Vulnerabilidades de mulheres inscritas em programa de transferência de renda e que engravidaram no contexto da COVID-19

Abstract

Durante a pandemia do Covid-19 houve aumento significativo das vulnerabilidades na vida dos seres humanos, principalmente na vida de mulheres chefes de famílias, o qual são as principais beneficiárias do programa de transferência de renda. Com as inúmeras vulnerabilidades enfrentadas pelas mulheres no seu dia a dia, a pandemia pode ter acentuado ainda mais essa vivência, diante as dificuldades de acesso a serviços como saúde, apoio social, educação, emprego, habitação, saneamento básico e entre outros. Objetivo: Identificar as vulnerabilidade vivenciadas por gestantes durante período pandêmico. Método: Trata-se de um estudo de cunho qualitativo com mulheres, acima de 18 anos, beneficiárias do programa bolsa família ou auxílio emergencial cadastrada no Centro de Saúde Escola (CSE) em suas duas unidades: Unidade Básica de Saúde da Vila Ferroviária e Unidade Básica de Saúde da Vila dos Lavradores, que estavam gestantes durante a pandemia da COVID-19, especificamente no período de janeiro de 2020 a dezembro de 2021. Resultados: Foram entrevistadas seis mulheres, sendo duas casadas, duas em união estável, uma estava solteira e a outra separada. Das cinco entrevistadas, somente uma não conseguiu concluir foi devido à gestação. Metade das participantes já recebia o auxílio bolsa família e a outra metade estava recebendo o auxílio emergencial. Contudo, durante os relatos chamou a atenção às diferentes situações de violência doméstica vivenciadas pelas gestantes, a naturalização da violência e o medo de expor o companheiro agressor. Além de serem consideradas um grupo de risco para o vírus, o medo de não conseguir sustentar e prover as necessidades básicas da criança as aterrorizavam e a falta de suporte durante a gravidez e após o parto foi uma grande dificuldade apontada pelas participantes. Discussão: No contexto pandêmico a minimização das garantias de serviços à mulher, a precarização do trabalho, falta de informação e rede de apoio, limitação dos serviços públicos de saúde, e o aumento da vulnerabilidade e violência doméstica.Conclusão: O presente estudo revelou que as mulheres que engravidaram durante a pandemia da Covid-19 conviveram com vulnerabilidades para além do coronavírus, tiveram que conviver com medo do desemprego, da insegurança sobre o futuro, das dificuldades financeiras advindas do desemprego e com a pressão emocional frente ao contexto pandêmico.