Ignácio de Loyola Brandão: memória e literatura, a escrita como exercício da indignação

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Data

2011-11-30

Autores

Vieira, Vera Lúcia Silva [UNESP]

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

O escritor e jornalista Ignácio de Loyola Brandão possui grande zelo com sua documentação – anotações, diários, mapas, fotos, músicas, dicionários, livros de pesquisa e, principalmente, artigos de jornais – que, a partir de árduo trabalho de leitura e seleção, é arquivada e posteriormente utilizada como matéria-prima para a criação literária. Considerando essa primeira assertiva e buscando um diálogo interdisciplinar, a proposta deste trabalho consiste em investigar as relações tecidas entre memória, jornal e literatura no período do regime militar de 1964. À literatura conferimos um papel importante como campo privilegiado para o estudo de percepções, representações e figurações, como forma sensível de apreensão social que atribui sentidos e significados, atuando na constituição de registros de memória. A obra literária traz em seu bojo a dimensão política da arte, seu poder de construir práticas sociais, enaltecer ou recusar projetos políticos, sua capacidade de expressar desejos e sensibilidades. Bebel que a cidade comeu (1968) e Não Verás País Nenhum (1981) se inserem num conjunto vasto e bastante diversificado da produção literária que dialogou com o regime militar. Como suporte teórico, utilizamos o paradigma indiciário de Carlo Ginzburg. Tal como um detetive, o historiador parte em busca de pistas, sinais e indícios que, entrelaçados, permitem decifrar o vasto campo simbólico das experiências humanas e construir os fios da narrativa histórica. Sob forte sentimento de indignação, emerge da parte do escritor/jornalista, um desejo de memória e ―sentimento de verdade‖, como parte de um processo de ruptura e superação da memória oficial
The writer and journalist Ignácio de Loyola Brandão has great zeal with his documentation – notes, diaries, maps, photos, songs, dictionaries, research books and mainly newspaper articles – which from the hard work of reading and selecting is stored and later used as raw material for literary writing. Considering this first assertive and an interdisciplinary dialogue, the aim of this work is to investigate the relationships between memory, newspaper and literature in the military regime in 1964. The literature is granted to have an important role as a privileged field for the study of perceptions, representations and figurations, as a sensitive way of social apprehension that gives meanings and senses, acting in the constitution of memory registers. The literary work presents us the political dimension of art, its power to build social practices, praise or reject political projects, their ability to express desires and sensibilities. Bebel que a cidade comeu (1968) and Não Verás País Nenhum (1981) are part of a vast and diversified literary production that dialogued with the military regime. As theoretical support, the paradigm of evidence of Carlo Ginzburg was used. Such as a detective, the historian searches for clues, signs and indications that, interlaced, enable us to reconstruct the great symbolic field of human experiences and build the strands of historical narrative. It is under a strong feeling of indignation that emerges from the writer/journalist, a memory of desire and ―sense of truth‖ as part of a process for breaking and overcoming with the official memory

Descrição

Palavras-chave

Militarismo - História - Brasil, Sociologia militar, Escrita - História, Jornalismo e literatura, Brasil Historia militar, Journalism and literature

Como citar

VIEIRA, Vera Lúcia Silva. Ignácio de Loyola Brandão: memória e literatura, a escrita como exercício da indignação. 2011. 234 f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, 2011.