Exposição de carrapatos Rhipicephalus linnaei (Rhipicephalus sanguineus s.l) aos efeitos dos ésteres do ácido ricinoléico do óleo de mamona e do ozônio (potenciais acaricidas): avaliação dos parâmetros bioquímicos-enzimáticos e toxicológicos

Abstract

O presente estudo avaliou a exposição de carrapatos do cão Rhipicephalus linnaei, aos ésteres do ácido ricinoléico do óleo de mamona, potencial acaricida natural; e como atuaria sobre os parâmetros bioquímico/enzimático e toxicológico destes ectoparasitas sob a perspectiva de se buscar informações que possam ser importantes na busca por alternativas “mais limpas” para o controle dos mesmos. Os resultados demonstraram que os ésteres do ácido ricinoleico do óleo de mamona não provocou redução na taxa de oviposição das fêmeas adultas, nem causou mortalidade nas larvas de carrapatos R. linnaei expostas ao bioativo. De esta maneira o bioativo avaliado não apresentou efeito tóxico sobre as diferentes fases de vida dos carrapatos. Enquanto aos resultados bioquímicos corroborou-se que o uso do bioativo como carrapaticida não é um fator risco da aparição de resistência ao acaricida, toda vez que a participação das principais enzimas digestivas em fêmeas ingurgitadas e larvas, permaneceram bem próxima dos valores obtidos nos controles negativo com água destilada. Entretanto, a utilização dos ésteres do ácido ricinoleico do óleo de mamona, nas concentrações de 0,78 a 6,25 mg/mL, causou alterações morfohistoquímicas no intestino médio das fêmeas ingurgitadas de R. linnaei. O epitélio, células digestivas não uniformes e lúmen preenchido com vesículas digestivas rompidas e grânulos de hematina foram observados no intestino médio de fêmeas expostas aos bioativos. A análise histoquímica dos intestinos médios de fêmeas de R. linnaei expostas aos ésteres, revelou a presença de proteínas, as quais nas células digestivas do epitélio do intestino nas concentrações de 0,78 a 6,25 mg/mL do bioativo, mostrou menores quantidades destas no seu citoplasma, provavelmente devido á maior desorganização estrutural do próprio intestino médio, o que provavelmente interferiu na produção das mesmas (principalmente na forma de enzimas digestivas) e em quantidades significativas. Os danos provocados pelos bioativos presentes nos ésteres do ácido ricinoleico do óleo de mamona, sobre as células digestivas de fêmeas ingurgitadas de R. linnaei, interferiram na produção de novas células digestivas essenciais no processo de digestão do sangue. Futuras pesquisas podem ser desenvolvidas utilizando-se o mesmo modelo de estudo aqui relatado, mas dessa vez com fêmeas semi-ingurgitadas. Acredita-se que essa fase de vida dos carrapatos poderá mostrar com mais evidencias os efeitos dos ésteres do ácido ricinoleico do óleo de mamona sobre o intestino médio dos carrapatos.