Teses - Educação Matemática - IGCE

URI Permanente para esta coleção

https://hdl.handle.net/11449/77088

Navegar

Agora exibindo 1 - 20 de 264

Um diagnóstico do presente para a Educação Matemática Inclusiva no Brasil
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-08-14) Gaviolli, Íria Bonfim [UNESP]; Leite, César Donizeti Pereira [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A Educação Matemática Inclusiva é o objeto de investigação da presente tese. Os materiais selecionados para essa investigação foram: o ato de criação do grupo de trabalho Diferença, Inclusão e Educação Matemática, inscrito na Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM) como GT-13; os anais do VI e VII Seminário Internacional de Pesquisa em Educação Matemática (SIPEM); os anais do I Encontro Nacional de Educação Matemática Inclusiva (ENEMI); e, alguns documentos, como Políticas Públicas a nível nacional e internacional que se mostraram significativos no estudo da temática. Tais materiais foram analisados segundo o referencial teórico de Michel Foucault, que além de inspiração metodológica, foi uma das principais contribuições para subsidiar as tematizações apresentadas ao longo dos capítulos. Três unidades analíticas emergiram no processo analítico, quais sejam: (i) o exercício da cidadania e a formação do cidadão; (ii) a ascensão de aspectos democráticos em tempos de Sociedade Inclusiva; e, (iii) a intervenção no domínio pedagógico. Cada uma dessas unidades corresponde a um capítulo da tese, enumerados, respectivamente, como Capítulo 2, Capítulo 3 e Capítulo 4, que são organizados em três seções. Na primeira seção apresentamos a unidade analítica desde a perspectiva das Políticas Públicas de Inclusão. Na segunda, discutimos a unidade analítica no interior da Educação Matemática Inclusiva, como o resultado da instrumentalização das práticas previstas nas Políticas Públicas de Inclusão. Por fim, na terceira seção apontamos o engendramento dessa unidade analítica a um poder econômico, evidenciando implicações para o campo das Políticas Públicas de Inclusão e, por consequência, para a Educação Matemática Inclusiva. Ao longo desses capítulos mostramos evidências que determinam o alinhamento da Educação Matemática Inclusiva a uma racionalidade econômica que tem na generalização e na multiplicação da forma empresa no corpo social seu principal objetivo. A fim de complementar a leitura desses capítulos, o capítulo 1 apresenta um a priori histórico das Políticas Educacionais em relação a seu engendramento a um poder econômico. Por fim, nas considerações finais, reiteramos o exercício diagnóstico empreendido na tese como uma possibilidade de ampliação de uma dimensão política para a Educação Matemática Inclusiva.
Construção de narrativas matemáticas na exploração de problemas históricos com o GeoGebra
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-07-06) Barbosa, Lara Martins [UNESP]; Silva, Ricardo Scucuglia Rodrigues da [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Esta tese apresenta uma pesquisa que teve como objetivo investigar os processos de construção de narrativas matemáticas, por um grupo de pós-graduandos, em um cenário envolvendo História da Matemática e o uso de tecnologias. Especificamente, buscou-se analisar como tais processos ocorreram nesse grupo ao explorarem demonstrações de problemas históricos do cálculo, em especial a Quadratura da Parábola e a Espiral de Arquimedes, com o software GeoGebra. Esta pesquisa seguiu uma abordagem metodológica qualitativa e teve como cenário de investigação a disciplina “Gênese do Pensamento Diferencial” oferecida pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Campus Rio Claro concomitante ao Programa de Pós-Graduação Ensino e Processos Formativos, interunidades, também da UNESP. Os procedimentos metodológicos utilizados e que constituem os dados desta pesquisa são: observação participante e registros em diário de campo; filmagens e gravação dos encontros semanais da disciplina e de encontros complementares onde os discentes se reuniam para discutir e dialogar sobre os problemas; registros de interações no WhatsApp; construções realizadas no GeoGebra; e arquivos em formato de artigo produzidos pelos participantes. Os resultados apontam que as diferentes estratégias adotadas possibilitaram processos de identidade e atribuição de diferentes significados ao uso de tecnologias digitais vinculado às demonstrações durante a comunicação de ideias. Essas combinações potencializaram e expandiram as discussões sobre verdades matemáticas, abrindo possibilidades ao poder argumentativo atrelado ao uso do GeoGebra. É possível reconhecer que os grupos foram capazes de produzir narrativas matemáticas por meio das articulações e estudos propostos. Ao explorarem problemas clássicos da Matemática, em um contexto histórico, e com limitação de resultados matemáticos, os pós-graduandos assumiram identidades de pensadores da época de Arquimedes (287 a.C – 212 a.C), estabelecendo relações entre aspectos e objetos matemáticos em um contexto histórico. Essa abordagem permitiu que modos de pensamento se entrelaçassem e fossem incorporados às narrativas matemáticas criadas, enfatizando a maneira como a atividade matemática, envolvendo problemas da História da Matemática e articulados ao uso e mediação de tecnologias digitais, evidencia a premissa de que o pensamento matemático envolve modos narrativos de pensamento.
Desenvolvimento do pensamento computacional em uma dinâmica pedagógica baseada na perspectiva histórico-cultural: possibilidades para a formação das ações mentais de estudantes e do conceito polígono regular a partir da produção de um pensamento geométrico
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-05-04) Silva, Eliel Constantino da [UNESP]; Javaroni, Sueli Liberatti [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Esta tese apresenta uma investigação realizada à luz da teoria histórico-cultural, em que o objetivo foi investigar as possíveis relações do desenvolvimento do pensamento computacional com a gênese do processo de formação planejada por etapas das ações mentais e dos conceitos, de modo a identificar o seu desenvolvimento e contribuição com a formação do conceito polígono regular de estudantes do Ensino Médio. A pesquisa de campo ocorreu com seis estudantes da 1ª série do Ensino Médio de uma escola pública do município de Vargem/SP, agrupados em dois trios. Ocorreram três encontros síncronos por meio da plataforma Google Meet, em decorrência do isolamento social causado pela COVID-19, com duração de duas horas e meia cada encontro. Nesses encontros, os estudantes realizaram tarefas, com o uso do software Scratch e software GeoGebra. Essas tarefas foram elaboradas segundo a Teoria da Formação Planejada por Etapas das Ações Mentais e dos Conceitos, de Galperin, que pondera que as especificidades do desenvolvimento mental humano estão relacionadas às perspectivas evolutivas e históricas, mediadas por ferramentas culturais, ou seja, a atividade mental é formada com base na atividade externa. Para que esse processo de internalização ocorra, o autor propõe algumas etapas, sendo: etapa de estabelecimento da base orientadora da ação, etapa da formação da ação no plano material, etapa da formação da ação na linguagem externa e etapa da ação no plano mental, tendo a motivação, o controle e a execução presentes na realização dessas etapas. Nesta pesquisa, esse aporte teórico fundamentou a criação de tarefas, bem como a dinâmica da interação do pesquisador com os estudantes para a realização delas, visando fomentar e identificar o desenvolvimento do pensamento computacional em contextos de aula, bem como proporcionar que esse desenvolvimento cognitivo contribua para a formação conceitual do estudante. Ao planejar ações em contextos educacionais, que visem esse objetivo, é necessário identificar o contexto sociocultural dos estudantes a fim de obter informações sobre as experiências e apropriações de signos e significados sociais referentes à cultura da Ciência da Computação. Isso se justifica, pois, essa cultura tem transformado o ser humano ao passo que ele transforma o ambiente ao seu redor, criando avanços para essa área do conhecimento. Assim, sob essa ótica, compreendo pensamento computacional como uma estratégia de organização do pensamento para resolver e formular problemas, que ocorre com base nos conhecimentos e práticas da Ciência da Computação, como a decomposição, reconhecimento de padrões, algoritmo e abstração, quando se incorpora a cultura dessa área do conhecimento às suas relações sociais. Para essa investigação, recorri ao método materialista histórico-dialético e foram identificadas duas unidades de análise: i) vivência; e ii) ação e comunicação. Com o desenvolvimento desta pesquisa – em particular, com base na análise dos dados produzidos – posso concluir que é possível observar a formação do pensamento computacional dos estudantes e vinculá-la às etapas da formação planejada das ações mentais. Por decorrência, contribui com a formação conceitual dos envolvidos. Para tanto, requer a propositura e desenvolvimento de uma atividade orientada de forma adequada ao contexto dos estudantes. Porém, desde que fomente a formação das ações mentais por meio de experiências na realidade objetiva do estudante, incluindo o uso de signos e instrumentos decorrentes da cultura da Ciência da Computação.
Produção de conhecimento em Matemática: aspectos dialéticos associados à cibernética a partir da prática de programação de computadores
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-06-29) Santos, Daniel Tebaldi; Javaroni, Sueli Liberatti [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Este estudo teve como objetivo analisar aspectos dialéticos associados à cibernética em situações que envolvem a prática de programação de computadores articulada à produção de conhecimento em Matemática. Os aspectos evidenciados dessa articulação foram discutidos a partir de uma visão de tecnologia de acordo com uma perspectiva crítica, mais especificamente, pautamo-nos nas considerações da teoria cibernética a partir de uma compreensão dialética. A presente pesquisa aprofunda o debate sobre o tema tecnologias e Educação, em especial direcionada para a Educação Matemática, a partir da realização de uma apropriação filosófica do conceito de tecnologia e sua função social nas relações entre os seres humanos. Para tanto, fundamentamo-nos nas considerações do filósofo brasileiro Álvaro Borges Vieira Pinto, compendiadas na obra “O conceito de tecnologia”, em que o autor trata das dimensões ontológica e epistemológica da tecnologia, em particular as de caráter cibernético. Ademais, para corroborar a análise e articulá-la aos aspectos na produção de conhecimento em Matemática configurados por situações que envolvem tecnologias digitais, também nos orientamos pelas ideias do construto teórico seres-humanos-com-mídias (S-H-C-M) elaboradas, com a liderança do educador matemático Marcelo Borba, pelo grupo de pesquisa GPIMEM. Nossa metodologia de pesquisa está fundamentada nos preceitos teórico-metodológicos do método materialista histórico e dialético (MHD), cuja abordagem investigativa é orientada pela compreensão da realidade em sua totalidade e de acordo com um processo crítico-dialético. Os dados foram produzidos por meio da execução de um projeto de extensão que possibilitou a organização de ações formativas para realização de atividades com o software de programação Scratch e com o de prototipagem virtual TinkerCad. As ações tiveram como participantes professoras, professores, licenciandas e licenciandos em Matemática por meio de atividades síncronas e assíncronas virtuais, as quais se constituíram como fonte de dados, bem como questionários para alcançar as circunstâncias objetivas existenciais de cada participante. Os dados selecionados foram analisados conforme a perspectiva da hermenêutica-dialética, em que discutimos os aspectos epistemológicos mobilizados em situações de prática de programação de computadores dos participantes da pesquisa, das quais ressaltamos eventos significativos para avaliar a produção de conhecimento em Matemática a partir de um movimento cibernético, o qual configura um circuito epistemológico. Como resultado, foi possível apontar dimensões específicas da relação entre tecnologias digitais e Educação Matemática, através de um olhar direcionado para conceitos da teoria da cibernética e da reorganização do pensamento, como forma de avaliar a prática de programação de computadores como possibilidade de produção de conhecimentos em Matemática. Por fim, consideramos que os aspectos evidenciados indicam articulações entre o ensino e aprendizagem de Matemática e a prática de programação de computadores – enquanto prática de conhecimento. As articulações evidenciadas permitiram avaliar o pensamento por meio de uma dinâmica dialética, a partir da cibernética, a qual configura um processo de mobilização e produção de conhecimento em Matemática. Porém, deixamos assinalados, como ponto de atenção nas conclusões produzidas, que toda prática de conhecimento, gerada historicamente, é marcada pelas dimensões ideológicas que tal prática transporta.
Vídeos digitais e Educação Matemática: uma possibilidade de pesquisa educacional baseada em arte
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-02-07) Gimenez, Hercules; Borba, Marcelo de Carvalho [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Como um coletivo de Seres-Humanos-Com-Mídias utilizou a Arte na produção de vídeos digitais com conteúdo de Matemática em um Festival? Inicialmente, para compreender essa questão central, buscou-se por trabalhos acadêmicos desenvolvidos no âmbito da Educação Matemática, que poderiam ser caracterizados como Pesquisa Baseada em Arte e, também, por trabalhos publicados sobre (com) vídeos no Grupo de Pesquisa em Informática, outras Mídias e Educação Matemática (GPIMEM), grupo ao qual esse estudo está vinculado. Essa pesquisa teve como palco o III e o VI Festival de Vídeos Digitais e Educação Matemática, cujas fases presenciais aconteceram, respectivamente, em Vitória, ES, no ano de 2019 e em Cuiabá, MT, em 2022. O elenco de atores e atrizes, que são também autores e autoras dos sete vídeos selecionados para análise, foi composto por alunos e alunas, professores e professoras da Educação Básica e do Ensino Superior (não apenas da Licenciatura em Matemática) e comunidade em geral que participaram dos referidos festivais. Os dados produzidos, nessa pesquisa, se materializaram em três textos, a partir de questionários, entrevistas em grupos (rodas de conversa) e os próprios vídeos. A análise desses dados tinha como objetivo identificar elementos artísticos em suas funções pedagógicas e/ou na produção de sentido e conhecimento no processo de comunicação de ideias matemáticas, buscando evidências de estranhamentos, na ótica da teoria do Teatro Didático e do construto Seres-Humanos-Com-Mídias. Nesse estudo, por assumir também o papel de professor e de artista, o pesquisador adotou a A/r/tografia como método de investigação. A Arte, nessa pesquisa, é compreendida como experiência estética. Nessa perspectiva, a produção dos vídeos é entendida como um experimento artístico-pedagógico e os vídeos, como produto artístico desse experimento, desenvolvido de forma colaborativa. Ressaltando que, não apenas o objeto de investigação (o vídeo enquanto produto, processo e uso), mas também as lentes analíticas interpretativas e a própria forma de escrever o relatório, se utilizaram das Artes para produzir os diálogos entre as diferentes vozes dessa pesquisa. Alguns resultados dessa investigação evidenciaram estranhamentos produzidos pela arte-com-tecnologia na comunicação de ideias matemáticas utilizando vídeos, como por exemplo, a aprendizagem pelo erro, a interdisciplinaridade, as diferentes formas avaliação e a presença do humor nos trabalhos analisados.
Perspectivas de professores sobre a escolha do livro didático de Matemática
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-12-22) Perovano, Ana Paula; Amaral-Schio, Rúbia Barcelos [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
O livro didático auxilia o professor a planejar e desenvolver as oportunidades e situações de aprendizagem de maneira a atender as singularidades de seus estudantes. Por tratar-se de um objeto plural, ele também propicia oportunidades de aprendizagem para o professor, especialmente ao aduzir as inovações pedagógicas que nele são veiculadas. Por serem considerados como tradutores do currículo, evidenciando os padrões políticos, socioculturais e de conhecimento de uma sociedade, os livros didáticos desempenham um papel relevante no ensino e na aprendizagem de Matemática. Ressalte-se que o processo de escolha de determinado livro não é trivial, pois nele o professor mobiliza seus conhecimentos para buscar a obra mais articulada com a proposta abraçada pela unidade escolar. Desse modo, a escolha dos livros didáticos para serem empregados no ensino de Matemática se constitui uma atividade complexa que possui uma grande responsabilidade tendo em vista que essa ação reverberará nas aprendizagens dos estudantes. Buscou-se um diálogo teórico sobre alguns fatores significativos na escolha desse material didático, como a formação do professor e o conhecimento profissional. Nesse diálogo, também foi levantado o conceito de consciência crítica como sendo necessário para a escolha do livro didático. A pesquisa aqui relatada privilegia a abordagem qualitativa e busca responder ao questionamento: o que se revela quando um grupo de professores discute sobre a escolha do livro didático de Matemática? Para isso, desenvolveu-se um curso de extensão voltado para a formação continuada de professores de Matemática, de forma remota devido a pandemia de Covid-19. Participaram 12 professores de Matemática dos Anos Finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Os dados produzidos foram organizados e agrupados em três dimensões: política brasileira voltada para o livro didático; formativa; e escolha do livro didático de Matemática. Constatou-se que a maioria dos participantes desconhecia as políticas públicas em torno do livro didático e algumas fases do Programa Nacional do Livro e Material Didático, em especial o Guia do Livro Didático. Emergiu dos dados a importância de que os contextos formativos dessem mais atenção às discussões sobre esse material didático, bem como a sua escolha e o seu uso. Foi destacada a necessidade da formação permanente de forma que o professor consiga romper com as concepções que possui a respeito da Matemática, seu ensino e sua aprendizagem, além da forma como interage com o livro didático, de modo a conseguir rever os usos deste recurso visando alcançar os objetivos de ensino e de aprendizagem. O conteúdo das narrativas dos participantes evidenciou que eles mobilizam seus conhecimentos ao interagirem com livros didáticos quando objetivam analisá-los para escolha. O desenvolvimento da consciência crítica oportunizou o conhecimento de imposições e determinações que podem limitar a ação docente, assim como as implicações que o uso sem criticidade do livro didático pode produzir. A diversidade dos ângulos, aspectos e dimensões dos dados perquiridos permite inferir que participar dos encontros levou os professores a reexaminarem suas experiências profissionais, ofertando oportunidades para reflexão crítica sobre o repertório aprendido e experiências já vivenciadas.
A presença da Matemática nos colégios militares: entre os cursos preparatórios e o colégio militar do Imperador Pedro II
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-11-18) Silva, Luiz Antonio Gonçalves da; Nobre, Sergio Roberto [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
O desenvolvimento da Arquitetura Militar do período permitiu a formação das primeiras lições de aritmética, trigonometria e geometria no início do século XVIII, a partir da criação do curso preparatório à formatura de engenheiros-artilheiros e de obras. O conhecimento teórico de matemática permeou todo o século seguinte, no Rio de Janeiro, sendo a gênese dos preparatórios dos colégios civis e militares para os exames de admissão aos cursos superiores. O legado do ensino especulativo baseou-se nos assuntos de matemática elaborados durante todo século XVIII, considerados como “matemática científica”, que capacitou os que iriam concorrer aos exames de engenharia, arquitetura e suas aplicações. A história da formação dos Colégios no Brasil passou por um longo processo cultural e político, desde a educação de Portugal, composta por assuntos retirados dos livros traduzidos para a língua portuguesa de autores estrangeiros, revolucionando a ciência matemática. Isso consagrou a matemática como programa preparatório aos exames de cursos superiores, influenciados pela política dos professores das academias, modernizando o conteúdo programático de matemática. As principais fontes foram amparadas em documentos, livros raros e relatórios do Senado Imperial e do Conselho de Guerra durante o Brasil Colônia e Império. A tese, portanto, procura contribuir de forma analítica, a partir de um rico material didático, para uma melhor compreensão do desenvolvimento no ensino da matemática, que preparava os estudantes para os cursos superiores nos Colégios Militares.
Uma história da definição rigorosa das integrais definidas de Cauchy, Riemann e Jordan
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-11-09) Gambera, Artur Rezzieri [UNESP]; Lazari, Henrique [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Tecemos uma história das integrais definidas sob o ponto de vista do rigor. Nossa pesquisa busca compreender como o rigor se manifestou no cálculo integral durante o século 19. Para isso, analisamos três fontes históricas de diferentes momentos do referido século que tratam da estrutura lógica da concepção de cálculo integral: o Résumé des leçons données a l'École Royale Polytechnique sur le calcul infinitésimal de Augustin-Louis Cauchy (1789 - 1857), o Ueber die Darstellbarkeit einer Fuction durch eine trigonometrische Reihe de Georg Friedrich Bernhard Riemann (1826 - 1866), e o Remarques sur les intégrales définies de Marie Ennemond Camille Jordan (1838 - 1922). Fazemos uma análise epistêmica e contextual de partes de cada uma das fontes, assistidos por historiografias que delas tratam. Brindamos traduções de algumas das lições do tratado de Cauchy, referentes a integrais definidas e elementos dela, e do artigo de Jordan na íntegra. Plotamos, e mostramos como fazer, o gráfico de uma função com infinitas descontinuidades apresentada por Riemann, identificando a construção do referido gráfico como um recurso didático para aulas de análise.
Processo formativo em Matemática: invenções robóticas para o Parkinson
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-07-11) Azevedo, Greiton Toledo de; Maltempi, Marcus Vinicius [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Nesta pesquisa, buscamos compreender o processo de formação em Matemática de estudantes de Ensino Médio quando constroem jogos digitais e desenvolvem dispositivos robóticos associados, destinados ao tratamento de sintomas da doença de Parkinson. Norteada pela metodologia qualitativa de pesquisa, a produção de dados foi realizada com estudantes do Ensino Médio no Instituto Federal Goiano (IF-Goiano) e no Hospital Dia do Idoso, em Anápolis (GO), nos anos de 2018 e 2019, e registrada por meio de vídeos, fotografias, notas de campo, programas computacionais e entrevistas. Tais dados foram analisados à luz dos pressupostos teóricos do Construcionismo e do Pensamento Computacional e organizados em cinco Episódios emergidos na temporalidade dos acontecimentos da pesquisa, os quais correspondem e tematizam as invenções científico-tecnológicas desenvolvidas ao Parkinson: Paraquedas-Robótico, Regador-Robótico, Vara-Robótica, Navegação-Robótico e Bikechair-Robótica. A partir do escrutínio realizado desses Episódios, obtivemos as duas Categorias de Análise, as quais corroboram a compreensão do processo de Formação em Matemática intrínseco ao Contexto Formativo em Matemática e Invenções Científico-tecnológicas ao Parkinson (C1); e à Aprendizagem Criativa em Matemática, Capacidades e Impactos Sociais (C2). Como resultado, o processo de formação em Matemática foi compreendido como potencial de transformação social, intelectual-científica e responsável dos estudantes que, por meio de suas invenções, buscaram contribuir com o tratamento de sintomas da doença de Parkinson. Os dados evidenciam um processo caracterizado pela dinamicidade não linear e orgânica de formação sobre o qual aponta para o rompimento da tríade de conteúdo-exemplo-exercício e das burocracias contraproducentes de sala de aula. Este processo se constitui pelo engajamento do estudante em sociedade por meio do fazer ciência com a Matemática integrada à Computação e remonta-se pela dialogicidade não hierarquizada como ponto nevrálgico à Formação em Matemática, destituindo a invisibilidade intelectual do estudante em propor soluções de impactos sociais. As invenções se mostram estruturadas idiossincraticamente no planejamento, imprevisibilidade e protagonismo científico dos estudantes, os quais fomentaram a exploração de problemas aberto-inéditos de Matemática em-uso, e descentralizadas à formalização excessiva do rigor de objetos matemáticos sem sentido.
Sonhos de adolescentes em desvantagem social: vida, escola e educação matemática
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-07-06) Soares, Daniela Alves; Skovsmose, Ole [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A partir de conceitos que se inter-relacionam, como sonho, foreground, transcendência, ser mais, inacabamento, e alteridade, tendo por base especialmente os autores Paulo Freire, Ole Skovsmose e Emmanuel Lévinas, essa tese teve por intenção perseguir o seguinte objetivo geral: Investigar de que forma sonham adolescentes em desvantagem social e identificar possibilidades para que as aulas de matemática possam proporcionar mais espaços para o desenvolvimento dos sonhos desses adolescentes. Esse objetivo é a materialização da seguinte questão de pesquisa: Como adolescentes em desvantagem social sonham e de que forma as aulas de matemática podem proporcionar espaços para o desenvolvimento dos sonhos desses adolescentes? Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com método de pesquisa particular, construído durante a trajetória dessa tese, e que possui inspiração nos métodos de estudo de caso, história oral temática e história de vida. A tese tem como formato o estilo multipaper. A produção de dados foi realizada junto a adolescentes, com idade entre 15 e 17 anos, de duas escolas públicas: uma escola federal situada em município paulista, próximo a região metropolitana de São Paulo, e uma escola distrital, situada na periferia da cidade de Bogotá, na Colômbia. Tanto na escola brasileira como na colombiana, os procedimentos para produção de dados foram os mesmos: grupos de discussão com estudantes do 1º ano do Ensino Médio (o equivalente ao 10º da Educación Media colombiana), sendo oito jovens na escola brasileira e nove na colombiana, e entrevistas semiestruturadas com quatro desses estudantes, de cada escola. A produção de dados se deu entre os meses de agosto e setembro de 2019. A análise dos dados também teve método próprio, com inspirações na análise de conteúdo e história de vida. Foram construídos quatro artigos de análise com enfoques diferentes com a intenção de perseguir a questão de pesquisa. Como resultados, destaco que os estudantes revelaram a existência de poucos espaços para sonhos na escola de forma geral, e especialmente nas aulas de matemática. Isso se deve, na perspectiva dos estudantes, ao conteúdo rígido, às relações professor-aluno e à competição durante às aulas, e propuseram aulas mais colaborativas e o estreitamento das relações. Identificou-se também que os jovens, em sua maioria, têm muitos sonhos, a maior parte relacionados ao contexto profissional, mas alguns poucos estudantes expuseram ter um sonho único ou nenhum sonho. Constatou-se a forte relação entre as histórias de vida dos estudantes e seus sonhos; a grande influência da escola como promotora de novas possibilidades; e a presença de sonhos para familiares e comunidade. Com base em suas histórias, sonhos e as justificativas apresentadas, elaborou-se uma tipologia de sonhos para jovens em desvantagem social, qual seja: sonhos como necessidade, como possibilidade, como alteridade e como fruição. Argumentou-se que essa tipologia também pode se constituir como motivos para aprender. Por fim, destacou-se também a influência dos sistemas capitalista e liberal assim como da colonização no que diz respeito ao estreitamento dos sonhos, e concluiu-se que a luta por mais espaço para sonhos na escola e nas aulas de matemática não pode estar dissociada da luta por justiça social.
Negociação de significados em um grupo/comunidade de prática do ensino médio que produz performance matemática digital
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-07-01) Gregorutti, Gabriel Souza [UNESP]; Miskulin, Rosana Giaretta Sguerra [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Esta pesquisa investiga aspectos/dimensões sobre como ocorre a negociação de significados em um Grupo/Comunidade, em que alunos do Ensino Médio produzem performance matemática digital (PMD), em uma perspectiva que aborda conceitos de Comunidade de Prática. Isto é, investigar o papel educacional das Artes e das Tecnologias Digitais na negociação de significados de conceitos matemáticos de um grupo/Comunidade do Ensino Médio, seus aspectos e suas dimensões, durante o movimento de compartilhamento de ideias e conceitos. A pergunta-diretriz é: Como ocorre a negociação de significados em um Grupo/Comunidade, em que alunos do Ensino Médio produzem PMD? PMD se refere ao uso das Artes e das tecnologias digitais (TD) em Educação Matemática, concebida enquanto proposta didática, pedagógica e configurada como uma Metodologia Ativa. Comunidade de Prática refere-se a combinação de um domínio de conhecimento comum, uma comunidade de pessoas que se preocupam com esse domínio e uma prática compartilhada. Do ponto de vista metodológico, a Pesquisa configura-se como uma pesquisa qualitativa, com a utilização de alguns conceitos de Análise de Conteúdo e a utilização de Arts-Based Research para comunicá-la por meio de poemas. Os dados foram produzidos em uma escola particular de Ensino Médio em Ribeirão Preto-SP, durante os anos de 2018 e 2019. Os participantes criaram quatro PMD nos dois anos da Pesquisa. As ideias matemáticas compartilhadas envolveram Função e Potenciação. Os procedimentos metodológicos consistiram em notas de campo, as PMD, as Videogravações das aulas e as entrevistas semiestruturadas. A fundamentação teórica a respeito da negociação de significados nesse grupo/Comunidade que compartilhou ideias matemáticas de modo artístico e tecnológico sustentou a descrição e a análise dos dados pesquisados. Vivenciamos um ambiente pedagógico e multimodal que se configurou de modo diferente do tradicional, no qual o diálogo, o compartilhamento de ideias e conceitos, a interação entre os membros do grupo/Comunidade promoveu o conhecimento matemático estético e sensível. Esta pesquisa contribui com a produção de conhecimentos voltados à inovação artística e tecnológica em Educação Matemática.
Realidade aumentada e o ensino de cálculo: possibilidades para a constituição do conhecimento
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-04-28) Pereira, Anderson Luís; Paulo, Rosa Monteiro [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Nosso objetivo nesta pesquisa é compreender os modos pelos quais se dá a constituição do conhecimento matemático do aluno que com Realidade Aumentada explora assuntos da disciplina de Cálculo Diferencial e Integral. Os dados para a pesquisa foram produzidos em um curso de curta duração, no qual estivemos com alunos da Licenciatura em Matemática da Universidade Estadual Paulista, campus Guaratinguetá. No curso, os participantes foram convidados a realizar tarefas previamente organizadas que envolviam assuntos do conteúdo de Cálculo, tais como limite, derivada e integral, fazendo explorações com o recurso de Realidade Aumentada do aplicativo GeoGebra Calculadora 3D. Gravamos com câmera de vídeo a dinâmica dos oito encontros. Solicitamos que os participantes gravassem os momentos de exploração das tarefas que faziam em seus smartphones. Essas gravações foram transcritas para análise. Em algumas situações, para a clareza do texto, foram inseridos gifs dando mais detalhes das atividades. A pesquisa foi desenvolvida em uma perspectiva qualitativa com enfoque fenomenológico, buscando compreender como se mostra a constituição do conhecimento em Cálculo Diferencial e Integral ao se estar-com a Realidade Aumentada? O movimento de análise foi feito seguindo o rigor da pesquisa fenomenológica, em que nos envolvemos com a análise ideográfica e nomotética. Para a análise ideográfica, que visa explicitar as particularidades do compreendido, organizamos os dados em cenas significativas, que nos permitiram manter a dinamicidade da comunicação intersubjetiva. Nas cenas, destacamos ideias significativas, que nos levaram às convergências de significado da análise nomotética, buscando generalidades do que se expôs na experiência vivida. Das sínteses compreensivas, foram constituídas três Categorias Abertas: Investigar assuntos matemáticos como modo de compreensão, em que se discute os modos pelos quais os participantes investigam com Realidade Aumentada, explorando, elaborando conjecturas, validando resultados; O movimento do corpo-próprio que potencializa formas de visualizar assuntos matemáticos, cujo foco de discussão está no movimento do corpo-próprio compreendido como organismo vivo que se dirige para os assuntos que explora, buscando articular sentidos e significados; e Diálogos que comunicam o compreendido para se fazer entender, destacando que é na comunicação que o sentido vai se fazendo para o corpo-próprio, constituindo conhecimento matemático com Realidade Aumentada.
Compreensões sobre a resolução de problemas com tecnologias digitais na construção de padrões dinâmicos no Scratch por estudantes do ensino fundamental
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-04-27) Idem, Rita de Cássia [UNESP]; Silva, Ricardo Scucuglia Rodrigues da [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A pesquisa, de abordagem qualitativa, buscou responder à seguinte questão: “Como estudantes de oitavo e nono anos resolvem problemas para construir padrões dinâmicos no Scratch?”. Com base nessa pergunta, o estudo objetivou: a) compreender o processo de construção de padrões dinâmicos no Scratch; e b) identificar e explicar o que os estudantes mobilizaram nesse processo. O cenário de produção de dados se deu por meio de Experimento de Ensino, ocorrido, em média, em três encontros, realizado com doze estudantes de oitavo e nono anos do Ensino Fundamental. Nos encontros, os participantes trabalharam em duplas utilizando simulações construídas no Scratch. Essas simulações possibilitavam a construção de diferentes padrões de repetição de formas, cores e sons, que possuíam movimento, conferindo-os a qualidade de dinâmicos. Nos encontros, os participantes utilizavam as simulações para resolver diferentes problemas visuais e construir seus próprios padrões, atividade considerada uma proposição de problemas. Essa situação educacional almejou o incentivo ao pensamento matemático, ao pensamento computacional e ao pensamento sensível. Os dados foram produzidos por meio de gravações em vídeo e áudio dos encontros, pela elaboração de diário de campo e coleta da produção escrita dos participantes. A pesquisa teve como aporte teórico as noções referentes à tomada de decisão de Alan Schoenfeld e ao construto seres-humanos-com-mídias de Marcelo Borba e Mónica Villarreal. Os dados foram analisados com base em procedimentos analíticos qualitativos e em procedimentos de análise de vídeos. Por meio da análise se constituíram quatorze temas analíticos, os quais, por sua vez, foram compostos de diferentes eventos críticos, episódios que se sobressaíram nos dados e auxiliaram no entendimento da pergunta de pesquisa. Os resultados evidenciaram que o processo de resolução de problemas para construir padrões dinâmicos se iniciou por meio da interpretação do problema visual, englobando aspectos subjetivos e do pensamento com a simulação. Por meio dessa interpretação, se estabeleceu um objetivo geral de construção, que foi decomposto em subobjetivos, estes alcançados por meio de diferentes modos como a contagem, a estimativa, o uso do cursor do mouse, a experimentação, o compartilhamento de conhecimentos matemáticos, uso de regularidades, e o exercício das preferências. Os subobjetivos foram avaliados por meio do uso de analogias, da utilização de pontos de referência e da noção de simetria. Essa avaliação originou novos subobjetivos. Quando os objetivos não eram alcançados, os participantes, por meio da autorregulação, optavam por desistir de suas construções ou reorganizar seu pensamento e moldar as simulações em função daquilo que sabiam e dos objetivos. Esse processo se mostrou bastante complexo, não linear e dinâmico, e ainda possibilitou a mobilização de concepções matemáticas, principalmente relacionadas ao número zero e ao sinal negativo, e crenças, englobando visões de si, da escola e da Matemática Escolar.
Pensamento algébrico nos anos iniciais: um olhar para as expressões do professor
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-04-12) Oliveira, Vanessa de; Paulo, Rosa Monteiro [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Neste texto apresenta-se a pesquisa desenvolvida com professores que ensinam matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental da rede municipal de Guaratinguetá/ SP, envolvidos em tarefas relacionadas aos conteúdos matemáticos tratados nos anos iniciais considerando-os em contextos algébricos. O objetivo, na pesquisa, é compreender os aspectos do fazer matemática do professor que revelam características do pensamento algébrico, entendido como um processo que expressa o pensado quando o professor está com os objetos matemáticos do contexto algébrico voltando-se para eles, resgatando seus elementos característicos produzidos na temporalidade. Para conhecer a região de inquérito da pesquisa, fomos aos autores da Educação Matemática que discutem a formação de professores, analisamos o modo pelo qual as orientações pedagógicas tratam o ensino de álgebra nos anos iniciais e, com o que se mostrou, elaboramos tarefas que pudessem favorecer a discussão sobre esse tema com os professores. Estabelecendo uma parceria entre a Universidade Estadual Paulista (Unesp), Câmpus de Guaratinguetá, e a Secretaria Municipal de Educação, propusemos e oferecemos um curso de extensão para os professores dos anos inicias do Ensino Fundamental interessados em discutir conteúdos de matemática trabalhados em sala de aula. As ações no curso foram filmadas e o vídeo transcrito, dando origem à produção de dados da pesquisa. Na análise dos dados, seguindo o rigor da pesquisa qualitativa de abordagem fenomenológica, voltamos nossa atenção para o fazer matemática do professor, considerando seus modos de expressão. O movimento interpretativo permitiu compreender que nos modos de expressar o feito matematicamente e nos modos de explorar os conteúdos matemáticos, os professores revelam características do pensamento algébrico. Essas características são discutidas nessas duas categorias de análise que se evidenciam no movimento interpretativo e, à luz da interrogação da pesquisa, nos permitem expor o modo como compreendemos o investigado
Imaginação pedagógica e educação inclusiva: possibilidades para a formação de professores de matemática
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-03-29) Lima, Priscila Coelho; Penteado, Miriam Godoy [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A pesquisa teve por objetivo compreender o que se mostra em um processo de Imaginação Pedagógica, realizado por licenciandos em Matemática, quando imaginavam aulas de Matemática guiados pela perspectiva da Educação Inclusiva. De maneira específica, o olhar esteve voltado para dois pontos: verificar o que se mostrava em termos de possibilidades de ação em sala de aula e para o ensino de Matemática; e o que se mostrava para a formação de professores em inclusão e justiça social. Para a produção dos dados foi proposto um grupo de estudos sobre Educação Matemática e Inclusão para estudantes de um curso de licenciatura em Matemática da cidade de São José dos Campos-SP. Ao todo, 21 licenciandos participaram. Ocorreram 12 encontros, agrupados em duas partes. A Parte 1, voltada a estudos e discussões sobre Educação Inclusiva. Na Parte 2, os participantes foram convidados a imaginar aulas de Matemática em uma perspectiva inclusiva, para classes em que estivessem presentes ao menos um aluno com deficiência. Os encontros foram gravados em áudio e vídeo. A análise dos dados mostrou que as aulas imaginadas apresentavam características dos Cenários para Investigação Inclusivos: aulas acessíveis a todos os estudantes, facilitavam colaborações, incentivavam o diálogo e abriam espaço para investigações. Para os participantes, uma aula de Matemática inclusiva era, acima de tudo, um espaço onde ninguém é excluído, todos os estudantes podem estar juntos, dialogando e se ajudando mutuamente, independentemente de suas especificidades. Aulas de Matemática como espaço para encontro entre diferenças. Para a Imaginação Pedagógica, a Parte 1 se mostrou essencial para fornecer embasamento teórico sobre a perspectiva de Educação Inclusiva segundo a qual as aulas seriam imaginadas. A Imaginação Pedagógica não se resumiu à elaboração de um plano de aulas. Envolveu imaginar a escola, as classes e os alunos com os quais iriam trabalhar, para o que foi essencial o resgate e compartilhamento de vivências pessoais e escolares. A Imaginação Pedagógica coletiva incentivou o compartilhamento de saberes docentes de cada participante. O grupo de estudos possibilitou a constituição de novos saberes docentes, relacionados a aulas de Matemática em uma perspectiva inclusiva. Permitiu a reflexão coletiva sobre situações de desigualdade, exclusão e preconceito. Os participantes buscaram um ensino centrado no aluno, que respeitasse as especificidades e condições de cada um. Desse modo, o processo de Imaginação Pedagógica se aproximou de uma formação de professores para a justiça social. A Imaginação Pedagógica se mostrou como uma possibilidade para a formação de professores por permitir que licenciandos pensem em alternativas para uma situação, no caso desta pesquisa, aulas de Matemática inclusivas. Ela é livre, permite que se vá além do que é dado para explorar possibilidades.
A matemática em ação no ensino superior: possibilidades por meio do problem-based learning
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-12-20) Souza-Carneiro, Débora Vieira de; Skovsmose, Ole [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Este estudo tem como proposta encaminhar discussões relativas ao campo da Educação Matemática nas universidades. Seu objetivo é compreender de que formas os aspectos da matemática em ação podem emergir no Ensino Superior, sob perspectivas do Problem-Based Learning, o PBL. Tal propósito foi delineado a partir da seguinte questão diretriz: Como os aspectos da matemática em ação podem emergir no Ensino Superior, sob perspectivas do Problem-Based Learning? O referencial teórico desta pesquisa se pautou no conceito da matemática em ação, inspirado por Ole Skovsmose, que se refere aos interesses da Educação Matemática Crítica, e também foi conduzido por princípios de aprendizagem associados ao Problem-Based Learning. O contexto deste estudo se desenvolveu por meio de uma abordagem qualitativa, fundamentando-se em um estudo de caso e na observação participante. A produção de dados foi realizada em duas instituições de Ensino Superior públicas de São Paulo. Na primeira instituição, chamada de instituição A, a produção de dados teve a participação de quatro estudantes do primeiro ano do curso de Engenharia Civil. Isso aconteceu no contraturno das aulas regulares, por meio de quatro encontros e da realização de entrevistas semiestruturadas. Já no segundo caso, na instituição B, o contexto envolveu as aulas de Cálculo Diferencial e Integral II de uma turma do segundo ano de Ecologia e também foram realizados quatro encontros, incluindo algumas apresentações finais. As discussões foram mobilizadas a partir da apresentação de um problema relacionado aos impactos ambientais causados por poluentes químicos. Na instituição A, as discussões foram conduzidas pela própria pesquisadora. No caso da instituição B, além da pesquisadora, esse processo também foi conduzido por outros dois professores, responsáveis pelas aulas de Cálculo. Em ambos os casos, esses três participantes assumiram o papel de facilitadores da aprendizagem. Logo, o registro dos dados produzidos ocorreu por meio de gravações em áudio e anotações no diário de campo. A análise dos dados se constituiu a partir da elaboração de quatro temas centrais, inspirados nos cinco aspectos da matemática em ação e nas potencialidades de se explorar os princípios do PBL em aulas de matemática do Ensino Superior. Esses processos foram realizados de acordo com a questão de pesquisa definida, considerando-se o objetivo proposto. Muitos elementos vieram à tona. Dentre eles, podem-se mencionar: o uso e a aplicação de fórmulas e conceitos matemáticos em diferentes situações; discussões acerca de legitimações e justificações por meio da matemática; reflexões sobre responsabilidade, ética e valoração; a construção de saberes por meio da prática e da pesquisa. A partir dos resultados obtidos foi possível perceber um novo aspecto da matemática em ação, o qual foi nomeado como Classificação. A caracterização deste aspecto corresponde à possibilidade de se estabelecerem fatos, semelhanças ou diferenças, além de organizar ou ordenar elementos e conhecimentos, a respeito de enfoques ligados à matemática ou às suas aplicações na realidade. Sua elaboração amplia considerações relativas ao campo da Educação Matemática Crítica e da própria Educação Matemática, no que tange às reflexões acerca das diferentes aplicações da matemática em diversas situações, seja no contexto universitário ou na sociedade de forma geral.
Modelagem matemática: os olhares dos estudantes após o desenvolvimento de uma atividade
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-02-04) Souza, Lahis Braga; Malheiros, Ana Paula dos Santos [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Fundamentada na metodologia qualitativa, a presente pesquisa buscou compreender o que dizem os estudantes após o desenvolvimento de uma atividade de Modelagem Matemática. Ela tem como pergunta: O que se mostra, a partir do olhar dos estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental, após o desenvolvimento de uma atividade de Modelagem Matemática? Os participantes da investigação são estudantes do sexto e do nono ano do Ensino Fundamental de duas escolas da rede pública estadual paulista. Tem como referencial teórico as ideias do Educador Paulo Freire e diversos autores pertinentes aos temas tratados. A análise dos dados mostrou uma propensão dos estudantes para atividades de Modelagem. Além disso, eles denunciaram as aulas Matemática que participavam usualmente. Ainda, apontou dificuldades dos estudantes na compreensão da atividade, com a problematização e a investigação ao longo do desenvolvimento da atividade. Tais adversidades ocorreram devido às aulas que comumente participavam, causando um estranhamento quando precisaram sair do papel passivo para a posição de sujeitos da própria aprendizagem. Os dados revelam também que, nessa mudança de papel, os estudantes necessitavam recorrer com frequência à docente responsável por conduzir a atividade de Modelagem, pois ela, na visão deles, era a detentora do conhecimento. Apontam ainda que, para os discentes, a vivência proporcionada no decorrer da atividade facilitou a compreensão de conteúdos e a aprendizagem, além da presença da interdisciplinaridade. Por fim, apresenta indícios da possibilidade de colaboração entre os estudantes com o desenvolvimento da atividade em grupo, além de anunciar a Modelagem como um meio de os educandos perceberem o papel social da Matemática.
Lourdes de la Rosa Onuchic, educadora matemática: um exercício biográfico
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-12-17) Toillier, Jean Sebastian; Garnica, Antonio Vicente Marafioti [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Esta tese apresenta um exercício biográfico sobre Lourdes de la Rosa Onuchic. Visando a conhecer sua trajetória de vida e sua inscrição na comunidade de educadores matemáticos, a narrativa biográfica foi constituída a partir de entrevistas – realizadas seguindo a metodologia da História Oral, como praticada no Grupo de Pesquisa História Oral e Educação Matemática (GHOEM) – e outras fontes documentais, a maioria delas proveniente do acervo pessoal de Dona Lourdes. Parte-se da perspectiva de que a elaboração de uma biografia é uma operação ficcional em que o biógrafo registra, sob sua perspectiva, mobilizando fontes diversas e diversificadas, uma interpretação plausível acerca da personagem biografada, imersa no contexto sócio-histórico e cultural em que ela viveu. Optamos por uma redação que segue um fluxo temporal, iniciando pela infância de Dona Lourdes, passando por sua formação em Licenciatura e Bacharelado em Matemática na Universidade de São Paulo (USP), pelo casamento com o professor Nelson Onuchic e por outros momentos pessoais e profissionais até chegarmos à sua aposentadoria, que permitiu a ela se dedicar quase que exclusivamente ao campo da Educação Matemática no Programa de Pós-graduação em Educação Matemática da UNESP de Rio Claro. Ao registrar essas nossas interpretações de sua trajetória acadêmica e pessoal, buscamos discutir elementos – como questões relativas ao gênero, à velhice e à Educação Matemática – que, segundo nossa ótica como biógrafos, nos ajudam a compreender algumas circunstâncias que, implícita ou explicitamente, pautaram as opções por ela tomadas e que a levaram a se constituir na educadora matemática que é hoje.
Educação Matemática, sociedade e meio ambiente: reflexões sobre violência social e ambiental. Um estudo transdisciplinar e crítico em uma pesquisa Etnomatemática
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-12-16) Leão, Marcílio; Govone, José Silvio [UNESP]; D'Ambrosio, Ubiratan [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A pesquisa intitulada: “Educação Matemática, Sociedade e Meio Ambiente: reflexões sobre violência social e ambiental: um estudo transdisciplinar e crítico em uma pesquisa Etnomatemática” visa promover reflexões teóricas sobre a violência social e a violência ambiental no âmbito da Educação Matemática. Trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa baseada em um estudo exploratório de caráter teórico com foco na construção social e ambiental do indivíduo. O objetivo geral que norteia a pesquisa é entender quais são as percepções que jovens do ensino médio de duas escolas públicas do estado de São Paulo e internos da Fundação Casa, em regime socioeducativo, têm a respeito do fenômeno violência e identificar uma possível influência desses fatores no processo de ensino-aprendizagem e nas próprias relações interpessoais entre professor e aluno. Participaram da pesquisa 79 jovens, na faixa etária entre 14 e 20 anos. Eles responderam a um questionário. Foram realizadas duas entrevistas com dois professores de matemática que atuam na área há mais de vinte anos a fim de entender como eles percebem e lidam com a questão da violência durante as aulas. E, uma entrevista com um representante da Secretaria de infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo que trouxe à tona a questão da violência ambiental para esta pesquisa. Na análise quantitativa foram utilizados gráficos de colunas e análises de diferentes categorias para cada variável abordada nos questionários aplicados. A análise qualitativa apoiou-se nas ideias teóricas do Prof. Dr. Ubiratan D`Ambrosio, no Programa Etnomatemático e na abordagem Transdisciplinar. Os resultados dessa análise indicaram: a violência como um fator que interfere no aprendizado dos alunos; a educação escolar como um fator que minimiza a violência; a importância da aplicação da Etnomatemática numa perspectiva de tolerância, respeito, diálogo e coletividade; a importância da educação matemática como um instrumento para a cultura da PAZ. Ao final do trabalho propõe-se uma Educação Matemática voltada para a PAZ.
Teatrematizar: afetações de uma professora de Matemática com escola, com teatro, com alunas, com...
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-12-03) Lacerda, Hannah Dora de Garcia e [UNESP]; Leite, Cesar Donizetti Pereira [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
O título, Teatrematizar, diz da temática do trabalho: uma pesquisadora, professora de matemática, atriz com a perspectiva de problematizar o produzir matemática e teatro, não matematizando o teatro, nem teatralizando a matemática, mas buscando uma potência dessa articulação. Durante o caminhar, uma pergunta de pesquisa se constitui: Que pode um grupo de estudantes produzir como experiências educativas junto a um processo teatral? No intuito de experienciar os possíveis dessa pergunta, são traçados os objetivos: acompanhar um grupo de teatro, criado por alunas de uma escola da Rede Estadual Paulista de Educação; afetar-se com as possíveis experiências educativas, produzidas junto a um processo teatral e pensá-las junto à Educação (matemática). Uma pesquisa como experiência. Uma tese adolescente. Uma pesquisadora que se encontra no entre. Um jogo compositivo, uma brincolagem. Aproximações a um teatro cego. Para a leitura da tese, prepare-se com um cheiro que se lembre de casa, uma das tantas que você pode ter tido. Um perfume, uma vela, um incenso... Traga consigo uma bebida para brindar e algo para comer (quem sabe morangos?). Para o tato, deixo com você meu abraço.

Navegar

Submissões Recentes