Uma leitura semiótica das trajetórias femininas em meio à condição de fragilidade materna, nos contos clariceanos

O seguinte trabalho visa produzir uma leitura semiótica acerca da condição de fragilidade materna que se insere nos contos “Amor” e “Os laços de família”, os quais estão presentes na obra Laços de família (1960), de Clarice Lispector. Para esta análise, busca-se mobilizar, através do percurso gerativo greimasiano e da Semiótica das paixões, um estudo do nível discursivo, bem como uma análise das modalidades do querer-ser, do saber-ser, do poder-ser e do dever-ser-mãe que aparecem associadas ao estado patêmico da culpa materna das protagonistas. Na sintaxe discursiva, demonstraremos, a partir das instâncias actanciais, temporais e espaciais, os procedimentos da debreagem e da embreagem (temporal); e na semântica do nível discursivo, propõe-se descrever as temáticas da fragilidade e do aprisionamento, que aparecem concretizadas nos dois discursos clariceanos. Ademais, apresentaremos os percursos figurativos que são produzidos por meio dessas tematizações e também a isotopia temática que é dada nas duas narrativas, a fim de demonstrar como o aspecto da fragilidade materna, sendo construído nesses textos, é capaz de influenciar as diferentes trajetórias femininas ao longo do ambiente doméstico, assim como os estados de alma desses atores. Para o desenvolvimento dessa análise, utilizaremos como aporte os estudos de alguns teóricos como Greimas e Fontanille (1993), Barros (1994; 2001), Bertrand (2003) e Fiorin (2000; 2005; 2019). Nesse sentido, este estudo busca desconstruir a idealização produzida em torno da maternidade, tendo em vista que os dois contos clariceanos questionam as relações entre mulher x mãe e mulher x lar. Nas análises propostas dessas duas narrativas, evidenciamos como a semântica da fragilidade materna repercute nos diversos deslocamentos espaciais e no desenvolvimento da culpa materna, um estado patêmico que afeta os atores femininos, a partir da negligência com o dever-ser mãe, uma modalidade social imposta às mulheres.

Resumo (inglês)

The present study aims to product a semiotic reading about the condition of maternal fragility which is present in the shorts stories “Love”and “Family ties”, presented in the book Family ties (1960), by Clarice Lispector. For this analysis, pretend to develop by way of the generative sense path and of the Passional Semiotic, a study of the discursive level and a analysis of the modalities of wanting to be, of knowing to be, of powering to be and of duting to-be-mother that appear related to patemic condition of the maternal blame of the characters. In the discursive syntax, we will show, from actantial, temporal and spatial instances, the procedures of the shifting out and shifting in (temporal); and in the semantic of the discursive level, this text goal to describe themes of fragility and imprisonment, which appear concretized in the two claricean discourses. Besides, this work will introduce figurative paths produced by way of themes and the thematic isotopy which is in these narratives, to demonstrate how the aspect of maternal fragility, constructed in these texts, can influence different female trajectories in domestic environment, and states of soul of these actors. For the development of this analysis, this dissertation will use as a support studies done by some theorists such as Greimas and Fontanille (1993), Barros (1994; 2001), Bertrand (2003) and Fiorin (2000; 2005; 2019). In this sense, this study pretend to deconstruct the idealization produced around of the maternity, since the two claricean tales question the relationships between woman x mother and woman x home. In the proposed analyzes of this two narratives, we show how the semantics of maternal fragility influence in the various spatial displacements and in the development of the maternal blame, pathetic state which affect female actors, from negligence with the duty of being a mother, a social modality imposed to women.

Palavras-chave

Semiótica, Clarice Lispector, Nível discursivo, Fragilidade e aprisionamento maternos, Culpa materna, Semiotic, Level discursive, Maternal Fragility and Imprisonment, Maternal blame

Idioma

Português

Citação

GALATTI, Brenda Cristine. Uma leitura semiótica das trajetórias femininas em meio à condição de fragilidade materna, nos contos clariceanos. 2025. 145 f. Dissertação (Mestrado em Estudos Literários) – Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2025.