Saúde do trabalhador: riscos ergonômicos e a prática odontológica

Abstract

A ergonomia, criada no século XIX por Wojciech Jastrzębowski, tem como objetivo adaptar o trabalho ao ser humano, preservando sua saúde. Na Odontologia, a rotina clínica envolve posturas estáticas prolongadas e movimentos repetitivos, fatores que favorecem o desenvolvimento de distúrbios musculoesqueléticos. O objetivo deste estudo foi fazer um estudo acerca dos principais riscos ergonômicos presentes na prática odontológica. Trata-se de uma revisão de literatura realizada entre os anos de 2024 e 2025. Foram analisados artigos publicados entre 2015 e 2025, selecionados nas bases SciELO, PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Os critérios de inclusão foram: artigos que abordassem fatores como posturas inadequadas, jornadas prolongadas, movimentos repetitivos, ausência de pausas regulares e impactos à saúde do trabalhador odontológico. Foram excluídos artigos publicados antes de 2015, duplicados ou indisponíveis nos idiomas de português (Brasil), inglês e espanhol. Foram inicialmente identificados 722 trabalhos a partir dos descritores: saúde do trabalhador; ergonomia; odontologia; doenças profissionais; transtornos traumáticos acumulativos. Após a aplicação dos filtros com base nos critérios de inclusão, restaram 124 estudos, que foram avaliados quanto à compatibilidade com o tema, resultando em 75 artigos elegíveis. Destes, 19 foram finalmente incluídos. Entre os artigos incluídos, 89,5% mencionam dores musculoesqueléticas em cirurgiões-dentistas, sendo as regiões cervical, lombar e ombros as mais afetadas; 78,9% relatam posturas estáticas prolongadas como fator de risco; 68,4% associam os problemas a movimentos repetitivos; 47,4% destacam a vibração de instrumentos ou o mobiliário inadequado como elementos agravantes; 73,7% evidenciam que dores, fadiga e redução da produtividade interferem negativamente na qualidade de vida e no desempenho clínico dos profissionais; 63,2% abordam diretamente a percepção de risco ergonômico entre cirurgiões-dentistas ou estudantes; 36,8% discutem a ausência do ensino sobre ergonomia como fator preventivo; 73,7% propõem melhorias práticas, como mudanças posturais, pausas regulares, ajustes no mobiliário ou maior instrução ergonômica; e 26,3% apresentam dados internacionais. Conclui-se que os riscos ergonômicos representam um desafio permanente na prática odontológica, com impacto significativo na saúde ocupacional dos cirurgiões-dentistas. A elevada prevalência de queixas musculoesqueléticas evidencia a necessidade de intervenções preventivas, maior conscientização profissional e inserção efetiva da ergonomia tanto na formação acadêmica quanto na prática clínica, a fim de priorizar o bem-estar e o sucesso na carreira dos profissionais da Odontologia.

Ergonomics, created in the 19th century by Wojciech Jastrzębowski, aims to adapt work to human beings, preserving their health. In dentistry, clinical routine involves prolonged static postures and repetitive movements, factors that favor the development of musculoskeletal disorders. The objective of this study was to analyze the main ergonomic risks present in dental practice. This is a literature review conducted between 2024 and 2025. Articles published between 2015 and 2025, selected from SciELO, PubMed, and the Virtual Health Library (VHL), were analyzed. The inclusion criteria were: articles addressing factors such as inadequate posture, long working hours, repetitive movements, lack of regular breaks, and impacts on the health of dental workers. Articles published before 2015, duplicates, or those unavailable in Brazilian Portuguese, English, or Spanish were excluded. A total of 722 studies were initially identified using the following descriptors: worker health; ergonomics; dentistry; occupational diseases; cumulative trauma disorders. After applying filters based on the inclusion criteria, 124 studies remained, which were assessed for compatibility with the topic, resulting in 75 eligible articles. Of these, 19 were ultimately included. Among the included articles, 89.5% mention musculoskeletal pain in dentists, with the cervical, lumbar, and shoulder regions being the most affected; 78.9% report prolonged static postures as a risk factor; 68.4% associate the problems with repetitive movements; 47.4% highlight instrument vibration or inadequate furniture as aggravating factors; 73.7% indicate that pain, fatigue, and reduced productivity negatively impact professionals' quality of life and clinical performance; 63.2% directly address the perception of ergonomic risks among dentists or students; 36.8% discuss the lack of ergonomics education as a preventative factor; 73.7% propose practical improvements, such as postural changes, regular breaks, furniture adjustments, or increased ergonomic training; and 26.3% present international data. It is concluded that ergonomic risks represent a constant challenge in dental practice, with a significant impact on the occupational health of dentists. The high prevalence of musculoskeletal complaints highlights the need for preventive interventions, greater professional awareness, and the effective integration of ergonomics into both academic training and clinical practice, in order to prioritize the well-being and career success of dental professionals.