A contradição entre universalidade da cultura humana e o esvaziamento das relações sociais: por uma educação que supere a falsa escolha entre etnocentrismo ou relativismo cultural

Carregando...
Imagem de Miniatura

Data

2006-12-01

Autores

Duarte, Newton [UNESP]

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade de São Paulo (USP), Faculdade de Educação

Resumo

A tese do fim das metanarrativas defendida pelo pós-modernismo implica a negação da universalidade da cultura. Não se trata apenas do fato de que a cultura humana ainda não tenha alcançado um estágio de verdadeira universalidade nem mesmo se trata do fato de que a classe dominante tenha até hoje submetido a cultura humana a seus interesses particulares de classe e, para tanto, tenha sufocado e destruído muito da riqueza contida nas culturas locais. Para o pós-modernismo, o problema não reside na visão burguesa de cultura humana, mas sim na própria idéia de que possa haver uma cultura universal. Os pós-modernos afirmam que qualquer projeto educacional pautado na idéia da existência ou da possibilidade de uma cultura universal é um projeto conservador, autoritário e etnocêntrico. O texto defende a tese de que a concepção marxiana acerca do processo histórico de constituição da riqueza humana universal contém os elementos teóricos necessários para a superação da falsa opção, postulada pelas diversas correntes do pós-modernismo, entre o etnocentrismo e o relativismo cultural. em Marx, a universalização da cultura humana ocorre, na sociedade capitalista, por meio da universalização do valor de troca das mercadorias como mediação fundamental das relações sociais. Trata-se, portanto, de um processo dialético no qual ocorrem ao mesmo tempo a humanização e a alienação do gênero humano e dos indivíduos. O texto conclui com a apresentação dos desafios que, a partir dessa concepção marxiana sobre a riqueza universal, devem ser enfrentados no processo de construção de uma pedagogia marxista.
The thesis of the end of the meta-narratives defended by postmodernism implies the negation of the universality of culture. It is not just the fact that human culture has not yet achieved true universality, and not even the fact that the ruling classes have so far subjected human culture to their own private interests and, to that end, have suffocated and destroyed much of the wealth contained in local cultures. To postmodernism the problem does not reside in the bourgeois vision of human culture, but in the very idea that a universal culture can exist. Postmodernists declare that any educational project based on the idea of the existence or possibility of a universal culture is a conservative, authoritarian, ethnocentric project. This text argues for the thesis that the Marxian conception of the historic process of constitution of the universal human wealth incorporates the theoretical elements necessary to overcome the false option, postulated by the various postmodernist trends, between ethnocentrism and cultural relativism. In Marx, the universalization of human culture in the capitalist society takes place through the universalization of the exchange value of the goods as the fundamental mediation of social relations. It is, therefore, a dialectical process in which the humanization and the alienation of the human genre and of the individuals occur at the same time. The text concludes with the presentation of the challenges that, based on this Marxian conception of universal wealth, must be faced in the process of constructing a Marxist pedagogy.

Descrição

Palavras-chave

Relativismo cultural, Marxismo, Riqueza universal, Pedagogia marxista, Pós-modernismo, Cultural relativism, Marxism, Universal wealth, Marxist pedagogy, Postmodernism

Como citar

Educação e Pesquisa. Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, v. 32, n. 3, p. 607-618, 2006.