Estudo neurofisiológico e ultrassonográfico dos nervos periféricos nas reações hansênicas

Abstract

Introdução: A avaliação dos nervos periféricos de pacientes com hanseníase pode ser realizada através de estudos neurofisiológicos e ultrassonográficos. A partir do aumento da vascularização do nervo, observada através da ultrassonografia de alta resolução com color doppler (US com CD), pode-se inferir inflamação local e, associadamente, episódios reacionais. Atualmente, o estudo neurofisiológico, através da condução nervosa, é o método mais sensível para identificar qualitativa e quantitativamente as lesões nervosas periféricas da hanseníase. Os sinais típicos de lesões focais desmielinizantes associados aos episódios reacionais são: dispersão temporal e bloqueio de condução. Objetivos: Analisar a sensibilidade da US com CD na identificação de atividade inflamatória em nervos de pacientes com hanseníase com reações do tipo 1 (RT1) e 2 (RT2) comparado ao estudo neurofisiológico. Métodos: Avaliação de pacientes com hanseníase em atual reação hansênica (RT1 e RT2), sem uso de corticoide, através de dois instrumentos: US com CD e estudo neurofisiológico. A presença de fluxo ao doppler e desmielinização segmentar foram, respectivamente, consideradas sinais de atividade inflamatória. Ambos os instrumentos foram avaliados quanto à habilidade em identificar os pacientes com reações hansênicas. Resultados: Total de 257 nervos de 35 pacientes foram analisados. O estudo de neurocondução e o US com CD diagnosticaram atividade inflamatória em 68% e 74% dos pacientes, respectivamente. Quando ambos os métodos foram utilizados concomitantemente, a taxa de diagnóstico foi de 91,4%. O US com CD foi particularmente útil em casos de comprometimento neurofisiológico mínimo ou quando os potenciais motores estavam ausentes. Conclusão: O US com CD foi capaz de identificar reações hansênicas, principalmente associado ao estudo de neurocondução. Foi particularmente útil em duas situações neurofisiológicas opostas: nervos com alterações mínimas e naqueles com respostas motoras ausentes.

Introduction: The evaluation of peripheral nerves in leprosy patients can be performed through neurophysiological and ultrasonographic studies. At High-resolution ultrasonography and color Doppler (HRUS with CD) the increased vascularization of the nerve suggests local inflammation and reaction episodes. Currently, the nerve conduction studies (NCS) are the most sensitive method to identify peripheral nerve lesions qualitatively and quantitatively in leprosy. During the reactions, NCS can show characteristic demyelinated features, such as temporal dispersion, conduction block and pronounced reduction in conduction velocities. Objective: To analyze the role of high-resolution ultrasonography with color Doppler (HRUS with CD) to diagnose inflammatory activity (IA) in nerves of leprosy patients under type 1 (RT1) and 2 (RT2) reactions compared to Nerve Conduction Studies (NCS). Methods: Leprosy patients with signs or symptoms suggestive of neuritis (RT1 and RT2) without corticosteroids use were selected. They were evaluated by NCS and subsequently by HRUS with CD. Subacute segmental demyelination and the presence of blood flow, respectively, were considered signs of IA. The two methods were compared for their ability to diagnose patients with leprosy reactions. Results: A total of 257 nerves from 35 patients were evaluated. NCS and HRUS with CD diagnosed IA in 68% and 74% of patients, respectively. When both methods were used concomitantly, the diagnosis rate was 91.4%. HRUS with CD was helpful when there was minimal neurophysiological compromise in NCS or when motor potentials were not detected. Conclusion: HRUS with CD was able to detect leprosy reactions, especially when combined with NCS. It was especially useful in two opposite situations: nerves with only minor changes and those without motor response in NCS.