O maio dos caminhoneiros de 2018: o que há entre a greve e o locaute?

Abstract

Esta pesquisa examina se as características da mobilização dos caminhoneiros em maio de 2018 no Brasil podem ser interpretadas como uma greve de massas. Utilizando a cobertura jornalística dos onze dias de paralisação e o referencial teórico de Rosa Luxemburgo, o estudo adota uma metodologia dialética baseada em metanarrativa para analisar o evento. O problema de pesquisa concentra-se em avaliar em que medida a mobilização se aproxima ou se distancia do conceito de greve de massas. A hipótese central é que o movimento não alcançou os níveis políticos e econômicos de discussão e ação delineados por Luxemburgo, sendo a aliança entre trabalhadores e empresariado um entrave para tal alcance. O estudo ainda tem por objetivos específicos: (i) definir e discutir os conceitos de greve de massas e locaute; (ii) analisar a resposta do Estado e da sociedade à mobilização; e (iii) identificar o papel das entidades patronais na paralisação. Os resultados indicam que, embora a mobilização apresente algumas características de uma greve de massas, ela funcionou fundamentalmente como um locaute, devido ao envolvimento patronal e à dinâmica de liderança.

This research examines whether the characteristics of the May 2018 truck drivers’ mobilization in Brazil can be interpreted as a mass strike. Using journalistic coverage of the eleven-day stoppage and Rosa Luxemburg’s theoretical framework, the study adopts a dialectical metanarrative methodology to analyze the event. The research problem focuses on the extent to which the May 2018 mobilization aligns or diverges from the concept of a mass strike. The central hypothesis is that the movement did not reach the political and economic levels of discussion and action outlined by Luxemburg, with the alliance between workers and employers constituting a key obstacle. The study also aims to (i) define and discuss the concepts of mass strike and lockout; (ii) analyze the state and society’s response to the mobilization; and (iii) identify the role of employer entities during the stoppage. Findings suggest that while the mobilization shares some features of a mass strike, it ultimately fundamentally more as a lockout due to employer involvement and leadership dynamics.