Anestesia geral inalatória em macaco-prego (Sapajus libidinosus Spix, 1823).

Abstract

Um macaco-prego (Sapajus libidinosus Spix, 1823) foi submetido a anestesia geral inalatória para realização de ressonância magnética de encéfalo. Como medicação pré-anestésica foram administrados cetamina (15 mg/kg) e midazolam (0,5 mg/kg), ambos por via intramuscular. Após a contenção química, a indução anestésica se deu com a administração intravenosa de propofol (5,4 mg/kg), de forma titulada (dose-efeito). Seguiu-se a dessensibilização laríngea com aplicação tópica de 4 mg de lidocaína sem vasoconstritor e o animal foi intubado com sonda orotraqueal de diâmetro 3,5 mm, com balonete, a qual foi imediatamente conectada ao aparelho de anestesia inalatória com vaporizador calibrado por meio de circuito sem reinalação do tipo Baraka. A manutenção anestésica foi realizada com isoflurano diluído em oxigênio. Após início da monitoração trans-anestésica (frequência respiratória, frequência cardíaca, pressão arterial sistólica, média e diastólica, fração expirada de isoflurano e CO2 expirado) observou-se hipotensão e iniciou-se tratamento com infusão contínua de dopamina na taxa de 10 μg/kg/min. A mesma foi mantida até que a PAM fosse maior que 60 mmHg, sem a necessidade de intervenção com vasoativos. O manejo pressórico pôde ser feito a partir de extrapolação de doses de outras espécies, com resultado satisfatório, e sem desencadear outros efeitos adversos. O animal foi extubado após recuperar os reflexos protetores das vias aéreas, incluindo um reflexo consistente da deglutição. Há poucos relatos de anestesia geral inalatória em Sapajus libidinosus, no entanto observou-se que a mesma é possível de ser realizada de forma efetiva e com segurança. Todos os cuidados durante o procedimento anestésico refletiram em um despertar e recuperação tranquilos, de acordo com o comportamento da espécie, e sem intercorrências, o que possibilitou o retorno precoce ao bando.

A capuchin monkey (Sapajus libidinosus Spix, 1823) underwent general anesthesia for a Magnetic Resonance Imaging procedure. As premedication, 10mg/kg of ketamine was managed and 0.3mg/kg of midazolam was administered intramuscularly. Anesthesia induction was achieved by the intravenous administration (IV) of 5.4mg/kg propofol, followed by laryngeal desensitization with 4mg of lidocaine without vasoconstrictor. The animal was intubated with a 3.5mm tracheal tube with cuff, which was immediately connected to the Baraka circuit. Isoflurane was used for anesthesia maintenance. A mean blood pressure (MBP) of approximately 50mmHg was observed and dopamine infusion was initiated at the rate of 10mcg/kg/min, which remained up to the point where the animal stood MBP greater than 60mmHg without vasoactive. Pressure management could be done from the extrapolation of doses of other species with satisfactory results and without triggering other complications. The animal was extubated after regaining its protective reflexes of the airways and displaying a steady swallowing reflex. Anesthetic recovery then followed without any complications. There are only a few reports of inhaled general anesthesia in the Sapajus libidinosus, however it was observed that it is possible to be performed safely in capuchin monkeys. All care during the procedure ensued in a quiet awakening and smooth recovery, according to the behavior of the species, which allowed early return to the troop.