Elementos científicos nos versos de Primo Levi: uma análise dos poemas da década de 1970

Abstract

O presente trabalho é caracterizado como uma pesquisa descritiva, que identifica a presença de elementos científicos nos poemas de Primo Levi, escritor e químico italiano que integra ciência e literatura em suas obras. A utilização da literatura nas aulas de ciências tem ganhado destaque na área de Educação em Ciências, para motivar alunos e facilitar a compreensão de conceitos científicos, embora poemas tenham sido pouco explorados nesse contexto. Alguns autores apontam que a poesia pode mobilizar imaginação e criatividade dos estudantes. O objetivo geral desta pesquisa é comentar e interpretar a presença de elementos científicos nos poemas de Levi, utilizando os pressupostos de Antonio Candido sobre o estudo analítico do poema. Candido foi um sociólogo e crítico literário brasileiro que propôs a análise de poemas por meio das etapas de comentário e interpretação. Para alcançar o objetivo proposto, realizou-se uma leitura integral da coletânea Mil sóis de Primo Levi, selecionando quatro poemas, escritos na década de 1970, nos quais é possível identificar elementos científicos: “No princípio”, “Estrelas negras”, “Plínio” e “A menina de Pompeia”. A análise baseou-se nos pressupostos de Candido: no comentário ocorreu a identificação de metáforas e figuras de linguagem, de modo a perceber palavras ou expressões que remetiam a elementos científicos e buscou-se compreender os elementos científicos identificados nos poemas para entender como são utilizados para expressar o tema, considerando o contexto histórico e aspectos biográficos do autor; na interpretação, utilizamos os elementos expostos no cometário para identificar as emoções e ideias expressas. Os resultados mostram que Levi utiliza elementos científicos, como a teoria do Big Bang, buracos negros, lei da conservação de massa, erupção vulcânica e bombas atômicas, para causar uma reflexão sobre a fragilidade e efemeridade humana diante do universo e diante de catástrofes, sejam naturais ou causadas pelos seres humanos.

The present research is characterized as descriptive that identifies the presence of scientific elements in the poems of Primo Levi, an Italian writer and chemist who integrates science and literature in his works. The use of literature in science classes has gained prominence in the field of Science Education to motivate students and facilitate the understanding of scientific concepts, although poems have been little explored in this context. Some authors point out that poetry can mobilize students' imagination and creativity. The general objective of this research is to comment and interpret the presence of scientific elements in Levi's poems, using the assumptions of Antonio Candido, a Brazilian sociologist and literary critic, on the analytical study of the poem. Candido was a Brazilian sociologist and literary critic who proposed the analysis of poems through the stages of commentary and interpretation. To achieve the proposed objective, a complete reading of Primo Levi's collection Mil sóis was carried out, selecting four poems written in the 1970s in which it is possible to identify scientific elements: “No princípio”, “Estrelas negras”, “Plínio” and “A menina de Pompeia”. The analysis was based on Candido's assumptions: in the comment, metaphors and figures of speech were identified, in order to understand words or expressions that referred to scientific elements and we sought to understand the scientific elements identified in the poems to understand how they are used to express the theme, considering the historical context and biographical aspects of the author; In the interpretation, the elements exposed in the commentary were used to identify the emotions and ideas expressed. The results show that Levi uses scientific elements, such as the Big Bang theory, black holes, law of conservation of mass, volcanic eruption and atomic bombs, to cause a reflection on human fragility and ephemerality in the face of the universe and in the face of catastrophes, whether natural or caused by humans.