Dissertações - Psicologia - FCLAS

URI Permanente para esta coleção

https://hdl.handle.net/11449/77010

Navegar

Agora exibindo 1 - 20 de 338

Resistência feminina no trabalho à distância: a linha tênue entre o "home" e o "office"
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-08-17) Zandonadi, Saara Danielle Damasceno Martins; Castro, Matheus Fernandes de [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A presente dissertação se direciona à linha de pesquisa “Processos Psicossociais e de Subjetivação na Contemporaneidade” e consiste em um esforço para compreender as táticas e estratégias utilizadas pela mulher e trabalhadora, frente à realidade do home office, em tempos de uma pandemia global, fundamentada pelo referencial teórico do filósofo Michel de Certeau. Objetivou-se pensar sobre como a mulher trabalhadora em home office ressignifica o trabalho, como ela resiste ativamente, na realização de suas práticas cotidianas. Esta pesquisa optou por utilizar o termo home office para caracterizar a prática do trabalho à distância, visto que se propõe a pensar sobre a interação entre o trabalho e o lar - imbricados em um mesmo espaço social - bem como dialogar sobre os conflitos existentes nesse universo, que são intensificados pelas históricas desigualdades de gênero e por uma naturalização do trabalho reprodutivo. Buscando compreender o contexto casa-trabalho, enquanto um ambiente passível de conflito, o intuito, a partir de uma perspectiva de resistência feminina, é analisar como a subjetividade de trabalhadoras inseridas em seus contextos sociais e institucionais, acaba sendo atravessada pelas contingências cotidianas presentes no mundo do trabalho atual, o que tende a gerar um desgaste mental - baseado na teoria de Edith Seligmann Silva. Para tanto, realizou-se uma pesquisa etnográfica virtual, na rede social Instagram, para entrar em contato com perfis pessoais e/ou profissionais de mulheres que estão trabalhando em regime de home office. A partir dessa busca, foi proposto um formulário sociodemográfico para fazer uma caracterização das 30 participantes. O formulário direcionou uma triagem, pela qual foram entrevistadas 10 trabalhadoras. Verificou-se que as mulheres trabalhadoras em home office enfrentam um conflito do ambiente casa-trabalho e acabam sendo afetadas na sua saúde mental, gerando o desgaste, por esta razão foram criadas ações táticas e estratégicas por parte das trabalhadoras para resistir frente às imponderabilidades cotidianas do home office. Espera-se que a pesquisa motive trabalhos futuros, já que não objetiva responder a tudo, mas abrir possibilidades de novas reflexões sobre o universo da Psicologia Social do Trabalho.
Ninho cheio: articulações amorosas dos filhos adultos que residem na casa dos pais
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-03-22) Silva, Graziela Vasconcelos da; Okamoto, Mary Yoko [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Este trabalho tem como objetivo analisar e compreender a dinâmica familiar observada em torno do fenômeno “ninho cheio”, sob a perspectiva dos filhos, e as vicissitudes para a vinculação amorosa dos filhos que permanecem na casa dos pais, bem como identificar os motivos e expectativas que provocam a permanência dos filhos adultos na casa dos pais, a fim de definir o lugar que ocupam na dinâmica das relações familiares. Para desvendar as questões suscitadas na investigação, parte-se da proposta de uma pesquisa qualitativa, que contou com a entrevista de seis jovens adultos, sendo três homens e três mulheres, com idade entre 25 e 35 anos, os quais residem na casa dos pais. A verificação dos resultados foi realizada com a análise de conteúdo, a teoria psicanalítica e a Psicanálise de Casal e de Família, como referencial teórico para a discussão dos dados. Conforme os resultados, concluiu-se que os projetos de vida dos participantes da pesquisa são condizentes com todo o cenário contemporâneo, demonstrando que a configuração subjetiva dos jovens adultos se encontra em conexão com a supervalorização profissional e econômica, tão propalada nos últimos tempos, em detrimento do aspecto vincular, o que também contribui para o prolongamento de sua estadia na casa de seus pais. Tal projeto é compartilhado pelos pais, os quais continuam a investir nos filhos, em busca de sua realização e, nesse ínterim, a vida amorosa se encontra pouco investida, embora alguns jovens revelem a expectativa futura de uma vida a dois, com filhos, após o sucesso financeiro e na carreira
O desenvolvimento do psiquismo infantil por meio da literatura: análise de livros do plano nacional do livro didático – literário
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-03-10) Junqueira, Clara Cassiolato; Gomes, Claudia Aparecida Valderramas [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Este estudo está vinculado à linha de pesquisa “Processos psicológicos e contextos de desenvolvimento humano” do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP-Assis. Tem como objetivo principal analisar alguns livros infantis, distribuídos para as escolas públicas por meio do Plano Nacional do Livro Didático - Literário 2018, buscando identificar elementos provocativos da reação estética. Entende-se a literatura infantil como objeto artístico que contém significados e oferece ao leitor, por meio de seus conteúdos e formas, novas composições e criações, além de instrumentos capazes de influir e incrementar as funções psicológicas tipicamente humanas. Amparada na Psicologia Histórico-Cultural e no Método Histórico-Dialético, a pesquisa propôs um exame dos livros, tendo em vista analisar condições que, presentes na obra literária, sejam provocativas da reação estética, considerada, neste estudo, uma unidade de análise que incorpora dois aspectos essenciais: a materialidade do livro e o conteúdo da narrativa. A análise de um conjunto de oito livros confirmou que há possibilidades desenvolvidas e materializadas em suas páginas capazes de suscitar a reação estética, e que o conteúdo e a forma do texto literário, observadas suas especificidades, confluem para fomentar a percepção, a atenção, o pensamento, a linguagem, a memória, emoções e sentimentos; funções psicológicas que, mediadas pela aprendizagem literária, poderão vir a ser estimuladas e enriquecidas, fazendo-as alçar outros níveis.
Relações intergeracionais: ressonâncias do projeto Conviver é uma arte
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-03-03) Fernandes Neto, Jaime; Correa, Mariele Rodrigues [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
O processo de envelhecimento populacional traz à tona alguns desafios, dentre eles a importância e necessidade de abordar a temática do envelhecer nos mais diversos espaços sociais, inclusive para diferentes idades da vida. De acordo com diversos estudiosos (LOPES, 2008; FERRIGNO, 2010, dentre outros), acredita-se que os encontros intergeracionais contribuem para a construção de um suporte positivo, de quebra de estereótipos e preconceitos de uma geração sobre a outra e processos de coeducação intergeracional, dentre outros benefícios. Assim, o objetivo geral desse estudo buscou compreender os sentidos atribuídos por professoras e por estagiários do curso de Psicologia da UNESP Assis que ministraram uma disciplina eletiva chamada “Conviver é uma arte” acerca das relações intergeracionais entre adolescentes escolares e idosos institucionalizados. A referida disciplina foi ofertada em uma escola pública do interior paulista de 2016 a 2020, em conjunto com estagiários do curso de psicologia da UNESP de Assis e duas professoras da rede pública, de Artes e de Língua Portuguesa. Ao longo desses anos, foram realizados encontros de adolescentes do ensino fundamental II com idosos asilados, além de discussões transversais sobre envelhecimento. Como metodologia da presente pesquisa, adotou-se os pressupostos da pesquisa qualitativa e utilizou-se como instrumentos de coleta de dados entrevistas semiestruturadas e um questionário. Esses instrumentos foram analisados segundo o método de Análise de Conteúdo proposto por Bardin (2009), pois, este consiste em um conjunto de técnicas e ferramentas que possibilita compreender as significações e produções de sentido existentes por trás das falas e das palavras. A partir dos instrumentos e do método de análise, chegou-se a quatro categorias: 1) antes da eletiva – escolha do estágio e criação da eletiva, 2) durante a eletiva - experiências e reflexões, 3) pós-eletiva – contribuições e 4) concepções de velhice. Os resultados apontam que: a) existe um interesse em estudar e conhecer a temática da intergeracionalidade; b) os participantes realizam um processo de reflexão individual ao sentirem que a eletiva contribui para que se tornem um ser-humano mais sensível às singularidades; c) há a criação de laços afetivos entre os estudantes e os idosos, despertando uma relação de amizade e atenção com o outro; d) há um desenvolvimento profissional para as professoras por ser a disciplina eletiva seu primeiro contato com tal temática e para os estagiários por ampliar seu futuro campo de trabalho e; e) o trabalho intergeracional corroborou nas atividades de escrita, sobre a vivência que os estudantes obtiveram junto aos idosos, principalmente por ser um momento de ouvir as histórias que eram compartilhadas. Por fim, a pesquisa aprofunda as discussões sobre relações intergeracionais e demonstra a importância de projetos como o desenvolvido na disciplina para a formação do profissional de psicologia e para os demais envolvidos.
Violência obstétrica - revisão da literatura sobre conceitos, contextos e alternativas para mudanças na assistência ao ciclo gravídico-puerperal
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-03-02) Crivelini, Bárbara Milhomem; Dionisio, Gustavo Henrique [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Esta dissertação apresenta uma revisão de literatura com o objetivo de conceituar o que é Violência Obstétrica. Os objetos da pesquisa são artigos publicados em 2018 e 2019, no Brasil e em países da América-Latina, nos idiomas português, espanhol e inglês, e que trazem a definição de Violência Obstétrica. Esses estudos foram localizados nas bases de dados Periódicos Capes e Acervo Athena. A análise dos artigos apresentou pontos, os quais organizamos em quatro unidades temáticas para aprofundamento das investigações: Conceituação de Violência Obstétrica; Origens e Causas da Violência Obstétrica; Contextos que incitam investigações sobre Violência Obstétrica, e, por fim, Eliminação da Violência Obstétrica. Assim, debatemos as definições oficiais e tipificações legais dessa violência, bem como teorias sobre antecedentes que contribuíram para o modelo obstétrico atual. Na sequência, apresentamos a rotina assistencial no cuidado ao pré-natal, parto e puerpério, e por último evidenciamos alternativas para a eliminação da Violência Obstétrica nos cuidados de gestantes. Concluímos que a Violência Obstétrica é um fenômeno social de violações aos direitos humanos, sexuais e reprodutivos da mulher, a qual é manifesta em tratamentos e imposições de condutas protocolares realizadas dentro do ambiente hospitalar, desempenhadas direta ou indiretamente pela equipe de saúde e gestores institucionais, que afetam de forma negativa a paciente na gestação, parto e pós-parto em níveis biológicos e psicológicos de saúde. Apesar de ocorrer em ambiente hospitalar, a manifestação não se origina ali, mas sim na intersecção do controle populacional, da formação dos profissionais de saúde, da hierarquia de gênero e da mercantilização da saúde. Para uma mudança efetiva de cenário, é necessário que a Violência Obstétrica seja encarada não apenas como má qualidade no atendimento à gestante, como também um constructo multifacetado que exige modificações em vários níveis sociais.
Sentidos atribuídos ao trabalho docente na educação infantil em contexto de pandemia
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-02-28) Carvalho, Jéssica Araujo; Santos, Deivis Perez Bispo dos [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Esta pesquisa teve como objetivo identificar, compreender e produzir saberes, acerca dos sentidos atribuídos por docentes ao seu próprio trabalho na educação infantil em contexto de pandemia da doença provocada pelo Coronavírus 2019 (COVID 19). Propomos especificamente (re)conhecer os sentidos imputados ao trabalho, diante das dificuldades, dos limites e das potencialidades que proporcionadas na experiência singular-particular da profissional docente. Partimos da apreensão materialista, histórica e dialética dos pressupostos teóricos da Psicologia Sócio-histórica-cultural, fundamentada tradição da Psicologia Social do Trabalho e nos dispositivos metodológicos da Teoria da Atividade. Para tanto, a professora voluntária foi acompanhada no período pandêmico em atividade de trabalho remoto, por intermédio do estímulo da experimentação dialógica instaurou-se o movimento de coanálise do trabalho, mediado pela recolha dos dados nas etapas procedimentais de: a) Entrevistas via plataforma Google Meet; b) Autoconfrontação Simples, etapas em que selecionamos (professora voluntária e pesquisadora) os segmentos de atividades de trabalho em aulas já ministradas durante a pandemia e disponíveis num sistema que permite aos docentes ofertar, organizar e gerir conteúdos educacionais pela docente denominado plataforma classroom ou sala de aula virtual online do Google; c) Transcrições e exames dos segmentos de trabalho gravados escolhidos ora pela docente voluntária, noutras ocasiões pela pesquisadora e por vezes por ambas as profissionais, sempre em diálogo e acordo estabelecido por ambas as profissionais contemplando a descrição singularizada dos processos laborais da atividade docente os quais foram reproduzidos e analisados online com uso da ferramenta Google Meet e d) Análise qualitativa dos Núcleos de Significações. O percurso da pesquisa ensejou a produção, a sistematização e a análise de saberes acerca do trabalho docente, os quais são úteis para ampliar o entendimento da atividade laboral e apoiar ulteriores aprimoramentos dos gestos e rotinas ocupacionais pela própria trabalhadora. Sob a coanálise da atividade de trabalho da professora voluntária, tivemos acesso aos tensionamentos e potencialidades imbricadas na relação de trabalho individual e o trabalho do coletivo profissional. As percepções da professora voluntária em relação sobre a rotina do trabalho docente nas aulas remotas foram permeadas pelo norteamento prescritivo das diretrizes próprias da educação infantil, pelas modificações e adaptações necessárias ao período de pandemia incluindo as medidas de biossegurança, e, pela dinâmica estabelecida com as famílias e o uso de materiais impressos. Ressaltando assim, que a necessidade de adaptação ao trabalho na atividade docente da educação infantil tornou-se essencial para a manutenção do processo intencional de ensino e aprendizado no contexto da pandemia.
Oficina de pais e filhos pelo olhar da psicologia: experiências emocionais dos instrutores.
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-04-14) Luchesi, Gabriela Pires; Abrão, Jorge Luís Ferreira; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A partir dos anos 2000, observa-se uma mudança de paradigma na forma como a psicologia vinha sendo empregada no judiciário: deixando de ser um instrumento meramente a serviço da avaliação psicológica para se tornar uma ferramenta de mediação de conflitos. Dentre várias iniciativas, destaca-se a Oficina de Pais e Filhos, cuja finalidade é constituir um espaço de reflexão sobre o processo de separação judicial, sob a coordenação de voluntários. Assim, o objetivo deste estudo é compreender as experiências emocionais dos instrutores dos grupos em um município do interior de São Paulo e buscar identificar suas necessidades, dificuldades, bem como a percepção que têm sobre os desdobramentos e os benefícios do trabalho realizado. Tal objetivo sustenta-se na hipótese de que os voluntários recebem forte impacto emocional das questões trazidas pelos participantes. Para tal, a metodologia empregada foi a seguinte: depois de presenciar certas edições da oficina, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com sete instrutores. Trata-se de uma pesquisa que empregou o viés psicanalítico para lançar luz sobre como os instrutores têm se apropriado do trabalho de mediação e quais os significados que essa função tem adquirido em sua vida. Nos resultados é possível notar forte relação entre trabalho e história pessoal, tanto nas potencialidades quanto nas dificuldades.
Fenomenologia e Logoterapia: análise do conceito de hiper-reflexividade
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-02-09) Ferreira, Flávia Neves; Verissimo, Danilo Saretta [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
O caráter temático desta tese envolveu o exame conceitual das manifestações da hiperreflexividade, tendo como norte, essencialmente, as teorias de Thomas Fuchs e Viktor Frankl, orientadas para o campo da psicopatologia e da psicoterapia. O cenário descritivo foi empreendido pela composição de quatro capítulos que buscaram enredar, de início, uma contextualização histórica das epistemologias, em seguida, as seções apresentaram algumas definições de termos importantes ao nosso objeto de estudo e, então, foi finalizado com a reflexão da prática clínica psicoterápica. O âmbito da Psicopatologia Fenomenológica contemporânea relaciona os fenômenos psicopatológico às estruturas básicas da consciência, tais como: a autoconsciência ou self (ipseidade), a corporeidade (embodiement), a espacialidade, a temporalidade, a intencionalidade e a intersubjetividade. Nesse horizonte, demos destaque a teoria ecológica de Thomas Fuchs que compreende a hiper-reflexividade tanto na alteração o self pré-reflexivo nos quadros de esquizofrenia, como também uma característica de outros quadros psicopatológicos. Para a Logoterapia de Viktor Frankl, a hiper-reflexão é facilitada pelo círculo vicioso de uma ansiedade antecipatória, cuja luta pelo prazer, ou luta por potência fazem com que a vontade do prazer force uma hiperintenção do prazer que não somente tira o prazer da pessoa, como traz uma hiper-reflexão também forçada, acabando com a espontaneidade. As técnicas da intenção paradoxal e da derreflexão servem para quebrar os círculos viciosos da neurose, uma vez que a intenção paradoxal permite ao paciente mudar de atitude pela proximidade do que lhe causa medo ou aversão, visando superar os sintomas; e a derreflexão, por sua vez, faz com que o paciente retire o foco de si mesmo. Embora tenhamos descrito essas técnicas, a psicoterapia deve levar em consideração a individualidade da pessoa, a primazia do encontro na relação terapeuta-paciente e, sobretudo, a busca pelo sentido da vida em cada situação.
A experiência corpórea do sujeito preto na obra Pele Negra, Máscaras Brancas, de Frantz Fanon
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-02-16) Cruz, Rafaela dos Santos; Verissimo, Danilo Saretta [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Neste trabalho, de cunho teórico-conceitual, analisaremos e discutiremos o pensamento do filósofo Frantz Fanon na obra Pele Negra, Máscaras Brancas. Nosso interesse reside em identificar como o autor descreve a experiência corpórea do sujeito preto no interior dess a obra. Buscamos evidenciar a relação que o autor estabelece entre construção social pós-colonial da imagem objetificada do preto e sua existência encarnada nessa realidade. Abordaremos o problema da experiência corpórea do preto a partir do conceito fanoniano de “sociogenia”. O conceito refere-se à vinculação do enquadre dos processos históricos e sociais no que diz respeito à opressão racista na constituição da subjetividade do preto na modernidade. Para ele, a violência racista moderna consiste em imprimir em todas as instâncias sociais imagens fantasmagóricas da população preta. Isso exige tratar da constituição dessas abstrações que “fixam” o corpo negro na ideia irracional de coisa, de modo que a realidade corpórea é impedida de se humanizar. Nesse contexto, existe a ilusão, por parte do indivíduo preto, de que ao embranquecer estará se aproximando de ser um “humano verdadeiro”. No primeiro capítulo, realizamos uma contextualização histórica e social tanto da obra como da vida de Fanon. O segundo capítulo é dedicado às descrições fanonianas dos processos de racialização e da imposição da cultura branca. Por fim, circunscrevemos a experiência vivida do preto descrita por Fanon. Encontramos, nessa análise, um diálogo de Fanon com a fenomenologia de Merleau-Ponty, especialmente com a sua teoria corporal. Destacamos, a partir disso, os conceitos fanonianos de esquema histórico-racial e esquema epidérmico-racial como prolongamentos conceituais da noção de esquema corporal merleau-pontyano. Consideramos que Fanon descreve um “curto-circuito” do esquema corporal do preto, instituído pelo olhar do racista.
Sentidos do trabalho para mulheres negras atendidas em um centro de referência de assistência social
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-02-03) Costa, Thaina da Silva; Santos, Deivis Perez Bispo dos [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A presente pesquisa registrou, pelo processo investigativo, a dedicação a análise das concepções e dos sentidos que o trabalho e a chefia familiar possuem para mulheres negras, atendidas em Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e beneficiárias dos Programas de Transferência de Renda (PTR) federal e estadual paulista. Visando identificar a totalidade da composição do trabalho que abarca estas mulheres, buscamos dois objetivos norteadores, a saber: 1- (re)conhecimento e a discussão das conceptualizações e sentidos da laboralidade informal para estas mulheres; 2- evidenciar os nexos do objetivo primeiro, com a incumbência da chefia do lar e os seus desdobramentos no tocante à potencialização e às dificuldades que o acúmulo destas funções sociais e dos seus desdobramentos concretos e subjetivos acarretam na perspectiva das próprias mulheres. Para alcançar os objetivos propostos, foram realizadas entrevistas pelo dispositivo da Clínica da Atividade, Instrução ao Sósia, com duas voluntárias, participantes e usuárias do CRAS, em uma cidade interiorana do Estado de São Paulo. Os resultados foram analisados pela metodologia da Psicologia Histórico-Cultural, denominada núcleos de significação, o que possibilitou a sistematização e construção dos dados coletados em dois núcleos: 1- O percebido e o não percebido na rotina diária de trabalho; 2- Matriarcado e o trabalho informal: Mulheres negras-faróis. Ainda, contamos com as produções marxistas do materialismo histórico e dialético em interface com os estudos das relações étnico-raciais produzidos internacional e nacionalmente, como fundamento teórico do trabalho. Por resultado, identificamos a permanência no trabalho informal com o sentido de mantimento da rotina dupla de trabalho como meio para promover e garantir os sustentos dos filhos e futuros destes. Por terem uma dupla rotina, iniciam o trabalho pela alvorada e encerram no crepúsculo. Por isso, o cansaço e a exaustão foram percebidos enquanto resultado desta rotina. Além disso, um dos resultados importantes constata-se na presença de subordinação, submissão e respeito nas relações do trabalho entre as mulheres negras trabalhadoras e as pessoas brancas que as empregam. Em suas falas, notamos a herança escravocrata da atribuição dos papéis, as quais iniciaram precocemente a vida laboral informal na lavoura, na cozinha e na venda, permanecendo neste lócus laboral até os dias de hoje. Outro resultado que se destaca é que estas mulheres foram identificadas mesmo quando há a presença masculina em suas residências, como as responsáveis e chefes principais da família, ocupando o lugar de viga mestra. Contudo, a religião foi notada para elas como um ponto de apoio, ao mesmo tempo em que de alienação frente as suas realidades, fazendo com que permaneçam nas ocupações informais e rotina excessiva de trabalho. Entretanto, o CRAS foi sinalizado, para elas, como promotor de autonomia e segurança, para o enfrentamento de suas vivências, diante das violências raciais, de gênero e de classes.
O trabalho das mulheres rurais e dos cachorros: uma agroecologia dos afetos
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-02-13) Bianchini, Maria Leticia de Oliveira; Galindo, Dolores Cristina Gomes; Cedeno, Alejandra Leon; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Nesta Dissertação, abordam-se os mundos rurais que são ocupados por mulheres e seus cachorros, referindo-se ao trabalho multiespécie e à agroecologia dos afetos, a qual brota entre os galhos de café e as alfaces na horta. Esta pesquisa se tornou possível pelos encontros multiespécies, que foram vivenciados na infância, na roça, e pelos animais que habitam hoje a vida da pesquisadora, em casa. Não se pode dizer que foi escrita apenas pela autora, pois isso anularia as perguntas e respostas obtidas, através deles. O som dos pássaros cantando na horta, das galinhas cocoricando, dos porcos famintos pelas folhas de alface, dos cachorros correndo, dos gatos caçando os ratos na tulha de café – e mais, não só estes que residem com a família, mas os cachorros de passagem também, conceito usado para explicar sobre os animais que não querem estabelecer moradia, os quais romperam com os limites que humanos colocam, em relações edipianizadas, em estarem fadados a ter apenas uma casa e um tutor –, todos eles fizeram e fazem emergir novas possibilidades de escrita e pesquisa. A Dissertação foi construída no movimento entre o meio urbano e o mundo rural, especificamente, no município de Pinhalão, Paraná, baseando-se na convivência com cachorros, como mulher, psicóloga, pesquisadora e agricultora que se movimenta entre o rural e o urbano. Para tratar de agroecologia dos afetos, contou-se com os métodos inventivos de escrita, a fim de possibilitar vários caminhos de leitura que podem (ou não) ser seguidos pelas leitoras.
Multidões transviades: a encruzilhada de saberes, narrativas e localizações de gêneros
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-12-01) Lima, Suome Matheus Vilela de; Peres, Wiliam Siqueira [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
O sistema-mundo, como um complexo de sistemas aglomerados e construídos pela lógica das monoculturas, afeta todas as dimensões sociais a partir de múltiplas formas de dominação, exploração e hierarquização, categorizando entre normal e anormal às pessoas-sujeitos. Tais efeitos da colonização, como formas de aniquilamento, operam nos modos de subjetivações das corporalidades, acarretando formas de habitações e de percepções específicas de mundo, tais como nos âmbitos político, epistêmico, econômico, espiritual, linguístico, sexual, familiar, estatal e racial. Em contrapartida desses modos normalizadores, ainda que sejam enunciados, constrói-se um mapeamento dos modos desejantes e das potências que compõem às narrativas transmasculinas binárias e não binárias. Nesse sentido, a fundamentação teórica rizomática dispõe de composições que conectam diversas autorias e saberes comunitários, gerando padrões e distanciamentos acerca das experiências no que tange os processos de subjetivações a partir do gênero com suas interseccionalidades, focando em como esses processos produzem narrativas e discursos. Com as narrativas produzidas por masculinidades periféricas, transvestigêneres, ao ampliá-las e amplificá-las, aposta-se na potência das narrativas fracassadas e monstruosas em relação ao sistema-gênero, da necessidade de ficcionar e friccionar as percepções de mundo, das autoexperimentações da borda de mundo. A partir de discussões acerca das performances narrativas não-monogâmicas e de gêneros, tece sobre fios de sentido, analisando e conceituando às experiências de temporalidades, transreconhecimentos e euforias/cisforias de gênero. Com tais fios de sentido, é possível afirmar e produzir outras formas de habitação, subjetividades e narrativas, na qual as multidões transviades estão localizadas na potência da mutação.
O sentido de família: implicações para a atenção a adolescentes em uma Unidade Básica de Saúde
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-10-07) Pereira, Bruna Karen Grilo; Gomes, Cláudia Aparecida Valderramas [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
As diferentes formas de organização da sociedade impuseram transformações na dinâmica familiar ao longo do tempo. Há um processo histórico de constituição da família no contexto da sociedade capitalista contemporânea e também de formação desse conceito, que expressa um movimento contínuo de transformação das relações sociais no interior da instituição familiar e que está ligado a uma totalidade social. Considerando que há um significado social de família, entende-se que a psicologia histórico-cultural oferece ferramentas teórico-conceituais, dentre elas, a unidade dos processos cognitivos e afetivos que estão plasmados em toda e qualquer imagem subjetiva do real, para entender como se produzem as ideias de família em cada sujeito singular. Esta pesquisa teve como objetivo apreender o sentido de família para adolescentes atendidos pelo serviço de psicologia em uma Unidade Básica de Saúde – de um município localizado no interior do estado de São Paulo, onde a profissional e pesquisadora atua. O estudo se fundamenta nos pressupostos teórico-metodológicos do Materialismo Histórico-Dialético e da Psicologia Histórico-Cultural. O procedimento de pesquisa adotado para a produção dos dados foi a entrevista semiestruturada baseada no método da História Oral (ALBERTI, 2005), considerando seu alinhamento com a base teórica e os objetivos desta pesquisa. Foram realizadas entrevistas com dois adolescentes, um do gênero feminino e outro masculino, com idades entre 14 e 17 anos – faixa etária atendida na UBS. A análise dos dados foi realizada mediante a metodologia dos Núcleos de Significação (AGUIAR; OZELLA, 2006), desdobrando-se em quatro núcleos de significação: 1) Relação Família-Sociedade; 2) Família-adolescente: aspectos relacionais; 3) A demanda por atendimento psicológico e família; 4) Relações familiares e atividades na adolescência. Os resultados da pesquisa revelaram que o sentido de família é uma textura que incorpora as relações sociais e familiares, as experiências escolares, de trabalho e o legado das gerações precedentes, ou seja, o sentido transparece como processo e produto da atividade de cada adolescente no mundo, uma imagem dotada de pensamentos e sentimentos que sintetiza as relações entre o passado, o presente e o futuro de diferentes pessoas e que são o esteio das concepções sobre si mesmos.
A perspectiva moral na formação em Psicologia: o raciocínio moral em acadêmicos do primeiro e último ano de um curso de Psicologia
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-08-29) Consoni, Fátima Simone Silva Pereira; Lepre, Rita Melissa [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
O presente trabalho busca refletir sobre o desenvolvimento do raciocínio moral e a formação de graduandos do curso de psicologia os quais estão diretamente envolvidos com as relações humanas. Cabe ressaltar que na Psicologia o interesse pelo desenvolvimento moral e estudo do julgamento moral, surge após publicações das pesquisas de Piaget (1932) e, especialmente, Kohlberg (1958, 1966 e 1968). Portanto, este estudo tem como objetivo compreender o raciocínio moral dos referidos acadêmicos de uma faculdade privada do interior do Estado de São Paulo, buscando verificar as possibilidades – em decorrência de disciplinas e atividades desenvolvidas - as quais o curso promove que são passíveis de contribuir com a construção do raciocínio moral. Os critérios utilizados para participação na pesquisa foram: estarem cursando o primeiro e último ano da graduação em psicologia da instituição escolhida; bem como, não terem cursado outra graduação. O estudo teve a participação de 20 graduandos, sendo dez sujeitos do ano inicial e outros dez do quinto ano do curso; nunca é demais ressaltar que a ação envolveu o estudo do Projeto Político Pedagógico, a compreensão do ambiente acadêmico, a aplicação de questionário a respeito dos conhecimentos sobre ética e moral e a entrevista Moral Judgment Interview (MJI) com os discentes. Ao propor estudar o raciocínio moral nos acadêmicos do curso, buscou-se considerar que a formação em ciências humanas, em virtude do amplo contato com pessoas, coloca o formando frente ao exercício contínuo de seus recursos de raciocínio moral. Os resultados obtidos com o estudo mostram que grande parte dos discentes apresentam-se no Nível Convencional – Estágio 3, de acordo com o Instrumento utilizado na entrevista – Moral Judgment Interview (MJI), sendo assim consideramos que o curso de psicologia necessita propiciar espaço para mais reflexões e discussões acerca da realidade com objetivo de envolver o próprio discente em problematizações visando a formação crítica e autônoma para práticas mais amplas dentro do contexto em que está inserido.
Um olhar psicanalítico sobre a maternidade e o uso de substâncias psicoativas
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-09-11) Palma, Bruna Martins Veroni [UNESP]; Okamoto, Mary Yoko [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Este trabalho deriva da experiência com mães que se encontram em vulnerabilidade social, especificamente em uso de álcool e drogas ilícitas, que enfrentam o constante estigma da inadequação para o exercício da maternidade. Esses estigmas acabam, por muitas vezes, validados em documentos produzidos por profissionais, como psicólogos, culminando em uma separação precoce e judicialização dos casos ainda nos hospitais-maternidade. Consideramos fundamental a discussão do papel do psicólogo que trabalha com esse público, que deve levar em conta os atravessamentos pelos quais essa população enfrenta e promover um atendimento ético e justo para com suas demandas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que contou com a entrevista de seis psicólogas, atuantes em de hospitais-maternidade dos estados de São Paulo e Paraná. A verificação dos resultados foi realizada utilizando a análise temática e a teoria psicanalítica como referencial teórico para a discussão dos dados. Em nossos resultados, observamos que é preciso romper com os mitos relacionados à maternidade e ao uso de substâncias psicoativas, bem como a implicação de toda a rede de saúde, composta desde os profissionais, organização dos serviços de saúde e o sistema Judiciário, para que seja possível garantir um atendimento justo, ético e que seja espaço potencial transformador para as mães que fazem uso de substâncias psicoativas.
Caboclas e sua retomada existencial: ancestralidade e dissidências indígenas LGBTQIA+
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-09-02) Alberti, Roger Alloir; Guimarães, Rafael Siqueira de; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A presente proposta desta pesquisa teve como enfoque reconhecer artistas de ancestralidade indígena brasileiros Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgênero, Queer, Intersexo, Assexual e mais (LGBTQIA+) e a arte destes enquanto potência de si. Este trabalho é resultado de um conjunto de ideias sobre as afirmações de artistas de ancestralidade indígena e que vivem e atuam nos centros urbanos. Em uma perspectiva metodológica, observo a cartografia como possível, visando o reconhecimento da relação entre o -eu- pesquisador e os pesquisados e as afetações ao longo do processo do estudo. Alguns membros do coletivo CABOCLAS (@indigenaslgbt_crateus) aceitaram fazer parte desse processo da pesquisa, enquanto artistas e ativistas nos movimentos pelas redes sociais. O coletivo Caboclas vem de encontro com essa encruzilhada, entre corpos que estão fora das normativas coloniais, e repensar esses processos, é trabalho permanente descolonial, de descatequização e de provocação, perpassando pelo firmamento da aliança, na qual essa pesquisa se concentra. Paradigmas vigentes, reproduzem essas violências historicamente, e na medida em que a colonização avançou/avança, o Estado silenciou/silencia as multiculturalidades e suas expressões, negando suas subjetividades e transformando seus territórios em campos de concentração contemporânea. O Coletivo Caboclas, além da ideia de coletividade, remonta a história de como estes jovens vem fazendo arte, através de seus territórios, trazendo a ancestralidade e a potência destes corpos que estão resistindo ao etnocídio e ao genocídio ao longo da história.
Uma psicóloga trabalhando na Assistência Social: problematizações da práxis num Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS)
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-08-30) Janegitz, Hellen Halivercy de Souza; Benelli, Sílvio José [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Essa intercessão-pesquisa é fruto da nossa experiência de trabalho como psicóloga em um Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). Buscamos através do referencial teórico-metodológico, ético-político, nomeado de Dispositivo Intercessor (DI) dimensionar os impasses e as potencialidades do nosso campo de atuação. Decididos em operar com essa ética revolucionária, assumimos a posição de trabalhadora-intercessora e iniciamos uma experiência que se constituiu em dois momentos: o primeiro ocorreu na práxis, isto é, no próprio campo de trabalho, onde buscamos através da nossa implicação legitimar o saber que é produzido por meio das ações dos trabalhadores, e através desse saber, produzimos estratégias para um reposicionamento de nossa atuação em campo. O segundo momento da intercessão-pesquisa chamado de Dispositivo Intercessor como Modo de Produção de Conhecimento (DIMPC) nos permitiu elaborar as experiências vivenciadas por meio de uma formulação teórica. Através desse processo produzimos questões e reflexões que buscaram ampliar e contribuir para o debate sobre a interlocução da Psicologia com as Políticas Públicas. Desenvolvemos um conjunto de ensaios teóricos a partir dos problemas reais que encontramos no campo da prática durante esse percurso. Elaboramos uma apresentação sobre o DI e o DIMPC, assim como dos seus referenciais fundamentais, dos quais buscamos nos apropriar. Resgatamos a concepção de trabalho no Modo de Produção Capitalista (MPC), refletimos sobre o modo como o Estado se faz presente no nosso cotidiano institucional e o quanto desconhecemos a sua estrutura e os seus efeitos ideológicos. Desenvolvemos também uma discussão sobre as Políticas Públicas e, mais especificamente, quanto a Política de Assistência Social, a qual valorizamos e defendemos, mas afirmamos que é necessário estarmos atentos aos seus limites e possibilidades no contexto do capitalismo. Discorremos sobre o modo como adentramos ao CREAS e as dificuldades identificadas nesse campo institucional. Ampliamos nossas leituras e estratégias de atuação e descobrimos obstáculos ideológicos importantes que encobriam a nossa visão sobre o campo. Também fizemos um chamamento para que, sobretudo, em tempos tão sombrios, possamos nos organizar e lutar enquanto classe trabalhadora contra as diversas opressões que vivenciamos. Marcamos nossa posição política em favor de uma sociedade mais justa e igualitária e defendemos a proposta de ocupar estrategicamente os espaços institucionalizados para operar nas brechas disponíveis a favor da luta revolucionária.
O mal-estar na era da barbárie social: A subjetividade do motorista de aplicativos
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-09-01) Casulo, Ana Celeste; Castro, Matheus Fernandes [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Este trabalho é uma analise na perspectiva “critica” e “psicanalítica” sobre a “subjetividade do trabalhador precarizado”, desvendando principalmente os mecanismos “ideológicos” de “conformidade social”, a interrogação que possibilitou a presente pesquisa foi: O que faz com que o trabalhador mesmo em uma situação de extrema precariedade mantem-se conformado diante da injustiça social, por ele sofrida? É importante também deixar registrado que não tenho a pretensão de formular uma teoria subjetiva da precariedade (devido ao tempo e a pandemia), mas apenas contribuir com a discursão sobre a subjetividade dos motoristas de aplicativo, em um tempo histórico da barbárie social.
Pornografia e psicanálise: ensaios sobre o pornô na cultura do espetáculo
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-03-17) Mascarenhas, Gabriel Pini Alves; Dionisio, Gustavo Henrique [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Os estranhamentos e as resistências que os avanços tecnológicos já causaram no campo das nossas relações interpessoais, ao que tudo indica, estão ficando no passado, já não sendo possível encontrá-los com tanta facilidade atualmente. Com a chegada da pandemia do vírus SARS-CoV-2, as pessoas que já estavam acostumadas a navegar pelo mundo virtual aumentaram a quantidade de tempo em frente às telas. Foi exatamente o que também aconteceu com os espectadores de vídeos pornográficos. O número de visitantes nos websites que armazenam e reproduzem esses materiais cresceu muito desde o início do isolamento social. Neste trabalho, de base psicanalítica, tomo como objeto de estudo o campo das relações entre o espectador e a pornografia online, questionando os lugares que ela poderia ocupar na vida daqueles que costumam assisti-la, assim como suas possíveis funções nos processos atuais de subjetivação. Para que tal objetivo fosse alcançado, esta pesquisa foi composta por três principais elementos: 1) as conversas com os espectadores; 2) um levantamento da história da pornografia no Brasil, assim como a análise das transformações que essas produções sofreram com o tempo e suas atuais características mais acentuadas; 3) uma leitura crítica sobre o contexto social e político que enfrentamos atualmente. Entre as discussões realizadas, conta-se com a experiência corporal nas relações mediadas pela internet; os imperativos ao gozo e à transgressão; as modalidades do saber sobre si que os discursos midiáticos podem proporcionar e a diminuição das capacidades de fantasmar e erotizar do sujeito contemporâneo, marcado por angústias primitivas. Durante esse trajeto foi possível concluir que as discussões sobre uma produção amplamente difundida em nossa cultura, tal como a pornografia, abrem vias ainda pouco exploradas no campo das pesquisas psicanalíticas. Com o horizonte apontando para a continuidade desenfreada da evolução tecnológica e sabendo da importância da sexualidade não apenas no desenvolvimento subjetivo, mas também para as modalidades de controle social, o pornô se destaca como um objeto privilegiado e complexo.
Cenas da participação popular em saúde: experiência de Assis/SP
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-02-12) Betine, Anna Carolina Alencar; Yasui, Silvio [UNESP]; Sales, André Luis de Figueirêdo Leite; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A pesquisa aqui apresentada tem como foco a apresentação de cenas e cenários da participação em saúde, vivenciado pela pesquisadora nos espaços do Conselho Municipal de Saúde da cidade de Assis, São Paulo. O percurso participativo é abordado a partir de costuras entre a linguagem cinematográfica e a narração de experiência autobiográfica, assumindo o ponto de vista da experiência de quem pesquisa e participa. Nessa trajetória, a pesquisa segue um curso cartocinematográfico, utilizando da cartografia para mapear os passos da participante, elaborando um mapeamento de alguns pontos da participação em saúde que são descritos em 5 Episódios que revelam algumas experiências de participação. Este percurso se inicia com a chegada ao Conselho e alguns fundamentos básicos deste espaço, no qual a pesquisa avança na compreensão do exercício do Controle Social. Seguindo por esse caminho são incluídos alguns espaços que compõem o Conselho, que são as comissões temáticas, responsáveis por estudarem mais a fundo as temáticas debatidas no Conselho. A partir desses espaços, é possível constatar diversas ações possíveis das participantes sobre a gestão municipal da saúde. Em meio à essas participações no Conselho, a pesquisa aborda também o campo da Participação Popular, pensando quais são esses populares que integram este campo e que também influenciam nos espaços de Controle Social. A pesquisa encontra, assim, duas formas de participação que seguem modos específicos e diferentes do modo do Controle Social. A interação entre essas participações acontece por meio da representação nos espaços do Conselho, que são do modo do Controle Social. As conferências também são um modo de Controle Social só que acontecem numa periodicidade de 4 anos, e em todos níveis federativos. Durante o processo de pesquisa houve a demanda por se realizar uma Conferência Municipal, trazendo a oportunidade de criar um espaço amplo de discussão sobre a saúde pública, convocando a população para falar sobre. A pesquisa deste modo traz ainda a experiência de organização de uma Conferência a nível municipal, descrevendo estratégias e conflitos que permeiam essa jornada participativa. Considerando o percurso de experiência é possível compreender alguns pontos existentes no campo da participação. Esta é uma aposta de transformação radical do modo como as pessoas lidam com a saúde individual e coletiva. A participação popular é uma inspiração em modelos de autogestão, no qual as pessoas têm lugar garantido para falar e agir, dentro dos acordo do grupo. Acontece que esses modelos precisam ser cultivados, e no contexto de avanço das tecnologias da ideologia neopentecostal e neoliberal, a cultura hegemônica segue individualista e coisificante. Essa é uma das teorias que encontro para especular sobre porque as pessoas não participam, sendo esta uma pergunta implícita em toda narrativa, e que pode seguir outros ramos explicativos.

Navegar

Submissões Recentes