Ecotoxicidade e risco ambiental da mistura dos inseticidas tiametoxam e lambda-cialotrina para bioindicadores aquáticos

Abstract

Os agrotóxicos, amplamente usados em ambientes agrícolas e urbanos, podem contaminar a água, afetando organismos aquáticos não alvos. Este estudo avaliou a ecotoxicidade e o risco de intoxicação ambiental da mistura dos inseticidas tiametoxam e lambda-cialotrina em organismos aquáticos de diferentes níveis tróficos, como as macrófitas (Lemna minor e Azolla caroliniana), o caramujo (Pomacea canaliculata), o crustáceo (Macrobrachium acanthurus) e os peixes paulistinha (Danio rerio) e mato-grosso (Hyphessobrycon eques). Os ensaios com as macrófitas foram realizados de acordo com os procedimentos descritos no Guideline for testing of chemicals – Lemna minor Growth Inhibition da OECD. Os ensaios de toxicidade aguda para peixes foram realizados conforme a ABNT NBR 15088:2022, que foi adaptada para caramujo e camarão. O software Trimmed Spearman Karber foi utilizado para calcular as concentrações de efeito (CE50;48h) e letalidade (CL50;48h) estimadas. O valor do quociente de risco foi calculado com a Concentração Ambiental Estimada (CAE) e os valores resultantes dos ensaios de ecotoxicológicos de cada organismo. Para as plantas aquáticas L. minor e A. caroliniana a mistura de tiametoxam + lambda-cialotrina foi classificada como praticamente não tóxica e pouco tóxica, com concentração letal 50% (CL50;7d) de 227,63 e 95,21 mg L-1, respectivamente. Para P. canaliculata a mistura foi classificada como moderadamente tóxica, com CL50; 48h de 6,18 mg L-1. Para M. acanthurus a CL50;48h foi de 0,01 mg L-1, sendo classificado como extremamente tóxico. A CL50;48h para os peixes H. eques e D. rerio foi de 0,20 mg L-1, sendo classificada como muito tóxica. O M. acanthurus se mostrou o organismo mais suscetível e com maior probabilidade de sofrer intoxicação ambiental pela exposição à combinação de inseticidas, especialmente em altas doses e em corpos d'água com profundidades de 0,30 m. Além disso, a utilização do camarão como bioindicador revela-se promissora para futuras avaliações da presença desses inseticidas em ecossistemas aquáticos.

Pesticides, widely used in agricultural and urban environments, can contaminate water, affecting non-target aquatic organisms. This study evaluated the ecotoxicity and the risk of environmental poisoning of the mixture of insecticides thiamethoxam and lambda-cyhalothrin in aquatic organisms of different trophic levels, such as macrophytes (Lemna minor and Azolla caroliniana), snails (Pomacea canaliculata), crustaceans (Macrobrachium acanthurus) and the fish paulistinha (Danio rerio) and mato-grosso (Hyphessobrycon eques). The tests with macrophytes were carried out in accordance with the procedures described in the OECD Guideline for testing of chemicals – Lemna minor Growth Inhibition. Acute toxicity tests for fish were carried out in accordance with ABNT NBR 15088:2022, which was adapted for snails and shrimp. The Trimmed Spearman Karber software was used to calculate the estimated effect (EC50;48h) and lethality (LC50;48h) concentrations. The risk quotient value was calculated using the Estimated Environmental Concentration (CAE) and the values resulting from ecotoxicological tests for each organism. For the aquatic plants L. minor and A. caroliniana, the mixture of thiamethoxam + lambda-cyhalothrin was classified as practically non-toxic and low toxic, with a 50% lethal concentration (LC50;7d) of 227.63 and 95.21 mg L-1, respectively. For P. canaliculata, the mixture was classified as moderately toxic, with LC50; 48h of 6.18 mg L-1. For M. acanthurus the LC50;48h was 0.01 mg L-1, being classified as extremely toxic. The LC50;48h for the fish H. eques and D. rerio was 0.20 mg L-1, being classified as very toxic. M. acanthurus proved to be the most susceptible organism and most likely to suffer environmental poisoning due to exposure to the combination of insecticides, especially in high doses and in bodies of water with depths of 0.30 m. Furthermore, the use of shrimp as a bioindicator appears promising for future assessments of the presence of these insecticides in aquatic ecosystems.