As aulas livres na educação física escolar: problemáticas trazidas e suas implicações para o gênero feminino

Abstract

Um dos desafios da Educação Física na escola envolve a baixa participação do gênero feminino nas aulas. Tal problemática envolve uma série de questões como o predomínio de um jogo de futsal masculinizado nas aulas de Educação Física, pautado pela hegemonia social machista da sociedade brasileira. Há ainda situações nas quais os professores fazem acordos com os alunos, de modo que estes participem das atividades e, posteriormente, sejam contemplados com aulas livres, tais quais carregam um cenário de não mediação pedagógica. Compreendendo que essa dinâmica de "recompensa", pautada nas aulas livres, nem sempre auxilia no bom desenvolvimento da aula, minimizando conflitos ou aumentando a participação dos alunos. Neste sentido, as aulas livres ganham evidência neste estudo. Partindo dessas considerações, o presente trabalho teve como objetivo analisar as perspectivas de alunas sobre as aulas livres na Educação Física. A pesquisa se caracterizou por um estudo exploratório, utilizando como técnica de coleta a entrevista semiestruturada e observações sistematizadas de aulas. Participaram do estudo 12 alunas de uma mesma turma de 8º ano dos anos finais do ensino fundamental. Os resultados nos permitiram agrupar os dados em duas categorias de análises: 1. Problemáticas das aulas livres no contexto escolar; 2. Implicações das aulas livres para o gênero feminino. Em linhas gerais, a dinâmica das aulas livres potencializa o domínio masculino, desencadeando, assim, implicações na participação efetiva das meninas por motivos de preconceito, desigualdade, generificação do esporte e a naturalização dos comportamentos. Devido a estes indicadores, entendemos se tratar de uma temática que ainda carece de mais pesquisas, uma vez que acessa um universo complexo que envolve um dos grandes desafios do componente curricular Educação Física na escola.

One of the challenges of Physical Education at school involves the low participation of females in classes. This issue involves a series of issues such as the predominance of a masculinized futsal game in Physical Education classes, guided by the sexist social hegemony of Brazilian society. There are also situations in which teachers make agreements with students, so that they participate in activities and, later, are contemplated with free classes, which carry a scenario of pedagogical non-mediation. Understanding that this "reward" dynamic, based on free classes, does not always help in the good development of the class, minimizing conflicts or increasing student participation. In this sense, free classes gain evidence in this study. Based on these considerations, the present work aimed to analyze the students' perspectives on free classes in Physical Education. The research was characterized by an exploratory study, using a semi-structured interview and systematized observations of classes as a collection technique. The study included 12 students from the same 8th grade class in the final years of elementary school. The results allowed us to group the data into two categories of analysis: 1. Problems of free classes in the school context; 2. Implications of free classes for females. In general terms, the dynamics of free classes enhance male dominance, thus triggering implications for the effective participation of girls for reasons of prejudice, inequality, gendering of sport and the naturalization of behaviors. Due to these indicators, we understand that this is a theme that still needs further research, since it accesses a complex universe that involves one of the great challenges of the Physical Education curriculum component at school.