Mix de plantas de cobertura no manejo de meloidogyne e pratylenchus brachyurus na cultura da soja

Abstract

Chama-se de mix de plantas de cobertura as misturas de sementes de diferentes espécies vegetais cujos benefícios ultrapassam o uso de uma única cultura, que podem influenciar diretamente na comunidade microbiana dos solos. Somando-se a isso, o uso de nematicidas biológicos e químicos constituem-se como uma forma eficiente de manejar nematoides parasitas de plantas, mas pouco se sabe sobre seu uso associado aos mix. Dessa forma, o objetivo do trabalho foi avaliar a reação de 11 espécies vegetais utilizadas em mix de plantas de cobertura a Meloidogyne enterolobii, M. incognita e Pratylenchus brachyurus; selecionar mix resistente a M. javanica e associar os mesmos ao manejo biológico e químico em solos autoclavados e não autoclavados e avaliar a atividade das enzimas beta-glicosidase e fosfatase ácida nos tratamentos. Em pelo menos um dos experimentos, o trigo mourisco ‘IPR 91 Baili’ foi suscetível (FR ≥ 1) a M. enterolobii, M. incognita e P. brachyurus. O tremoço-branco cv. comum, aveia branca ‘URS Altiva’, aveia preta ‘Iapar 61’ (Ibiporã), aveia preta ‘Embrapa 139’ (Neblina) foram suscetíveis para M. enterolobii, M. incognita e resistente (FR<1) e/ou imune (FR=0) para P. brachyurus. O centeio ‘IPR 89’e o nabo forrageiro ‘IPR 116’ foram suscetíveis para M. incognita, P. brachyurus e resistentes a M. enterolobii. O milheto ‘BRS 1501’e a aveia preta ‘Embrapa 29’ (Garoa) foram suscetíveis para M. incognita e resistentes/imunes para M. enterolobii e P. brachyurus. A B. ruziziensis foi considerada resistente a M. enterolobii, M. incognita e suscetível a P. brachyurus. A aveia branca ‘URS Corona’ foi a única planta considerada resistente e/ou imune para M. enterolobii, M. incognita e P. brachyurus. O trigo mourisco ‘IPR 91 Baili’, tremoço-branco cv. comum, aveia branca ‘URS Altiva’, aveia preta ‘Iapar 61’ (Ibiporã), aveia preta ‘Embrapa 139’ (Neblina), centeio ‘IPR 89’, nabo forrageiro ‘IPR 116’, milheto ‘BRS 1501’, aveia preta ‘Embrapa 29’ (Garoa) foram suscetíveis (FR>1) a M. javanica em ambos experimentos e constituíram o mix suscetível. A B. ruziziensis e a aveia branca ‘URS Corona’ foram considerados resistentes (FR<1) e/ou imunes (FR=0) e constituíram o mix resistente a M. javanica. De forma geral, o mix resistente foi eficiente no manejo de M. javanica, mas não diferiu estatisticamente quando associado ou não a produtos biológicos/químicos. O mix suscetível associado ou não com produtos biológicos/químicos não garantiu melhores resultados de manejo. A atividade das enzimas fosfatase ácida e beta-glicosidase foi maior no solo não autoclavado, mas não podemos afirmar que tal resultado influenciou no menor número de nematoides e na maior produtividade da soja. Cultivares de plantas de cobertura utilizadas em mix podem ser resistentes a algumas espécies de Meloidogyne e P. brachyurus mais suscetíveis a outras. É importante saber quais as espécies de nematoides estão presentes no campo para recomendar o melhor mix de plantas de cobertura a ser utilizado na área.

Mix of cover crops refers to the mixture of seeds from different plant species whose benefits go beyond the use of a single culture and can directly influence the soil microbial community. In addition, the use of biological and chemical nematicides constitutes an efficient way to manage plant-parasitic nematodes, but little is known about their use in association with mixes. Therefore, the objective of the study was to evaluate the reaction of 11 plant species used in cover crop mixes to Meloidogyne enterolobii, M. incognita, and P. brachyurus; select mixes resistant to M. javanica and associate them with biological and chemical management in autoclaved and nonautoclaved soils and evaluate the activity of beta-glicosidase and acid phosphatase enzymes in the treatments. In at least one of the experiments, the buckwheat ‘IPR 91 Baili’ was susceptible (FR ≥ 1) to M. enterolobii, M. incognita, and P. brachyurus. The white lupin cv. common, white oats 'URS Altiva', black oats 'Iapar 61' (Ibiporã), black oats 'Embrapa 139' (Neblina) were susceptible to M. enterolobii, M. incognita, and resistant (FR<1) and/or immune (FR=0) to P. brachyurus. Rye 'IPR 89' and forage turnip 'IPR 116' were susceptible to M. incognita, P. brachyurus, and resistant to M. enterolobii. The millet 'BRS 1501' and the black oat 'Embrapa 29' (Garoa) were susceptible to M. incognita and resistant/immune to M. enterolobii and P. brachyurus. Brachiaria ruziziensis was considered resistant to M. enterolobii, M. incognita, and susceptible to P. brachyurus. The white oat 'URS Corona' was the only plant considered resistant and/or immune to M. enterolobii, M. incognita, and P. brachyurus. The buckwheat 'IPR 91 Baili', white lupine cv. comum, white oat 'URS Altiva', black oat 'Iapar 61' (Ibiporã), black oat 'Embrapa 139' (Neblina), rye 'IPR 89', forage turnip 'IPR 116', millet 'BRS 1501', black oat 'Embrapa 29' (Garoa) were susceptible (FR>1) to M. javanica in both experiments and constituted the susceptible mix. Brachiaria ruziziensis and white oat 'URS Corona' were considered resistant (FR<1) and/or immune (FR=0) and constituted the resistant mix to M. javanica. In general, the resistant mix was effective in managing M. javanica but did not differ statistically when associated or not with biological/chemical products. The susceptible mix, whether associated or not with biological/chemical products, did not guarantee better management results. The activity of acid phosphatase and beta-glicosidase enzymes was higher in non-autoclaved soil, but we cannot affirm that such result influenced the lower number of nematodes and the higher soybean productivity. Cover crop cultivarsused in mixes may be resistant to some Meloidogyne species and more susceptible to others, such as P. brachyurus. It is important to know which nematode species are present in the field to recommend the best cover crop mix to be used in the area