Microplásticos primários em cosméticos: proposta de mitigação para a proteção dos recursos hídricos

Abstract

A poluição por microplásticos primários, como as microesferas plásticas presentes em cosméticos enxaguáveis, configura uma ameaça crescente à saúde ambiental e pública, especialmente em contextos em que há lacunas regulatórias. No Brasil, a ausência de legislação específica para o uso desses microingredientes em produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes dificulta a transição para alternativas mais sustentáveis. Considerando a persistência ambiental dos MPs, sua capacidade de adsorver contaminantes tóxicos como o metilmercúrio e os riscos associados à Saúde Única, esta dissertação teve como objetivo propor uma matriz simplificada de impacto ambiental voltada para a etapa de concepção de produtos cosméticos. A metodologia adotou uma abordagem qualitativa e exploratória, fundamentada em revisão bibliográfica crítica e análise da Fase 3 da Avaliação do Ciclo de Vida. Foram sistematizados dados sobre fontes domésticas de MPs, seus impactos toxicológicos, limitações dos sistemas convencionais de tratamento de água e desafios regulatórios. Os resultados evidenciam uma lacuna regulatória relevante e a necessidade de ferramentas acessíveis para tomada de decisão ambiental. A matriz simplificada de impacto ambiental desenvolvida é de autoria própria, foi estruturada para classificar microingredientes sintéticos e naturais com base em critérios de toxicidade, bioacumulação e persistência ambiental, oferecendo suporte técnico acessível à tomada de decisão por pequenas e médias indústrias. Alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS 3, 6, 12, 13, 14 e 15), a proposta contribui para a mitigação dos impactos da poluição plástica desde a origem, fortalecendo práticas preventivas e sustentáveis no setor produtivo.

Pollution from primary microplastics, such as plastic microbeads found in rinse-off cosmetics, constitutes a growing threat to environmental and public health, particularly in contexts where regulatory frameworks are lacking. In Brazil, the absence of specific legislation regarding the use of these microingredients in Personal Care, Cosmetics, and Perfume products hinders the transition toward more sustainable alternatives. Considering the environmental persistence of microplastics, their capacity to adsorb toxic contaminants such as methylmercury, and the associated risks within the One Health perspective, this dissertation aimed to propose a simplified environmental impact matrix focused on the product formulation phase of cosmetics. The methodology adopted a qualitative and exploratory approach, grounded in a critical literature review and analysis of Phase 3 of the Life Cycle Assessment. Data were systematized on domestic sources of MPs, their toxicological impacts, the limitations of conventional water treatment systems, and regulatory challenges. The findings highlight a significant regulatory gap and the urgent need for accessible tools to support environmental decision-making. The simplified environmental impact matrix developed in this study is original and was designed to classify synthetic and natural microingredients based on criteria such as toxicity, bioaccumulation, and environmental persistence. It offers technical support tailored to the decision-making needs of small and medium-sized enterprises. Aligned with the Sustainable Development Goals (SDGs 3, 6, 12, 13, 14, and 15), the proposed tool contributes to the mitigation of plastic pollution at its source, promoting preventive and sustainable practices within the production sector.