Subsolo exposto em recuperação há 30 anos: influência de estratégias de manejo sob atributos físicos e químicos

Abstract

O presente cenário de mudanças climáticas pede medidas para reverter e mitigar seus impactos negativos. No mundo existem muitas áreas degradadas que podem servir como sequestro e armazenamento de carbono (C) com sua recuperação. No Brasil, um dos motivos da degradação do solo é a formação de áreas de empréstimo formadas para construção de grandes obras de engenharia, como é o caso da construção de usinas hidrelétricas. O estudo teve como propósito avaliar o efeito residual de diferentes práticas de manejo em um solo decapitado desde 1969, em processo de recuperação há 30 anos. O solo em estudo é um Latossolo e sua avaliação foi realizada entre 2023 e 2024. O experimento incluiu nove tratamentos, com duas testemunhas: solo exposto (T1) e vegetação nativa (T2), e os demais, solo mobilizado (T3) e solos combinando adubos verdes (mucuna-preta – T4, feijãoguandu substituído por feijão-de-porco - T5), aplicação de calcário (T6 e T7) e calcário + gesso (T8 e T9) de 1992 até 1997. A partir de 1999 foi implantada Urochloa decumbens em todas as parcelas, e a partir de 2009 surgiram naturalmente espécies arbóreas nativas do cerrado. Foram avaliados os parâmetros: umidade gravimétrica, estabilidade de agregados, taxa de infiltração, densidade, resistência do solo à penetração, pH, acidez potencial, teor de P, K, Ca e Mg, soma de bases (SB), capacidade de troca catiônica (CTC), saturação por bases (V%), fracionamento físico da matéria orgânica, teor de matéria orgânica e estoque de C orgânico do solo. Os resultados foram submetidos ao teste F da análise de variância e comparando as médias dos tratamentos pelo teste de Scott-Knott utilizado o software SISVAR. Os tratamentos com mucuna e mucuna com calcário obtiveram os melhores resultados. As estratégias com mucuna tiveram um impacto positivo na qualidade do solo em áreas degradadas, com aumento da umidade, redução da resistência à penetração e da densidade do solo, além de melhora da estabilidade dos agregados. A mucuna com calcário melhorou aspectos químicos com pH, Ca, SB, V%, CO, e MOS e ECO. Isso destaca a importância da mucuna no manejo de recuperação do solo ao longo de 30 anos, especialmente em profundidades de 5-10 e 10-20 cm. O manejo de restauração com feijão guandu/feijão-de-porco, combinado com gessagem e calagem, demonstrou melhora em atributos como umidade gravimétrica, infiltração, densidade do solo, pH, Ca, Mg, K, SB, V% e MOS sugerindo ser uma opção promissora para a melhoria da estrutura do solo em comparação com outras estratégias contendo esses condicionadores do solo.

The current scenario of climate change calls for measures to reverse and mitigate its negative impacts. Around the world, there are many degraded areas that, if restored, can serve as sites for carbon (C) sequestration and storage. In Brazil, one of the causes of soil degradation is the creation of borrow pits formed during the construction of large engineering projects, such as the hydroelectric plant. The study aimed to evaluate the residual effect of different management practices on a decapitated soil since 1969, which has been under recovery for 30 years. The soil under study is an Oxisol, and its assessment was conducted between 2023 and 2024. The experiment included nine treatments, with two control groups: exposed soil (T1) and native vegetation (T2). The other treatments involved mobilized soil (T3) and soils with green manure combinations (black mucuna – T4, pigeon pea replaced by jack bean – T5), the application of limestone (T6 and T7), and limestone + gypsum (T8 and T9) from 1992 to 1997. Starting in 1999, Urochloa decumbens was planted in all plots, and from 2009, native Cerrado tree species naturally emerged. The following parameters were evaluated: gravimetric moisture, aggregate stability, infiltration rate, bulk density, soil penetration resistance, pH, potential acidity, and the contents of P, K, Ca, and Mg, as well as sum of bases (SB), cation exchange capacity (CEC), base saturation percentage (V%), physical fractionation of organic matter, organic matter content, and soil organic carbon stock. The results were subjected to the F-test of variance analysisis, and treatment means were compared using the Scott-Knott test with the SISVAR software. The treatments with velvet bean (Mucuna) and velvet bean with limestone achieved the best results. Strategies involving velvet bean had a positive impact on soil quality in degraded areas, increasing moisture, reducing penetration resistance and soil density, and improving aggregate stability. Velvet bean combined with limestone enhanced chemical aspects such as pH, Ca, SB, V%, CO, MOS, and ECO. This highlights the importance of velvet bean in soil recovery management over 30 years, especially at depths of 5–10 cm and 10–20 cm. The restoration management using pigeon pea/jack bean, combined with gypsum and liming, showed improvements in attributes such as gravimetric moisture, infiltration, soil density, pH, Ca, Mg, K, SB, V%, and MOS, suggesting it as a promising option for improving soil structure compared to other strategies involving these soil conditioners.