O aluno-problema: entre disciplina e o embrutecimento

Abstract

A pesquisa aqui desenvolvida realiza uma análise atinente a produção do aluno-problema, noção que nasce na década de 1920 com Arthur Ramos, transpondo a originalidade do conceito - criança-problema - a uma ampliação que busca entender a qualificação desse aluno como uma ficção, tal como a ordem que supostamente a perturba. Por intermédio de uma carta da professora remetida a mãe, será empreendida uma busca, por pesquisa bibliográfica, principalmente, a partir de Foucault, pela localização de conceitos relativos à disciplina, normalização e correção, características de um poder que atravessa a nossa sociedade e que implicam na consagração do Aluno-Problema, conceito que aplica-se a rotulação atribuída a mim quando criança. Ao abordar o conceito de aluno-problema como elemento discordante da ordem estabelecida procura-se articulá-lo a outro, de embrutecimento, melhor desenvolvido por Rancière, porém, agora, utilizando-o de maneira, também, ampliada, de modo que possamos compreendê-lo dentro de um processo de subjetivação, no âmbito do qual a escola participa ativamente desempenhando o papel que converge para a nova forma de poder esclarecida por Foucault, o poder disciplinar. Ao cabo, a proposta de reflexão sobre as relações em sala de aula aparece para sugerir uma possibilidade de reinvenção diante desse suposto aluno que cruelmente qualificamos como problema.

The research developed here analyzes the production of the problem-student, a notion that was born in the 1920s with Arthur Ramos, transposing the originality of the concept - problem-child - an expansion that seeks to understand the qualification of this student as a fiction, such as as the order that supposedly disturbs it. Through a letter from the teacher sent to the mother, a search will be undertaken, through bibliographical research, mainly from Foucault, for the location of concepts related to the discipline, normalization and correction, characteristics of a power that crosses our society and that imply the consecration of the Student-Problem, a concept that applies to the labeling attributed to me as a child. When approaching the concept of problem-student as a discordant element of the order sought, it is articulated with another, of brutishness, better developed by Rancière, however, now, using it in an extended way, so that he understood it. within a process of subjectivation, in which the school actively participates, playing the role that converges to a new form of power clarified by Foucault, the disciplinary power. In the end, a proposal for reflection on the relationships in the classroom appears to suggest a possibility of reinvention in the face of this student that we cruelly qualify as a problem.