Inflamação, estresse oxidativo e atividade antioxidante em membranas fetais de gestações complicadas por parto pré-termo espontâneo

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Data

2018-01-22

Autores

Martin, Laura Fernandes [UNESP]

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

INTRODUÇÃO: O parto pré-termo é definido como o nascimento ocorrido anteriormente a 37ª semana de gestação completa, podendo ser induzido ou espontâneo. A etiologia do parto pré-termo é multifatorial e inclui fatores de riscos maternos, paternos e genéticos. Apesar dessa multifatoriedade, estudos demonstram que a infecção intra-amniótica acomete de 25% a 40% das gestações pré-termo, com chance dessa porcentagem ser subestimada devido a ausência de sinais clínicos e sintomas de infecção na maioria dos casos. À microscopia, a evidência de infiltrado inflamatório polimorfonuclear nas membranas corioamnióticas caracteriza a corioamnionite histológica e sustenta a infecção intra-amniótica como uma das causas importantes do parto pré-termo. O principal mecanismo pelo qual a infecção intra-amniótica é causa direta de parto pré-termo é a indução de síntese de prostaglandinas, pela via da ciclooxigenase, responsável pelo início das contrações uterinas. Estudos recentes sugerem que uma quantidade substancial dos partos pré-termo estão associados a inflamação estéril na ausência de infecção intra-amniótica ou corioamnionite histológica, indicando uma fisiopatologia alternativa que pode levar a um processo inflamatório. O dano causado por estresse oxidativo e a inflamação induzida pelo estresse oxidativo foram também considerados importantes desencadeadores de resultados obstétricos adversos. Compreender a relação entre estresse oxidativo e mecanismos inflamatórios como componentes inseparáveis é extremamente relevante, uma vez que essa interação é capaz de desencadear o parto pré-termo na presença ou não de Rotura Prematura de Membranas. OBJETIVO: Avaliar o dano oxidativo às proteínas, a capacidade antioxidante, os níveis de IL-1β e IL-6 considerando o status de corioamnionite histológica em membranas corioamnióticas de gestações complicadas por Parto Pré-Termo e Rotura Prematura de Membranas Pré-Termo. MATERIAIS E MÉTODOS: Trata-se de um estudo de corte transversal, composto por 84 gestantes atendidas no Serviço de Obstetrícia do Hospital Universitário Lauro Wanderley da Universidade Federal de João Pessoa (UFPB), no período de Setembro de 2013 a Maio de 2015. Foram incluídas nesse estudo, 27 gestantes com Rotura Prematura de Membranas Pré-Termo (RPM-PT), 27 gestantes com Parto Pré-Termo e membranas íntegras (PP) e 30 gestantes em trabalho de parto a termo. No momento da resolução da gestação, logo após a dequitação, foram retirados fragmentos das membranas corioamnióticas e imediatamente congelados em nitrogênio líquido e estocados a -800 C até o momento do processamento. Outros fragmentos das membranas corioamnióticas foram fixados em formalina a 10%, emblocados em parafina e submetidas à análise histopatológica para avaliação da presença de corioamnionite histológica. Gestantes com doenças crônicas como hipertensão arterial, nefropatia, colagenoses, diabetes mellitus, assim como aquelas portadoras de diabetes mellitus gestacional, pré-eclâmpsia, incompetência istmocervical, descolamento prematuro da placenta, placenta prévia, oligoâmnio, polidrâmnio, má formação congênita, HIV e óbito intrauterino não foram admitidas no estudo. O dano oxidativo foi mensurado pela análise dos níveis de 3-nitrotirosina (3-NT) e carbonil, através de ensaio enzimático (ELISA) e ensaio dinitrofenil-hidrazina modificado (DNPH), respectivamente. Os níveis da capacidade antioxidante total (TAC), IL-1β e IL-6 foram dosados por ELISA. Os níveis de 3-NT, carbonil e TAC foram comparados entre PP, RPM-PT e termo empregando-se o teste não paramétrico de Kruskall-Wallis e entre a presença e ausência de corioamnionite histológica pelo teste não paramétrico de Mann-Whitney. O software utilizado foi SigmaStat 3.1. A correlação de variáveis foi avaliada utilizando um modelo exploratório multivariante de análise de correspondência múltipla. As análises foram realizadas utilizando o software IBM SPSS 24 e o nível de significância adotado para todos os testes empregados foi de p≤ 0,05. RESULTADOS: ARTIGO I: O dano oxidativo proteico determinado pelos níveis de carbonil foi menor no grupo PP (64.2; 51.8 - 102.6) do que nos grupos RPM-PT (137.0; 98.1 - 214.3) e termo (114.9; 92.1 - 142.5) (p <0,001). O grupo TPP apresentou maior TAC (0.16; 0.09 - 0.23) em comparação com os grupos RPM-PT (0.01; 0.001 - 0.12) e termo (0.05; 0.001 - 0.14) (p = 0,002). Corioamnionite histológica esteve presente em 22,2% das membranas do grupo PP, 51,8% no grupo PPROM e 13,3% no grupo termo. Considerando a estratificação da intensidade do infiltrado inflamatório, 66% dos casos de corioamnionite moderada/intensa foi observado no grupo PP enquanto que no grupo RPM-PT foi de 21,0% e no grupo termo de 25%. A corioamnionite histológica não alterou os níveis do dano oxidativo proteico ou TAC, independentemente do resultado gestacional (p<0,05). ARTIGO II: A distância espacial observada entre os casos de PP, RPM-PT e termo dimensiona as peculiaridades de cada desfecho gestacionalObservou-se forte correlação entre corioamnionite histológica e os níveis elevados de IL-1βe IL-6 independente do desfecho gestacional. Ao grupo PP esteve associado os valores mais elevados de TAC enquanto que ao grupo RPM-PT, os maiores valores de carbonil. A maior proximidade espacial entre os níveis mais elevados de carbonil observados entre os grupos RPM-PT e termo reflete importante participação dos mecanismos oxidativos nesses resultados gestacionais comparado ao PP. CONCLUSÕES: Considerando o tamanho amostral incluído nesse estudo bem como as metodologias empregadas para atingir os objetivos propostos, podemos concluir o estresse oxidativo aumentado e capacidade oxidativa total reduzida são similares nas membranas corioamnióticas de gestações complicadas por RPM-PT e termo, reforçando a acelerada senescência nos casos de RPM-PT. Nesse mesmo cenário, a corioamnionite histológica não modula a resposta oxidativa e embora resultados gestacionais adversos que culminam em parto pré-termo espontâneo apresentem etiologias e mecanismos sobrepostos sugere-se que o PP e RPM-PT possuam assinatura inflamatória e oxidativa singular.

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Palavras-chave

Parto pré-termo, Corioamninote histológica, Inflamação, Estresse oxidativo, Capacidade antioxidante

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