent à l'œuvre Odes et Ballades (1826), de Victor Hugo, Lira dos Vinte Anos (1853), d'Álvares de Azevedo e Poesias (1865), de Bernardo Guimarães, dans la perspective comparatiste pour l'étude proposée du développement de la ballade entre l'œuvre de Hugo et celle des poètes brésiliens considérée ici. La ballade, comme genre hybride et flexible d'origine médiévale (D'ONOFRIO, 1995) réapparaît dans le romantisme français comme une manière de contester les modèles de la poésie néoclassique. En effet, la théorie des contrastes traitée par Hugo dans la Préface à Cromwell (1827), comme trait qui distingue la sensibilité des romantiques de celle cultivée par l'art des anciens, est contemporaine du lancement des ballades. Donc, met en valeur le questionnement en cause du modèle classique qui constitue un élément important du projet esthétique qui guide Odes et Ballades. Les ballades permettent à Hugo d'assouplir les règles de vraisemblance et les thèmes canonisés par la perspective classique, ainsi que le décorum imposé aux genres, afin de cultiver des rythmes inventifs dont les modulations créent une atmosphère propice au développement d'un univers poétique onirique et fantastique. Cela semble être la référence laissée par Odes et ballades à Álvares de Azevedo et Bernardo Guimarães, qui ont créé des poèmes tributaires du genre de la ballade à partir d'images et de procédés attestant de la lignée de Victor Hugo. Cependant, élaborés conformément aux dispositions de leurs projets esthétiques, ce qui se traduit par des variations thématiques et procédurales qui démontrent le caractère flexible de la ballade. Dans notre travail, nous considérerons la circulation et la réception d’Odes et Ballades de Hugo chez les romantiques brésiliens, à partir des travaux tels que celui de Carneiro Leão dans Victor Hugo no Brasil (1960), qui nous permettent d'envisager le caractère novateur, représenté pour le romantisme brésilien, à travers la poésie de Victor Hugo. Présence fréquente dans les périodiques brésiliens et étrangers, notamment portugais et français, qui circulaient parmi nous, l'œuvre de Victor Hugo marque l'environnement lettré brésilien de la première moitié des années 1800. Considérant, donc, ces circonstances, la recherche quête de discuter des innovations représentées par Odes et Ballades pour le romantisme, le dialogue établi par les œuvres d'Álvares de Azevedo et Bernardo Guimarães avec ce recueil de poèmes de Hugo, en particulier en ce qui concerne les idéaux esthétiques partagés par Odes et Ballades et quelques créations de nos romantiques. Cette perspective guidera l'étude comparative entre les ballades de Hugo et les compositions d'Álvares de Azevedo et Bernardo Guimarães. Dans le dialogue des ballades de Hugo et d'Álvares de Azevedo, dans l’ensemble, on voit que les motifs Hugoliens se déversent dans les poèmes de Lira dos Vinte Anos sous une sorte de densification de l'atmosphère subjective et de rapprochement de la réalité intime de la culture de l'esthétique des contrastes. Chez Bernardo Guimarães, le dialogue avec les ballades de Hugo est avant tout parodique et permet l'adaptation de motifs traditionnels du romantisme à des suggestions de la réalité brésilienne. Ainsi que l'exploration de l'esthétique des contrastes comme plate-forme pour l'expérimentalisme esthétique qui atteste de la conscience des lieux-communs cristallisés par le romantisme.

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Palavras-chave

Balada, Literatura Comparada, Victor Hugo, Álvares de Azevedo, Bernardo Guimarães, Ballade, Littérature Comparée

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