“Acordeon”: a importância do fazer artístico para a construção do aspecto sensível no audiovisual documental

Abstract

O trabalho visa o desenvolvimento de pesquisa e a produção do documentário artístico experimental Acordeon, que conta a história de Enide Niero Conti, uma acordeonista do interior de São Paulo, a partir de uma perspectiva subjetiva, poética e artística. A obra propõe uma aproximação entre a memória, o real, a música e relações familiares. A partir de imagens de arquivo, uma entrevista atual, voice-overs, videoperformance e montagem artística, a narrativa se fundamenta no fazer artístico para seu desenvolvimento. Inspirado principalmente pelo filme Elena (2012), de Petra Costa, o projeto investiga o potencial expressivo do documentário para além dos formatos convencionais, apostando na montagem como campo de experimentação e criação subjetiva e na imagem artística como dispositivo de afeto e reconstrução simbólica. O filme busca dar visibilidade à história de uma personagem desconhecida pelo grande público, indo contra as produções documentais clássicas e valorizando a oralidade, o fazer artístico e o patrimônio imaterial transmitido entre gerações. O resultado é um experimento audiovisual que caminha nas fronteiras entre arte e realidade, com foco na criação de uma experiência estética íntima, que convida o espectador à escuta, à memória e à emoção.

This project presents the research and production of the experimental artistic documentary Acordeon, which tells the story of Enide Niero Conti, an accordionist from the countryside of São Paulo, through a subjective, poetic, and artistic approach. The film explores the intersections between memory, reality, music, and family relationships. Combining archival footage, a present-day interview, voice-overs, video performance, and an expressive montage, the narrative is shaped by artistic choices from its conception. Mainly inspired by Petra Costa’s Elena (2012), the documentary investigates the expressive potential of the documentary genre beyond traditional formats, embracing editing as a space for experimentation and the artistic image as a means of evoking emotion and symbolic reconstruction. By focusing on a character who is unknown to the general public, the film moves away from conventional documentary storytelling, valuing orality, artistic practice, and the transmission of intangible cultural heritage across generations. The result is an audiovisual experiment that blurs the lines between art and reality, aiming to create an intimate aesthetic experience that invites the audience into a space of listening, memory, and emotional resonance.