Rastreio de eventos adversos de desordens respiratórias induzidas por medicamento em idosos internados

Abstract

INTRODUÇÃO: A pessoa idosa necessita de um olhar integral, uma vez que devido as mudanças fisiológicas que ocorrem no processo de envelhecimento, tendem a apresentar multimorbidades, a fazer uso de vários medicamentos (polifarmácia), e consequentemente, apresentar um maior risco de eventos adversos a medicamento (EAMs) e interações medicamentosas. Assim, o conhecimento sobre potenciais desordens respiratórias induzidas por medicamentos, um tipo de EAMs, é essencial para a segurança do paciente geriátrico, uma vez que essa população possui maior risco de apresentar este EAMs. Tendo em vista o impacto significativo de EAMs à saúde do idoso e a ausência de um padrão para a detecção de desordens respiratórias induzidas por medicamentos, o presente estudo é uma proposta inédita, pois pretendeu-se propor e avaliar a performance de rastreadores para detecção de desordens respiratórias induzidas por medicamentos. OBJETIVOS: Avaliar a performance de códigos da 10º Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados a Saúde (CID-10) na detecção de desordens respiratórias induzidas por medicamentos e a prevalência destes EAMs em idosos admitidos em um hospital secundário. MÉTODOS: Foi realizado um estudo transversal retrospectivo com idosos (≥ 60 anos) internados em duas clínicas médicas de um hospital brasileiro. A documentação do prontuário eletrônico foi analisada e rastreada com os códigos da CID-10 relacionados a desordens respiratórias. Uma análise de prontuário e medicação foi realizada para realizar a avaliação de causalidade. O valor preditivo positivo (VPP) dos rastreadores e a prevalência de desordens respiratórias induzidas por medicamentos foi calculado, sendo considerada performance satisfatória de rastreadores com VPP ≥ 0,20 e performance insatisfatória rastreadores com VPP ≤ 0,05. RESULTADOS: Entre 221 idosos hospitalizados nas duas clínicas médicas, 72 tiveram pelo menos um rastreador acionado. Desordens respiratórias induzidas por medicamentos potenciais foram a dispneia e/ou a tosse em seis idosos (6/72), correspondendo a uma prevalência de 8,3%. Os rastreadores dispneia (VPP = 0,14) e tosse (VPP = 0,06) não apresentaram performance satisfatória. CONCLUSÃO: Dentre os rastreadores propostos para detectar desordens respiratórias induzidas por medicamentos, a performance obtida não foi satisfatória. Entretanto, estudos futuros utilizando esses rastreadores em uma amostra mais robusta podem apresentar boa performance para triagem, notificação e manejo de EAMs, além de uma possível incorporação à prática clínica.

INTRODUCTION: The older people need a comprehensive look, since due to the physiological changes that occur in the aging process, they tend to have multimorbidity‘s, to use several medications (polypharmacy), and consequently, to present a greater risk of adverse drug events (ADEs) and drug interactions. Thus, knowledge about potential drug- induced respiratory disorders, a type of ADE, is essential for the safety of geriatric patients since this population is at greater risk of having this ADE. Bearing in mind the significant impact of ADEs on the health of the older people and the absence of a standard for the detection of respiratory disorders induced by medication, the present study is an unprecedented proposal, as it was intended to propose and evaluate the performance of triggers for detecting drug-induced respiratory disorders. OBJECTIVES: To evaluate the performance of codes from the 10th International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems (ICD-10) in detecting drug-induced respiratory disorders and the prevalence of these ADE in older people admitted to a secondary hospital. METHODS: A retrospective cross-sectional study was carried out with older people (≥ 60 years) hospitalized in two medical clinics of a Brazilian hospital. Electronic medical record documentation was analyzed and tracked with ICD-10 codes related to respiratory disorders. A chart and medication review were performed to perform the causality assessment. The positive predictive value (PPV) of triggers and the prevalence of drug-induced respiratory disorders was calculated, considering satisfactory performance of triggers with PPV ≥ 0.20 and unsatisfactory performance of triggers with PPV ≤ 0.05. RESULTS: Among 221 older people hospitalized at the two medical clinics, 72 had at least one trigger activated. Respiratory disorders induced by potential medications were dyspnea and/or cough in six older people (6/72), corresponding to a prevalence of 8.3%. The dyspnea (PPV = 0.14) and cough (PPV = 0.06) triggers did not perform satisfactorily. CONCLUSION: Among the proposed triggers to detect drug-induced respiratory disorders, the performance obtained was not satisfactory. However, future studies using these triggers in a more robust sample may show good performance for screening, notification, and management of ADEs, in addition to a possible incorporation into clinical practice.