Jogos da exclusão: Rio 2016 e o militarismo urbano de uma cidade global de vitrine

Carregando...
Imagem de Miniatura

Data

2019-03-28

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

O Rio de Janeiro inseriu-se, fortemente, nos circuitos internacionais de interesses econômicos e políticos através da possibilidade de sediar megaeventos esportivos de portes globais. Dessa maneira, a “cidade maravilhosa dos encantos mil” precisou modificar-se, adequar-se a modelos e padrões internacionais que possibilitassem essa inserção. Dois grandes projetos se estabeleceram na dinâmica urbana carioca. O primeiro diz respeito à execução de grandes intervenções urbanísticas de transformações e remoções violentas sem precedentes, como no Porto Maravilha, ditadas por um modelo de cidade neoliberal aberta à iniciativa financeira internacional. O segundo é talvez o mais cruel e persistente, a militarização do cotidiano das periferias realizada pelas ocupações militares e, principalmente, pela implementação das Unidades de Polícia Pacificadoras, que foram orientadas por tecnicidades de controle e monitoramento de cunho coercitivo e violento. Esses dois projetos instruíram a imagem de uma cidade que, muito além de ser somente atrativa para investimentos, ela se tornaria, primordialmente, segura e ordenada. Nesse sentido, o trabalho tem como objetivo analisar em paralelo a convergência desses dois fenômenos e suas implicações para as dinâmicas urbanas no Rio de Janeiro, as quais tentaram projetar internacionalmente uma imagem de cidade global de vitrine, militarizada, modificada, neoliberal e pacificada, perfeita para ser vendida como sinônimo de desenvolvimento. À princípio, o consenso que se criou no Rio em 2009 projetou um futuro citadino idealizado muito especifico para acomodar os Jogos e o processo de militarização urbana da periferia era parte desse futuro, ou melhor, ele era fundamental para realizar o megaevento de 2016. Novas percepções de (in) segurança foram criadas a partir desses dois movimentos e, assim, um projeto de pacificação espacial se une a um projeto de reurbanização através de expulsões e gentrificação urbana. As intervenções urbanas no Rio 2016 foram em sua maioria concentradas em localidades estratégicas para a realização do evento no que se denominou de clusters olímpicos rodeados por cinturões de segurança obtidos através da militarização e pacificação da periferia. Nesse sentido, a militarização urbana colocou-se como a melhor das alternativas para combater a desordem urbana e pacificar as favelas, visando a um projeto de transformar a cidade em referência internacional de um modelo militarizado de gestão e controle urbano.
Rio de Janeiro was strongly inserted in the international circuits of economic and political interests through the possibility of hosting mega sporting events of global size. Thus, the “wonderful city of the thousand charms” had to be modified, adapted to international models and standards that would allow this insertion. Two major projects were established in Rio's urban dynamics. The first concerns the execution of major urban interventions of unprecedented violent transformations and removals, such as Porto Maravilha, dictated by a neoliberal city model open to international financial initiative. The second is perhaps the most cruel and persistent, the militarization of the daily life of the peripheries carried out by the military occupations and, mainly, by the implementation of the Pacifying Police Units, which were guided by coercive and violent control and monitoring techniques. These two projects shaped the image of a city that, far from being just attractive for investment, would become primarily safe and orderly. In this sense, the work aims to analyze in parallel the convergence of these two phenomena and their implications for urban dynamics in Rio de Janeiro, which tried to project internationally an image of a perfect, militarized, modified, neoliberal and pacified, showcase global city to be sold as a synonym for development. At first, the consensus that was created in Rio in 2009 projected a very specific idealized city future to accommodate the Games, and the urban militarization process of the periphery was part of that future, or rather, it was fundamental to the 2016 mega event. Perceptions of (un) security were created from these two movements and thus a spatial pacification project joins a project of reurbanization through expulsions and urban gentrification. Urban interventions in Rio 2016 were mostly concentrated in strategic locations to hold the event in what were called Olympic clusters surrounded by safety belts obtained through the militarization and pacification of the periphery. In this sense, urban militarization has emerged as the best alternative to combat urban disorder and pacify the favelas, aiming at a project to transform the city into an international reference of a militarized urban management and control model.
Río de Janeiro se insertó fuertemente en los circuitos internacionales de intereses económicos y políticos através de la posibilidad de organizar mega eventos deportivos de tamaño global. Por lo tanto, la "ciudad maravillosa de los mil encantos" tuvo que ser modificada, adaptada a los modelos y estándares internacionales que permitirían esta inserción. Se establecieron dos proyectos importantes en la dinámica urbana de Río. El primero se refiere a la ejecución de importantes intervenciones urbanas de transformaciones y mudanzas violentas sin precedentes, como Porto Maravilha, dictado por un modelo de ciudad neoliberal abierto a la iniciativa financiera internacional. La segunda es quizás la más cruel y persistente, la militarización de la vida cotidiana de las periferias llevada a cabo por las ocupaciones militares y, principalmente, por la implementación de las Unidades de Policía Pacificadoras, que se guiaron por técnicas de control y vigilancia coercitivas y violentas. Estos dos proyectos configuraron la imagen de una ciudad que, lejos de ser simplemente atractiva para la inversión, se volvería principalmente segura y ordenada. En este sentido, el trabajo tiene como objetivo analizar en paralelo la convergencia de estos dos fenómenos y sus implicaciones para la dinámica urbana en Río de Janeiro, que intentó proyectar internacionalmente una imagen de una ciudad global perfecta, militarizada, modificada, neoliberal y pacificada. para ser vendido como sinónimo de desarrollo. Al principio, el consenso que se creó en Río en 2009 proyectaba un futuro de ciudad idealizado muy específico para acomodar los Juegos, y el proceso de militarización urbana de la periferia era parte de ese futuro, o más bien, era fundamental para el megaevento de 2016. Las percepciones de (des) seguridad se crearon a partir de estos dos movimientos y, por lo tanto, un proyecto de pacificación espacial se une a un proyecto de reurbanización através de expulsiones y gentrificación urbana. Las intervenciones urbanas en Río 2016 se concentraron principalmente en lugares estratégicos para celebrar el evento en lo que se denominó grupos olímpicos rodeados de cinturones de seguridad obtenidos através de la militarización y la pacificación de la periferia. En este sentido, la militarización urbana se ha convertido en la mejor alternativa para combatir el desorden urbano y pacificar las favelas, con el objetivo de un proyecto para transformar la ciudad en una referencia internacional de un modelo de gestión y control urbano militarizado.

Descrição

Palavras-chave

Militarismo urbano, UPP, Rio de Janeiro, Cidade global de vitrine, Pacificação, Intervenções urbanas, Jogos Olímpicos de 2016, Cidade neoliberal, New urban militarism, Global show-case city, Pacification, Urban intervention, Olympic Games of 2016, Neoliberal city, Ciudad mundial de vitrina, Estabelecimento de la paz, Intervenciones urbanas, Juegos Olímpicos de 2016, Ciudad neoliberal

Como citar