A construção do conhecimento agroecológico na América Latina: Paradigmas, práxis e territórios camponeses no Brasil e no Uruguai

Abstract

Para entendermos a construção do conhecimento agroecológico através da práxis camponesa pela produção e comercialização de alimentos, necessitamos compreendê-la a partir das análises de diferentes elementos envoltos no debate paradigmático aliado às atuações do Estado, do Capital e dos movimentos socioterritoriais camponeses. Nesse sentido, a agroecologia se estabelece por meio de uma ciência, de um paradigma, de uma técnica e dos saberes tradicionais das camponesas e camponeses, gerando desenvolvimento territorial e se configurando como uma forma de resistência ao atual modelo de desenvolvimento pautado no agronegócio que causa fortes impactos em diferentes territórios, sobretudo, na América Latina. Estes impactos, principalmente após a Revolução Verde, têm como base a invisibilidade do conhecimento agroecológico tradicional fomentando a utilização de pacotes tecnológicos de produção que se difere da lógica de produção agroecológica, da integração dos camponeses e camponesas no sistema produtivo de forma subalterna configurando-os como mero produtores/as de mercadorias e em sua máxima culmina na desterritorialização destes sujeitos que, por sua, vez resistem. Assim, este projeto tem como principal objetivo analisar os aspectos teóricos-metodológicos-paradigmáticos da Agroecologia no campo científico, permeando a construção do conhecimento agroecológico na praxis dos movimentos socioterritoriais camponeses do Brasil e Uruguai vinculado ao desenvolvimento territorial e na compreensão do resgate destes saberes correlatos às conflitualidades existentes com as ações do Capital/Agronegócio e do Estado. Para isso, partiremos das metodologias de observação participante, história oral, entrevistas, questionários e sistematização de dados quantitativos que enriquecerão as análises propostas.

To understand the construction of agroecological knowledge through peasant praxis in the production and commercialization of food, it is necessary to approach it from the analysis of different elements involved in the paradigmatic debate, combined with the actions of the State, Capital, and peasant socio-territorial movements. In this sense, agroecology is established as a science, a paradigm, a technique, and as the traditional knowledge of peasant men and women, generating territorial development and configuring itself as a form of resistance to the current agribusiness-driven development model, which causes significant impacts in different territories, especially in Latin America. These impacts, particularly after the Green Revolution, are rooted in the invisibilization of traditional agroecological knowledge, fostering the adoption of technological production packages that diverge from the logic of agroecological production. This dynamic integrates peasant men and women into the productive system in a subordinate way, configuring them as mere commodity producers, and ultimately culminating in their deterritorialization—against which they resist. Thus, the main objective of this project is to analyze the theoretical-methodological-paradigmatic aspects of Agroecology within the scientific field, while addressing the construction of agroecological knowledge in the praxis of peasant socio-territorial movements in Brazil and Uruguay, in connection with territorial development and the recovery of this knowledge in relation to the conflicts arising from the actions of Capital/Agribusiness and the State. To this end, we will employ methodologies such as participant observation, oral history, interviews, questionnaires, and the systematization of quantitative data, which will enrich the proposed analyses.